quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Pablo Marçal e a Geração Z

Por Fernando Castilho




A Geração Z é uma geração que praticamente só viu desgovernos. Por isso não acredita neles e vota em qualquer desqualificado que lacre nas redes sociais.


Ok, vamos falar um pouco sobre Pablo Marçal. Mas por outro prisma.

Marçal surge do desencanto e do desalento da chamada Geração Z, aquela que nasceu, com algumas variáveis, entre 1997 e 2012.

Quem nasceu em 1997, hoje está com 27 anos e quem nasceu em 2012, hoje está com 12 anos. Na média, portanto, 19 anos.

Ora, quem hoje está com 19 anos, com que idade estava ao fim do exitoso segundo governo Lula? Exatamente! 5 anos!

Com que idade estava ao fim do exitoso primeiro mandato de Dilma? Parabéns! 9 anos, apenas.

Mais tarde veio o segundo governo Dilma e as chamadas jornadas de junho de 2013, quando o pesadelo do golpe começou. Com que idade? Acertou novamente! 12 anos.

O golpe aconteceu em 2016 quando a média da geração Z estava com 15 anos apenas! Depois veio Temer e Bolsonaro, dois exemplos de desgoverno.

Portanto, essa é uma geração que praticamente só viu desgovernos. Por isso não acredita neles.

Mas, o que é a Geração Z?

É aquela que não acredita que estudando e se preparando para o mercado de trabalho, alcançará objetivos. São jovens desencantados e desalentados. Seus exemplos não são seus pais que se formaram e trabalham ganhando alguns milhares de reais por mês, mas sim, os famosos que fizeram muito dinheiro fácil sendo MCs ou influencers das redes sociais, por exemplo.

Captou? Por que Pablo Marçal subiu tanto nas pesquisas, quando nós, de outras gerações, achávamos que ele cairia após suas performances bizarras nos debates? Ora, porque os tais jovens desalentados que não conheceram governos sérios, preocupados em dar solução aos problemas da população em geral, não acham que um prefeito sério vai mudar alguma coisa em suas vidas. Vejam que Marçal não quis responder às perguntas de Tábata Amaral no último debate. Não precisava: seu público não está interessado em propostas de governo. Esses jovens se identificam com Marçal.

Mas calma. Eles são numerosos, mas não são a maioria. É possível que o coach da montanha tenha chegado a seu limite.

E se chegou ao seu limite, cometeu um erro gravíssimo, típico de paraquedistas na política: se queimou com Bolsonaro a quem poderia pedir apoio num possível segundo turno com Boulos. Mas isso somente na hipótese de que esteja realmente querendo se eleger.

A hipótese que formulo é a de que ele não quer se eleger prefeito. Não quer e não pode porque teria que trabalhar, enfrentar aquela chatice de receber e resolver demandas, algo muito diferente do que ser coach e lacrar nas redes sociais.

Talvez esteja disputando a prefeitura para aumentar o número de seus seguidores, pois, afinal, tudo se resume a ganhar dinheiro. Mas não só isso. Se sua votação for espantosa, mesmo não vencendo, pode roubar o capital político de Bolsonaro para 2026. Aí tudo se resumirá a ganhar dinheiro e poder, pois esse é o objetivo de todo megalomaníaco à la Elon Musk.

Lembrem-se: Pablo Marçal não está inelegível como o capitão. E é tão ou mais perigo quanto.


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

BOMBA! Americanos são medalhistas graças a asma

Por Fernando Castilho




Caso o atleta estadunidense não passe pelo antidoping, basta apresentar um atestado médico!


Habituamo-nos nesta época, de 4 em 4 anos a nos irmanarmos no espírito olímpico, aquele que procura nos elevar a um alto grau de civilidade para a superação de nossas diferenças, buscando cada vez mais o ideal do homo sapiens cada vez mais evoluído.

Assistimos aquelas belíssimas cerimônias de abertura, limpas, organizadas, sorridentes, mas elas são apenas máscaras de beleza que escondem rostos muito feios.

Sempre haverá uma oportunidade para que revelemos de fato o que nós somos, seres mesquinhos, egoístas, aproveitadores da ingenuidade alheia e fadados a um destino muito cruel.

Sim, meus amigos, as olimpíadas são uma fraude. E há muito tempo.

Quem colocou a água no meu chope (como costuma dizer um grande amigo meu) foi o youtuber Felipe Durante em seu vídeo “PERIGO AMARELO”. Durante vive na China há muitos anos e produz vídeos escancarando a China aos olhos preconceituosos e hostis do Ocidente.

No vídeo, Durante comenta inicialmente sobre a fala preconceituosa que o técnico australiano de natação, Brett Hawke, fez após seu pupilo, Kyle Chalmers, ter sido derrotado pelo chinês Pan Zhanle. Hawke considerou impossível um chinês conseguir o 1.º lugar. "Estou bravo com a natação. Meus amigos são os nadadores mais rápidos do mundo, eu estudei eles por 30 anos, eu sou um expert. É humanamente impossível conseguir isso com um corpo de distância nesta prova", alegou Hawke.

Em seguida, Durante afirma que a maioria dos atletas de natação dos EUA é, vejam só, portadora de asma e que, por isso, são chamados de Team Asma.

Achando inicialmente ser apenas sensacionalismo, decidi pesquisar. Acabei verificando que a afirmação é verdadeira. Boa parte dos nadadores e das nadadoras dos EUA é portadora de asma.

Michael Phelps, ganhador de 28 medalhas olímpicas, sendo 23 de ouro, também tem asma.

A nadadora chinesa, Zhang Yufei, questionou: "Por que os atletas chineses são questionados sobre seus resultados, enquanto ninguém duvidou do Michael Phelps quando ele ganhou diversas medalhas de ouros?"

Grande parte dos velocistas dos EUA também apresentam o mal.

Mas, o que é asma?

A asma é uma condição crônica que afeta as vias respiratórias dos pulmões, causando dificuldade para respirar. Portanto, atletas portadores de asma têm grande dificuldade em provas como natação e corrida porque suas vias respiratórias ficam inflamadas e estreitadas.

A lógica nos faz questionar se os atletas que têm asma possuem vantagem contra os demais. Mas não é isso que acontece.

E vejam o que uma simples pesquisa no Google revelou: alguns medicamentos usados para tratar a asma podem conter substâncias que são monitoradas em exames antidoping. Por exemplo, certos corticosteroides e broncodilatadores têm o potencial de ser detectados em testes. No entanto, muitos desses medicamentos podem ser usados com segurança por atletas, desde que sejam prescritos por um médico e que o atleta tenha a autorização adequada da Agência Mundial Antidoping (WADA).

Algumas das substâncias mais comuns encontradas nesses medicamentos que são proibidas ou regulamentadas incluem:

  1. Beta-2 agonistas: São usadas em inaladores para tratar os sintomas da asma, ajudando a relaxar os músculos ao redor das vias aéreas. Exemplos incluem:
    • Salbutamol (Albuterol): Permitido em quantidades limitadas. A concentração urinária não pode exceder 1000 ng/mL.
    • Salmeterol: Permitido por inalação dentro de uma dose diária máxima específica.
    • Formoterol: Também permitido por inalação, mas com uma dose diária máxima.
  2. Corticosteroides: Utilizados em inaladores ou sprays nasais para reduzir a inflamação nas vias aéreas. Corticosteroides inalados geralmente não são proibidos, mas corticosteroides sistêmicos (administrados por via oral, intravenosa ou intramuscular) são proibidos sem uma TUE.
  3. Terbutalina: Outro beta-2 agonista que é proibido, a menos que o atleta tenha uma TUE.

Algumas das substâncias usadas para tratar a asma, especialmente os beta-2 agonistas e os corticosteroides, têm potencial para melhorar o desempenho atlético, o que explica por que são regulamentadas em esportes como natação e corridas.

Beta-2 Agonistas:

  • Efeito nos músculos respiratórios: Beta-2 agonistas como salbutamol, salmeterol e formoterol relaxam os músculos ao redor das vias aéreas, facilitando a respiração e aumentando a capacidade pulmonar. Isso pode ser particularmente benéfico em esportes de resistência, como natação e corridas, onde a eficiência respiratória é crucial.
  • Efeito nos músculos esqueléticos: Há estudos que sugerem que beta-2 agonistas também podem ter um efeito anabólico em doses elevadas, aumentando a força muscular e a recuperação, o que poderia beneficiar atletas em provas de velocidade e força, além de resistência.

Corticosteroides:

  • Redução da inflamação: Corticosteroides reduzem a inflamação das vias aéreas, melhorando a eficiência respiratória. Em atletas com asma, isso pode permitir uma melhor performance durante o exercício.
  • Efeito no sistema imunológico: Corticosteroides também podem diminuir o risco de doenças respiratórias, que poderiam prejudicar o desempenho. Em doses sistêmicas, podem ajudar na recuperação muscular e reduzir a fadiga, o que pode beneficiar o desempenho geral.

Embora o principal objetivo desses medicamentos seja o tratamento de condições médicas, seu uso pode conferir uma vantagem competitiva, especialmente em esportes que exigem alta resistência ou capacidade aeróbica.

Os atletas que usam medicamentos para asma têm que verificar se os componentes estão na lista de substâncias proibidas e, se necessário, solicitar uma isenção para uso terapêutico (TUE). Isso garante que eles possam competir sem preocupações relacionadas a doping.

Ou seja, caso o atleta não passe pelo antidoping, basta apresentar um atestado médico!

O interessante é que praticamente só os que disputam provas de velocidade como a natação, corrida ou de força são asmáticos. Aqueles que competem em provas em que se requer habilidade e precisão, como tiro, tênis de mesa ou ginástica, não possuem asma (uma exceção é Simone Biles, asmática).

O nadador chinês não é asmático, mas ao contrário dos norte-americanos que fizeram apenas um teste antidoping por dia, Pan Zhanle teve que fazer sete testes por dia! Chegaram a acordá-lo às 5 horas da madrugada para um teste!

Pan, talvez ingenuamente, reclamou em um vídeo que está viralizando, que o australiano se recusou a cumprimentá-lo após a derrota, comprovando a xenofobia presente em competições olímpicas.

Mas, Kyle Chalmers, dirão, é australiano e não estadunidense. Sim, mas é asmático também.

É importante lembrar também que a Rússia foi proibida de disputar os jogos em 2020 e 2022 sob acusações de doping e agora, novamente em 2024.

Durante décadas assistimos aos jogos olímpicos e ficamos admirados com a velocidade, a habilidade, a capacidade física e também a graça, o espírito olímpico e o fair play (principalmente na reverência que Simone Biles e Jordan Chiles prestaram a Rebeca Andrade). Porém, há algo de muito ruim escondido nesses jogos.

Os EUA, certamente, há décadas levam medalhas para casa de maneira fraudulenta. E todo o mundo do esporte sabe disso, mas não reclama.

Por que o técnico australiano considerou a vitória de Pan Zhanle impossível?

Ora, ele não tem asma. Não toma os medicamentos. Não tem um atestado para livrá-lo do exame antidoping.

Além do técnico australiano, a mídia hegemônica está fazendo grande alarde em cima da vitória do chinês. Os Estados Unidos ameaçam punir a WADA com a retirada de sua contribuição em dinheiro, uma das maiores do mundo.

Assim, não resistindo às pressões, a WADA deverá continuar a fazer vistas grossas sobre esse escândalo, os países competidores, que não por acaso, na sua maioria são aliados dos EUA e membros da OTAN, continuarão a enganar seus atletas com a ilusão de que eles têm chances iguais de ganhar medalhas e os atletas de países não alinhados, como os chineses, continuarão a sofrer discriminação e tratamento desigual nas competições de natação e corrida.


quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Teria o Partido Democrata contratado um pistoleiro?

Por Fernando Castilho

Imagem: (REUTERS/Brendan McDermid

Se o plano de assassinar Trump realmente existiu, a pergunta a ser feita a seguir é: afinal, quem teria interesse em afastar o ex-presidente da corrida?


Donald Trump levou mesmo um tiro na orelha, ou foi tudo uma armação para que ele, a exemplo de Jair Bolsonaro, subisse nas pesquisas devido à comoção do povo estadunidense?

Essa foi a pergunta que mita gente fez, inclusive grande parte da esquerda brasileira que vê em Kamala Harris como um contraponto ao crescente fascismo no mundo.

O expert em geopolítica mundial, Pepe Escobar revelou que as investigações estão concluindo (embora isso ainda não seja oficial e nem sabemos se vai ser) que havia mais de um atirador naquele dia, já que balas diferentes teriam sido encontradas no local.

Então, se essa informação for verdadeira (e Pepe costuma ter fontes no mundo inteiro), podemos afastar a possibilidade de simulação do atentado. E isso é muito mais preocupante.

Se o plano de assassinar Trump realmente existiu, a pergunta a ser feita a seguir é: afinal, quem teria interesse em afastar o ex-presidente da corrida?

A resposta mais imediata é: o Partido Democrata. E não vai aqui nenhuma afirmação, mas sim, uma constatação do que parece mais lógico.

Joe Biden estava indo mal nas pesquisas e, além disso, após o debate com Trump em junho, em que demonstrou problemas de cognição, a tendência era perder ainda mais pontos para seu adversário.

Com Trump fora da disputa, os democratas poderiam ter caminho livre para a reeleição de Biden. Mas o atentado falhou. Por pouco.

Após isso, todo mundo sabe, Biden foi afastado da corrida e Kamala assumiu em seu lugar.

Não se sabe se as investigações prosseguirão e se chegarão a uma conclusão, já que, à esta altura, um escândalo com tal envergadura explodiria a campanha de Kamala, esteja ela envolvida ou não.

Se o FBI parar de investigar, podemos ter a impressão de que a administração Biden deu um basta, o que é difícil de acontecer nos EUA porque o órgão é independente.

Restaria aos republicanos realizarem eles próprios uma investigação. Lembremos que Trump tem ainda bastante influencia em setores das instituições americanas.

De qualquer forma, caso haja a assinatura dos democratas nesse possível atentado, mesmo que o caso seja abafado, transparecerá ao mundo todo a decadência moral que o império sofre. E que tende cada vez mais a crescer.

Trump é pior que Kamala, sabemos disso. Porém, vamos deixar de incensá-la como se ela fosse muito melhor que ele. Nenhum dos dois presta.





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terça-feira, 30 de julho de 2024

Maduro, entregue o petróleo para os EUA e passe a ser chamado de democrata

Por Fernando Castilho


Foto: AFP


Embora haja grande diversidade de sistemas de governo mundo afora, a imensa maioria se considera democrática. Só mudam os padrões


Domingo último (28), Nicolás Maduro venceu as eleições na Venezuela e, como era esperado, a imprensa mundial se apressou a afirmar que houve fraude.

Este artigo não trata de incensar Maduro, mas sim, desanuviar um pouco as névoas que a grande mídia, segundo seus interesses, coloca à frente de nossos olhos.

Em primeiro lugar, vamos compreender o que significa a palavra “democracia”. Segundo o dicionário Aurélio, democracia é:

1 - Governo em que o poder é exercido pelo povo;

2 - Regime baseado na liberdade e na soberania popular, sem desigualdades ou privilégios entre classes;

3 - Sistema governamental e político em que os dirigentes são escolhidos através de eleições populares;

4 - Nação ou país que segue os princípios do sistema democrático.

Isto posto, a pergunta que devemos fazer é: em qual país do mundo esses quesitos são perfeitamente preenchidos?

Vamos pegar primeiramente o exemplo do sistema brasileiro. Por aqui a democracia é a chamada “representativa”, em que o povo, através de eleições, elege seus representantes no congresso. Ou seja, são esses eleitos que lutarão para defender os interesses daqueles que os elegeram.

É fácil perceber que, na prática, isso não acontece. A maioria de nossos parlamentares, pertencentes ao Centrão, usa o congresso para ganhar dinheiro e poder para eles mesmos. Recentemente o deputado Eduardo Bolsonaro liderou uma comitiva nos Estados Unidos para pedir ao congresso estadunidense que imponha sanções econômicas contra seu próprio país, ou seja, contra seu próprio povo. Isso é lutar pelos interesses do povo que o elegeu? E lembro ainda que Eduardo mora no Rio de janeiro, mas é deputado por São Paulo, estado que ele nem conhece.

Se perguntarmos ao povo se o Brasil é uma democracia de verdade, ele, na sua maioria, responderá que sim.

Vamos aos EUA, a terra da democracia, como costumamos falar. Por lá o povo vota, mas seu candidato a presidência nem sempre leva. Explico: cinco candidatos venceram as eleições, mas, devido à contagem de votos através do colégio eleitoral, foram impedidos de governar. Só neste século foram dois: Al Gore, em 2000 e Hillary Clinton, em 2016.

Ainda nesse país, há um grande número de partidos, mas somente dois, o Democrata e o Republicano, disputam de fato. Por quê? Por lá, os candidatos recebem doações privadas e estas são direcionadas a esses dois partidos, somente. Na prática, quem conseguir maior volume de doações fica bem perto de se eleger. Foi por pressão de doadores que Joe Biden teve que desistir da corrida.

Se perguntarmos ao americano médio, se os EUA são uma democracia de verdade, ele responderá que sim.

Ah, mas e a China?, alguém perguntará.

Por lá existem as Assembleias Populares Locais populares em todos os níveis de governo local (provincial, municipal, distrital, e de aldeia).

Os membros das assembleias populares locais são eleitos diretamente pela população, mas os candidatos devem ser aprovados pelo PCC.

Por lá existem as assembleias populares locais em todos os níveis de governo local (provincial, municipal, distrital e de aldeia).

Os membros das assembleias populares locais são eleitos diretamente pela população, mas os candidatos devem ser aprovados pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

Quanto ao poder legislativo, o Congresso Nacional do Povo (CNP) é o órgão legislativo supremo da China e seus membros são eleitos pelos congressos provinciais e das regiões administrativas especiais, do nível inferior até o nível local. Tudo controlado pelo PCC.

Se perguntarmos aos chineses (como já fiz) se a China é uma democracia de verdade, a maioria responderá que sim.

Embora haja grande diversidade de sistemas de governo mundo afora, a imensa maioria se considera democrática. Só mudam os padrões.

O berço e o grande exemplo ao mundo do que significa “democracia” é a Grécia Antiga.

Por lá os cidadãos se reuniam numa grande praça em Atenas, chamada de Ágora para decidir sobre absolutamente qualquer coisa, desde uma pendenga de vizinhos até grandes questões de Estado. Era a chamada democracia direta.

Mas as mulheres não podiam votar; os escravos (eles eram muitos) não podiam votar; os estrangeiros também eram impedidos. No final das contas, calcula-se que somente 10% da população ateniense decidiam o futuro do país.

Era verdadeiramente uma democracia?

Voltando finalmente à Venezuela.

Ela é uma democracia? Deixo a resposta para quem quiser se manifestar.

Em 2019, após vitória de Maduro, o candidato derrotado, Juan Guaidó se autodeclarou presidente. Os EUA e a União Europeia se apressaram em reconhecê-lo contrariando o princípio da autodeterminação dos povos, princípio fundamental do direito internacional que visa assegurar a independência, a liberdade e o direito de organização própria dos povos. Pergunto: essa atitude respeita a democracia?

Atualmente, o Haiti enfrenta uma crise política e humanitária grave. Desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021, o país tem sido tomado por gangues violentas que controlam várias áreas e aumentam a insegurança. A corrupção, a impunidade e a má governança estão exacerbando a situação, resultando em um colapso quase total das instituições estatais. Pergunto: por que a grande mídia e as grandes democracias ocidentais não se preocupam nem acompanham o que está acontecendo no Haiti?

Para alinhavar o texto, essa questão eu mesmo respondo: não importa o que acontece no Haiti. Lá não há petróleo.

As pessoas comuns no Brasil, ao verem o noticiário se concentrar tanto na Venezuela, devem estar se perguntando: mas por que falam tanto dessa Venezuela?

É porque o país possui a maior reserva praticamente não explorada de petróleo do planeta. Esse é o grande interesse.

Por um lado temos um sistema de governo que resiste às investidas dos EUA para tomar-lhe o petróleo e por outro, uma oposição que tem a clara intenção de privatizar a estatal petrolífera entregando o ouro negro às grandes companhias norte-americanas.

O país hoje sofre bloqueio comercial dos EUA que não permitem que outros países comprem seu petróleo e que lhe vendam seus produtos, o que constitui verdadeira tortura ao povo venezuelano.

Alguém, então, perguntará? Mas então, não é melhor ceder para que esse bloqueio seja levantado?

Ora, se Maduro privatizar seu petróleo, quem ganhará muito dinheiro serão investidores norte-americanos. O dinheiro não será repartido com os mais pobres.

Mas uma coisa dá pra garantir: se Maduro entregar o petróleo para os americanos, deixará no dia seguinte de ser chamado de ditador. Será considerado o maior democrata do planeta.

P.S.: Lula acerou ao falar que democracia é um conceito relativo.





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terça-feira, 16 de julho de 2024

A peça de teatro montada por Bolsonaro e Ramagem

Por Fernando Castilho

Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil | Evaristo Sa / AFP


Mas, na verdade, parece que foi montada uma peça de teatro que só faltou ser gravada em vídeo.

A divulgação da existência de uma gravação em áudio de uma conversa entre Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e o ex-presidente Jair Bolsonaro suscitam preocupações sérias sobre a integridade das instituições democráticas no Brasil. Analisar se esse evento constitui um fator de risco à democracia requer examinar vários aspectos relacionados ao conteúdo do áudio, ao contexto político, e às consequências do vazamento.

O conteúdo do áudio trata de analisar estratégias para livrar o filho de Bolsonaro, o senador Flávio, das acusações de rachadinha (prática corrupta que fere a ética e a legalidade no serviço público, configurando-se em crimes como peculato, concussão e corrupção passiva, além de envolver associação criminosa) em seu gabinete.

A gravação, sabe-se, tem a duração de uma hora e oito minutos, portanto é longa e contém grande número de detalhes reveladores do modus operandi da quadrilha que se instalou no Planalto.

Mas, na verdade, parece que foi montada uma peça de teatro que só faltou ser gravada em vídeo.

Vejam os personagens principais:

1 – Alexandre Ramagem, chefe da Abin. Seu papel principal é o de gravar a peça. Porém, em todos os momentos o ator representa o agente republicano que procura rechaçar propostas para a salvação do Flávio que ele considera ilegais.

2 – Advogadas Luciana e Juliana. Seus papéis são o de defensoras da legalidade. Elencam possíveis atos ilegais cometidos por auditores fiscais para justificar que ações devam ser empreendidas pela Abin e pelo GSI contra eles para defender Flávio. São elas as protagonistas.

3 – Augusto Heleno, então ministro chefe do GSI. Seu papel é o de coadjuvante. Porém, ele devia estar um tanto longe do microfone, sendo difícil ouvi-lo e entender o que ele fala. Mau ator.

4 – Jair Bolsonaro, então presidente. A personalidade do capitão impõe a ele que seja o comandante de toda e qualquer reunião, como vimos em duas reuniões ministeriais em que bradava a todo momento amedrontando os demais. Porém, desta vez ele não foi o protagonista e, por isso, se superou como ator. Foi capaz de controlar seus impulsos representando um personagem que mais ouve do que fala. Papel muito difícil para ele. Sua fala mais importante e reveladora foi: “Tá certo. E deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém.”

Nessa frase o capitão entrega o jogo. A reunião parece ter sido uma armação para tentar emplacar a tese, caso o caso chegasse a PF para uma possível investigação, de que nunca houve intenção alguma de defender seu filho das acusações de peculato. Algo que revela a primariedade de seu raciocínio, pois a reunião em si foi ilegal. Usar a máquina pública para vantagens pessoais é crime.

A ideia parece ser a de tentar se vacinar contra possíveis acusações no futuro. Fica patente, ao deixarem as duas advogadas livres para falarem durante quase toda a reunião, que, se houve alguma coisa ilegal, a culpa foi delas que propuseram soluções criativas (falsamente rechaçadas em sua maioria por Ramagem) para salvar Flávio Bolsonaro.

Portanto, Jair, Ramagem e Heleno procuraram sair blindados da reunião.

Assim como no caso das joias roubadas, em que desconhecemos com que frequência esse crime vinha sendo cometido, já que houve 150 viagens à Arábia Saudita (o que pode implicar em inúmeros outros presentes que conseguiram entrar ilegalmente no país), também não sabemos por quantas vezes conversas entre Ramagem e Bolsonaro foram gravadas e de quais crimes elas trataram.

Que as investigações da PF não parem por aí.





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segunda-feira, 15 de julho de 2024

As histórias das famílias merecem ser contadas

Por Fernando Castilho




Olá, amigos e amigas.

Tendo escrito mais de 640 textos para este blog, escrito vários livros e e-books e tendo me concentrado mais recentemente em revisão de livros, chega a hora de tentar mais um desafio: contar a história das famílias.

Para você, sua família é única. Mas ela tem origem! Ela tem uma história de luta pela sobrevivência! E ela venceu!

Mas seus filhos, netos e bisnetos conhecerão essa história?

É a esse trabalho que me proponho. O de transformar essa rica história em um livro para que as gerações vindouras de sua família a conheçam.

Afinal, uma bela história merece ser documentada, não é mesmo?

Que outro meio de divulgação desse trabalho seria melhor que neste blog frequentado por pessoas qualificadas?


terça-feira, 25 de junho de 2024

Um pronunciamento de Lula à Nação viria em boa hora

Por Fernando Castilho


Imagem: Vaccari

Tínhamos dúvidas sobre se Jair Bolsonaro conseguiria manter sua importância para o bolsonarismo, mas parece que ele já a perdeu.

Há apenas um ano, os parlamentares da oposição se diziam “bolsonaristas” e de direita. Hoje, já admitem ser chamados de “extremistas de direita”, porém, ainda reagem ao adjetivo “fascistas”, mas é uma questão de tempo para aceitarem essa alcunha. Alguns, como o deputado Gilvan da Federal, já se levantam de suas cadeiras para agredir frequentadores da Câmara.

Esses parlamentares vinham sendo constantemente criticados por não apresentarem propostas em áreas muito importantes como economia, saúde e educação, se notabilizando apenas em berrar, criticar o governo e defender pautas moralistas de costume.

Porém, resolveram apresentar proposições. Uma delas, a PEC das praias, de autoria do senador Flávio Bolsonaro, foi a primeira a conseguir a proeza de descontentar até os bolsonaristas, pois estes também frequentam praias. Tiro no pé.

Outra propositura, esta mais polêmica, foi o PL do aborto que logo recebeu o apelido de PL do Estuprador, pois previa pena máxima de 20 anos a mulheres e meninas que abortassem após 22 semanas de gravidez.

O resultado foi que, não só a esquerda, mas, principalmente ela, tem saído às ruas para protestar, ou seja, a questão conseguiu furar a bolha.

No último final de semana, porém, surgiu um fenômeno novo: o presidente da Câmara, Arthur Lira, que até então permanecia nas sombras do projeto, ganhou protagonismo. Havia muitos cartazes “FORA LIRA” nas manifestações. Isso, pra quem quer eleger seu sucessor é bastante perigoso.

A maioria da população brasileira já percebe que projetos vindos da extrema-direita não lhe são favoráveis, muito pelo contrário. É possível que outras proposituras prejudiciais ao povo sejam engavetadas, pelo menos por enquanto.

Uma delas é a que diz respeito ao trabalho infantil a partir dos 14 anos e outra que ainda está embrionária é a que reverte a lei do divórcio. Esta última, certamente, mobilizaria ainda mais as massas nas ruas.

Alguém perguntaria: mas não há também pastores divorciados? Sim, pastores e até um ex-presidente que está em seu terceiro casamento.

Porém, devemos lembrar que há um movimento de transformação nas igrejas neopentecostais visando trocar sua figura máxima, Jesus Cristo, pelo Rei Davi do Velho Testamento, o que livraria seus pastores do incômodo de ter que conviver com a grande contradição de seu enriquecimento e a pregação do filho de Deus que dizia que é mais fácil passar um camelo por um buraco de agulha do que um rico ir para o Céu. É a chamada Teologia do Domínio que está ganhando força.

Mas, voltando aos pastores, quando se fala no Rei Davi que conquistou vários povos em guerras com derramamento de sangue, diz-se que ninguém toca num ungido do Senhor, portanto, se os pastores são ungidos do Senhor, podem se divorciar à vontade.

Havia uma dúvida se, com o PL 1904 postergado para o segundo semestre, haveria protestos no último final de semana. E houve! O que se espera é que o movimento cresça ainda mais, principalmente com o lema FORA LIRA.

Em minha opinião, embora tenha dado excelente entrevista à CBN, em que partiu pra cima do PL 1904, Lula ainda está devendo um pronunciamento à Nação, explorando temas como a ajuda ao Rio Grande do Sul, as altas taxas de juros que impedem o povo de comprar usando crediário, a necessidade de vacinação e esse projeto que penaliza as vítimas de estupro.


sábado, 1 de junho de 2024

Governo precisa se livrar de um parasita chamado Congresso Nacional

Por Fernando Castilho

Foto: reprodução Internet

No parasitismo, apenas um dos organismos envolvidos é beneficiado e o outro é prejudicado. Sabemos quem está sendo beneficiado e quem, prejudicado.

Lula está fazendo um ótimo governo, pois os índices, todos positivos, falam por si, mas ainda não há uma clara percepção do povo sobre isso. Enquanto não há, a extrema-direita, agora engrossada pela direita que dizem ser civilizada e de diálogo, cresce assustadoramente no Congresso, impondo sua vitória em pautas que prejudicam o país, mas dão aquele gostinho de derrotar Lula. E fazem estardalhaço com isso.

Os fascistas explodem os vídeos nas redes sociais com seus vídeos feitos pra lacrar e faturar muito dinheiro (estima-se que só Nikolas Ferreira lucre mais de 200 mil reais em monetização) e a percepção do povo começa a ser de que o governo é um fracasso.

Há uma divisão de tarefas. Enquanto o Congresso tenta ferrar com o governo Lula, a mídia se encarrega de minar a confiança nele. Além disso, já começa a apresentar uma alternativa a ele, o Tarcísio. Ações combinadas.

Em 2002, a direita, o mercado e a grande mídia deixaram Lula se eleger porque apostaram em seu fracasso, já que o cara era um simples metalúrgico e não teria a capacidade de governar. Apostaram na queda de Lula e, após ser demonstrada a total incapacidade de o PT governar com um projeto de nação com viés socialista, seria, de uma vez por todas, enterrado de vez.

Mas aconteceu o contrário. Criaram a ficção do mensalão em 2005 para tentar derrubar Lula, mas não deu certo. Porém, a investida seguinte logrou êxito ao provocar um golpe em Dilma e afastar definitivamente a esquerda do poder.

Nesse processo, acabaram por criar o monstro Bolsonaro. Exageraram na dose e perceberam, já bem perto das eleições que poderiam terminar sendo comidos pelo monstro fascista que conduziria o Brasil a uma ditadura duradoura. Tentaram, então, uma terceira via, mas esta não vingou. A única saída foi fazer campanha contra a reeleição de Bolsonaro. Vejam que em nenhum momento fizeram campanha para eleger Lula. Este venceu por pouco.

A direita não vai querer correr o risco de ver o PT vencer novamente eleições seguidas. Desta vez, não. Vai tentar destruir Lula antes que ele consiga mais êxitos e consiga mostrar à população que o governo é ótimo.

Não tenho dúvidas de que a guerra contra ele será antecipada e violenta. E já começou. Percebam que toda a ajuda bilionária e inédita ao Rio Grande do Sul ainda não foi reconhecida devido ao trabalho incessante dos fascistas em propagar fake news. Lula, porém, não é neófito e já deve estar se preocupando com isso. O problema é que ele parece estar sozinho. Nenhum de seus ministros consegue acompanhar seu raciocínio e fazer uma análise de conjuntura afiada como ele. Principalmente os de direita que estão no governo, mas também Haddad, que parece preocupado em tentar agradar o mercado, esse mesmo que lhe dá índices pífios de aprovação em pesquisas.

Porém, algo me diz que Lula prepara alguma coisa para reagir. Uma boa ideia, creio que seria, chamar o Zé Dirceu para o governo. Para estar próximo de Lula. Para fazer articulações. Ele é o único que acompanharia o raciocínio de Lula.

Mas, seja isso ou não, é preciso uma reação forte do governo. E tem que ser rápida.



segunda-feira, 27 de maio de 2024

DILMA - A Sangria Estancada

Por Fernando Castilho

Capa: Fernando Castilho


        INTRODUÇÃO DE DILMA – A Sangria Estancada

 

“O Inferno está cheio de boas intenções”

Samuel Johnson

 

“Não quero o impeachment, quero ver a Dilma sangrar.”

Aloysio Nunes Ferreira

 

“Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.”

Romero Jucá

 

 

Um movimento contrário ao aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus na cidade de São Paulo deu início às chamadas jornadas de junho de 2013.

Começou aos poucos e foi crescendo até se espalhar por todo o Brasil enquanto, qual camaleão, ia assumindo nova identidade e novos propósitos.

Enquanto o Movimento Passe Livre, de origem proletária, reivindicava aquilo que lhe parecia justo na época, meu coração e minha mente naturalmente a ele se juntaram, sabedores das agruras com que as pessoas pobres deste país tão desigual, que necessitam de transporte público para trabalhar ou estudar, enfrentam todos os dias.

Mas, também aos poucos, fui percebendo com estranheza que, no espaço de alguns poucos dias, a grande mídia, grandes jornais e revistas impressos e as redes de televisão e rádio, que no início apressaram-se em criticar e condenar o movimento, através de colunistas e editoriais, começaram a mudar de opinião acrescentando ao caso uma conotação mais política e ampliando o foco que antes era localizado, para todo o país.

Surgiu a figura do gigante adormecido que acordou indignado, ao mesmo tempo simbologia e senha que tomou as redes sociais de maneira avassaladora, como a querer nos mostrar que estávamos errados em conferir aprovação de quase 60% ao governo Dilma Rousseff somente um mês antes, segundo pesquisa Datafolha.

A conclamação a protestar contra o governo era difusa e artificial, pois nos ordenava a, como zumbis, sair às ruas com pautas confusas e genéricas como maior liberdade, fim da corrupção, reforma política etc.

No governo Dilma a liberdade nunca deixou de existir porque é o cerne da democracia. Nenhuma manifestação foi reprimida pela presidente.

É justo exigir o fim da corrupção, mas Dilma nunca foi corrupta, como as intensas investigações, a imprensa e o tempo comprovaram. A Polícia Federal e o Ministério Público sempre tiveram por parte de Dilma a autonomia necessária para investigar quem quer que fosse, inclusive o ex-presidente Lula.

A reforma política estava no Congresso, o responsável por aprovar as leis.

Mas então, o que queriam?

Dilma chegou a se pronunciar em rede nacional de televisão se mostrando favorável às reivindicações e se colocando ao lado dos que protestavam, mas, mesmo assim, as panelas batiam ruidosas em protesto.

Mas quem era essa presidente que de uma hora para outra passou do paraíso para o inferno?

Nossa primeira presidente mulher é uma figura com personalidade complexa. Ainda jovem, insurgiu-se contra a ditadura militar, ingressando na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Passou quase três anos em reclusão, de 1970 a 1972, período em que foi brutalmente torturada.

Graduada em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ingressou no Partido Democrático Trabalhista (PDT) de Leonel Brizola.

Foi Secretária da Fazenda na Prefeitura de Porto Alegre, em seguida, Secretária de Energia, Minas e Comunicações do governo Alceu Collares, e mais tarde do governo Olívio Dutra, ambos no Rio Grande do Sul.

Durante o governo Lula foi ministra de Minas e Energia.

Como se vê, Dilma Rousseff não era nenhuma neófita quando foi escolhida para ser a sucessora de Lula e isso foi demonstrado em seu primeiro mandato considerado exitoso, de 2010 a 2014, mas isso não impediu que ela fosse chamada a partir de 2015 de ignorante, burra ou anta. Chegaram à grosseria de vaiá-la e xingá-la com palavrões em pleno Itaquerão lotado quando da abertura da Copa do Mundo, viabilizada por ela, contra todos os prognósticos negativos da mídia e dos partidos de oposição que já se articulavam para o golpe de estado que a derrubaria.

Dilma também errou. Dona de uma personalidade de característica mais técnica que política, não ouviu Lula e seus conselheiros mais próximos quando estes a alertaram do risco do golpe que se avizinhava, mantendo-se inflexível em sua postura republicana, acreditando que, por não ter cometido crime algum de responsabilidade e por não ser corrupta, o processo de impeachment que já se tramava não prosperaria na Câmara dos Deputados.

Foi no início de 2014, ano eleitoral em que a presidente e seu projeto de continuidade com os projetos sociais iriam ser postos a prova, que cerca de 380 textos analíticos, dos quais 89 compõem este livro, começaram a ser escritos. Esses textos foram publicados em blog próprio, em outros blogs de esquerda e também nas redes sociais.

Naturalmente, alguns geraram debates intensos e relativa repercussão.

Neles há análises que incluíram previsões que se realizaram e outras que não. A maioria sim. Por exemplo, quando já antes das eleições de 2014, este escriba era voz quase solitária a defender que haveria golpe de estado. Ou quando, muito antes de se aceitar o fato, falava da prisão de Lula num texto contestadíssimo pela esquerda republicana que confiava piamente nas instituições.

Em 2016 já aventava a possibilidade da eleição de Jair Bolsonaro em 2018, embora a descartasse como certa porque seu adversário seria Lula e este, naquele momento era imbatível. O tempo mostrou que com Lula preso e com um atentado a faca ainda nebuloso que provocou comoção nacional, o capitão aproveitou para ser eleito.

Os textos foram aqui reunidos sem artificialismos destinados a corrigir ou atualizar as análises feitas na época, portanto, a não ser por revisões de eventuais erros de português, são originais.

Logicamente, não compareço aqui como visionário, mas tão-somente como uma testemunha ocular de um período de nossa História cujos detalhes temos a tendência de esquecer. Em cada um deles houve empenho na pesquisa, olhar arguto e capacidade de análise.

O livro é quase um diário. Foi escrito quase que diariamente e se colocasse aqui todas as palavras, o número de páginas seria muito grande. Preferi, por isso, publicar apenas os textos mais significativos. Alguns poderão ser acessados através de leitura de QR Code.

Na maioria das análises acrescentei ao final comentários que remetem aos dias atuais a título de comparação, o que permite iniciar reflexões sobre os desdobramentos dos acontecimentos passados e explicitar a evolução surpreendente dos fatos iniciados naquele ano de 2014 que culminaram na eleição de um governo de características fascistas destinado a destruir todos os avanços civilizatórios construídos não sem esforço durante muitos anos, tentar um retrocesso de volta a ditadura e contribuir decisivamente para a morte de mais de 700 mil pessoas pela Covid-19.


Adquira em 

https://clubedeautores.com.br/livro/dilma



quinta-feira, 16 de maio de 2024

A arte de escrever

Por Fernando Castilho


Meus amigos, há mais de 10 anos escrevo para este blog.

No meio dessa caminhada, escrevi 4 livros, além de um, ainda em construção, composto por haikus (poesia japonesa constituída pela métrica de fonemas 5-7-5) escritos em japonês.

Colaboro com sites como Brasil 247, Revista Fórum, Construir Resistência e Piauí Hoje.

Sou colunista semanal do Jornal GGN.

Ao mesmo tempo, exercia a profissão de professor, porém, envolvido com trabalhos free lancer de revisão de textos, decidi me dedicar somente à atividade literária.

A revisão de textos é atraente, desde que o revisor consiga penetrar na mente do escritor e descobrir seu estilo. O desafio é manter esse estilo e não impor o próprio. Penso que isso é tão importante quanto dar ao texto o português correto.

Já havia, em meus 4 livros, feito também a diagramação e, por isso, adquiri também essa experiência.

Um desafio na arte literária a que me proponho é ser ghost writer, aquele escritor que coloca no papel as palavras de alguém que não tem muita familiaridade com textos ou sente dificuldades com a redação. Anseio muito por isso e espero que surja logo essa oportunidade.

Outro desafio é biografar. Acho fascinante escrever sobre a vida de uma pessoa.

Contar a história de uma família também é uma atividade atraente e desafiadora.

Portanto, leitor, se tiver conhecimento de alguém que esteja necessitando de meus préstimos, por favor, me recomende. O trabalho será feito com muita dedicação e correção. Podem me contatar pelo WhatsApp (11) 99717-9838.

Enquanto isso, continuem a acompanhar meus textos neste blog. Em breve darei continuidade.

Obrigado!





terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Bolsonaro Nostradamus

Por Fernando Castilho

Foto: G1, por Daniela Lima, Bruno Tavares e Fábio Santos


Se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.


Quarta-feira, 24 de janeiro.

 

Jair Bolsonaro publica uma postagem enigmática no X, no melhor estilo Nostradamus:

- As próximas semanas poderão ser decisivas.

- Vivemos momentos difíceis, de muitas dores e incertezas.

- "Quando um ímpio não quer que você olhe para um lado da estrada, ele bota fogo no outro lado da mesma, pois assim ninguém saberá do mal maior que ele fez do lado que você não olhará."

- Deus, Pátria, Família e Liberdade.

- Jair Messias Bolsonaro

A postagem causou alvoroço nas redes sociais e nos jornalões. Parecia que o ex-presidente previa que num futuro muito próximo algo iria lhe acontecer. Ou a um de seus filhos, talvez.

Domingo, 28 de janeiro.

 

Bolsonaro, junto a seus 3 primeiros filhos (o 04, Jair Renan e a ex-primeira-dama, Michelle, não estavam presentes porque o patriarca somente leva em consideração seu núcleo familiar mais duro), faz uma live para entre outras coisas, desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral e sugerir perseguição no caso do escândalo da Abin. O outro assunto foi o lançamento de um curso para conservadores a ser ministrado por Eduardo e Carlos, ora vejam. Se passou pela sua cabeça, leitor, que esse curso que custa 300 reais poderá servir como lavagem de dinheiro, você só está sendo maldoso e imaginando coisas, viu?

Segunda-feira, 29 de janeiro.

 

A Polícia Federal faz busca e apreensão nos endereços de Carlos Bolsonaro, tanto na Cãmara de Vereadores do Rio de Janeiro, como no Condomínio Vivendas da Barra onde reside. Além disso, não escapou à PF bater à porta da mansão de Bolsonaro em Angra dos Reis, onde foi gravada a live.

Os Bolsonaro não estavam em casa. Teriam saído para pescar entre 5 horas da madrugada e 6 e meia, de acordo com várias versões.

A PF, incumbida de apreender os celulares de Carluxo, aguardou pacientemente até o meio-dia quando o vereador voltou à casa. Não se sabe se trazia peixes com ele. O celular foi apreendido.

O que temos, então?

Numa escala de 0 a 10, a suspeita de que a familícia foi avisada por alguém da PF (ou mesmo da Abin) pode estacionar no número 9.

Uma comunicação via WhatsApp de uma assessora de Carluxo foi interceptada pela PF. Na mensagem, a assessora pedia ao delegado Ramagem, então ainda chefe da Abin, informações sobre a família Bolsonaro, demonstrando cabalmente que a agência atuava para sua blindagem, uma nova forma de corrupção e apropriação do Estado para benefício particular do governante.

E se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.

Durante o governo de transição, ainda em 2022, Lula já deveria ter dado ordens ao general GDias, escolhido como ministro do GSI, para que mapeasse todos os funcionários da pasta para cortar as cabeças dos bolsonaristas com algum poder de comando, mas não o fez. O resultado todos sabemos, pois ficou explícito no famigerado dia 8 de janeiro de 2023.

O que não sabíamos é que a Abin, um dos órgãos mais sensíveis, pois trabalha essencialmente com informação, um dos bens mais importantes para um governo, manteve durante todo o ano de 2023 bolsonaristas, incluindo aí o nº 2 da pasta!

Isso significa pouco? Não, significa que, tanto Ramagem (que mantinha ainda um computador em casa pertencente a Abin, o que tem que lhe custar uma acusação por crime de peculato) quanto Carlos Bolsonaro e, por consequência, Jair Bolsonaro, recebiam diariamente informações sensíveis sobre o governo, os ministérios e o próprio Lula. Quiçá, também sobre ministros do STF e presidentes da Câmara e do Senado. E se isso pode se caracterizar como sendo de uma gravidade extrema, o mesmo se pode dizer da responsabilidade do governo em manter essa estrutura.

Não se defende aqui, de maneira nenhuma, a extinção da Abin. A agência tem muita importância estratégica para o Estado. Não se pode derrubar a floresta para matar a onça. É preciso que muito rapidamente se faça a tardia limpeza.

Para encerrar, uma pitadinha do que a burrice e incompetência podem causar. Jair Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan, ao ser indagado sobre o fato de a assessora de Carluxo ter consultado Ramagem sobre a família, perguntou: “qual é o problema nisso?” É sério, ele admitiu o crime.

Fábio Wajngarten, o advogado de seu Jair, talvez tenha um dos piores empregos do mundo, pois, a todo momento tem que lidar com a língua destravada de seu cliente que insiste em produzir provas contra si mesmo.