segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Haddad e a lógica dos privilégios

Por Ainá Cruz




O Datafolha acaba de divulgar uma pesquisa de opinião que dá conta de que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad tem rejeição de 49% dos paulistanos. Na contrapartida, apenas 15% avaliam sua administração como ótima ou boa.

Aina Cruz, que não vive em São Paulo, após uma de suas visitas, acabou por registrar suas impressões. 

Compara ainda as iniciativas do prefeito com as melhores práticas urbanas que acontecem nos ditos países top e que todos quando viajam ao exterior, admiram. Fora do Brasil é legal, mas no Brasil não tá com nada, talvez pensem.

Ainda estou preparando meu próprio texto sobre a administração Haddad, mas gostei muito deste pois é muito interessante.

Vamos a ele.


Esses dias, nessas minhas idas à cidade de São Paulo, conversando sobre a vida com M., uma grande amiga, ela me contou do quanto a coisa estava difícil por lá e do quanto ela estava apavorada com a possibilidade do racionamento de água. Minha amiga estava, na verdade, em pânico com a possibilidade de ter de conviver com os dejetos de outrem no trabalho e em casa, já que divide o apartamento com mais duas pessoas. Eu apenas escutava e achava compreensível aquele mal-estar.

Então, não sei explicar como e nem por que, mas nossa conversa foi assumindo acepções políticas e encontrei minha amiga totalmente inconformada com o fato de nossa amada cidade cinza rejeitar e desaprovar a administração do prefeito Haddad e, em contrapartida, desejar a reeleição do atual governador do estado. Ela discorria continuamente sobre as ciclovias, o corredor de ônibus e comparava essas iniciativas louváveis aos feitos do atual governador. Por fim, já completamente desesperada, ela olhou para mim com seus olhos nipônicos e expressivos e disse: "por que essas pessoas querem isso, Ni!?"

Como a nossa profissão é teorizar sempre muito sobre tudo aquilo que não compreendemos, assim nasceu a teoria das exclusividades, que, estou certa, é o que justifica a incansável perseguição da elite paulistana ao atual e, na minha opinião, admirável prefeito da cidade.

Ora, em São Paulo sempre foi assim: quem podia pagar, se divertia, chegava no horário, e com folga, aos seus compromissos, frequentava os lugares públicos protegido e blindado dentro de seu automóvel e, não disputava o espaço com a "ralé". Higienópolis era um bairro pertinho do centro, mas protegido por fronteiras invisíveis bem mais poderosas do que qualquer construção física. Essa gente que não tem dinheiro ficava lá no lugar dela, sem nem se aproximar dos bairros nobres. E dessa forma, tudo era muito bom. Sampa era uma Bélgica brasileira, afinal, nem se cruzava com aquela gente feia e desgrenhada que não é igual "a gente".

Mas aí, um belo dia, surgiu um "esquerda-caviar" que, apesar de ter crescido em meio à elite, achou que a cidade devia ser de todos e não apenas de uns poucos. Foi aí que toda a discórdia começou.

Ele teve umas ideias estapafúrdias de implantar em plena São Paulo todas aquelas coisas bonitas que vemos na Europa e achamos um banho de civilidade. Começou a dificultar as pessoas a circularem em suas Pajeros, para privilegiar o transporte público. Em seguida, esse senhor, teve a audácia de diminuir as faixas de estacionamento de carros, como a zona azul, para transformá-las - veja só - em ciclovias. Pintadas, ainda por cima, de vermelho. Mas de onde esse "cara" estava tirando tamanha loucura?

Pois é, infelizmente, é assim que nossa elite pensa. E o que é mais engraçado é que são justamente essas pessoas que vivem a enaltecer países europeus e os Estados Unidos por suas iniciativas de privilegiar sempre o público em detrimento ao privado. Daí, realmente, tenho que concordar com o surto aterrorizado e incompreendido de minha amiga. Por que essas pessoas acham todas essas iniciativas são tão lindas lá fora e as rejeitam tão veementemente quando são implantadas aqui dentro?

Porque a nossa elite, infelizmente, vive a lógica atrasada e pequena da manutenção das exclusividades e dos privilégios. Ficam extremamente chateados com o fato de demorarem no trânsito e acreditam que quem é pobre e não tem um carro, tem mais é que perder duas horas mesmo no trânsito dentro do ônibus. "Ah, eles já estão acostumados com isso! Moram lá longe! Deixa eles...!". Defendem que a prefeitura deveria criar mais vias de acesso rápido para carros, como as marginais, por exemplo, e não desperdiçar o dinheiro público investindo num tipo de transporte que contemple todos os cidadãos da cidade. E acham essa "coisa" de sustentabilidade uma grande pieguice. Afinal, não estamos em Oslo, né, pessoal?

Para eles é muito penoso saber que agora também precisarão se programar para sair com antecedência de casa. E, o que mais lhes incomoda, é pensar que "Marias e Joãos" vão demorar, talvez, menos tempo para atravessarem a cidade, sentados, também, confortavelmente em um meio de transporte público. Apesar de eles terem dinheiro suficiente para pagar estacionamentos e taxis, eles queriam continuar parando na rua, porque a cidade sempre foi deles. Vagam agora, inconformados, com o fato de outras pessoas se refestelarem assim, do nada, ocupando o seu espaço. E ficam profundamente tristes em se deparar com essa gente comum em seus bairros, porque, afinal, ali não é o lugar deles.

A questão é que, fora da lógica da exclusividade está a maioria da população da cidade e, sendo assim, o prefeito está coberto de razão em destinar o seu governo para aqueles que, de fato, representam São Paulo.

É impressionante como o Brasil ainda mantém, de forma tão arraigada, suas origens coloniais, aristocráticas e coronelistas. Porém, é tão bom quando aparece alguém com coragem de enfrentar e acabar com essa ditadura oligárquica.

São Paulo está tão mais bonita com seus ciclistas, skatistas e afins pelas ruas. Com as pessoas indo e vindo livremente e ocupando o espaço público como se fosse suas casas, porque de fato, ele é!

Haddad representa uma das minhas vontades de voltar a viver em SP um dia. Esse prefeito porreta é a prova de que existe sim muito amor em SP.


domingo, 1 de novembro de 2015

A salvação financeira de Veja pode estar no fascismo que ela prega

Por Fernando Castilho


O fascismo é uma doença peculiar. Ele vai sendo incutido aos poucos nas pessoas comuns, aquelas que postam fotos de cãezinhos fofos e frases de Madre Tereza.

Elas não percebem, mas logo estão exigindo a prisão de gente que não tem acusação formada, ou sobre quem não há provas de ilícitos. Passam a exigir linchamentos sem saber nem direito o por quê. Começam até a criminalizar o que não é crime.

Na Alemanha, durante a ascensão de Hitler, as pessoas comuns, donas de casa, idosos, adolescentes, todos desgostosos com uma crise econômica a lhes roer a esperança de um presente e futuro bons, e insuflados pela imprensa a procurar um inimigo a quem atribuir a culpa pelo fracasso do governo, não demoraram a escolher os judeus, comunistas, homossexuais, ciganos, mestiços e deficientes.

Todas essas ''minorias'' foram delatadas ao fuhrer apenas por existirem, sem direito de defesa.

Esse é o modus operandi do fascismo. Encontrar um inimigo, prendê-lo e eliminá-lo.

Nossa mídia, a la Goebbels, faz propaganda de que Lula é o mal em pessoa, o inimigo público número 1 (a número 2 é Dilma).

Não nos esqueçamos que, quando Lula foi eleito pela primeira vez, a mídia sugestionou à classe média que um analfabeto nordestino e operário não teria condições de governar o país. Nem falava inglês.

O Brasil vinha de um Fernando Henrique intelectual, mas que havia quebrado o país duas vezes, frequentado várias vezes o FMI com o pires na mão, vendido a Vale do Rio Doce por uma pechincha e comprado sua reeleição. Ele fala inglês.

Antes dele, Collor que foi impedido e substituído por Itamar Franco, o homem da volta do Fusca. Sobre Collor é até melhor ficar quieto pois se formos arrolar todos os seus ilícitos, vamos encher a página. Ele também fala inglês.

Então, cansamos de ouvir coisas assim: ''como vou explicar para meu filho que ele deve estudar para dar certo na vida se o presidente não estudou?''

Lula não era pra dar certo.

Mas deu e fez sua sucessora.

Mas se Dilma se elegeu e também se reelegeu, paira agora um grande medo entre a classe média e a elite do país. 2018.

Então, se não dá para impedir a volta de Lula pelo caminho democrático das eleições, já que a oposição não tem nome que possa lhe bater, haja vista a pesquisa Ibope que lhe atribui 23% da preferência contra 15% de Aécio Neves, que seja na truculência.

Na truculência significa pelo caminho do fascismo.

É nisso que a grande mídia vem trabalhando nos últimos meses.

Pessoas simples, preocupadas em tocar suas vidas, são instadas a exigir a prisão de Lula sem o menor motivo. Ele não é acusado de nada e não há provas de ilícito contra ele. Além disso, há uma tentativa de tornar ilícito tudo que o homem faz legalmente.

Como se não bastasse, até seu filho sofreu abuso da Polícia Federal, sendo vítima de busca e apreensão em seu apartamento às 23 horas (o que é proibido por lei), sem que a juíza que acompanha o caso tivesse conhecimento e sem que houvesse qualquer acusação contra ele. E justamente no dia do aniversário do pai.

As revistas semanais de ''informação'' desta semana, no melhor estilo Goebbels se encarregaram de, através de ilações, mais uma vez tentar desconstruir o mito.

A Veja publicou uma foto de capa com Lula vestido de presidiário com uma manchete idiota, sem pé nem cabeça. Se isso não é fascismo, como se pode então classificar? E a revista vai ficar uma semana exposta nas bancas a exigir que aqueles que só veem as capas passem a odiá-lo.

O STF tem a obrigação de mandar apreender a Veja, uma vez que ela mentiu ao acusar um inocente. Isso não é liberdade de expressão, convenhamos.

Mas não o fará. Infelizmente os ministros do STF têm, todos, muito medo da mídia. Medo de serem acusados de petistas.

O ministro Teori Zavascki sofreu duras críticas da mídia por ter fatiado a Lava Jato, desgostando o juiz Sérgio Moro.

O fascismo, após ter penetrado na sociedade e ser encampado pela direita, agora atinge até alguns petistas.

Gente que exige que o presidente da Câmara seja imediatamente preso.

Sim, ele é culpado de corrupção. Há provas abundantes. Mas, se exigimos que Moro e o STF sejam corretos e sigam a Constituição, temos que respeitar que ele tem o direito à ampla defesa, assim como os que já foram presos por Moro e não tiveram.

Se repugnamos o fascismo, não podemos usá-lo por vingança contra quem não gostamos.

Para finalizar, um regime fascista pode ser bom para a editora Abril, assim como a ditadura foi para a Rede Globo.

Sabe-se que a editora está mal das pernas, fechou várias revistas e demitiu muitos jornalistas. A Veja, seu carro-chefe, sobrevive amparada pelos coxinhas que se dispõem a comprar uma revista que tem mais da metade das páginas com publicidade.

De qualquer forma, ela já carimbou na capa sua negação à democracia.

Para ela, nada mal um regime fascista agora, não?




quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Os 23% de Lula para 2018 já assustam tanto?

Por Fernando Castilho


Imagem: Disney


A Operação Zelotes corria à revelia da mídia, uma vez que a ela não interessava divulgar ações contra a corrupção em que não houvesse protagonistas petistas.

Há várias grandes empresas citadas tais como a RBS, coligada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, Bradesco, Santander, Gerdau, Ford, Mitsubishi e várias outras, que juntas pagaram propinas num total de aproximadamente 20 bilhões de reais, quantia bem acima da desviada da Petrobras.

Mas para atingir Lula vale qualquer coisa e o gancho foi inventado.

Não sei se Lula tem errado ou acertado em deixar que cogitem em sua candidatura em 2018, mas é certo que após essas conjecturas serem divulgadas começou com muito mais força o bombardeio a ele visando, se não conseguir sua prisão, pelo menos enfraquecê-lo a ponto de esvaziar sua reputação até as eleições.

Um pouco já conseguiram pois a maioria da classe média o chama de ''o chefão'' e outros adjetivos que procuram classificá-lo como bandido.

Já tentaram muita coisa, desde a criminalização de suas palestras, a apresentação de empresas brasileiras a empreendimentos no exterior, até o ''Eles sabiam'' da famigerada edição de Veja às vésperas do pleito de 2014.

Nada conseguiram. Talvez porque, a exemplo de Dilma, o ex-presidente tenha realmente se preocupado com o lícito em seus dois mandatos.

Mas então, se Lula não é um bom alvo direto, talvez algum alvo indireto possa servir.

Talvez uma de suas noras citada pela mídia como beneficiadora de 1 milhão do lobista Fernando Baiano a pedido de um pecuarista, que já desmentiu a estória toda, fosse um bom alvo. Mas não foi. Nem o nome da tal nora conseguiram descobrir.

Talvez um dos filhos de Lula! Boa ideia! Quem?

O Lulinha talvez tenha sido a primeira e óbvia sugestão.

Mas não. Lulinha não.

Ele seria investigado e aí a mídia teria que revelar, mesmo que indiretamente em algum cantinho de página, que ele não é dono da Friboi, nem de jatinho, nem do prédio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a ESALQ, da Universidade de São Paulo que a internet consagrou como sendo sua casa.

O mito seria destruído. É melhor para a mídia preservar esse mito. Para a oposição também.

Então a juíza Célia Regina Bernardes, irmã do radialista e prefeito de Blumenau, Santa Catarina, pelo PSDB, Napoleão Bernardes, determinou busca e apreensão (ilegal, diga-se de passagem pois não há indício de crime) na casa de Luís Cláudio Lula da Silva, outro filho menos famoso do ex-presidente.

Luís Cláudio é sócio de uma empresa de marketing esportivo, mas é um lambari em meio aos outros tubarões.

Notem que a ação aconteceu no exato instante em que era divulgada pelo Ibope uma pesquisa em que ele aparece à frente na corrida eleitoral com 23! E no dia de seu aniversário de 70 anos!

Se ações como essa já tivessem sido deflagradas contra os tubarões citados mais acima no texto, não haveria problema algum em se investigar o rapaz, caso houvesse qualquer indício de sua falta.

E este texto não seria escrito...

Mas fica escandalosamente evidente que toda a ação somente tem motivação política de atingir Lula, mais nada.

A juíza Marianne Borré que substituiu recentemente Ricardo Leite na Operação Zelotes, se quisesse poderia ter barrado a busca e apreensão baseada em que há os peixes grandes a serem investigados prioritariamente, mas nada fez.

Parece claro que Marianne Borré e Célia Regina Bernardes estão em sintonia com Sérgio Moro nessa operação.

Outro alvo indireto que pode atingir a reputação de Lula é seu ex-ministro Gilberto Carvalho.

Em um relatório anexado ao inquérito da Zelotes, a Receita Federal recomendou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de um restaurante que pertenceu a sua filha.

O curioso da estória é que o restaurante fechou acumulando 1 milhão em dívidas que, caso houvesse corrupção no caso, poderia estar funcionando até hoje, até com filiais.

Bem, se o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo não pode legalmente, como explicou o Prof. De Direito Constitucional da PUC – São Paulo, Pedro Serrano, determinar que essa palhaçada pare, há que se pensar em outras possibilidades.

Se Cardozo não pode impedir uma investigação, pode, segundo Serrano, determinar a substituição deste ou daquele procurador ou juiz.

Não pode haver só tucanos no Ministério Público, na Polícia Federal ou entre os juízes federais Brasil afora, ou será que o aparelhamento é completo?

Está mais que na hora de o PT mapear todos os profissionais da área e verificar quais são os do polo da esquerda.

Estes têm o dever de neste momento procurar ter voz mais ativa em todos esses procedimentos irregulares que ferem o Estado de Direito e tomar frentes nos processos.

E Cardozo pode e deve trabalhar para equilibrar o quadro que atua na Lava Jato e na Zelotes.

Quanto a Lula, talvez fosse interessante negar sua candidatura alegando algum motivo e dizendo estar trabalhando na escolha de nomes para serem apreciados na convenção do PT que fará a escolha para 2018.

Certeza que a baixaria diminuiria e ele seria preservado, montado em seus 23% de preferência.




Atualização de 29/190/2015:
A juíza Célia Regina Bernardes, responsável pela investigação da Operação Zelotes, informou hoje que desconhece pedido da Polícia Federal (PF) para tomar depoimento de Luís Cláudio Lula da Silva.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Simone o quê?

Por Fernando Castilho


A educação dos jovens dos países que adotam o sistema capitalista serve para prepará-los para serem os reprodutores e continuadores desse sistema. Assim, os futuros profissionais de nível superior resolverão, cada um em sua área, os problemas de quem detém o modo de produção ou de quem chegou lá, como dizem.

Engenheiros, médicos e advogados construirão, curarão e processarão e defenderão a quem possa lhes pagar bem, alimentando seu sonho de ascensão social que um dia, enfim, poderá realizado.

A relação custo-benefício que está no bojo da Teoria do Utilitarismo de Jeremy Bentham é que costuma ditar ao jovem, mesmo sem ele ter consciência disso, como será sua vida profissional após a faculdade. Útil ao sistema.

As escolas, notadamente as particulares, que preparam os alunos prioritariamente para passar no vestibular, não se preocupam em dar a importante formação intelectual que lhe possibilite refletir, discutir, argumentar, debater, questionar e discordar. Filosofia e Sociologia são disciplinas secundárias em relação à Matemática ou a Física, estas sim, necessárias à criação de tecnologia e bens de consumo.

Por isso ficamos indignados ao ver casos de estudantes de medicina humilhando e estuprando colegas.

A universidade deve ser encarada como espaço de produção intelectual e dela devem sair, além dos profissionais de praxe, historiadores, filósofos, sociólogos, etc., que pensarão e refletirão sobre a vida do ser humano preparando-o para o futuro, dentro de uma perspectiva histórica.

E também por isso a surpresa do ENEM deste ano.

Jovens que talvez preferissem que o tema para redação fosse algo como ''Como manter a produção de automóveis em tempos de crise'' ou ''O que esperar do próximo modelo de i-phone'', foram pegos de surpresa por um tema sobre o qual talvez não tenham refletido ou sequer discutido em rodas de amigos, nos cursinhos ou em casa: o feminismo e a violência contra a mulher.

Quem foi Simone de Beauvoir, que teve um trecho de um livro de 1949 citado para desenvolver o tema?

Talvez alguém já tenha lido isso no Facebook, já que costuma circular por lá, mas desenvolver esse tema é esforço de raciocínio e reflexão.

Muitos candidatos saíram reclamando, deputados ficaram irados e até a mídia ficou um tanto indignada.

Não deveriam.

A garotada teve um espaço único para pensar sobre um assunto que talvez não tenha merecido sua atenção até então. Alguns talvez tenham ''entrado no jogo'' do ENEM, tentando emitir opiniões contrárias à sua própria misoginia e exaltando os direitos da mulher. Outros talvez já tenham discussão acumulada sobre o tema e outros ainda, talvez tenham se revoltado com o assunto e chutado o balde. Espero que as moças tenham, algumas delas vítimas também de violência, preconceito e humilhação, tido seu dia de redenção.

Os deputados conservadores que sempre revelam seu ódio contra a mulher, preferiram ao invés disso atacar o exame, simploriamente chamando-o de petralha. Pobreza.

E a mídia teve a dura missão de, fazendo malabarismo, tentar criticar a prova sem ofender as mulheres.

O feminismo e a violência contra as mulheres não agrega ao consumo ou aos bens de produção, portanto não faz o jogo do capitalismo e da direita. O que vão fazer com isso? Lucrar?

Porém, embora majoritariamente a esquerda se preocupe com o tema, é certo também que homens de esquerda misóginos se encontram aos montes, portanto, que ninguém reivindique para si esse monopólio que deve fazer parte da evolução da humanidade, quer conservadores queiram ou não.

Outra contribuição que o tema ofereceu à Educação está no fato de que no próximo ano os colégios devem se debruçar sobre outras temáticas menos ''utilitárias'', o que poderá ser fator importante de combate à tendência fascista que tentam todos os dias incutir em nossos jovens.

Espero que o ENEM do próximo ano avance ainda mais e possibilite a reflexão sobre outros temas como homofobia e aborto, por exemplo. Ou até mesmo o fascismo.

Até lá.




segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Aqui é a terra dos democratas!

Por Fernando Castilho



Charge: Latuff


As demonstrações do crescimento do fascismo, não só em São Paulo, mas também em outras praças do Brasil, são de meter medo em qualquer um que preze os valores democráticos conquistados a tão duras penas.

Desde o fim da eleição presidencial de 2014, com a vitória de Dilma Rousseff, basta alguém sair às ruas de camisa vermelha, para ser molestado por revoltados on e offline.

À princípio imaginado como passageiro, parece que o fenômeno não para de crescer, insuflado diariamente pela grande mídia que não cessa de tentar implicar somente petistas, no escândalo de corrupção da Petrobras, ao mesmo tempo que protege os tucanos e demos, igualmente ou mais envolvidos.

Em tempos de crise econômica, mesmo que não tão forte como pretende a mídia, o fascismo sempre é ressuscitado, como na charge de Latuff.

Há chance de volta da ditadura?
O blogueiro pensa que não, uma vez que as Forças Armadas se pronunciam contra o golpe. Além disso, a democracia, ainda que jovem, se constitui em porto seguro para investimentos externos ou internos, desenvolvimento de negócios, instituições fortes, etc.. Não acho que a estrutura que se montou no país nesses anos após a queda do regime deseje a instabilidade política e econômica novamente.

O mais alarmante e triste realmente, é o comportamento psicótico dos impeachloides do chamado tucanistão, a cidade de São Paulo. A intolerância e o ódio que vêm sendo implantados há anos por colunistas raivosos de jornais, revistas, TV e rádio, interferem na capacidade de análise e reflexão, como se fossem uma espécie de programação à que eles não conseguem resistir. Percebam, pelos vídeos, que se comportam quase que como zumbis, olhos estalados, expressão raivosa, berros...

Mas se antes bastava uma camisa vermelha para ser agredido pelos raivosos, agora não.

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega foi agredido verbalmente dentro do Hospital Albert Einstein e durante um jantar num restaurante. Pelo menos as pessoas que o hostilizaram no restaurante foram interpeladas judicialmente e tiveram que lhe pedir desculpas.

O ex-ministro Alexandre Padilha também foi hostilizado em um restaurante em São Paulo.

A própria presidente Dilma foi xingada por dois brasileiros na Universidade de Stanford nos Estados Unidos.

Até o defunto do ex-ministro José Eduardo Dutra não foi poupado em seu velório em Minas Gerais.

No aeroporto de Fortaleza um homem organizou os xingamentos a João Pedro Stedile, líder do MST.

Mas a cereja do bolo foi o barraco na Livraria Cultura.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, acompanhado de seu secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, participava de uma sabatina da rádio CBN, quando um grupo de manifestantes começou a gritar ''SUPLICY, VERGONHA NACIONAL!''.

Gente, o Suplicy, o homem que não mata mosquito!

Por que o Suplicy e não o Cunha?

Suplicy completou em 2014, 23 anos de legislatura sem ter nenhum processo contra si.

Embora reconhecido pela honestidade e pela ética, não se reelegeu ao Senado pois os paulistas preferiram José Serra, este sim, envolvido em alguns processos, inclusive o do trensalão que a mídia não comenta.

O secretário tentou ainda conversar com as pessoas, mas os gritos o impediam. Então, preferiu se retirar.

Durante a manifestação, uma das pessoas mais exaltadas, uma tal de Celene agrediu um rapaz com soco inglês enquanto berrava ''NÃO ME EMPURRA, NÃO!'' O rapaz, meio atônito, tentava argumentar que ele não a empurrara, mas a cada tentativa ouvia mais berros.

Fechou a bagunça com chave de ouro: ''AQUI É A TERRA DOS COXINHA!'' (sic)

Descobriu-se mais tarde que a senhora fora candidata em 2012 à prefeitura de São Lourenço, Minas Gerais, pelo Psol!

Na sua página no Facebook, circulam alegremente em selfies Reinaldo Azevedo, a esposa do juiz Sérgio Moro da Lava Jato, Aécio Neves e outros tucanos.

É no mínimo curioso que a Celene, embora seja proprietária de um hoteleco 1 estrela no Espírito Santo, tenha sido candidata em São Lourenço e viaje o tempo todo pelo Brasil hostilizando petistas. Quem a sustenta?

Outro fato curioso é Haddad e Suplicy terem caído na arapuca da Livraria Cultura.

O fato de passar por sabatina da CBN deve ser encarado como normal e democrático. Mas é estranho que não tenha sido no estúdio e sim num lugar bastante frequentado...

Sérgio Herz, o dono da Livraria Cultura, é tucano de carteirinha e feroz opositor do PT e de Dilma Rousseff.

Parece que tudo não passou de coisa armada para que se criasse o constrangimento.

Suplicy afirma que foi a primeira vez que o hostilizaram pois sempre foi recebido com carinho em todos os lugares. Não é homem de processar quem o agride verbalmente. Mas deveria.

Haddad tem o dever de investigar a armação de que foi vítima e processar os responsáveis. 

Embora no vídeo um homem brade que está exercendo sua liberdade de expressão, há que se respeitar a Constituição que garante que todo cidadão tem o direito de ir e vir e frequentar lugares públicos sem ser molestado.

O Ministério Público tem o dever de investigar esses grupos que vão crescendo sem ser incomodados. Começam sem agredir fisicamente, mas logo passarão a fazê-lo. Aí pode ser tarde.Se vai dar em alguma coisa, não se sabe, mas o simples fato de não deixar barato e dar alguma dor de cabeça aos descabeçados já é alguma coisa.

É preciso agora, a cada hostilidade, que se processe os responsáveis para mostrar que não se tolera o fascismo.

Se o ovo da serpente chocar, ficará incontrolável.

Daí, não haverá mais o que fazer.

Foi o que aconteceu na Alemanha de Hitler, em Portugal de Salazar, na Espanha de Franco...





domingo, 18 de outubro de 2015

O terceiro turno acabou e Dilma venceu

Por Fernando Castilho

Charge: Aroeira
A revelação de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha tem 4 contas na Suíça com dinheiro não declarado caiu como uma bomba nos colos dos tucanos e dos demos.

Não esperavam. Estavam, como lembrou o jornalista Jânio de Freitas, taradinhos pelo golpe. Talvez já quase chegando lá.

Agora, mais do que preocupados por verem seu projeto fazer água, sentem a paúra de quem pode ser descoberto a qualquer momento pelo mesmo motivo.

Não é exagero imaginar isso pois TODOS os golpistas do PSDB, do DEM, do Solidariedade et caterva enfrentam algum tipo de problema na Justiça. Alguns como Aécio Neves, Aluízio Nunes Ferreira e Agripino Maia, foram citados nas delações premiadas da Lava Jato.

Dou uma pausa e vou à uma certa revista da marginal Pinheiros.

A Veja, aquele resquício de revista que hoje mais parece um panfleto do PSDB, publicou uma capa na edição deste domingo, 18, mostrando Dilma e Lula de mãos dadas com Cunha enquanto o tubarão de Spielberg avança sobre eles personificando a operação Lava Jato.

Nada mais grosseiro. Ciente de que seus já poucos leitores estão devidamente doutrinados e tratarão de repercutir como papagaios durante a semana o assunto nos escritórios em que trabalham, a revista tenta desesperadamente a salvação do golpe.

Veja PRECISA que um golpe seja dado e a presidenta derrubada. Devido à queda nas vendas, é obrigada a toda semana a distribuir exemplares gratuitamente para poder segurar artificialmente a tiragem no IVC, Instituto Verificador de Comunicação, cujos números são usados pelos anunciantes para poderem se certificar que seu produto será visto por um grande número de pessoas. Mas até quando?

Os tucanos já garantiram, não só à Editora Abril, mas também à Folha, ao Estadão e à Globo, uma ajuda do BNDES, caso voltem ao poder. É por isso que Dilma e Lula são massacrados todos os dias.

Muita gente não compra a revista, porém vê a capa nas bancas de jornais e nos supermercados. A Veja conta com esses úteis analfabetos políticos.

Porém, para quem ainda consegue ter neurônios para fazer legações sinápticas, a capa da revista não funciona.

É só raciocinar um pouco.

Com Eduardo Cunha na presidência, o impeachment de Dilma pode ser votado a qualquer momento.

Cunha tem verdadeiro ódio e rancor contra Dilma, justamente porque ela republicanamente deixa a Procuradoria Geral da República, o Ministério Público e a Polícia Federal agirem livremente. Não interfere e desta forma, não há como brecar sua saída da presidência da Câmara, nem abafar o processo.

É certo que o STF deu também um chega pra lá em Cunha, determinando que ele não siga nenhum rito regimental visando o impeachment, mas siga somente o que a Constituição preconiza. Mas mesmo assim, ele já deu sinais de que pode desobedecer o Supremo.

Da parte do governo, é fundamental que Cunha saia para que o impedimento não prospere.

Embora a mídia tenha divulgado esta semana que havia um acordo entre o governo, o PT e Cunha, a notícia, que rapidamente foi desmentida, estranhamente sumiu.

Portanto, a capa da revista é um non sense total. Mais nada,

Voltando agora onde parei

A oposição esta semana lembrou seus dias de glória, quando cometeu patacoadas no estrangeiro, no caso, na Venezuela.

Logo após a divulgação das contas secretas de Cunha, o deputado Carlos Sampaio defendeu o presidente da Câmara, o que gerou mal estar entre as hostes golpistas.

Mais tarde outros próceres da oposição resolveram fingir que não mais apoiavam Cunha, mas o fingimento logo se revelou. São alguns dos tais milhões de Cunha daquela faixa.

Assim como a Veja, a oposição PRECISA que Eduardo Cunha apresente o impeachment de Dilma urgentemente e que ele seja aprovado.

Derrubada a presidenta, tratarão de impor novas regras à PGR, ao MP e à PF. Engavete-se tudo, que a Lava Jato prenda alguns empreiteiros por curto período e que o assunto morra por aí. Depois comemoraremos com uísque paraguaio e chocolates suíços.

Se isso não for feito, poderão eles ser denunciados e presos.

O governo da Suíça já afirmou que possui uma lista de 100 políticos brasileiros que tem contas secretas naquele país.

Alguém poderá perguntar: e os políticos do PT?

Não vi até agora nenhuma preocupação da presidenta em poupar ninguém.

Dois foram ultra celeremente condenados, mesmo que, convenhamos, sem as devidas provas, Dirceu (lógico) e Vaccari.

Pode ser que demore, mas se os nomes da oposição surgirem em novas denúncias, desta vez é o STF que vai dar as cartas e não o seletivo juiz Moro.

E o STF já vem demonstrando que não está para palhaçadas.

Portanto, o que se conclui é que Eduardo Cunha virou moeda de troca.

Se ficar, apresenta o impeachment e depois cai, uma vez que perde a utilidade.

Se sair, o impeachment será postergado até que o possível sucessor de Cunha, o deputado Waldir Maranhão do PP do Maranhão resolva aplicá-lo. Como também Maranhão enfrenta problemas na Justiça, há grande incerteza se ele embarca no golpe.

Embora o blogueiro tenha sido pessimista nos últimos textos, chegando mesmo a acreditar que o golpe viria inexoravelmente, após as revelações da Suíça, tudo muda.

Ninguém pode sugerir que a Suíça tenha motivações políticas no Brasil e isso é extremamente importante para que suas provas não sejam desqualificadas.

O terceiro turno acabou, após um ano.




domingo, 11 de outubro de 2015

Depois do golpe paraguaio afogaremos as lágrimas num uísque idem?

Por Fernando Castilho

Imagem: folhapress
Votei num governo de esquerda e ganhei um quase de direita.

Essa frase está sendo dita por muitos que como eu se viram frustrados após a montagem dos ministérios de Dilma, além dos ajustes fiscais.

Mas votei num governo honesto e ganhei um governo honesto, frase não muito dita por aí.

E democrata que sou, aguardo 2018, afinal, há uma crise econômica no mundo todo e nem a oposição conseguiria resolver. Vejam que o ministro da fazenda é Joaquim Levy, que caberia como uma luva num hipotético governo Aécio Neves.

Mas e quem votou num deputado ou senador, imaginando-o honesto e ganhando um escroque?

Percebam que, por incrível que pareça, esse Congresso da atual legislatura parece um antro de bandidos da pior qualidade, chefiado na Câmara por Eduardo Cunha e no Senado por Renan Calheiros.

Salta aos olhos a injustiça que São Paulo cometeu com Eduardo Suplicy. Tantos anos como senador, com atuação dinâmica e importante, honesto, sem nenhum processo contra si, foi trocado por José Serra, com vários processos na Justiça e vendilhão do pré-sal, nossa maior riqueza, para os americanos. Uma vingancinha contra Haddad que pode virar uma vingança contra todo o povo brasileiro.

Bem, mas as pessoas saíram às ruas contra a corrupção!

Não, não, não. A indignação com a corrupção não foi o motivo, combinemos.

Foi só para acabar com o PT, esse partido meio esquerdista que quer igualar o pobre à classe média. Onde já se viu! Às nossas custas, não!

É icônica a faixa ''somos todos Cunha'' que circulou nas manifestações daquela gente de tez rosada envergando camisetas da seleção brasileira de futebol.

Gente para a qual a mídia dá destaque. Destaque que não vale para os estudantes e professores que saem também às ruas para protestar contra o fechamento de escolas estaduais por parte do governador Geraldo Alckmin. A tez agora é morena, as camisetas não são verde-amarelas, não sai na mídia e a repressão é violenta por parte da polícia militar.

Assistimos assustados e estupefatos a agenda do golpe sendo cumprida à risca.

A mídia, os partidos de oposição, o PMDB, Cunha, o Judiciário e o TCU estão unidos no que poderia ser chamado eufemisticamente de uma ''organização'' destinada a dar o golpe em Dilma Rousseff. Todos tem suas funções bem definidas e sabem exatamente quando executá-las.

A ''organização'' PRECISA derrubar Dilma o quanto antes, afinal, há investigações chegando a seus membros. A senha está vindo da Suíça.

A Operação Zelotes que jamais é citada pela mídia e que investiga um volume de corrupção três vezes maior do que a Lava-Jato, pode incriminar toda a corja.

Portanto, o impeachment e a consequente nomeação de outro presidente, seja Temer ou Cunha, pode acabar com a independência do Procurador Geral da República, do Ministério Público e da Polícia Federal, o que colocaria um fim nas investigações.

Ia tudo muito bem na agenda da ''organização''. A pisada na bola se deu com Cunha. Jamais a ''organização'' poderia supor que a Suíça o desmascarasse.

Ainda tentaram esconder o sol com a peneira, mas aquele país não parou de enviar documentos.

O TCU com seu bando de ministros de mentirinha, quase todos envolvidos em fraudes e denúncias, foi escalado para dar o soco final no estômago que derrubaria a presidenta.

As tais pedaladas fiscais que não passam de medidas destinadas a fazer cumprir prazos e evitar atrasos nos repasses do Bolsa Família, do Minha Casa, Minha Vida e também do Seguro Desemprego, apenas revelaram a preocupação da presidenta com os que mais precisam.

Foram classificadas como ilegais, mesmo não tendo causado prejuízos aos cofres públicos, mesmo não tendo sido embolsado um centavo e mesmo tendo todos os presidentes, desde Getúlio Vargas, lançado mão do instrumento, uns com motivos mais nobres, outros bem menos, como FHC que as usou para socorrer bancos.

E é com isso que os bandidos vão tentar dar o golpe final na próxima terça-feira, 13. O circo está montado.

A ideia é brilhante: Cunha apresentará o pedido de impeachment feito por Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, mesmo que não tenha sido considerado consistente pelos técnicos que os analisaram. Mandará arquivá-lo.

Então a oposição presente entrará com recurso no plenário, baseado no parecer do TCU, imaginando que poderá ter 342 votos dos 513 deputados.

Assim, não caberá a Cunha, desacreditado e morto politicamente, deflagrar o processo.

Simples. Depois disso, ele poderá ser afastado da Câmara. Cumpriu seu papel, será descartado.

Estaria então deflagrado o chamado ''Golpe Paraguaio'', em alusão ao golpe sofrido pelo presidente Fernando Lugo em 2012. Lembro que Lugo não tinha contra si nenhuma acusação de improbidade, mas mesmo assim foi destituído do cargo por, digamos assim, não gostarem dele. O Tribunal Superior Eleitoral daquele país foi quem julgou procedente o impeachment, mesmo tendo sido desrespeitada a Constituição.

Dessa forma o Paraguai é hoje conhecido no mundo inteiro como uma republiqueta das bananas.

Seria esse o futuro do Brasil?

É interessante observar que o primeiro mandato de Dilma teve ampla aprovação por ter sido exitoso.

Porém, em junho de 2013, a presidenta viu despencar sua popularidade de 57% para 30% e nunca mais a recuperou.

Após isso veio a campanha eleitoral, culminando em sua vitória apertada por 51,64% dos votos.

Já faz um ano que o golpe vem sendo construído dia a dia por aqueles que não se conformam com o resultado das eleições.

Imaginam eles que os 7% de aprovação que Dilma tem hoje lhes dão legitimidade e segurança para prosseguir.

Imaginam que a transição será tranquila.

Sequer passa por suas cabeças que essa pesquisa pode não refletir a verdade.

Explico. A pergunta era: ''aprova o governo Dilma Rousseff?''

Ora, se eu fosse pesquisado também responderia que não. Não está bom mesmo.

Mas se a pergunta fosse: ''apoia um golpe contra Dilma Rousseff?'', o índice não seria o mesmo, podem crer.

E as pessoas vão sair às ruas, não os rosados, mas os morenos, aqueles que viram sua vida melhorar nos últimos 12 anos e não querem um retrocesso. E eles não serão, digamos assim, cordatos.

A convulsão social, seguida da econômica trará grandes problemas ao país.

Não se trata de exercício de futurologia. Os investimentos estrangeiros certamente serão cortados, uma vez que a confiança no país despencará, a inflação subirá, o desemprego aumentará e a população precisará ser reprimida pelo exército.

Enfim, o cenário é apocalíptico.

Se esses bandidos irresponsáveis não enxergarem isso o quanto antes, isso é o que o futuro pode estar nos reservando.

E no futuro próximo, a História haverá de cobrar suas responsabilidades,





segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Roberto Inaba: O país dos sonhos

Por Roberto Inaba


Imagem: Internet
Como seria o país dos sonhos?

Provavelmente teria o PIB chinês, a educação e disciplina japonesa, os políticos suecos e a precisão e produtividade alemã.

Teria também os direitos trabalhistas da França e um sistema público de saúde como da Inglaterra.

A educação só poderia ser padrão da Finlândia.

O trânsito seria tranquilo como na Holanda e o transporte público como na Dinamarca.

O preço da gasolina da Venezuela seria o ideal, já o salário mínimo deveria ser igual ao da Austrália e a segurança como na Islândia.

Esse país dos sonhos ficaria num lugar do planeta com clima ameno o ano inteiro e onde não houvesse terremotos, furacões, vulcões e nem tsunamis.

O país dos sonhos teria ainda grandes extensões de terra boas para lavoura, muitos rios com abundância de água potável e praias lindas como as do Caribe.

Seria muito bom também que o país dos sonhos contasse com o petróleo dos países Árabes, minério de ferro como o Brasil e cobre como o Chile.

Esse pais dos sonhos deveria ter também o avanço tecnológico dos EUA mas com a preocupação ecológica da Suiça.

Infelizmente esse país dos sonhos não existe.

sábado, 3 de outubro de 2015

1954, 1964 e 2015, semelhanças e e diferenças

Por Fernando Castilho


Tanta gente ressaltando as semelhanças do momento político atual com os anos de 1954 e 1964 e muito, mas muito mais gente com deficiência no conhecimento de uma perspectiva histórica que não sabe, não viu e não conhece as semelhanças e as diferenças entre os três períodos, me motivaram a fazer esta tabela, uma espécie de infográfico.

Foram ressaltados os pontos principais, podendo haver outros que não lembrei ou não considerei expressivos.

No caso do governo Dilma, por não ter sido concretizado, ao menos até esta data, o golpe, pode haver um certo exercício de futurologia.


Convido o leitor a analisar o gráfico e fazer uma análise dos dados.

Se houver alguma imprecisão nos dados, por favor, me corrijam.

sábado, 26 de setembro de 2015

Para as Marias que vão com as outras

Por Fernando Castilho


Imagem: Blog do Aluisio Amorim
As pessoas que defendem a defenestração de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, a prisão de Lula e o fim do PT, não o fazem por causa da corrupção, está claro.

Sobre a honestidade da presidenta não paira dúvidas, fato reconhecido até por FHC.

Sobre Lula, a mídia e a oposição tentaram criminalizar o lícito de apresentar empresas para obras no exterior e de receber doações dessas mesmas empreiteiras, mas esbarraram nas corretas prestações de contas do Instituto Lula e também na coincidência de que naquele exato momento Obama levava empresas americanas para Cuba. Além disso, FHC também recebe doações para seu instituto. Então não deu.

Eduardo Cunha até agora é o único político que pode ser preso com provas (esqueçam o tesoureiro do PT, Vaccari que está preso sem nenhuma prova, já que não haveria como saber se as doações para campanhas eram dinheiro de propinas ou não, certo?), mas nem por isso alguém saiu às ruas para protestar contra ele.

Aécio Neves, além do aeroporto construído em terras de seu tio-avô, tem agora contra sí a divulgação feita pela Folha a pedido, possivelmente de José Serra ou de Geraldo Alckmin, de que fez 124 viagens ao Rio de Janeiro em finais de semana com jatinho oficial. E ninguém bateu uma mísera panelinha que fosse. Talvez só Serra ou Alckmin.

Portanto, não é pela corrupção.

E se o motivo não é esse, qual seria?

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Renata Gouveia Delduque: 1968 - O ano que não terminou

Por Renata Gouveia Delduque no http://gvive.org.br/

Antes do texto gostaria de fazer algumas considerações.

O Brasil possuía em alguns colégios chamados vocacionais um ensino de qualidade equivalente aos países de primeiro mundo. 

Porque é muito mais fácil destruir que construir, uma vez que a ditadura acabou com esses colégios, enfrentamos hoje a luta diária de tentar melhorar a Educação.

As verbas do governo federal existem e são repassadas aos estados e municípios que são os encarregados de gerenciar sua aplicação até o Ensino Médio.

Como a maioria dos estados e municípios são governados pela direita que representa a continuidade do pensamento dos militares, a Educação continua patinando. Não há perspectivas boas no horizonte.

Porém, a nos dar alguma esperança, há ações importantes no âmbito do governo federal, como PROUNI, FIES, cotas, Pronatec, criação de 18 universidades federais, enquanto FHC não criou nenhuma.

Mas vale muita a pena ler este texto, pois além das questões políticas, há também aquela delícia de conhecer como era um colégio vocacional, através das lembranças de uma aluna, Renata Gouveia Delduque. E com que tenura ela o faz!

Vamos ao texto!