domingo, 13 de dezembro de 2015

As mil e uma máscaras de FHC

Por Fernando Castilho

Charge: Aroeira

Não ia mais escrever sobre Fernando Henrique Cardoso. É sério.

Considerava o assunto esgotado até porque já havia revelado inúmeras falcatruas dele neste texto: FHC, o intelectual das maracutaias

O que me motivou a escrever mais uma vez sobre o ex-presidente, foi o fato de ser surpreendido por uma convocação que ele fez em sua página no Facebook.

FHC quer que o povo vá às ruas neste domingo, dia 13, dia de aniversário do tão malfadado AI-5, para exigir o impeachment de Dilma Rousseff. Data cheia de simbolismo.

FHC já por várias vezes se manifestou afirmando que a presidente é pessoa de moral ilibada e que não crê que ela esteja envolvida em crime nenhum. Ok.

Porém, numa interpretação bizarra do que diz a Constituição sobre o assunto, ele acha que sim, o povo tem o direito de tirar a presidente somente por não gostar dela.

E diz que não é golpe...

Meu caro, eu diria, nem que 54,5 milhões de pessoas (o número de votos que Dilma conseguiu no último pleito) saíssem às ruas exigindo sua derrubada, isso seria legítimo.
Sem crime não há impeachment.

Dirão: mas e as pedaladas fiscais?

Mais de uma centena de juristas do mais alto grau de reputação e conhecimento das leis já afirmaram que a Lei de Responsabilidade Fiscal não foi ferida, portanto, não há crime.

Então, o que pretende FHC?

Seu nome foi citado por Delcídio do Amaral, que se encontra preso. Delcídio era nome forte na Petrobras justamente no tempo em que FHC era presidente. A corrupção já existia em seu governo e ele nada fez para coibi-la.

Ou seja, FHC sabia.

Agora, quanto mais rápido Dilma for defenestrada do Planalto, mais chances ele tem de que a Lava Jato pare, a Procuradoria Geral da República engavete tudo e a Polícia Federal, perdendo sua autonomia, cesse com as investigações.

FHC agora está na mesma trincheira de luta de Eduardo Cunha.

O filósofo francês, Montaigne disse que todo homem ao nascer vai colocando uma máscara. Depois outra e mais tarde outra e outra. Alguns mais, alguns menos.

Sempre quando se vê diante da possibilidade de ganhar algo, de conseguir posto mais alto, de galgar mais notoriedade, fama ou poder, o homem não titubeia em vestir uma máscara para alcançar seu intuito.

FHC já vestiu uma infinidade de máscaras como podemos ver no texto ''FHC, o intelectual das maracutaias.

Batalhou pelas ''Diretas Já'' somente para que houvesse eleições que pudesse vencer, apossou-se da autoria da Teoria da Dependência, de Ruy Mauro Marini, autoproclamou-se autor do Plano Real, no que se viu desmentido pelo ex-presidente Itamar Franco, comprou sua reeleição à presidência, privatizou a preço de banana a Vale do Rio Doce e outras estatais e como se não bastasse, ainda escreveu um livro, ''A Soma e o Resto'', plagiando o título do livro de Henri Lefevbre, ''La Somme et le Reste''.

Voltando a Montaigne, o filósofo diz que à medida que o homem vai se aproximando da hora de sua morte, uma a uma as máscaras vão sendo retiradas até que pouco antes do último suspiro reste-lhe somente a face verdadeira. E esta pode ser horrível.

Nessa hora, não há mais nada por que lutar. Não há mais nada a ganhar, já que não poderá levar nada para o túmulo.

Então, o homem não precisa se mostrar diferente do que ele é a ninguém. Ele é verdadeiro.

Há um exemplo pop muito interessante, na figura do vilão Darth Vader de Guerra nas Estrelas.

No final do terceiro episódio, Vader luta com seu filho, Lucky e é derrotado.

Já à beira da morte, quando nada mais lhe resta, retira o elmo (máscara) que lhe garantira a sobrevivência por grande parte sua vida e confessa ao filho que nunca deixou de amá-lo.

Nessa hora Vader é verdadeiro.

Mas o que isso tem a ver com FHC?

Tudo.

Fernando Henrique está com 84 anos de idade.

Se a expectativa de vida dos brasileiros está em 75,2 anos, pode-se dizer que FHC já deveria estar considerando a hipótese de começar a retirar uma a uma suas máscaras.

Mas não.

Ao investir no golpe para tentar vaidosamente manter incólume, pelo menos para a maioria dos brasileiros, a versão oficial de sua biografia (não a que expus aqui, mas sim a alardeada pela grande mídia), contribui para jogar o Brasil definitivamente na maior crise econômica, política, social e institucional desde 1964.

Pelo visto, FHC tem a intenção de contrariar Montaigne ao não retirar nenhuma máscara antes de dar seu último suspiro.


Um comentário:

  1. FHC é um, amargo velho patético, que odeia para escapar da ribalta e que se ressente as realizações de seus sucessores. Ao contrário de Lula, ele é considerado o pior presidente da idade moderna, enquanto Lula é considerado o melhor e recebe elogios e homenagens em todo o mundo. Mas Monteigne não está tudo certo. Com FHC ele não pode disfarçar as máscaras ruins, tão duro como ele tenta. Seus contornos horríveis não pode ser escondida.

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