segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Abrem-se as faixas e começa o espetáculo!

Por Fernando Castilho


Foto: André Lucas Almeida


Reprimir uma torcida de futebol na quinta-feira por abrir uma faixa criticando a Rede Globo pelo horário absurdo dos jogos foi a pior política adotada por Alckmin.
Controlar sua pulsão repressora no domingo, quando uma faixa contra ele também foi aberta, foi a mais sensata. 

O falecido narrador esportivo, Fiori Gigliotti tinha vários bordões.

Um dos mais conhecidos ele pronunciava no início dos jogos de futebol: ''abrem-se as cortinas e começa o espetáculo!''

Quinta-feira, 21 de fevereiro, jogo Corínthians X Capivariano.

Torcedores do alvinegro abriram uma faixa de protesto em que se lia: ''Rede Globo, o Corinthians não é seu quintal''. Outra com a frase: ''Jogo às 22h também merece punição'' , a respeito da programação de jogos de futebol às 22:00, após o Jornal Nacional e a novela.

A Polícia Militar de Geraldo Alckmin rapidamente entrou em campo. Ocorreram os costumeiros empurrões e sopapos e as faixas foram retiradas com base no Estatuto do Torcedor, art. 13-A parágrafo IV, que proíbe portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo.

Convenhamos, não era então o caso.

A PM só tomou aquela atitude ao cumprir ordens do governador que não quer que se proteste contra a Rede Globo, mídia que o protege e que lhe poderá ser bem útil caso seja indicado por seu partido a disputar a presidência da República em 2018. Toma lá, dá cá. Como fazem as empreiteiras ao fazer doações para campanhas.

Domingo, 14 de fevereiro, jogo Corínthians X São Paulo.

Torcedores do alvinegro abriram novamente suas faixas. Desta vez os dizeres eram outros:

''Futebol refém da Rede Globo''.

''Ingresso mais barato''.

''CBF, FPF, vergonha nacional''.

E a cereja do bolo, claro recado à Alckmin:

''Quem vai punir o ladrão de merenda?''

Meu pai me ensinou a ser corinthiano. Era no tempo do Rivelino.

O timão era o preferido das pessoas de origem humilde. Dos operários, dos pedreiros, dos ambulantes. Dos gambás, dos mal cheirosos, como as torcidas adversárias carinhosamente nos chamam.

E por isso, dos que mais precisavam reivindicar para melhorar suas vidas.

É daí que surgem o Dr. Sócrates, Casagrande, Wladimir, Zenon e a Democracia Corinthiana.

O diretor de futebol era Adilson Monteiro Alves, um sociólogo, vejam só, em plena ditadura militar, ou melhor, já no seu declínio.

Durou pouco, mas foram anos politizados aqueles que culminaram com a campanha pelas Diretas Já, com a participação de Sócrates.

A Gaviões tem razão ao protestar contra jogos às 22:00. Como encarar uma volta à casa depois da meia noite? E ter que trabalhar no dia seguinte? Desumano.

A ditadura da Rede Globo é cruel. Ela não quer faturar com novela ou futebol. Ela quer faturar com os dois. E que se dane o torcedor.

Os preços dos ingressos são realmente abusivos. Variaram de 100 a 180 reais no jogo da quinta-feira. Merecem protesto.

E sobre o desvio da merenda escolar, o governador tem mesmo muito a explicar.

A repressão, método utilizado por Alckmin para calar e abafar protestos contra ele, parece um tiro saindo pela culatra.

Foi assim quando a PM reprimiu violentamente os estudantes da rede pública estadual que protestavam contra o fechamento e reorganização de escolas. Vimos meninos e meninas, a princípio despolitizados, dando uma lição de cidadania ao ocupar as instituições de ensino, fazendo faxina e até consertos e pinturas. Deles e de suas famílias vai ser difícil arrancar votos para 2018.

Não se pode incorrer no erro de superestimar a torcida corinthiana imaginando que ela agora partirá em peso contra o autoritarismo do governador.

Mas é bom que Alckmin coloque as barbas de molho pois o protesto que começa de forma tímida, pode, de acordo com a reação, crescer e se tornar incontrolável.

Pior se as torcidas de outros clubes aderirem.

''Agora não adianta chorar!'', diria Fiori Gigliotti.

Foto: Agência Estado




domingo, 14 de fevereiro de 2016

Moro mira num pato voando e acerta um Boeing

Por Fernando Castilho
Com colaboração de Renata Gouveia Delduque





A Operação Lava Jato ao investigar se o tríplex de 270 m² é de propriedade do ex-presidente Lula, descobriu que alguns apartamentos do edifício e também do tríplex dos irmãos Marinho, construído em área de preservação ambiental, estão em nome de uma lavanderia de dinheiro, a Murray Holding LLC, empresa da holding panamenha Mossack Fonseca, financiadora de ações de terrorismo e corrupção no Oriente Médio e na África.

Há algo de extremamente podre entre os reinos de Guarujá e Paraty.

Há tantos detalhes escabrosos que fica bastante difícil alinhavar todos e proporcionar ao leitor o cenário completo sem lançar mão de um longo texto.

Vamos tentar ser um pouco pragmáticos e descrever o que realmente é mais importante.

A Operação Lava Jato ao investigar se o tríplex de 270 m² é de propriedade do ex-presidente Lula, descobriu que alguns apartamentos do edifício estão em nome de uma lavanderia de dinheiro, a Murray Holding LLC, empresa da holding panamenha Mossack Fonseca, financiadora de ações de terrorismo e corrupção no Oriente Médio e na África.

Ocorre que os irmãos Marinho também construíram um tríplex em Paraty, com área de 1300 m², este sim, um senhor tríplex.

A notícia foi divulgada pelo DCM (leia aqui a matéria) mais a título de comparação com o do Guarujá que pelo menos é uma construção regular. Paulo Nogueira, o principal jornalista do site, provavelmente não percebera onde estava cravando sua pazinha.

Os irmãos Marinho construíram seu tríplex em nome da mesma holding do Edifício Solaris, aquele do Guarujá! A Murray Holdings LLC.!

Desmataram área de preservação ambiental, mantêm guardas armados em área pública, na praia que grilaram para seu uso e também compraram terrenos lindeiros para evitar que alguém pudesse se aproximar da propriedade. A Justiça mandou demolir, mas o processo não evolui.

Uma fiscal do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente), conta que: “Quando fiz a denúncia da casa dos Marinhos, alguém atacou a minha e incendiou meu carro”.

A PF investigou mas não deu em nada. Ela não é mais fiscal. “Desisti porque passei anos dando murro em ponta de faca. O Estado e a Justiça não enfrentam e nem punem os poderosos”. Todos que testemunham sobre o assunto temem represálias.

O jornalista Fernando Brito no seu site, Tijolaço, (leia a matéria aqui) utilizou-se de imagens do Google para mostrar a mansão cinematográfica por dentro.

Vejam só o quadro.

A revista Época, de propriedade da Globo, que foi a primeira a denunciar o tríplex que seria de Lula, parou imediatamente de falar do assunto.

O juiz Sérgio Moro estranhamente libertou representante da Mossack, o empresário Ademir Auada, que havia sido detido sob suspeita de estar destruindo documentos. Obstrução à Justiça é crime. Ele deveria continuar preso.

Mais uma vez fica claro que a Lava Jato tem um único fim. E este não é acabar com a corrupção no país.

Fica absolutamente claro que a Rede Globo se constitui hoje num poder paralelo, usando e abusando de sua influência, manipulando e mentindo 24 horas para atingir seus objetivos.

Vale lembrar que a TV Globo é uma concessão gratuita do Governo Brasileiro que é usada para o enriquecimento de seus concessionários, para cometer crimes ambientais manipular a opinião pública, derrubar governos e colocar no poder quem ela quer, vide Collor.

Vale também lembrar que embora tudo venha a ser exposto na Internet, principalmente pelos blogs chamados sujos, nada, absolutamente nada deste escândalo será noticiado pela grande mídia.

Portanto, cabe a nós, indignados, inconformados, não resilientes, compartilhar ao máximo nossa revolta.

A Polícia Federal e o juiz Moro, quando miraram um pato voando, acabaram por acertar um Boeing que vai cair, mas ninguém saberá, uma vez que as notícias ficam a cargo da Globo e do restante da mídia corporativa.

Só nós ficaremos com os verdadeiros fatos.









sábado, 13 de fevereiro de 2016

O que Bernie Sanders ensina ao Brasil e ao mundo?

Por Fernando Castilho




Bernie Sanders, o candidato Socialista Democrata às prévias norte-americanas, dá uma lição ao Brasil, principalmente em Dilma, Lula, Aécio e aos que batem panelas.


A grande novidade americana é Bernie Sanders.

Socialista Democrata declarado, Sanders disputa com Hillary Clinton a indicação do Partido Democrata nas prévias americanas.

Mas em que contexto surge Sanders?

Quando o muro de Berlim foi derrubado em 1989, o mundo todo comemorou. Afinal o maior símbolo do comunismo havia sido derrubado pelas pessoas que não mais suportavam viver sob aquele regime.

O povo ficou feliz por ter recuperado sua liberdade, mas quem mais ganhou foram as empresas que enfim, ganhavam um novo e enorme mercado para aumentarem seus lucros e, claro, explorarem os novos trabalhadores.

A alegria do povo mais pobre não durou muito. Logo veio o desencanto pois após a euforia inicial, desemprego e miséria inerentes ao capitalismo deram o ar da graça. Mas claro, a mídia ocidental não poderia divulgar isso.

Hoje, quando 1% da população mundial detém 50% de toda a riqueza do planeta, a desigualdade aumenta a níveis insuportáveis.

Mesmo nos Estados Unidos, outrora uma nação conhecida pelo sonho que dera certo, a pobreza e a miséria decorrentes principalmente do desemprego, vem crescendo de forma alarmante.

É neste cenário que surge Bernie Sanders, não um socialista convertido recentemente, mas sim uma pessoa preocupada com a desigualdade social desde que era estudante universitário na Chicago de Milton Friedman, dos anos 60, em plena guerra fria.

O discurso de Sanders atrai multidões porque ele defende principalmente Educação e Saúde gratuitas. Muita gente desesperada chora em seus discursos, tão grave é sua situação.

Além disso, ele propõe limitar os juros de cartão de crédito e as taxas cobradas pelos bancos. Os juros do cartão lá são de 30% ao ano, bem abaixo dos nossos 400%. Mas não pedimos socialismo por aqui, certo?

Outra coisa que Sanders critica é o descaso americano com o meio-ambiente, como se ele não fosse afetado com o que está por vir.

Hillary Clinton pergunta de onde sairá o dinheiro. Sanders não se faz de intimidado e afirma que o governo tem socorrido Wall Street durantes anos em valores da ordem de trilhões de dólares. Então por que não proporcionar Educação e Saúde gratuitos?

Além disso, sabe-se que o orçamento americano com defesa é de longe o maior do mundo, uma vez que os EUA fomentam guerras e revoluções em toda a parte. Muito dinheiro poderia ser retirado daí.

Bernie Sanders dá uma lição ao Brasil, principalmente em Dilma, Lula e até mesmo em Aécio.

Enquanto por lá, uma crise econômica resulta no desejo de mudar as coisas, fazendo guinar o espectro ideológico da direita para a esquerda, no Brasil, Dilma que é de esquerda flertou com o neoliberalismo.

Lula ao tirar milhões de brasileiros da linha de pobreza, preocupou-se em dar poder de consumo, mas negligenciou na formação de consciência política do povo mais pobre. Por isso há tanto pobre de direita que pede inclusive a volta da ditadura.

E Aécio e a direita brasileira, na contra-mão total de Sanders, continuaria a insistir na tese do neoliberalismo como faz o novo presidente Macri da Argentina, que começa a se dar mal por aquelas plagas.

Neoliberalismo que não vem dando certo no mundo todo.

Para a direita internacional, seria benéfica a vitória de Sanders.

Por que?

Bem, Marx afirmou que chegaria um dia em que a acumulação de riqueza e poder na mão de uns poucos burgueses tornaria a situação do proletariado insuportável a ponto de estourar a grande revolução.

Se Hillary, ou pior, se Donald Trump vencer serão 4 anos de barril de pólvora prestes a explodir, não nos enganemos, pois começarão a acontecer conflitos e até mesmo confrontos que terão que ser reprimidos pelo exército.

E uma revolução a partir dos Estados Unidos tem um simbolismo extremamente forte para o resto do mundo.

Por este motivo, para a direita, e eu digo aqui, as grandes corporações, seria estratégico Sanders vencer agora, o que serviria como um amortecedor para se evitar conflitos futuros graves

Ou seja, melhor entregar anéis agora do que os dedos mais tarde.






quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Dilma, Lula, o republicanismo e a ética

Por Fernando Castilho



Uma reflexão sobre se Dilma, Cardozo e até mesmo Lula estariam sendo alvos daqueles que se aproveitam, de maneira aética (com licença do trocadilho) de seu discurso republicano.


Durante debates na campanha eleitoral de 2014, Dilma Rousseff usou mais de uma vez as frases ''não restará pedra sobre pedra'' e ''as investigações ocorrerão, doa a quem doer''.

Dilma é o que se pode chamar de republicana. Ela gosta disso.

Ao que consta até agora, desde sua vida ameaçada pelas torturas da ditadura, pode se dizer que ela é também muito ética, convenhamos.

Por tudo isso, Dilma vem mantendo José Eduardo Cardozo à frente do Ministério da Justiça.

Cardozo é o responsável pela coordenação da Polícia Federal.

Em seu republicanismo, Cardozo defende que a Operação Lava Jato esteja sendo bem conduzida pelo juiz Moro. Embora não esteja.

Nos tempos de FHC a Procuradoria Geral da União era comandada por Geral Brindeiro.
Brindeiro ficou conhecido pela alcunha de engavetador geral da União. Todas as denúncias comprovadas, suspeitas de ilícitos ou ilações eram solenemente arquivadas por ele sem que fosse cobrado de explicações.

Naquela época a Polícia Federal vivia um período difícil em faltavam equipamentos, veículos e respaldo às suas ações. Hoje ocorre o contrário.

Não se pode dizer então que FHC fosse republicano. Nem ao menos ético, vamos aceitar.

Neste momento, em que as investigações da Lava Jato são direcionadas apenas a empreiteiras (com o fim específico de extorquir à força delações premiadas) e a políticos do PT ou de partidos aliados do governo, Cardozo e Dilma se mantém republicanos.

Neste momento, em que um despreparado juiz Moro interroga Zé Dirceu sem que, pelo que se depreende do depoimento de mais de duas horas, haja qualquer suporte à intenção de mantê-lo preso, Cardozo e Dilma se mantém republicanos.

Neste momento, em que a mídia e o juiz Moro lançam suas garras sobre Lula, o ministro e a presidenta se mantém calados.

Ora, há então que se fazer uma leitura sobre o que significa ser republicano e ético.

Admitiria a postura elevada de Cardozo e Dilma se a Lava Jato estivesse sendo guiada pelas normas puristas da isenção política. Fosse assim, após 3 delações sobre as propinas entregues a Aécio Neves, este já teria sido denunciado pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.

Lula está sendo massacrado diariamente pela mídia por comparecer de vez em quando, após ter deixado a presidência em 2010, a um sítio de propriedade de dois amigos.

A ex-primeira dama, Marisa Letícia, comprou um barco de pesca para Lula no valor de 4 mil reais, com nota fiscal em seu nome.

Não se sabe bem se foi a construtora OAS ou a Odebrecht que executou reformas no sítio.

Sobre este fato, há indagações a serem feitas.

1) O custo das reformas constitui uma retribuição ao ex-presidente pela ''força'' que ele deu às empreiteiras durante sua gestão?

Alguém poderia responder: claro que sim, afinal o que elas ganharam nas falcatruas da Petrobras justificam a retribuição!

Não, sinto muito, mas o valor gasto é muito baixo pra ser isso...

2) O empenho das empreiteiras em reformar o sítio que não é de Lula se constitui num toma lá dá cá como o que acontecia com as contribuições às campanhas eleitorais?

Não, novamente sinto muito, mas Lula não estava em campanha e ainda nada sinalizava que ele voltaria a ser candidato em 2018.

Alguém, talvez o mesmo alguém, poderia argumentar: ah, mas a reforma aconteceu para que Lula influenciasse Dilma em contratos com as empreiteiras.

Não, isso nunca aconteceu. Lula sempre se manteve distante do governo Dilma.

3) Lula foi ético ao aceitar de presente as reformas?

Primeiramente, não vamos ser ingênuos ao crer que as reformas no sítio, embora não pertencente à Lula, não fossem de seu conhecimento. Foram sim.

Lula então foi antirrepublicano? Anti-ético?

Antirrepublicano, claro que não, uma vez que não era mais presidente.

E anti-ético?

Aí a questão é mais complexa.

Este blogueiro, que já ocupou cargo público executivo no passado, já passou por situação de certa forma semelhante.

Havia um contrato, executado dentro das normas legais, com medição já concluída, portanto, o executante nada mais teria a receber, certo?

Mesmo assim, ele ofereceu ao blogueiro uma reforma em seu apartamento, pintura, ou que precisasse.

Sua intenção seria então que eu o favorecesse num futuro contrato? Como, se ele teria de participar de uma licitação conduzida de forma absolutamente lícita?

Um presente apenas. Que não aceitei. Não precisava. Então nem considerei. E vale lembrar que eu ainda estava no cargo.

Mas, e Lula?

Cada cabeça, uma sentença, dizem.

Mas acho que a partir de 2010 sua cabeça já era outra.

Decidiu montar seu instituto. Decidiu dar palestras munido de seu alto capital adquirido em 8 anos de gestão exitosa.

Decidiu abrir mercados para o Brasil no exterior para que nossas empresas pudessem competir com as empreiteiras americanas que papavam toda e qualquer concorrência a preços elevados.

Decidiu exportar nossa tecnologia adquirida durante décadas de execução de obras monumentais.

Decidiu, enfim, criar empregos para os brasileiros que se dispusessem a trabalhar por essas empresas no exterior.

Confesso que tentei, tentei, e depois de muito tentar, tentei novamente enxergar na atitude de Lula o mais leve sinal de falta de ética, mas fracassei.

Quiçá de desonestidade.

Desonestidade seria Lula ter utilizado recursos do governo na construção de um aeroporto particular em terras de seu tio-avô.

Isso sim, seria muito condenável.

Mas como a presidenta e seu ministro são republicanos, o Procurador Janot e a Polícia Federal continuarão a alimentar o ego do juiz Moro.

E concluo que Dilma, Cardozo e até mesmo Lula são alvos daqueles que se aproveitam, de maneira aética (com licença do trocadilho) do discurso republicano.

Em tempo, há um boato sobre a saída de Cardozo.

Espero sinceramente que um próximo nome seja capaz de contrariar Dilma.

E que Dilma continue a ser ética.

Mas, se ética é a inteligência sendo colocada a serviço da melhor convivência dentro de um determinado grupo, Dilma tem a obrigação de ser ética neste momento determinando que a PGR e PF atuem de maneira isenta na Lava Jato.

Isto é o que todo o povo brasileiro espera dela.





terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Dois anos de Lava Jato e a ascensão de uma celebridade nacional

Por Fernando Castilho





Como o número de irregularidades e até mesmo ilegalidades cometidas pelo juiz Moro é grande, segundo se deduz da matéria da Folha, caso haja condenações, é preciso esclarecer que elas se darão em primeira instância.

Quando os réus recorrerem, a situação poderá mudar.

A Operação Lava Jato acaba de completar dois anos.

Embora tenha um balanço favorável para aqueles que como nós, sempre desejaram que os crimes de colarinho branco fossem punidos com o rigor da Lei, há que se analisar à que preço isso vem acontecendo.

Marcelo Odebrecht e outros presidentes e diretores das mais importantes empreiteiras do país que mantém relações promíscuas com governos desde a ditadura militar, quando de fato começaram a enriquecer, estão presos.

Motivos para comemorar?

Fossem suas prisões incontestavelmente legais, sim.

Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre o assunto que flerta com Deus e o Diabo.

Primeiro lista uma série de irregularidades aplicadas pelo juiz Moro, ratificadas por juristas como Pedro Estevam Serrano, Professor de Direito Constitucional da PUC-SP e Lenio Streck, advogado e membro da Academia Brasileira de Direito Constitucional. Ou seja, gente que conhece a fundo a Constituição brasileira.

O ''outro lado'' para mostrar que a Folha é plural, está representado pelo Procurador da República Roberson Henrique Pozzobon.

Um dos questionamentos diz respeito à escolha de Curitiba como Fórum dos julgamentos dos envolvidos na operação, uma vez que a sede da Petrobras fica no Rio de Janeiro.

Pozzobon responde que o delator Alberto Yousseff atuava em Curitiba. Fraco motivo, convenhamos. Mas isso nem é tão importante assim.

A crítica mais grave é sobre o fato de que Odebrecht e outros estão presos preventivamente há vários meses e isso poderia configurar uma tentativa de coação para que os réus se transformem em delatores e façam confissões que possam agradar ao juiz.

Pozzobon responde que ''as prisões são necessárias para evitar interferências nas investigações e se justificam pela solidez nos indícios e provas encontradas''.

E aí está o X da questão.

Eu imaginava que prisões preventivas seriam necessárias para se evitar a fuga dos réus para outros países, mas não é esse o motivo. A justificativa mais uma vez é fraca.

Tudo indica que Moro quer mesmo extorquir uma delação, mesmo que não possa ser comprovada, de certos nomes-alvo que ele e todo o consórcio de que ele participa, desejam.

Se não fosse isso, nomes da oposição que também já foram citados em delações, além da esposa e filha de Eduardo Cunha, que não têm foro privilegiado, já estariam presos.

Como o número de irregularidades e até mesmo ilegalidades cometidas pelo juiz Moro é grande, segundo se deduz da matéria da Folha, caso haja condenações, é preciso esclarecer que elas se darão em primeira instância.

Quando os réus recorrerem, a situação poderá mudar.

Enquanto Moro serve aos interesses da oposição e da grande mídia, escolhendo políticos petistas como alvo final, ele será o grande paladino da Justiça admirado por todos.

Mas caso ele não consiga seu intento e os presos resumam-se somente aos grandes empresários, numa segunda instância a própria mídia se encarregaria de limpar a barra de Odebrecht e colegas. Eles teriam então seus processos considerados nulos devido às irregularidades cometidas por Moro.

A Folha sinaliza isso.

Ou seja, estamos assistindo a um espetáculo midiático montado apenas para um fim específico, a um custo financeiro que atinge toda a Nação e que no final poderá não dar em muita coisa, além de uma vitória de Pirro.

Menos para o juiz Moro, elevado ao posto de celebridade nacional máxima da Justiça do Brasil, ofuscando até Joaquim Barbosa.

Quem será o próximo? 

Gilmar Mendes continua tentando.

Infográfico: Folha



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O dia em que o juiz Moro prestou depoimento a Zé Dirceu

Por Fernando Castilho





Muitos já escreveram sobre o depoimento de Dirceu a Moro. Vai aqui outra leitura que demonstra que os papeis parecem ter se invertido naquela ocasião.


Zé Dirceu deu um depoimento de mais de 2 horas ao juiz Moro.

Confesso que havia de minha parte uma grande expectativa, uma vez que estavam enfim frente a frente o inimigo público número um da Nação e o justiceiro eleito pela grande mídia e pela classe média brasileira.

Logo no começo foi possível ver um Dirceu magro, envelhecido e com certa aparência de cansaço. Seria logo engolido por Moro.

Mas para minha surpresa, Dirceu foi respondendo pausadamente e com muito preparo a todas as questões que lhe eram formuladas.

Aos poucos fui percebendo que as perguntas a ele dirigidas eram frágeis, quase simplórias.

Já tinha lido alguns despachos de Sérgio Moro que me chamaram a atenção por uma certa dificuldade em escrever em bom Português.

Alguém poderá alegar preconceito meu, uma vez que nosso idioma passa constantemente por transformações. Porém, ao contrário do comum dos brasileiros, um juiz não pode escrever mal, sob pena de ser mal interpretado em seus despachos.

Mas voltando às perguntas.

Moro à certa altura pergunta a Dirceu se ele tinha alguma divergência com relação à delação premiada de Fernando Moura que o isentou do esquema da Lava Jato ao que Dirceu responde de imediato que não. Mas é claro que não. Se ele foi isentado, como iria invalidar a delação?

Moro faz até 5 vezes as mesmas perguntas, demonstrando que, ou não se preparou direito para o embate ou realmente não tinha o que perguntar a alguém que ele certamente já sabe que não está envolvido na Lava Jato. É que a vaidade o impede de simplesmente soltar o preso o que seria ruim para sua imagem.

Ele e o promotor do Ministério Público, de voz adolescente trêmula demonstraram não conhecer o Zé Dirceu de antes de 2005, ano que estourou o Mensalão. Não conhecem sua história.

Por não conhecer sua história não conseguem compreender que alguém dê consultorias à empresas sem que elabore planilhas, tabelas, gráficos e relatórios como faria qualquer técnico médio.

Não sabiam que o trabalho de Dirceu era, aproveitando-se de seu relacionamento com políticos importantes e governos de esquerda da América Latina e Cuba, abrir oportunidades para que empresas brasileiras pudessem disputar concorrências lá fora, com consequente entrada de divisas para o país e contratação de mão de obra brasileira.

À certa altura Moro lhe pergunta se não enriqueceu com isso, ao que Zé lhe responde que seu objetivo de vida nunca foi enriquecer. Incompreensível para lacaios do capital.

O promotor foi ainda mais primário. Indagou o por quê de Dirceu ter parado de dar consultorias. Ele responde: ora, porque eu estava preso! O promotor não sabia disso?

Além disso, ao final, indagou sobre a pensão às filhas de Dirceu, coisa totalmente alheia à Lava Jato.

Moro revelou também desconhecer que Dirceu não é ministro nem deputado desde 2005.

À certa altura um dos inquiridores o chama por excelência, ao que Dirceu responde que dispensa o termo uma vez que não é mais deputado.

Dirceu foi humilde do começo ao fim. Nem ao perceber a fragilidade dos que o ouviam, mudou de comportamento.

Mas Moro sentiu que lhe escapava a capacidade de desestabilizar o homem e induzi-lo ao erro. Por isso, fez questão de demonstrar sua autoridade quando Zé Dirceu ao responder a alguém, virou-se de costas. Lembrou então ao depoente que não se vira as costas para um juiz, ao que Zé reagiu com um pedido de desculpas.

Outra pergunta que demonstra cabalmente o despreparo de Moro foi quando ele indagou a Dirceu sobre seu patrimônio em dinheiro. Este lembrou-lhe que seu sigilo bancário havia sido quebrado, o que só demonstrou o volume de dívidas que vem se acumulando mês a mês.

Ao final, quando Moro deu a palavra a Dirceu para as últimas considerações, la crème de la crème: a mídia sempre martelou que as relações entre ele e Lula estavam muito abaladas pelo fato de o ex-presidente nunca tê-lo defendido, certo? Pois Dirceu afirmou a Moro que Lula não tem qualquer envolvimento em esquemas de propinas da Petrobrás.

Quando digo que desconfio que Moro e o promotor desconhecem a história de Dirceu é porque foram surpreendidos. Esperavam entrevistar um homem destruído psicologicamente mas não esperavam que ele tivesse aquela fibra moldada em anos de treinamento de guerrilha, vida clandestina, privações de toda ordem. 

E Dirceu não se utilizou disso para crescer frente a eles. Eles é que se assustaram e se apequenaram diante do mito.

Por tudo isso, a impressão que se tem foi de que Moro prestou um depoimento a Zé Dirceu.

Nesse depoimento, Moro revelou que é um juiz despreparado, não conhece História, não se aprofundou em saber qual trabalho Dirceu desempenhou em suas consultorias e nem tinha perguntas objetivas que o pudessem incriminar.

A impressão que fica é que, devido à juventude e imaturidade, Moro e o promotor do MP estiveram juntos jogando games na véspera do depoimento.

E após o depoimento, Moro deve ser condenado a libertar Zé Dirceu.

Se continuar preso será a prevalência da vaidade de Moro sobre a Justiça.







segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O barco e a farofa de Lula

Por Fernando Castilho


Foto: Lúcio Távora, O Globo


Esperava-se que Lula tivesse se tornado um homem refinado, que tivesse trocado a cachacinha por uísque 21 anos e sua esposa, Marisa Letícia, a sacola da 25 de março por uma bolsa Prada.



Sempre houve dúvidas com relação ao padrão de vida levado por Lula e sua esposa.

Afinal, o Lula metalúrgico todo mundo sabe que vivia de acordo com o que sua classe de proletário poderia lhe proporcionar.

A origem de retirante nordestino, de família numerosa, impôs-lhe o padrão típico dos que procuravam trabalhar em uma fábrica, usufruir de uma vida simples e lutar para melhorar.

A partir do momento em que Lula se elegeu deputado em 1986 com consequente aumento de renda, tornou-se difícil conhecer acerca da mudança de hábitos que o maior poder aquisitivo poderia proporcionar à sua família.

Sabe-se, porém que ele conseguiu comprar um apartamento de classe média em São Bernardo do Campo, seu reduto eleitoral, sendo muito criticado pela imprensa na época, como se vivêssemos num país como a Índia cuja sociedade, organizada por castas, impede a mobilidade social das pessoas. Lula, segundo a mídia preconceituosa, deveria continuar a viver humildemente.

Após dois anos na presidência da República, era de se esperar que com o soldo somado à sua aposentadoria pela Lei da Anistia, Lula passasse a construir um patrimônio como todo presidente faria.

Após sua saída, com a criação do Instituto Lula, o ex-presidente passou a dar palestras no Brasil e no mundo, sendo bem pago por isso.

Embora continue a ter trânsito entre os movimentos sociais e o povo mais pobre do país, agora Lula também se encontra com líderes mundiais, empresários milionários, reis e doutores. Torna-se por várias vezes ele próprio doutor honoris causa em várias universidades brasileiras e estrangeiras.

Ou seja, espera-se que Lula tenha se tornado agora um homem refinado que tenha trocado a cachacinha por uísque 21 anos e sua esposa, Marisa Letícia uma madame com bolsa Prada.

Mas a fofoca contada pela Folha de São Paulo acerca do barco comprado por Marisa para Lula pescar em fins de semana no sítio de amigos e de seu filho, sem querer revela algo muito interessante.

1) O barco de alumínio sem motor, ao preço de 4100 reais é dos mais modestos do mercado. Dona Marisa poderia ter comprado uma lancha ou algo mais luxuoso, talvez 10 vezes mais caro. Dinheiro há para isso.

2) Lula, como aquele nordestino de décadas atrás ainda prefere num final de semana pegar seu barquinho com a esposa, pescar uns lambaris, fazer um churrasquinho e tomar umas cervejas.  Fosse um FHC, ele estaria na Côte d'azur em um barco bem mais luxuoso, usufruindo de serviço de hotel com todas as mordomias e fotografado pela Caras. 

3) Além disso, a foto da capa de O Globo de janeiro de 2010, mostra Lula carregando uma caixa de isopor com dona Marisa a lhe seguir em sandálias havaianas. A manchete ainda meio que zomba um pouco dele ao chamá-lo de farofeiro, coisa de pobre, afinal. Essa capa, por si só é por demais reveladora da simplicidade do homem.

Agora a mídia fica num beco sem saída.

Se Lula fosse flagrado ostentando hábitos luxuosos e extravagantes, seria criticado por, sendo socialista, trair o povo que o elege. Colunistas iriam chamá-lo de socialista caviar.

Como Lula foi pego de surpresa mostrando de maneira sincera que continua a ser o mesmo homem com hábitos simples dos tempos em que era pobre, não é possível acusá-lo de populista ou hipócrita, mas sim de verdadeiro.

E isso não vão fazer.

Para mim fica a grata satisfação dessa revelação.

Lula não é um Pepe Mujica mas não esqueceu sua origem.


Por isso confio em Lula.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Lula errou mesmo em ser conciliador?

Por Fernando Castilho
Charge por Pataxó http://pataxocartoons.blogspot.jp/





Imaginar um futuro alternativo àquele que já aconteceu é um exercício complexo e inútil, mas acho que dá para imaginar o que teriam sido os governos Lula sem a conciliação de classes proposta na Carta aos Brasileiros


O jornalista Luiz Carlos Azenha publicou artigo em seu site Viomundo onde afirma que o erro de Lula foi ter acreditado na conciliação de classes. Será?

A única forma de saber se a afirmação está correta é analisá-la do ponto de vista do materialismo histórico, ou seja, Marx.

Marx dizia que há duas classes, a saber, a burguesia e o proletariado.

A burguesia é a classe bem pouco numerosa que detém os meios de produção e o proletariado é a classe bem mais numerosa que detém a força de trabalho.

Enquanto a burguesia deseja o lucro e luta por ele, o proletariado deseja salário e também luta por ele. Daí a luta de classes, ok?

Mas Lula, ao publicar a famosa Carta aos Brasileiros no início de seu governo, celebrou um pacto com a burguesia, os grandes empresários do país que estavam com medo de sua eleição.

Com este pacto ficou claro que Lula evitaria a luta de classes e não permitiria a revolução prevista por Marx.

Ou seja, Lula passou a ser um amortecedor muito útil à burguesia. Neste sentido, os governos Lula e mesmo o de Dilma, apesar de muitos avanços sociais, foram burgueses.

É a chamada conciliação de classes que permitiu a Lula, além de melhorar muito a vida dos pobres, criar condições para que os detentores dos meios de produção enriquecessem ainda mais.

Perfeito, não? Todo mundo ganhou.

Se não houvesse essa conciliação, será que 30 milhões de pessoas teriam saído da linha pobreza?

Será que haveria, Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos e outros programas exitosos?

Mas então, se foi bom pra todo mundo, como explicar esta sanha em prender Lula usando para este fim até mesmo um ridículo barco de 4 mil reais adquirido com nota fiscal? Por que não o querem de volta, afinal?

Parece-me simples. Vou tentar explicar.

A oposição, que pela ótica de Marx não poderia ser chamada de burguesia pois não detém meios de produção, sendo entidade somente política, está toda na lista das operações Lava Jato, Zelotes e HSBC.

A mídia só noticia a Lava Jato pois lá estão alguns nomes do PT, além de empreiteiros, estes sim, burgueses.

Mas é na Zelotes e HSBC que estão os peixes grandes.

Dilma desde a campanha eleitoral avisava que não restaria pedra sobre pedra.

Esperava-se que ela interferisse na Polícia Federal e na Procuradoria Geral da República, mas, fiel às ideias que defende, manteve a autonomia dos órgãos.

Era urgente então derrubá-la, mas isto também se mostrou muito difícil pela sua imagem honesta reconhecida até por gente da oposição.

Lula então apareceu como possível candidato em 2018.

O PSDB, teoricamente o partido com mais chances de enfrentá-lo, olhou para seu próprio umbigo e não gostou do que viu: Aécio, que tem farto material contra si a ser utilizado durante a campanha; Serra, velho postulante a qualquer coisa e destacado representante dos interesses da Chevron americana com relação ao pré-sal; Alckmin que vem acumulando desastres em seu governo de São Paulo, como a gestão hídrica, a paralisação e os escândalos do Metrô, a matança de jovens da periferia e a truculência da PM contra simples estudantes que lutam contra o fechamento de suas escolas. Aparece agora também o crime hediondo, na minha opinião, de desvios de recursos das merendas escolares.

Ou seja, Lula nadaria de costas, venceria e seria sério candidato à reeleição em 2022. Brrrrrr!

Os tucanos querem voltar ao poder não só para jogar uma pá de cal sobre as operações da PF, mas também para revitalizar seus velhos esquemas que já sofrem jejum de 13 anos.

Mas então, por que a mídia está tão empenhada em prender Lula ou destruir sua reputação?

Ora, já expliquei antes neste blog.

A mídia, toda ela, está financeiramente acabada. Precisa de socorro.

Já há um acordão com o PSDB há muitos anos, desde o primeiro governo Lula, que prevê, em troca de içar a oposição de volta ao poder, receber generosa ajuda do BNDES.

Então, não considero erro de Lula acreditar numa conciliação de classes. Era o que tinha naquela época. Ou emergia como um ser da esquerda conciliador ou sua cabeça seria cortada rapidamente.

Agora, se a oposição e a mídia, para chegar ao poder apostam em seu projeto atual inconsequente de prender Lula sem que haja crime cometido por ele, esperando que todo mundo aceite sem problemas a injustiça, ignoram a possibilidade de convulsão social que pode levar o país a uma crise econômica, política e institucional profunda, terrivelmente ruim, não só para o povo, como também para eles.