O
fascismo é uma doença peculiar. Ele vai sendo incutido aos poucos
nas pessoas comuns, aquelas que postam fotos de cãezinhos fofos e
frases de Madre Tereza.
Elas não percebem, mas logo estão exigindo a prisão de gente que não tem acusação formada, ou sobre quem não há provas de ilícitos. Passam a exigir linchamentos sem saber nem direito o por quê. Começam até a criminalizar o que não é crime.
Na
Alemanha, durante a ascensão de Hitler, as pessoas comuns, donas de
casa, idosos, adolescentes, todos desgostosos com uma crise econômica
a lhes roer a esperança de um presente e futuro bons, e insuflados
pela imprensa a procurar um inimigo a quem atribuir a culpa pelo
fracasso do governo, não demoraram a escolher os judeus, comunistas,
homossexuais, ciganos, mestiços e deficientes.
Todas
essas ''minorias'' foram delatadas ao fuhrer apenas por existirem,
sem direito de defesa.
Esse
é o modus operandi do fascismo. Encontrar um inimigo, prendê-lo e
eliminá-lo.
Nossa
mídia, a la Goebbels, faz propaganda de que Lula é o mal em pessoa,
o inimigo público número 1 (a número 2 é Dilma).
Não
nos esqueçamos que, quando Lula foi eleito pela primeira vez, a
mídia sugestionou à classe média que um analfabeto nordestino e
operário não teria condições de governar o país. Nem falava
inglês.
O
Brasil vinha de um Fernando Henrique intelectual, mas que havia
quebrado o país duas vezes, frequentado várias vezes o FMI com o
pires na mão, vendido a Vale do Rio Doce por uma pechincha e
comprado sua reeleição. Ele fala inglês.
Antes
dele, Collor que foi impedido e substituído por Itamar Franco, o
homem da volta do Fusca. Sobre Collor é até melhor ficar quieto
pois se formos arrolar todos os seus ilícitos, vamos encher a
página. Ele também fala inglês.
Então, cansamos de ouvir coisas assim: ''como vou explicar para meu filho
que ele deve estudar para dar certo na vida se o presidente não
estudou?''
Lula
não era pra dar certo.
Mas
deu e fez sua sucessora.
Mas
se Dilma se elegeu e também se reelegeu, paira agora um grande medo
entre a classe média e a elite do país. 2018.
Então,
se não dá para impedir a volta de Lula pelo caminho democrático
das eleições, já que a oposição não tem nome que possa lhe
bater, haja vista a pesquisa Ibope que lhe atribui 23% da preferência
contra 15% de Aécio Neves, que seja na truculência.
Na
truculência significa pelo caminho do fascismo.
É
nisso que a grande mídia vem trabalhando nos últimos meses.
Pessoas
simples, preocupadas em tocar suas vidas, são instadas a exigir a
prisão de Lula sem o menor motivo. Ele não é acusado de nada e não
há provas de ilícito contra ele. Além disso, há uma tentativa de
tornar ilícito tudo que o homem faz legalmente.
Como
se não bastasse, até seu filho sofreu abuso da Polícia Federal,
sendo vítima de busca e apreensão em seu apartamento às 23 horas
(o que é proibido por lei), sem que a juíza que acompanha o caso
tivesse conhecimento e sem que houvesse qualquer acusação contra
ele. E justamente no dia do aniversário do pai.
As
revistas semanais de ''informação'' desta semana, no melhor estilo
Goebbels se encarregaram de, através de ilações, mais uma vez tentar
desconstruir o mito.
A
Veja publicou uma foto de capa com Lula vestido de presidiário com
uma manchete idiota, sem pé nem cabeça. Se isso não é fascismo,
como se pode então classificar? E a revista vai ficar uma semana
exposta nas bancas a exigir que aqueles que só veem as capas passem
a odiá-lo.
O
STF tem a obrigação de mandar apreender a Veja, uma vez que ela
mentiu ao acusar um inocente. Isso não é liberdade de expressão,
convenhamos.
Mas
não o fará. Infelizmente os ministros do STF têm, todos, muito
medo da mídia. Medo de serem acusados de petistas.
O
ministro Teori Zavascki sofreu duras críticas da mídia por ter
fatiado a Lava Jato, desgostando o juiz Sérgio Moro.
O
fascismo, após ter penetrado na sociedade e ser encampado pela
direita, agora atinge até alguns petistas.
Gente
que exige que o presidente da Câmara seja imediatamente preso.
Sim,
ele é culpado de corrupção. Há provas abundantes. Mas, se
exigimos que Moro e o STF sejam corretos e sigam a Constituição,
temos que respeitar que ele tem o direito à ampla defesa, assim como
os que já foram presos por Moro e não tiveram.
Se
repugnamos o fascismo, não podemos usá-lo por vingança contra quem
não gostamos.
Para
finalizar, um regime fascista pode ser bom para a editora Abril,
assim como a ditadura foi para a Rede Globo.
Sabe-se
que a editora está mal das pernas, fechou várias revistas e demitiu
muitos jornalistas. A Veja, seu carro-chefe, sobrevive amparada pelos
coxinhas que se dispõem a comprar uma revista que tem mais da metade
das páginas com publicidade.
De
qualquer forma, ela já carimbou na capa sua negação à democracia.
Para
ela, nada mal um regime fascista agora, não?