Embora não o admita - principalmente os países que participaram diretamente dessa sangrenta imbecilidade - a Europa de hoje, nunca antes sitiada por tantos estrangeiros, desde pelo menos os tempos da queda de Roma e das invasões bárbaras, não está colhendo mais do que plantou, ao secundar a política norte-americana de intervenção, no Oriente Médio e no Norte da África.
Não
tivesse ajudado a invadir, destruir, vilipendiar, países como o
Iraque, a Líbia, e a Síria; não tivesse equipado, com armas e
veículos, por meio de suas agências de espionagem, os terroristas
que deram origem ao Estado Islâmico, para que estes combatessem
Kadafi e Bashar Al Assad, não tivesse ajudado a criar o gigantesco
engodo da Primavera Árabe, prometendo paz, liberdade e prosperidade,
a quem depois só se deu fome, destruição e guerra, estupros,
doenças e morte, nas areias do deserto, entre as pedras das
montanhas, no profundo e escuro túmulo das águas do Mediterrâneo,
a Europa não estaria, agora, às voltas com a maior crise
humanitária deste século, só comparável, na história recente,
aos grandes deslocamentos humanos que ocorreram no fim da Segunda
Guerra Mundial.
Lépidos
e fagueiros, os Estados Unidos, os maiores responsáveis pela
situação, sequer cogitam receber - e nisso deveriam estar sendo
cobrados pelos europeus - parte das centenas de milhares de
refugiados que criaram, com sua desastrada e estúpida doutrina de
"guerra ao terror", de substituir, paradoxalmente, governos
estáveis por terroristas, inaugurada pelo "pequeno" Bush,
depois do controvertido atentado às Torres Gêmeas.