quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Os 23% de Lula para 2018 já assustam tanto?

Por Fernando Castilho


Imagem: Disney


A Operação Zelotes corria à revelia da mídia, uma vez que a ela não interessava divulgar ações contra a corrupção em que não houvesse protagonistas petistas.

Há várias grandes empresas citadas tais como a RBS, coligada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, Bradesco, Santander, Gerdau, Ford, Mitsubishi e várias outras, que juntas pagaram propinas num total de aproximadamente 20 bilhões de reais, quantia bem acima da desviada da Petrobras.

Mas para atingir Lula vale qualquer coisa e o gancho foi inventado.

Não sei se Lula tem errado ou acertado em deixar que cogitem em sua candidatura em 2018, mas é certo que após essas conjecturas serem divulgadas começou com muito mais força o bombardeio a ele visando, se não conseguir sua prisão, pelo menos enfraquecê-lo a ponto de esvaziar sua reputação até as eleições.

Um pouco já conseguiram pois a maioria da classe média o chama de ''o chefão'' e outros adjetivos que procuram classificá-lo como bandido.

Já tentaram muita coisa, desde a criminalização de suas palestras, a apresentação de empresas brasileiras a empreendimentos no exterior, até o ''Eles sabiam'' da famigerada edição de Veja às vésperas do pleito de 2014.

Nada conseguiram. Talvez porque, a exemplo de Dilma, o ex-presidente tenha realmente se preocupado com o lícito em seus dois mandatos.

Mas então, se Lula não é um bom alvo direto, talvez algum alvo indireto possa servir.

Talvez uma de suas noras citada pela mídia como beneficiadora de 1 milhão do lobista Fernando Baiano a pedido de um pecuarista, que já desmentiu a estória toda, fosse um bom alvo. Mas não foi. Nem o nome da tal nora conseguiram descobrir.

Talvez um dos filhos de Lula! Boa ideia! Quem?

O Lulinha talvez tenha sido a primeira e óbvia sugestão.

Mas não. Lulinha não.

Ele seria investigado e aí a mídia teria que revelar, mesmo que indiretamente em algum cantinho de página, que ele não é dono da Friboi, nem de jatinho, nem do prédio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a ESALQ, da Universidade de São Paulo que a internet consagrou como sendo sua casa.

O mito seria destruído. É melhor para a mídia preservar esse mito. Para a oposição também.

Então a juíza Célia Regina Bernardes, irmã do radialista e prefeito de Blumenau, Santa Catarina, pelo PSDB, Napoleão Bernardes, determinou busca e apreensão (ilegal, diga-se de passagem pois não há indício de crime) na casa de Luís Cláudio Lula da Silva, outro filho menos famoso do ex-presidente.

Luís Cláudio é sócio de uma empresa de marketing esportivo, mas é um lambari em meio aos outros tubarões.

Notem que a ação aconteceu no exato instante em que era divulgada pelo Ibope uma pesquisa em que ele aparece à frente na corrida eleitoral com 23! E no dia de seu aniversário de 70 anos!

Se ações como essa já tivessem sido deflagradas contra os tubarões citados mais acima no texto, não haveria problema algum em se investigar o rapaz, caso houvesse qualquer indício de sua falta.

E este texto não seria escrito...

Mas fica escandalosamente evidente que toda a ação somente tem motivação política de atingir Lula, mais nada.

A juíza Marianne Borré que substituiu recentemente Ricardo Leite na Operação Zelotes, se quisesse poderia ter barrado a busca e apreensão baseada em que há os peixes grandes a serem investigados prioritariamente, mas nada fez.

Parece claro que Marianne Borré e Célia Regina Bernardes estão em sintonia com Sérgio Moro nessa operação.

Outro alvo indireto que pode atingir a reputação de Lula é seu ex-ministro Gilberto Carvalho.

Em um relatório anexado ao inquérito da Zelotes, a Receita Federal recomendou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de um restaurante que pertenceu a sua filha.

O curioso da estória é que o restaurante fechou acumulando 1 milhão em dívidas que, caso houvesse corrupção no caso, poderia estar funcionando até hoje, até com filiais.

Bem, se o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo não pode legalmente, como explicou o Prof. De Direito Constitucional da PUC – São Paulo, Pedro Serrano, determinar que essa palhaçada pare, há que se pensar em outras possibilidades.

Se Cardozo não pode impedir uma investigação, pode, segundo Serrano, determinar a substituição deste ou daquele procurador ou juiz.

Não pode haver só tucanos no Ministério Público, na Polícia Federal ou entre os juízes federais Brasil afora, ou será que o aparelhamento é completo?

Está mais que na hora de o PT mapear todos os profissionais da área e verificar quais são os do polo da esquerda.

Estes têm o dever de neste momento procurar ter voz mais ativa em todos esses procedimentos irregulares que ferem o Estado de Direito e tomar frentes nos processos.

E Cardozo pode e deve trabalhar para equilibrar o quadro que atua na Lava Jato e na Zelotes.

Quanto a Lula, talvez fosse interessante negar sua candidatura alegando algum motivo e dizendo estar trabalhando na escolha de nomes para serem apreciados na convenção do PT que fará a escolha para 2018.

Certeza que a baixaria diminuiria e ele seria preservado, montado em seus 23% de preferência.




Atualização de 29/190/2015:
A juíza Célia Regina Bernardes, responsável pela investigação da Operação Zelotes, informou hoje que desconhece pedido da Polícia Federal (PF) para tomar depoimento de Luís Cláudio Lula da Silva.

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