sexta-feira, 15 de abril de 2016

Os magos e o monstro

Por Mauro Santayana, em seu blog 



(JB Online) - Dizem que, certa vez, querendo derrotar um adversário, um grupo de magos e de aspirantes a magos – entre eles havia numerosos aprendizes de feiticeiro – reuniu-se para construir uma criatura monstruosa, que pudesse destroçar, impiedosamente, o inimigo.
- Vamos fazer uma cauda longa e forte, coberta de espinhos - disse um deles.
- E uma boca imensa como um precipício, com duas fileiras de dentes de tubarão, tamanho X-G – disse outro.

- E seis patas, longas como lanças e grossas como porretes, que possam perseguir e acuar qualquer um que esteja se vestindo com as cores deles – afirmou o terceiro.

- Cada uma com 12 garras, afiadas e curvas, como espadas de sarracenos – reforçou mais um.

- Tudo isso unido, por este tronco aqui – sugeriu outro - grosso como o de um rinoceronte.
- Coberto com escamas em lâminas, que cortem como cacos de vidro – propuseram outros, que tinham acabado de chegar ao encontro.

E durante meses os magos assim procederam.

Além de detalhes físicos, inúmeros, foram acrescidos à receita condenáveis sentimentos, que iam sendo reunidos para alimentar, na fase final, o monstro por via intravenosa, já que ele, como um abominável frankenstein canídeo, ressonava, roncando, no pátio do castelo, esperando o dia em que despertaria completamente, como a Bela Adormecida.

Por isso, no caldeirão em que fervia a poção que era injetada, como um soro fétido, no monstro, por mil agulhas espalhadas pelo corpo, se juntaram o ódio mais virulento, as mentiras mais descaradas, o preconceito mais arrogante, a violência mais sádica, a ignorância mais teimosa, a manipulação mais descarada e a mais cínica hipocrisia.
Nesse afã, passaram-se dias, semanas.

Até que, meses depois, em um crepúsculo lento e friorento, os magos se reuniram nas arquibancadas do pátio do castelo, para acordar, finalmente, a estranha criatura.

Para isso, um mago anão, equilibrista, subindo ousadamente sobre o rabo do monstro, percorreu lenta e solenemente o seu tronco, e, escalando sua cabeça, aproximou-se do focinho repugnante e disforme, para soprar, precedido pelo som de trombetas, em suas ventas, com um canudo feito de despachos judiciais, manchetes de jornal e capas de revista, o vapor azulado da existência.

Passaram-se então alguns segundos, de ansiedade e expectativa, em que se poderia ouvir o zumbido de um inseto.

E no instante em que o monstro se levantou, resfolegando como o cão dos infernos, foi como se a terra tivesse, súbita e violentamente, estremecido.

A massa da gigantesca criatura balançou-se, de um lado para o outro, como uma montanha, atirando, sobre uma arquibancada mais alta, o anão-mago que havia lhe soprado a vida.

E quando, abrindo os olhos em chamas, ele escancarou a espantosa bocarra, mostrando a garganta escura e profunda como um poço, emoldurada pelas longas fileiras de dentes, de onde explodiu, como uma bomba, o poderoso trovão de seu rugido, fazendo com que todo mundo saísse correndo, desabaladamente, ainda ouviu-se, desesperado e agudo, um grito lancinante:

- Ih! Ih! Corre, macacada, corre!

A gente se esqueceu de colocar a coleira!

Se tivesse acesso a um pequeno livro de contos morávios da segunda metade do medievo, que comprei em um velho sebo em Praga, que me inspirou o início deste texto, certamente parte da oposição e do próprio PMDB teriam pensado duas vezes antes de agir como os magos e os seus aprendizes, e optar, uns de forma planejada, outros de maneira crescente e intuitiva, por incentivar e cevar, com a velha, surrada, manipulada bandeira do combate à corrupção de sempre, o monstro da antipolítica, e por abandonar o calendário eleitoral normal para embarcar em um jogo suicida de encarniçado perde-perde do qual, como se pode ver também pelas últimas pesquisas, todos, ou quase todos, sairão exangues, feridos e derrotados, e em situação muito pior do que a que estavam antes.

Nos últimos anos, e principalmente nos últimos meses, da Copa do Mundo para cá, muita gente insistiu em empurrar, radical, emotivamente, a população e a opinião pública contra o governo, como se disso dependesse a salvação do país.

E o que se conseguiu foi criar uma grande massa de brasileiros, equivalente hoje a cerca de 20% da população, que nutre o mais profundo desprezo pela política, pelo Congresso, pelos partidos, pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Poder Executivo, e que não tem – e não quer ter - a menor ideia de como funciona um regime democrático ou o presidencialismo de coalizão.

Uma turba que, da defesa da tortura, da ditadura, do assassinato de adversários políticos, ao anseio de uma democracia direta feita na base da porrada e do porrete, exercida pela força, a pressão e a violência, exibe os mais esdrúxulos devaneios e delírios, tendo como únicos pontos de união um anticomunismo tosco e anacrônico, o ódio ao estado, o desprezo pelo Brasil e por suas conquistas e preconceitos de todo tipo e que só aceita – até agora – a liderança de dois personagens desequilibrados pelo ego e pela ambição, que representam, a médio prazo, um imponderável, incalculável, extremado risco para a sobrevivência da democracia e das instituições.

O PT, de sua parte, embora não possa ser incluído no “círculo mágico” a que nos referimos, fez, paradoxalmente, quase todo o possível para o crescimento dessa receita fascista.


Alimentou, com bilhões de reais, uma mídia parcial, seletiva, inimiga, quando, até mesmo usando o sábio pretexto da austeridade, poderia ter evitado fazê-lo, suspendendo, ou limitando à publicidade legal obrigatória, toda a propaganda paga do governo.

Abandonou, sem nenhuma estratégia que pudesse impedi-lo, os espaços aparentemente “neutros” e de maior “audiência” da internet para a direita, e, depois, para a extrema direita, permitindo que, sem nenhuma reação em contrário, eles se tornassem o principal caldo de fermento de uma malta ignorante, violenta, hipócrita, manipulada e burra, parte dela oriunda de um público que as próprias políticas sociais do Partido dos Trabalhadores havia levado a ter acesso, por meio da inclusão digital, a computadores, tablets, celulares e conexões de rede.

Não estruturou um discurso claro, baseado em dados simples, em nada cabalísticos, do PIB, dívida pública, carga tributária, que pudesse desmentir teses estapafúrdias como a de que quebrou o Brasil nos últimos 13 anos, ou de que sucateou as Forças Armadas, quando lançou o maior programa de aparelhamento da área de defesa dos últimos 500 anos.

Alguns de seus dirigentes se entregaram à aceitação de pequenos, perigosos e absolutamente desnecessários “favores” - não ilegais, mas moral e politicamente discutíveis - e outros personagens se entregaram a operações de “consultoria”, prestadas não apenas a empresas brasileiras – coisa totalmente compreensível, no apoio por exemplo, à exportação de serviços e equipamentos nacionais – mas também a companhias multinacionais, algumas delas - não necessariamente por influência do PT, mas em seus governos - beneficiadas, nos últimos anos, por “perdão” de impostos e empréstimos bilionários, lembrando, nessa aproximação, o que ocorria nos governos neoliberais e entreguistas anteriores.

A oposição tem perdido apoio e intenção de votos com o discurso geral de judicialização e criminalização da política, na mesma proporção em que seus membros são acusados de corrupção, quase que exatamente com os mesmos pretextos, jogadas e subterfúgios – principalmente a transformação de doações legais em ilegais e delações premiadas negociadas em troca da liberdade mesmo que provisória de detidos - que antes se utilizavam apenas contra membros do PT e da coalizão governista.


O Congresso também perdeu como um todo, institucionalmente, bastando para isso ver a quantidade de membros do legislativo processados pela justiça - incluídos os presidentes da Câmara e do Senado - ou apenas no âmbito da Operação Lava-Jato, como é o caso, por exemplo, da composição da própria Comissão que aprovou, em primeira votação, por maioria simples, o impedimento da Presidente da República.

A Operação Lava-Jato, insuflada pela oposição no início, e pela mídia conservadora durante todo o tempo, e o esporte nacional de acuar e inviabilizar o governo, aprofundaram o efeito da crise econômica internacional, arrebentando com a governabilidade e com a economia e quebrando milhares de brasileiros, que, até mesmo por isso, estão se afastando também da política tradicional, “seduzidos”, como sempre, por novos e velhos paraquedistas que dizem que não são “políticos”.


Quanto ao PMDB, se nem os magos e seus aprendizes conseguiram se aproximar da criatura que geraram – por hora disposta a ganhar afagos e festas de apenas duas pessoas, o Juiz Sérgio Moro e o Capitão Jair Bolsonaro, que se aproximam, perigosamente de 16% dos votos;

Se a malta fascista que está nas ruas, criada com o leite amargo do ódio e o pão de ló da criminalização e desconstrução da política que a oposição e a imprensa amassaram com o rabo, não aceita sequer a presença do PSDB partidário em suas manifestações, das quais já expulsou Aécio e Alckmin, nem a do Presidente da FIESP – que foi cantar o hino nacional e por pouco não saiu tosquiado, ou melhor, pagando o pato;

Nem a do “líder” dos Revoltados Online, que apesar de travestido de fascista, foi acusado de comunista e de “estar a soldo do senador Aécio Neves” porque tentou fazer um alerta à turba de “homens de bem” e teve que sair sob proteção policial da Avenida Paulista;

De onde o PMDB “recém-dissidente” tirou a ideia, ou melhor – aos gritos de “Fora PT” no Congresso - a ilusão, de que seria tratado de forma diferente por aqueles que se convencionou chamar de “coxinhas”, ou pelo judiciário, ou pela “imprensa”, após ficar mais de uma década apoiando e participando da coalizão governista?

Será que esse partido não sabe que dificilmente o Vice-Presidente Michel Temer deixará de ser a bola da vez em uma longa fila de impeachments?

Bom ou mau, o PT tinha um acordo com o PMDB. A imprensa, o Judiciário, os "mercados" não tem nenhum.

Ainda esta semana, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o empresário Francisco Deusmar, dono da rede de farmácias Pague Menos, com 830 lojas no país, disse que, em caso de impeachment, seria melhor que o Vice-Presidente da República não assumisse."Tem que ser como no futebol - afirmou - o time está perdendo? Muda a Comissão Técnica toda.

E o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, lembrou que não dá para saber que tipo de apoio teria um eventual governo Michel Temer.

Se haverá eleições daqui a seis meses, para que quebrar as regras do jogo?

Para que romper a aliança – mesmo que frágil – de uma coalizão já existente, para tentar, sem nenhuma garantia de êxito, se aliar subalternamente (pela pressão) a todo tipo de adversários, que não têm por você a menor simpatia ou respeito?

O que é melhor, atravessar o rio em conjunto com o grupo com que, ao menos aparentemente, se estava enfrentando, até mesmo por imposição do campo adversário, as mesmas vicissitudes e desafios?

Ou substituir regras democráticas previsíveis, periódicas, pelo imponderável “pega pra capar” de uma destrutiva briga de foice no escuro – e ser usado como boi de piranha para tirar as castanhas do fogo para sabe se lá quem chegar ao poder, pisando por cima do seu pescoço?

Os ministros do PMDB que permaneceram no governo recusaram-se a queimar suas naves, como Agathocles nas praias de Cartago.

Ao romper com Dilma, por sua vez, outro lado do PMDB lançou-se à travessia – que promete ser longa e não isenta de desafios - de uma espécie de Rubicão caboclo.

E um terceiro grupo, nacionalista e legalista, tende a manter-se – provavelmente em defesa de suas respectivas biografias – por convicção, contra o impeachment.

Esquecendo-se das conveniências de curto prazo, que nem sempre são boas conselheiras, em Política e na História, por maiores sejam a pressa e as dúvidas eventuais, no lugar de ficar com o senso comum é sempre melhor ficar com o bom senso.

Senão, corre-se o risco de morrer como o escorpião que picou a rã – que lhe dava carona - no meio do rio.


O futuro dirá se foi por estratégia, por “natureza” (como fez o artrópode da fábula) ou estultice. 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

O país que precisamos depois de domingo

Por Fernando Castilho






Embora a grande mídia esteja fazendo terrorismo psicológico ao tentar mostrar que o impeachment já ganhou na votação de domingo, há grandes chances de o golpe ser rechaçado. Após esse pesadelo que compromete a Democracia, é hora de pensarmos qual o Brasil que queremos já para a segunda-feira.


Depois de 502 anos de domínio da Casa Grande, experimentamos 12 anos de um governo que, embora não tivesse sido socialista, mas sim de esquerda (sim, de esquerda, embora alguns não concordem) moderada, democrática, com concessões aqui e ali ao capital, conseguiu inegáveis feitos.

Com certeza foram os anos mais exitosos do Brasil. Neles foram criados inúmeros programas sociais que beneficiaram o povo mais pobre e serviram para tirar 36 milhões de pessoas da linha de pobreza e aumentar significativamente a classe C do país.

O segundo governo Dilma começou emparedado por uma oposição e uma mídia que não aceitaram a derrota e obrigaram a presidenta a ceder ao neoliberalismo numa maneira equivocada e mal sucedida de acalmar os ânimos da classe média e conseguir um mínimo de tranquilidade para governar.

A Casa Grande quis retomar o país de qualquer jeito.

Para isso utilizaram-se do pretexto de combater a corrupção que teria tido, segundo eles, origem com a ascensão do PT ao poder.

A classe média (B) acreditou e comprou a luta saindo às ruas e batendo panelas. Se a mídia quisesse vender-lhe o Viaduto do Chá em São Paulo, o Maracanã no Rio ou a pirâmide de Queops no Egito, ela compraria.

O consórcio que se articulou para a derrubada de Dilma agiu como uma máquina muito bem azeitada.

Cunha, o corrupto maior da Nação se encarregaria de abrir o processo de impeachment na Câmara.

O juiz Sérgio Moro ficaria com a incumbência de tentar prender Lula para que este não concorresse em 2018.

A oposição sangraria Dilma até a morte.

A mídia não deixaria de noticiar e até inventar ''fatos'' diariamente contra Dilma e Lula. Choveriam escândalos noticiados por até meia hora todas as noites no Jornal Nacional.

O STF não prenderia Cunha, deixando-o solto para que agisse à vontade e instaurasse o processo de impeachment mesmo não tendo Dilma cometido crime algum.

A FIESP, fiel ao seu golpismo, mesmo as indústrias que a compõem tendo sido beneficiadas largamente pelas desonerações, isenções de IPI sobre produtos elétricos e automóveis, preferiu gastar milhões para derrubar o governo ao mesmo tempo em que promoveria seu presidente, Skaf, candidatíssimo à prefeitura de São Paulo este ano.

E a cereja do bolo: o vice decorativo assumiria enfim um protagonismo imoral ao trair a presidenta.

Enfim, eles conseguiram a aprovação do relatório do impeachment pela comissão da Câmara.

Tudo pode terminar no domingo (17) com a derrota do golpe ou evoluir para a votação no Senado.

A mídia já dá o golpe por concluído, tentando iludir os incautos e desmotivar aqueles que já percebem o risco da afronta à democracia ao comparecimento aos atos anti-golpe do domingo. Não se trata mais de defender o PT ou Dilma, mas sim a Democracia.

Mas sabemos que a batalha não está perdida e muito dependerá de nós mesmos.

Por que queremos que o golpe seja derrotado?

Em primeiríssimo lugar, pela defesa da Democracia e pelo restabelecimento do Estado de Direito, tão caros à Nação, de onde derivam a ética de um país, a confiança nas instituições e a segurança jurídica de todos os cidadãos.

Depois disso, são elencados outros vários motivos.

Se o governo Dilma esteve desorientado até agora, acabando por cometer inúmeros erros, isso se deve muito (não só, pois sabemos que há uma profunda crise econômica mundial) ao boicote que a oposição lhe impôs e à perseguição implacável da mídia. Não é concebível que em quatro anos de governo Dilma demonstre ser uma boa gerente e num segundo mandato caminhe como uma completa neófita. Não é este o caso, certamente. Havemos de lembrar que até junho de 2013 ela tinha uma popularidade de cerca de 60% que despencou de um dia para outro para 30%.

Portanto, é preciso que depois de domingo, Dilma comece, com a ajuda de Lula, a recompor sua base para que possa garantir um mínimo de governabilidade.

Uma vez derrotada a proposta de golpe, cabe à oposição ter um mínimo de dignidade e ética, reconhecendo enfim sua derrota e, se não contribuir para que a crise arrefeça, pelo menos faça uma oposição com propositiva. Duvido.

É preciso que a mídia passe a se ocupar de uma contribuição à recuperação do país, deixando as previsões econômicas catastróficas e mostrando que um futuro melhor pode acontecer. Além disso, pode começar enfim a divulgar as grandes obras que acontecem por todo o país. Duvido.

O STF tem que mandar prender Cunha com urgência. Não se pode mais tolerar um bandido mandando no país. Gostaria que sua prisão acontecesse até a próxima sexta-feira, mas isso é sonho. É sonho.

Deve ainda autorizar Lula a ocupar por justiça a Chefia da Casa Civil, já que nada obsta a isso. Isso pode ser que ocorra.

Para concluir, Janot tem que pedir ao STF abertura de investigação contra Aécio Neves pelas inúmeras vezes em que ele foi citado nas delações premiadas. Hum, será?

Moro deverá mandar soltar aqueles que não oferecem risco à população para que respondam às investigações e aos processos em liberdade. Duvido.

Os países mais ricos e desenvolvidos do mundo tiveram que equacionar e resolver seus problemas de desigualdade social para que pudessem chegar a seu atual estágio. Hoje todo mundo ao fazer turismo se admira de não ver mendigos nas ruas nesses países.

O Brasil, de dimensões continentais, mesmo depois dos governos Lula e Dilma, ainda mantém graves índices de desigualdade.

A maior parte da violência sentida pela classe média vem deste fato.

Essa classe média que é contrária aos programas sociais, não abomina um governo estadual que bate em professores e estudantes, que fecha escolas e rouba merendas das crianças, mas exige a derrubada de uma presidenta honesta por um bandido.

Essa classe média precisa parar de pensar que é classe A. Não fará.

E a classe C que ascendeu justamente nos governos passados precisa lembrar-se do que foram os anos FHC e dar um crédito de confiança à presidenta. Duvido pois agora ela quer mais e já se julga B.

Dessa série de fatores depende a recuperação do país.

Precisaremos de muita união para recuperar o país depois de domingo.

É hora de pensarmos qual Brasil queremos que emerja na segunda-feira.

Um Brasil justo, em que as instituições voltem a funcionar.

Um Brasil ético em que toda e qualquer corrupção seja investigada, julgada e punida a forma da lei.

Um Brasil democrático que faça valer sempre o resultado das urnas, a menos que crimes comprovados sejam cometidos.

Um Brasil plural, onde se possa caminhar pelas ruas com camisas vermelhas ou verde-amarelas.

Um Brasil onde se possa jantar num restaurante sem que se seja molestado por pessoas com outras convicções políticas.

Um Brasil onde o ódio não seja destilado nas redes sociais.

Um Brasil de debates.

Um Brasil propositivo.

Um Brasil legalista.

Um Brasil preocupado com suas população mais carente.

Um Brasil não homofóbico e não racista.

Mas isso é só mais um sonho.

Mas eu não estou sozinho neste sonho. Muita gente pensa assim.

E pode se juntar a nós.

Alguém já disse isso.



terça-feira, 12 de abril de 2016

Temer, Cunha e a ética golpista

Por Fernando Castilho


Imagem: Tiago Toh


Se Temer imaginou posar de estadista e se apresentar como o homem capaz de unir a Nação neste momento, apressando-se em trair a presidenta e tentando sentar-se na cadeira antes que ela dela se levante, compõe com Cunha a dupla sem ética ou moral perfeita a conduzir o país ao inferno que se seguirá.


Acabamos de conhecer o resultado da votação do impeachment de Dilma Rousseff pela comissão da Câmara dos Deputados. Os 38 a favor e 27 contrários já eram esperados.

Resta agora acompanhar os debates que se iniciarão na sexta-feira (15) e terminarão em votação nominal no domingo (17).

Algumas coisas a destacar.

O resultado da votação da comissão não chegou aos dois terços necessários para derrubar a presidenta. Logicamente se se transpuser esta proporção para domingo, que é o que vale, quando os golpistas precisarão garantir 342 votos, a oposição será derrotada.

Além disso, pelas contas feitas pela mídia e pela própria oposição faltam mais de 20 votos para que o processo vá para o Senado.

Porém, enquanto os golpistas de Cunha comemoravam o resultado da votação, aonteceram dois fatos que podem definitivamente pender para Dilma no domingo.

O ato com Lula realizado em frente aos Arcos da Lapa, em defesa da democracia, convocado pela Frente Brasil Popular, com a presença de vários artistas e intelectuais, dentre eles, Chico Buarque teve presença recorde de público. Este ato e mais o de domingo deverão demonstrar a todo o país e também aos deputados que o golpe não será aceito.

Não pensem que a classe média que saiu às ruas com suas camisas oficiais da seleção, com sua renda média, sua cútis branca e unhas bem cuidadas representam a massa da população brasileira.

Esta, embora tivesse sua vida melhorada em uma década, é majoritariamente morena, de baixa renda e não saiu às ruas porque reconhece os avanços dos governos Dilma e Lula. São professores e alunos de escolas estaduais que apanham de policiais, empregados do mésticos (em cada casa de paneleiro há sempre pelo menos um), parentes e amigos de negros da periferia que morrem todos os dias nas mãos das polícias militares, torcedores dos times que protestam com faixas nos estádios, crianças que ficam sem merenda, etc..

Esperemos que os deputados mais sensatos, menos inclinados a aventuras políticas e mesmo os que receiam perder bases eleitorais em seus estados, se sensibilizem com a possibilidade do país entrar em convulsão social, caso Dilma caia, mesmo sem ter cometido crimes. O recado está sendo e será dado no domingo.

Mas outro fato ocorreu, este de leitura um pouco mais complexa.

O vice presidente, Michel Temer teve uma gravação sua de cerca de 14 minutos vazada não se sabe se intencionalmente ou não.

Nessa sua fala, Temer já se posiciona como mandatário supremo da Nação e até já adianta, mesmo que de maneira um pouco velada, algumas medidas de seu futuro governo como privatizações, sacrifícios da população e outras.

Embora garanta que não interromperá programas sociais (para ele o Bolsa Família durará ainda alguns anos), não há como confiar nas palavras de um traidor. Afinal, traidor trai.

Não se sabe o que Temer pretende com esse áudio.

Se foi um vazamento não proposital, ficam claras aqui sua soberba e seu mau caráter.

Não há como prever a reação da população e até mesmo da opinião da classe média que deseja o fim do governo Dilma.

Não há como não voltar àquele ano de 1985 quando FHC, líder nas pesquisas de opinião à prefeitura de São Paulo e munido de grande vaidade e soberba, chegou a se sentar na cadeira de prefeito e posar para fotos dos jornais. A população ficou indignada e deu seu voto a Jânio Quadros que, ao assumir, perante a imprensa desinfetou a cadeira.

Se as pessoas que verdadeira e ingenuamente acreditavam que tudo era por causa do combate à corrupção, resolverem repudiar a atitude de Temer e juntarem-se ao movimento que defende a democracia, no domingo teremos a maior manifestação de que já tivemos notícia e o golpe será definitivamente enterrado.

Agora, se Temer vazou propositalmente o áudio, não há como saber o que ele pretende.

Como ingênuo e neófito ele não é, em alguma coisa ele pensou.

Porém, se ele imaginou posar de estadista e se apresentar como o homem capaz de unir a Nação neste momento, apressando-se em trair a presidenta e tentando sentar-se na cadeira antes que ela dela se levante, acaba de fazer uma trapalhada (como aquela carta) e dar um tiro no próprio pé.

De qualquer forma, aos 75 anos, Michel Temer, que poderia passar esquecido pela História como um vice presidente apagado, o que seria bom para ele, será lembrado como um golpista, mentiroso e traidor.


Afinal, se Joaquim Silvério dos Reis não traísse Tiradentes, seu nome não constaria nos livros de História.


Aqui, matéria com o áudio de Temer

domingo, 10 de abril de 2016

A sempre suspeita pesquisa Datafolha e suas possíveis leituras

Por Fernando Castilho


Imagem: Abril


A impressão que dá é que esses números impressionantes estão a gritar para o consórcio golpista formado pela mídia, oposição (agora com Temer e setores do PMDB), Janot, Cunha, Moro e Gilmar Mendes que é preciso mais vigor para prender Lula porque ele, caso concorra, vencerá com folga as eleições de 2018 e a direita poderá amargar mais 8 anos longe do poder, simplesmente por não ter nomes e estar desacreditada.

A maioria dos analistas de política costuma desdenhar das pesquisas do Datafolha quando seus resultados não são favoráveis a seus candidatos e comemorar quando elas batem com seus desejos.

Seguindo uma linha de coerência, para mim qualquer resultado do Datafolha deve ser colocado em suspeição pelo simples fato de o instituto pertencer a um jornal e todos nós sabemos os malabarismos diários que a grande mídia faz para manipular seus leitores/telespectadores/ouvintes todos os dias.
.
Mas vejam que nesta última pesquisa de sábado (9) , além de possivelmente ter manipulado dados (o que pode significar que Lula tenha menos ou mais porcentagem de votos do que consta nos gráficos), a Folha, não se sabe se por descuido do estagiário, manipulou o próprio gráfico para mostrar em um de seus cenários Marina Silva disparando de 23% para...23% e Alckmin subindo de 11% para 9%.

Mais tarde ela consertou o erro mas milhares de leitores devem ter sido iludidos.

Bem, Lula está muito bem na fita apesar do bombardeio midiático e a perseguição que sofreu do juiz Sérgio Moro. Era de se esperar na verdade uma queda.

E é aí que entro com uma ''teoria da conspiração'' seguindo a linha da suspeição do instituto.

A impressão que dá é que esses números impressionantes estão a gritar para o consórcio golpista formado pela mídia, oposição (agora com Temer e setores do PMDB), Janot, Cunha, Moro e Gilmar Mendes que é preciso mais vigor para prender Lula porque ele, caso concorra, vencerá com folga as eleições de 2018 e a direita poderá amargar mais 8 anos longe do poder, simplesmente por não ter nomes e estar desacreditada.

Outra leitura possível é que Lula pode estar na verdade ainda mais à frente na pesquisa, uma vez que as demonstrações de apoio popular e manifestações contrárias ao golpe têm ocorrido com frequência em todo o Brasil. Não seria nada interessante neste momento mostrá-lo tão à frente.

De qualquer forma os números divulgados mostram que para a oposição Dilma agora não deverá mais ser cassada pelo TSE pois se isso acontecer, com ela cai seu vice, Michel Temer e novas eleições terão que ser convocadas em três meses e é lógico que o favorito é a jararaca.

Outro fato interessante nos números da pesquisa é que em todos os cenários possíveis os tucanos não têm condição de vencer.

Parece que a opinião pública não mais vê Aécio e companhia como gente digna de assumir a presidência. Melhor para Marina Silva, por enquanto, porque caso ela se mostre uma alternativa consistente poderá sofrer ataque da mídia a menos que a direita considere que não há outra saída e tente elegê-la para ver o que consegue dela mais tarde, já que ela não se considera direita nem esquerda, o que convenhamos, é conveniente.

O que transparece além disso é que Aécio et caterva não parecem mais ser os nomes para a direita. Pode ser que ela invista em Bolsonaro...

O interessante é que nestas últimas semanas estamos assistindo a alguns tiros em pés.

Primeiro foi Temer e sua tresloucada aventura de se retirar do governo, porém mantendo o cargo de vice. Pegou mal, o PMDB não se retirou por completo e agora ele pode até sofrer processo de impeachment pelas mesmas razões de Dilma. Sua estatura política que nunca foi alta baixou ainda mais. E veja que pelo Datafolha 58% dos entrevistados são a favor de seu impeachment contra 61% de Dilma. Empate técnico.

Depois veio esta pesquisa mostrando que depois que assanharam o formigueiro, ele está mais agitado do que nunca e a popularidade de Lula só cresce ainda mais.

A cereja do bolo do fim do golpismo pode vir com a derrota da oposição no processo de impeachment de Dilma.

Se isso acontecer, entre mortos e feridos, só Dilma e Lula sairão incólumes.


quinta-feira, 7 de abril de 2016

Falsos ídolos têm pés de barro

Por Fernando Castilho





Na História mais recente do Brasil podemos citar alguns: Collor, Lula, Joaquim Barbosa, o japonês da federal, Bolsonaro, Sérgio Moro, Janaína Paschoal...

Desde o início da civilização sempre foi muito grande a necessidade que o ser humano tem de encontrar um ser maior que si, alguém além dos simples mortais, alguém que lhe transcenda.

Essa é a origem dos deuses.

Fica muito difícil para o homem acreditar em sua solidão neste universo.

Mas além dos deuses, sempre se buscou ídolos ou heróis que possam de alguma forma servir-nos como exemplo, sejam eles, sacerdotes, governantes ou mesmo quem fale mais alto.

É por isso que ainda hoje se acredita que um homem como Moisés, com sua tábua com dez mandamentos possa nos dizer o que se pode e o que não se pode fazer durante os milênios seguintes à sua existência.

Os tempos mudaram, a vida mudou e hoje em dia é preciso um esforço de malabarismo para enquadrar naquela tábua as situações que o homem pós moderno vive.

Criminalizar o aborto não está lá.

Ter ódio aos homossexuais não está lá.

Corromper e ser corrompido também não está lá.

O homem precisa de muletas, precisa sempre se apoiar em algo, precisa que alguém lhe guie os passos. Por isso, cria ídolos.

Na História mais recente do Brasil podemos citar alguns: Collor, Lula, Joaquim Barbosa, o japonês da federal, Bolsonaro, Sérgio Moro, Janaína Paschoal...

Quase todos estes, à exceção de Lula, tiveram vida curta, ou como disse o internauta Emanoel Messias Dos Santos, via Facebook, compartilhado pelo blog Limpinho & Cheiroso: Caramba, os “heróis” que a mídia cria para os coxas já vêm com defeito de fábrica, não duram nadinha.

Ainda em comum com quase todos eles, a defesa de altos valores morais que acabam sempre por esfarelar feito castelos de areia.

Collor foi o presidente caçador de marajás que acabou sendo impedido.

Lula foi presidente exitoso por duas vezes e até aqui, embora muitos neguem, mantém sua ficha limpa. Mas não é por isso que devemos tê-lo como ídolo, mas sim como um idealista, pois de um momento para o outro ele também pode ser destruído.

Joaquim Barbosa foi o Batman justiceiro do STF que agora tem seu nome envolvido na compra fraudulenta de apartamento em Miami, coisa que já sabíamos há muito tempo.

O japonês da federal é o ''japonês bonzinho'' encarregado de vazar informações da Lava Jato citado na conversa telefônica do senador Delcídio do Amaral. Além disso responde a processo por contrabando.

Bolsonaro é contrário à Democracia, homofóbico, racista, contra os direitos das mulheres, etc..

O juiz Sérgio Moro ganhou admiração de grande parcela da população pelo seu estilo heterodoxo de conduzir os julgamentos da Lava Jato. Porém, após divulgação ilegal de grampos idem, mostra-se como apenas um magistrado que atua de forma ilegal e condenável.

Por fim, a mais nova coqueluche da classe média brasileira é sem dúvida a advogada do impeachment, Janaína Paschoal que armou aquele verdadeiro circo de horrores na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Não tem jeito, cada vez mais os ídolos vão diminuindo seu prazo de validade e vão caindo no esquecimento.

Novos ídolos, criados e promovidos pela grande mídia, surgirão a cada novo dia para servir de muleta àqueles que não conseguem compreender que a humanidade precisa caminhar com suas próprias pernas, auxiliando os mais fracos e necessitados, sem que tenham alguém a lhes indicar caminhos.

E novos ídolos serão um a um destruídos porquanto são falsos e possuem pés de barro.

E é só o que restará.




quinta-feira, 31 de março de 2016

quarta-feira, 30 de março de 2016

Você pagará o pato da Fiesp?

Por Fernando Castilho





Esse pato é como um cavalo de Troia golpista. De dentro dele, se você bobear, sairá uma série de duros golpes aos trabalhadores como terceirização de atividades fim, revogação da lei que garante reajuste automático do salário mínimo, extinção do 13° salário, fim das férias remuneradas, etc..

Quem paga imposto no Brasil?

Você, trabalhador assalariado, que recebe seu holerith no final de cada mês e vê ali discriminado seu recolhimento na fonte, sem choro nem vela.

Mas quando se trata de empresários e empresas fica difícil acreditar que o mesmo ocorra, não?

Veja os casos de Globo, Unibanco e outros que devem ao governo milhões de reais. Fora outros que enviam dinheiro a paraísos fiscais e você nem fica sabendo.

A Fiesp escreve no seu pato: Não vou pagar o pato.

E tem razão, não vai mesmo. Quem vai pagar, como sempre, é você.

Hoje os jornais amanheceram com enormes e caros anúncios pagos pela Fiesp com os dizeres: IMPEACHMENT JÁ!


Foto: Ricardo Lísias
Justamente eles que apoiaram o golpe de 1964.

O pato golpista está presente em quase todas as capitais do país.

Ele é enorme, muito mais resistente que o pixuleco e vive cercado por seguranças armados, terceirizados como convém à entidade.

O custo deve ser enorme.

Então pergunto: estão todos unidos, trabalhadores e patrões, ou seja, proletariado e burguesia em torno dos mesmos ideais?

É assim que você imagina? Uma relação harmoniosa?

Saiba que historicamente essa relação é de conflito e não pode existir harmoniosamente.

Se você cochilar, a burguesia lhe subtrai direitos a duras penas conquistados.

E esse pato é como um cavalo de Troia. De dentro dele, se você bobear, sairá uma série de duros golpes aos trabalhadores como terceirização de atividades fim, revogação da lei que garante reajuste automático do salário mínimo, extinção do 13° salário, fim das férias remuneradas, etc..

Lembre-se que a legislação trabalhista brasileira é das mais avançadas no mundo. Em outros países desenvolvidos não existe 13° nem férias remuneradas.

Não desconfie. Apesar de parecer ficção e coisa de quem é cruel demais, há possibilidade real de que isso se concretize. É um velho sonho do empresariado, de Michel Temer, Armínio Fraga e José Serra.

É por isso que a Fiesp apoia o golpe para derrubar Dilma.

Com Temer no governo essas medidas serão paulatinamente adotadas, pode estar certo.

Perceba que a entidade, por não ter base, procura utilizar-se de incautos que lutem por seus interesses, disfarçados em interesses nacionais.

Se você se deixar usar como massa de manobra, aí sim, estará pagando o pato.

Mais uma vez.


ATUALIZAÇÃO:

O pato acaba de ser abatido em Brasília!



terça-feira, 29 de março de 2016

Hora de temer o fim da Democracia?

Por Fernando Castilho





Observai! Eu vos envio como ovelhas entre os lobos. Sede, portanto, astutos como as serpentes e inofensivos como as pombas. E, acautelai-vos dos homens; pois que vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas.
Jesus de Nazaré

Um amigo, ao curtir um artigo de um site no Facebook me marcou e me chamou a atenção.

O site em questão é o InfoMoney, especializado em notícias sobre tudo aquilo que envolve dinheiro, aplicações financeiras, investimentos, bolsas de valores, etc., ou seja, não se trata exatamente de um site de esquerda, certo?

E qual era a manchete?


Estranho?

Estranho também que meu amigo não é de esquerda e tem se manifestado discretamente em discordância às minhas postagens contrárias ao golpe contra a presidenta Dilma.

Ao ler todo o texto percebo que enfim o site e meu amigo acabaram por perceber que a Democracia está em jogo no país. E que isso é muito perigoso.

O Brasil levou vários anos após o fim da ditadura para demonstrar ao mundo um mínimo de consolidação democrática de suas instituições. Isso atraiu os investimentos estrangeiros necessários ao desenvolvimento que se seguiu principalmente nos dois governos Lula e no primeiro de Dilma.

Embora seja sabido que neste período de crise são justamente os bancos que estão ganhando mais dinheiro, é importante considerar que, aliada a uma crise econômica mundial, uma instabilidade política que afete as instituições democráticas afugentará mais e mais investidores internacionais. E ninguém quer perder dinheiro, certo?

Vejamos.

A operação Lava Jato, com a prisão de alguns empreiteiros já causa grande prejuízo financeiro ao país, mas talvez este seja, como dizem, um mal necessário à purificação do sistema político.

Na sanha por prender Lula, o juiz Moro cometeu crimes que demonstram claramente quão frágil ainda é nossa Democracia. Pior, muita gente o idolatra justamente por isso.

O STF demonstra acovardamento frente às investidas arrojadas e heterodoxas (para usar de eufemismos) do juiz Moro e do ministro Gilmar Mendes que impede que Lula assuma a chefia da casa Civil. Parece que Lula tinha razão, afinal.

O juiz Moro mandou recolher a lista da Odebrecht que contém nomes de 316 beneficiários com doações, onde constam nomes de caciques tucanos como Aécio Neves, José Serra e grande parte dos que compõem as comissões que julgarão o pedido de impeachment de Dilma, inclusive o presidente da Câmara, o bandido Eduardo Cunha.

Dilma não cometeu nenhum crime nem é investigada. O processo se dá pelas pedaladas fiscais que não constituem crime de responsabilidade, como já ficou demonstrado.

Caso Dilma seja impedida, quem assume irregularmente é Michel Temer.

Acho que é aqui que começa a preocupação do InfoMoney.

A disputa por cargos vai parecer briga de piranhas por carne jogada ao rio. Vão até se morder para isso.

Mas a cereja do bolo fica por conta mesmo da convulsão social que se seguirá.

A esquerda, e não é só o PT, junto aos movimentos sociais, sindicatos, MST, juristas, artistas, intelectuais, professores, etc., não deixará esse governo espúreo se edificar.

Instabilidade social com prisões, quebra-quebras e sangue, além de desgoverno é tudo que esse pessoal que ''trabalha'' com investimentos não quer.

Por fim, sinto que, assim como esse meu amigo começou a perceber que tem muito mais caroço nesse angu e que sua estabilidade pode estar ameaçada, muita gente também já começa a se sentir enganada pela mídia e questiona o que está acontecendo.

Nunca acreditei muito nos comentários que são publicados na Folha de São Paulo logo abaixo das notícias, uma vez que 90% deles sempre foram contrários ao governo e ao PT, inclusive demonstrando muita ignorância sobre os fatos.

Mas recentemente isso tem começado a mudar.

Grande parte dos comentários agora passa a questionar a Folha sobre uma perseguição à Lula, principalmente pela pequenez das denúncias sobre o barquinho e os pedalinhos do sítio em Atibaia.

Outros questionam sobre um certo desejo mal disfarçado da Folha em apoiar Eduardo Cunha, o bandido para que este derrube uma presidenta honesta.

Então, qual a conclusão?

Grande parte daqueles que querem ainda o golpe odeiam Lula, Dilma e o PT. Não falta para isso preconceito e ódio de classe. São os fascistas verdadeiros que defendem volta da ditadura, etc..

Outros são pessoas que entraram na onda, foram bombardeados diariamente pela mídia golpista e nunca haviam questionado nada.

Mas não são burros. E agora se sentem otários.

Fizeram algumas conexões neuronais e agora passam a questionar o PIG
.
E após o 31 de março, esse número vai crescer, podem crer.



domingo, 27 de março de 2016

Lucas Arcanjo se suicidou para não ser assassinado?

Por Fernando Castilho





A pergunta do título é descabida, claro, mas como entender de outra forma o que aconteceu com Lucas Arcanjo que vinha já há alguns anos fazendo graves denúncias contra Aécio Neves?

Após ler a matéria do Viomundo (que recomendo fortemente) sobre a morte do policial civil Lucas Gomes Arcanjo, vão aqui algumas considerações:

1 – Sempre que Arcanjo aparecia nas redes sociais alguém perguntava: Por que Aécio Neves não se manifesta sobre ele? Aécio nunca reagiu, à maneira dos democratas.

2 – Arcanjo foi encontrado enforcado com uma gravata em sua casa.

Daí abrem-se duas possibilidades.

Primeira hipótese – Arcanjo se suicidou.

Arcanjo, pela sua personalidade de lutador corajoso a desafiar Aécio Neves sem medo, não tem exatamente o perfil de alguém que se suicida.

Além disso, o policial gravou um vídeo na véspera de sua morte e nele não há indícios de que viria a se matar, embora revelasse estar sentindo asco com aqueles que querem o golpe no Brasil. Mas isso é revolta e não depressão.

Portanto, acho que Arcanjo, à moda de Vladimir Herzog, não se suicidou.

Segunda hipótese – Arcanjo foi assassinado.

Caso o policial tenha sido assassinado e, para isso não faltavam motivos, cabe perguntar: por quem?

Nos dias de hoje o ódio político tem se exacerbado à níveis preocupantes a ponto de haver a possibilidade de algum inconformado aecista ou defensor do golpe tê-lo matado.

Mas se foi um fã de Aécio o autor do crime, por que a polícia se apressou em divulgar como causa mortis o suicídio? Por que não iniciou uma investigação menos superficial?

Bastaria chegar ao assassino e prendê-lo e isso não resvalaria de maneira alguma em Aécio.

Resta saber então se o autor ou mandante do crime não foi alguém com calibre mais grosso.

Aí pode-se perfeitamente compreender o motivo da conclusão apressada de que o policial se suicidou.

Não se pretende aqui fazer um julgamento já que o blogueiro não se arvora nesse direito nem tem a competência ou pretensão para tal.

Porém, fica evidente uma dissonância entre os fatos e a versão oficial do suicídio.

Então perguntamos: alguém vai investigar de fato?

Arcanjo sempre dizia que o Ministério Público tinha que investigar Aécio Neves.

Não caberia então ao MPE de Minas Gerais tomar esta iniciativa?

Ou o ex-governador mineiro está realmente acima da Lei?

Sobre a atriz e produtora Tássia Camargo que também vem denunciando Aécio há muito tempo, que redobre seus cuidados daqui pra frente.



Já ficou demonstrado que não se está lidando exatamente com gente inofensiva.