quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O day after dos colunistas da grande mídia após o impeachment

Por Fernando Castilho



Charge: Aroeira


Alguns poderão interpretar este texto como não sendo plural.
Está certo que a vida não se guia por uma visão maniqueísta do mundo. Afinal, entre dois polos há uma infinidade de matizes.

Porém, há que se fazer uma reflexão sobre o que escrevem e falam os profissionais que mais atuam na grande mídia e que mais contribuem para a formação de opinião das pessoas que acessam seus veículos.

E o que pode acontecer com eles, caso Dilma Rousseff deixe a presidência.





Eles foram chegando aos poucos enquanto outros foram saindo ou sendo dispensados ao longo de vários anos.

Hoje em dia os colunistas de direita ocupam quase todos os espaços da mídia, escrevendo ou falando principalmente sobre política e economia.

Merval Pereira, Ricardo Noblat, Reinaldo Azevedo, Eliane Cantanhêde, Bonner, Waack, Leitão, Sardenberg... Enfim, a lista é grande, muito grande.

Alguns da esquerda ainda sobrevivem, como Janio de Freitas. Outros, que não são da área da política, às vezes enveredam por ela na tentativa de equilibrar um pouco as coisas. É o caso do Gregório Duvivier (humorista), Mário Magalhães (esporte) e Juca Kfouri (esporte).

Além do fato da maioria dos colunistas serem de direita, o que há em comum a todos eles atualmente é a necessidade de que Dilma Rousseff seja defenestrada da presidência, mesmo que não haja acusação contra ela, e que o PT desapareça.

Para isso, se antes havia comentários citando fontes anônimas (ah, a velha desculpa de se proteger a fonte...), agora inventa-se ''fatos'', ilações, disse que disse, etc., todos publicados em grandes manchetes a chamar a atenção do transeunte ou do internauta que, afinal de contas, não lerá mesmo a matéria completa que pode ser bem diferente.

Depois publica-se um ''erramos'' pequenininho em alguma página no meio do jornal e estamos conversados.

A nova lei do direito de resposta veio em boa hora pois o colunista agora terá obrigatoriamente que ter mais cuidado.

Neste momento agudíssimo em que vivemos, com o impeachment de Dilma sendo colocado na pauta todos os dias, há muito trabalho para essa matilha.

São matérias e mais matérias, muitas delas já escritas, aguardando para serem publicadas.

Articulistas disputam a tapa a primazia de verem seus textos publicados. Quanto mais agressivos, mais agradarão o patrão, garantindo seus empregos e sua boa paga.

Os grandes jornais também saem no lucro, ainda que parco, uma vez que conseguem uma sobrevida, um refresco, um fôlego a lhes adiar o inexorável encerramento das atividades.

As revistas semanais de ''informação'' também vão segurando seus leitores fieis, mantendo aquela nata que se sente contemplada pelos textos. Ao mesmo tempo vão enganando o IVC (Instituto Verificador de Circulação) ao distribuir exemplares gratuitamente, uma forma de ainda conseguirem manter algum anunciante.

Então ficamos imaginando...e se Dilma cair, como será o day after dessa turma?

Lógico que sempre haverá o que se falar contra Lula, os filhos de Lula, a nora de Lula, o papagaio, enfim. Ah, esqueci do Zé Dirceu.

Mas não será como antes.

Terão que elogiar diariamente o Michel Temer ou outro aventureiro que assuma a cadeira (pode ser o Renan, sabem?).

Caso Temer também seja implicado no caso das pedaladas fiscais, pois sabe-se agora que ele assinou sete atos, num montante de 10,8 bilhões de reais, assume a presidência o terceiro na hierarquia, Eduardo Cunha.

Mas vamos ser só um pouquinho mais otimistas e considerar que Temer seja o nome mais provável entre os corvos que ora rodeiam a presidente.

Uma semana após a hipotética posse de Temer, imagino a Míriam Leitão e o Sardenberg anunciando que a crise está com os dias contados, a inflação está caindo, a confiança dos investidores está aumentando, etc., etc..

Uma semana após a hipotética posse de Temer (vamos considerar o mais provável entre os corvos que rodeiam Dilma), imagino a Míriam Leitão e o Sardenberg anunciando que a crise está com os dias contados, a inflação está caindo, a confiança dos investidores está aumentando, etc., etc..

Merval comentará sobre a importância de se esquecer agruras do passado, ao publicar carta vazada de Temer para Cunha (sim, Cunha ainda não terá sido preso e nem será, caso haja impeachment!), em que o novo presidente jura ser fiel até o fim de seus dias.

Cantanhêde destacará o acerto de Temer em convidar José Serra para ser ministro da Saúde, homem com grande experiência na área e que acabará com aquele programa bolivariano, o Mais Médicos.

Mas a mídia não sobrevive de notícias boas. Elas não vendem jornais.

Ao ver sua crise aumentar rapidamente em virtude da queda nas vendas e na audiência, começará o passaralho (jargão jornalístico que significa dispensa em massa de profissionais da área).

E os primeiros a perder seus empregos serão justamente aqueles que mais auferem, os Reinaldos da vida.

Serão os que guiam suas vidas pelas diretrizes da meritocracia. Só os melhores podem sobreviver e ter sucesso, certo?

Os que não conseguem, são extintos.



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