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terça-feira, 30 de maio de 2023

Lula e o velho embate meio-ambiente X desenvolvimento

Por Fernando Castilho



É muito cômodo, porém, também leviano, sem aprofundar a questão do ponto de vista técnico, mas também político, optar por um lado ou por outro.


Nossa grande imprensa, talvez tentando reviver os tempos em que desdenhava da descoberta de petróleo em águas profundas no ano de 2006, chamado de pré-sal, assim que foi revelado que a Petrobras tem planos de explorar a extração do produto na foz do Amazonas, tentou, além de novamente desqualificar o projeto, informar erroneamente o leitor induzindo-o a pensar que os poços seriam perfurados na nascente do rio. Além disso, omitiu inicialmente que eles se localizariam a 530 km da foz do Amazonas, distância maior que a de São Paulo ao Rio de Janeiro.

Era evidente a intenção de criar uma cizânia dentro do governo Lula, já que o Ibama, subordinado ao Ministério do Meio-Ambiente, comandado por Marina Silva, inicialmente se opôs ao projeto solicitando mais informações por parte da Petrobras. Para a imprensa, a ministra reeditaria seu inconformismo que a levou a deixar o governo Lula em seu segundo mandato e repetiria o ato.

Segundo a Agência Pública, o projeto da Petrobras para a Margem Equatorial, na Foz do Amazonas, compreende uma extensão de 2.200 km ao longo da costa brasileira. Ele vai do extremo norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, ao litoral do Rio Grande do Norte, e prevê a perfuração de 16 poços exploratórios de petróleo.

O ex-deputado estadual por São Paulo e ex-presidente da Comissão da verdade, Adriano Diogo, concedeu entrevista em que, como geólogo, expôs seu parecer acerca da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas e esclareceu vários pontos que a mídia não se preocupou em explicar.

1 – Em tempos em que os continentes americano e africano eram ligados, o rio Amazonas corria em sentido contrário. Com a gradativa separação dos continentes e a elevação da Cordilheira dos Andes, por força da gravidade, o rio passou a fluir com seu sentido invertido, como é nos dias de hoje. O espaço de floresta que foi sendo inundado com a separação dos continentes formou, devido à pressão das águas, o petróleo depositado no fundo do mar;

2 – Esse depósito de petróleo, diferentemente do pré-sal que o retira a profundidades de quilômetros, não se localiza em águas profundas, o que torna sua exploração bem mais fácil e com muito menos risco de vazamentos ou outros acidentes;

3 – A Petrobras é hoje a companhia que explora extração de petróleo com maior tecnologia e segurança no mundo.

4 – Os possíveis poços se localizarão a 530 km da foz do Amazonas e 160 km da costa do Amapá. Atualmente a vizinha Guiana já explora petróleo na região através da ExxonMobil que anuncia mais três novas descobertas naquele país. A petroleira norte-americana já ampliou a produção para quase 11 bilhões de barris de óleo. Cumpre notar que a companhia, notoriamente, não possui a mesma rigidez em segurança que a Petrobras;

5 – Na hipótese de um vazamento de óleo, devido às correntes marítimas, o produto seria carregado para nordeste da localização dos poços, não chegando à costa do Amapá;

6 – O pedido de licenciamento ambiental, por enquanto, se refere à autorização de execução de testes no local para aferição da viabilidade comercial do empreendimento;

7 – O Ibama não fechou as portas definitivamente à exploração do petróleo, mas solicitou estudos mais específicos e complementares;

É neste ponto que começa o debate. E começa com uma singela pergunta: o Brasil precisa mesmo desse óleo?

É certo que hoje em dia acontece uma busca pela transição da matriz energética dos combustíveis fósseis para a das fontes de energia renováveis e limpas. À primeira vista somos tentados a achar que em breve o petróleo não mais será necessário, perdendo sua importância para a energia solar, eólica, elétrica e outras. Mas não é bem assim. O petróleo não é utilizado somente para mover veículos. A indústria química utiliza petróleo, a de cosméticos utiliza petróleo, os plásticos de todo tipo são obtidos através do petróleo. Enfim, precisaremos explorar petróleo ainda durante muito tempo. Portanto, é necessário que a Petrobras continue a prospectar o produto.

É certíssimo também que as mudanças climáticas estão ocorrendo em velocidade cada vez maior e, por isso, preservar o meio-ambiente é crucial para o futuro próximo da humanidade. Estudos demonstram que já podemos ter ultrapassado a linha em que não mais é possível voltar para corrigir os efeitos dos gases que transformam a Terra numa gigantesca estufa, aquecendo-a em pelo menos 1,5º C de temperatura média já nesta década, o que já está causando, além do calor, desastres climáticos em várias partes do planeta.

Fora tudo isso, o governo brasileiro tenta desesperadamente reverter seu conceito mundial de destruidor do meio-ambiente criado em 4 anos de governo Bolsonaro. É essa retomada da preocupação ambiental que gerará investimentos externos não só para a preservação da floresta amazônica, como também para a própria economia do país. A abertura de novos poços de petróleo na foz do Amazonas, pelo menos neste momento, não seria vista com bons olhos pela comunidade mundial, pois seria uma contradição a tudo aquilo que Lula falou lá fora há apenas alguns meses.

Esse é o debate que tem que ser feito, minha gente.

É muito fácil e também leviano, sem estudar e debater técnica, mas também politicamente a questão, tomar partido por uma ação ou sua reação. Convém deixar a definição desse assunto para um momento mais favorável.

Não nos deixemos contaminar pelo desejo de cizânia dentro do governo Lula que a mídia está o tempo todo alimentando.

Estes 4 anos serão de transição em que se deve buscar reverter todas as medidas destruidoras do governo passado, trabalhar para implementar outros projetos que recuperem o bem-estar da população e reduzir substancialmente o ódio tão cultivado por Bolsonaro.


segunda-feira, 22 de maio de 2023

Só Lula quer o fim da guerra?

Por Fernando Castilho



Washington não vai assistir passivamente um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.


Quando Lula propôs a criação de um clube de nações que se empenhariam em discutir e encontrar soluções para o conflito entre Rússia e Ucrânia, Joe Biden torceu o nariz e Reino Unido e União Europeia ouviram atentamente, mas, como sempre, acabaram indo a reboque do pensamento dos EUA, fazer o quê? Afinal, os americanos mandam no mundo há décadas e ninguém tem a coragem de desafiá-los, até porque eles detêm o maio arsenal de armas do planeta. Por isso, invadem países, provocam guerras híbridas que derrubam governos e desrespeitam sem cerimônia resoluções da ONU desfavoráveis a embargos econômicos como o imposto a Cuba.

Biden nunca vai apoiar qualquer iniciativa de encerramento desse conflito por 2 razões muito simples. A primeira é conhecida de todos: são os americanos que mais lucram com a guerra produzindo e vendendo armamentos pesados.

A segunda razão está na geopolítica americana.

A China, ainda chamada de economia emergente, está empenhada em refazer a rota da seda, desta vez não com esse produto, mas com tecnologia e indústria, principalmente.

O G7, em reunião em Hiroshima, condenou o país de Xi Jinping por estender seus tentáculos pelo mundo como se os EUA nunca tivessem feito isso pela violência. A China o faz com comércio.

A supremacia mundial, econômica e militar dos americanos vem sendo ameaçada pelo País do Centro e as projeções já apontam que nas próximas décadas ela deixará de existir. Teremos um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.

Washington não pode assistir passivamente à sua derrocada, por isso, elaborou um plano de ataque.

A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, ampliou significativamente sua presença nos países que estão próximos à Rússia e se empenha ativamente para construir uma base na Ucrânia, sonho que povoa obsessivamente a mente de seu presidente, Volodymyr Zelenski.

Se essa base for construída, mísseis poderão atingir Moscou em apenas 8 minutos, o que inviabiliza qualquer tentativa de defesa.

Claro que a OTAN não fará isso e nem talvez tenha essa intenção. O objetivo é o de manter uma ameaça muito próxima.

Foi por isso, tão somente que Vladimir Putin iniciou a guerra. Não poderia assistir à essa ameaça passivamente, sob pena de ver seu país, na sequência, ser obrigado a ceder a qualquer exigência dos americanos, já que possuiria uma arma apontada para sua cabeça o tempo todo.

Putin, e, principalmente, Xi Jinping, sabem que uma vez curvada a Rússia, o próximo objetivo seria a China.

Diante de um gigantesco poderio, restaria à China ser subjugada, retornando o comando mundial aos EUA, ou resistir através de uma guerra de proporções inimagináveis.

Diante de uma possibilidade de consequências catastróficas que podem incluir a aniquilação total do planeta devido ao uso de armas nucleares, caberia a uma das duas forças ceder para evitar o desfecho final da humanidade.

O mundo ocidental não hesitaria em escolher seu inimigo preferencial, o Oriente e o lado escolhido na batalha seria o dos americanos, pois estes jogam sempre pesado.

Não restaria à China outra alternativa que a rendição e submissão aos interesses ocidentais.

A íntegra do discurso de Lula no G7 de Hiroshima pode ser lida nas entrelinhas como a certeza de que é esse o plano dos americanos e é por isso que ele criticou tão duramente o próprio grupo e a ONU, tão habituada a ceder aos interesses de Washington.

O convite a Lula para ir ao G7 foi uma tentativa de armadilha para que ele, de alguma forma, se posicionasse a favor da Ucrânia, o que comprometeria sua posição pela busca da paz e fortaleceria os interesses de Biden e da OTAN. Mas o ex-líder metalúrgico, habituado a inúmeras tentativas de colocá-lo contra a parede, inverteu o jogo e criticou duramente o próprio G7 e a ONU.

Desta forma, quem saiu fortalecido de Hiroshima foi Lula e o governo brasileiro.


quarta-feira, 3 de maio de 2023

A agora, Valdemar?

Por Fernando Castilho



Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.


Valdemar Costa Neto é um caso a ser estudado.

Foi preso durante o processo do mensalão, sumindo por uns tempos após pagar a pena. Voltou com toda força durante a campanha para reeleição de Jair Bolsonaro, talvez animado pelas promessas do capitão de que este seria reconduzido ao cargo, seja através da vitória na eleição, garantida pelo uso frenético da máquina estatal, das operações da Polícia Rodoviária Federal que impediria eleitores de Lula de comparecer aos locais de votação, do ralo de dinheiro público em que se transformou o Auxílio Emergencial e as emendas do orçamento secreto concedidas a correligionários, ou seja através de um golpe com apoio dos militares, caso não reunisse os votos necessários. Não havia como não dar certo.

Valdemar confiou em Bolsonaro, mesmo se humilhando perante o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, quando este aplicou uma multa milionária a seu partido por ter usado de má-fé ao questionar as urnas eletrônicas.

Mesmo após a derrota nas eleições, Costa Neto não titubeou ao oferecer uma luxuosa casa para o capitão e sua esposa Michelle em bairro nobre de Brasília, além de um polpudo salário para o casal, fruto do Fundo Partidário, dinheiro que nós, brasileiros, pagamos através de nossos impostos.

Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.

O PL havia elegido a maior bancada da Câmara e precisaria da liderança de um homem acima de qualquer suspeita, honesto, patriota.

Assim foi o sonho de Valdemar.

Mas as denúncias começaram a surgir de vários lugares. A mentoria da tentativa de golpe de 8 de janeiro, o caso das joias desviadas e, agora, a falsificação do cartão de vacina.

Valdemar ainda tenta afirmar à imprensa que tudo vai ser esclarecido porque seu mito é um homem correto, mas nem ele crê mais nisso.

A verdade é que a Polícia Federal começa a comer a pizza pelas bordas. O caso da falsificação do cartão de vacina não tem nem de longe a mesma gravidade da sabotagem à vacinação dos brasileiros que resultou em centenas de milhares de mortes daqueles que seguiram o que seu presidente falava na televisão e nas redes sociais, mas, como os casos estão interligados, com certeza, haverá, mais cedo ou mais tarde, responsabilização do ex-mandatário, o que ainda não aconteceu devido à omissão criminosa do Procurador Geral da República, Augusto Aras.

A operação deflagrada hoje, 3 de maio, pode ter sido uma espécie de estratégia para que a PF pudesse ter acesso ao celular de Bolsonaro, afinal, é nos aplicativos de mensagens que se escondem as conversas que possam ter resultado na trama dos atos golpistas de 8 de janeiro. É por ele que saberemos de quem foi a autoria da minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres. É por ele, também, que saberemos do real envolvimento dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, além de outras conversas nada republicanas.

A prisão de Jair Bolsonaro pode estar mais próxima do que pensamos e é por isso que Valdemar Costa Neto está agora apavorado.

Não seria adequado ao PL manter alguém indiciado em vários crimes se o partido pretende continuar a ser o maior do país. Ainda mais um político com direitos cassados por 8 anos. De que serviria?

À esta altura, Valdemar, que pode ser um pouco burro, mas também muito esperto, já deve estar pensando em rever sua escolha para a liderança de oposição contra o governo.

Como escrevi logo após a vitória de Lula, o líder da extrema-direita para 2026 não será Bolsonaro.

Isso já está se desenhando, não é, Valdemar?


sexta-feira, 28 de abril de 2023

O agro é pop, o agro é podre

Por Fernando Castilho



Jair já deveria estar sendo indiciado, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.


Após a exitosa e proveitosa viagem de Lula a Portugal em que não faltou desonestidade por parte da grande imprensa ao “noticiar” que o presidente foi vaiado no parlamento português (apenas 12 deputados do partido Chega!), o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu ir para Lisboa se encontrar com os líderes do partido fascista, aliando-se desta forma a um grupelho sem grande expressão que pretende ressuscitar o que havia de pior no salazarismo.

Bolsonaro insiste em se firmar como pária internacional.

O bolsonarismo, após a tentativa de golpe de 8 de janeiro e a revelação de que seu líder, antes de sair do Brasil em 30 de dezembro do ano passado, só pensava em se apropriar das joias que deveriam ser patrimônio do estado, enquanto seus seguidores permaneciam em frente aos quartéis tomando chuva e defecando em banheiros químicos, recrudesceu. Não se vê mais ninguém nas ruas vestindo camisetas amarelas.

Mas essa situação pode mudar, uma vez iniciada a CPMI que tentará culpar Lula por uma tentativa de golpe nele mesmo. A ver.

Mas enquanto se torna cada vez menor, eis que a feira agrícola de Ribeirão Preto o convida para participar de seu agroshow" durante o feriado de 1º de Maio.

É interessante saber que seus organizadores preferiram receber o ex-presidente e desconvidar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Ora, está nas mãos do ministro propor políticas que poderão beneficiar ou prejudicar o agronegócio, portanto, é notavelmente desproporcional preferir a presença de um político que está sob investigação que poderá torná-lo réu por peculato pela apropriação indébita de joias supervaliosas. Além disso, Bolsonaro certamente se tornará inelegível por 8 anos, tornando-se figura irrelevante nos destinos dos produtores agrícolas.

A ideologia falou mais alto que a possibilidade de aumento de lucros.

Jair já deveria estar sendo indiciado, como lembrou o jornalista Josias de Souza do Uol, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.

O que é preciso lembrar, e este escriba comentou isso em artigo de janeiro, é que o extremismo de direita veio para ficar e seguirá seu caminho mesmo sem Bolsonaro. Este, que não tem apreço pelo trabalho e que durante toda sua vida no parlamento e na presidência procurou todas as formas mais vulgares de ganhar dinheiro, como rachadinhas, funcionários fantasmas, apropriação de presentes que podem significar propinas por entrega da refinaria Landulpho Alves à Arábia Saudita, certamente não será o grande líder dessa extrema-direita e acabará sendo preso, primeiro por peculato, depois por tentativa de golpe de estado.

Enquanto isso, o circo montado pela extrema-direita terá seu primeiro espetáculo na próxima semana.

 


quarta-feira, 19 de abril de 2023

O fim do Império

Por Fernando Castilho



Sem perceber, já amávamos as calças Lee, Chuck Berry, milk shake, carros enormes, etc.


No final da década de 50 e início da de 60, eu era apenas um menino tomando conhecimento do mundo ao meu redor.

O mundo tinha saído da 2ª Grande Guerra, a Europa estava em reconstrução e os Estados Unidos haviam emergido como a grande potência que disputava com a União Soviética a hegemonia mundial.

A televisão e o cinema já começavam a nos mostrar que a única cultura que deveria influenciar nossos jovens era a americana com seu American Way of Life.

Para mim, à época, os Estados Unidos haviam vencido a guerra. Só soube bem mais tarde que na verdade, a União Soviética havia sufocado os nazistas em seu próprio território quando estes tentaram invadi-la no inverno.

Sem perceber, já amávamos as coisas americanas, as calças Lee, Chuck Berry, milk shake, carros enormes, etc.

Veio a guerra do Vietnã e, de repente, já adolescente, como muitos outros, passei a odiar os Estados Unidos. Por pouco tempo.

Chega ao Brasil o McDonalds ganhando o coração, não só dos jovens, mas também, ou principalmente, das crianças.

Os Estados Unidos vencem a guerra fria e se tornam a maior potência mundial.

Uma enxurrada de filmes de ação elege o inimigo da vez, os muçulmanos.

Era preciso destruí-los. Saddam Hussein produzia armas químicas sem parar e era preciso matá-lo.

Os americanos, contra resolução da ONU, invadem o Iraque, caçam e assassinam Hussein. Até hoje não apareceu sequer uma arma química. E o mundo aceitou sem problemas. Depois seria a vez de Osama Bin Laden, que foi assassinado sem que pudesse ser interrogado ou se defender.

Outras invasões em outros países se sucederam, sempre com o pretexto de destruir algum inimigo e restaurar a democracia. Consequência disso é que todos esses países se encontram destruídos, seus povos passam fome, mas a democracia, mesmo que capenga, agora existe. Viva!

Hoje, nos filmes, os terroristas são russos. Amanhã serão chineses. Sempre querem dominar o mundo, mas os Estados Unidos, guardiões da democracia no planeta, os impedem.

Uma nova modalidade de guerra foi criada pelos americanos: a guerra híbrida.

Surgiu a Primavera Árabe destinada a destruir governos e colocar títeres pró-americanos no poder. Seu equivalente no Brasil, as jornadas de junho de 2013, derrubaram a presidenta Dilma através de um golpe com povo nas ruas e incessante bombardeio da nossa grande imprensa. Tudo para botarem a mão em nosso pré-sal.

Lula foi eleito presidente pela 3ª vez e conquista impressionante feito em sua visita à China, trazendo 50 bi na mala e inúmeros acordos comerciais que alavancarão nossa economia nesta década, mas nossa mídia se apavora com a cara de muxoxo que Joe Biden deve ter feito.

Ainda consumimos a cultura norte-americana, através de filmes, seriados, música, moda, comportamento, gastronomia, etc. mas estamos, aos poucos, nos servindo de outras culturas vindas da Ásia, principalmente da Coreia. O k-pop, o k-dorama, os restaurantes coreanos e japoneses, o manga, o anime, e por aí vai.

Precisamos de uma identidade própria, mas somos uma mistura de muitas nações que ajudaram a ser o Brasil que hoje somos.

A China, assim com o Japão e a Coreia, segue uma estética asiática que a maioria dos brasileiros desconhece, exceto aqueles jovens antenados que acampam aguardando por dias um show do grupo coreano, BTS. Eles se identificam por seu vestuário, cabelos e comportamento tipicamente asiáticos.

Conheço muito dessa estética comportamental pelos anos em que vivi no Japão. Ela se repete por quase todos os países do continente.

No meio desse processo de construção de nossa própria identidade, não fará mal nenhum deixar que um pouco da cultura chinesa também desembarque por aqui, afinal, uma cultura milenar que experimenta uma grande transformação poderá ser bem-vinda.

Para quem viveu daqueles anos 50 até hoje, parece estar se esboçando forte e rapidamente, a queda do império americano. Seu poder de influência, apesar do desagrado de nossa grande mídia, diminui cada vez mais a olhos vistos.

Lula dá uma empurradinha também.


terça-feira, 11 de abril de 2023

Um governo com muitas marcas

Por Fernando Castilho



Para os jornalões, impedir um golpe que colocaria o país de joelhos diante de um facínora por muito mais que 4 anos, socorrer em tempo recorde os Yanomami que estavam ameaçados de extinção, recriar programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Mais Médicos, que tinham sido abandonados, não é visto como uma marca.


Abro este texto afirmando que o mês de janeiro foi quase que totalmente prejudicado após os atentados terroristas do dia 8, portanto, o governo Lula não tem de fato 100 dias ainda.

A Folha de São Paulo, em editorial, cravou que o governo Lula não tem marca. O Estadão também tocou nesse mesmo assunto.

Para os jornalões, impedir, em nome da democracia e do estado de direito, um golpe que colocaria o país de joelhos diante de um facínora por muito mais que 4 anos, já que seu desejo era se manter indefinidamente no poder, instaurando uma teocracia, não é uma marca.

Também a atuação de Lula nas questões sociais, desde o socorro ligeiro aos Yanomami que estavam ameaçados de extinção, até a recriação de programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Mais Médicos, não é vista como uma marca. Aliás, os dois jornais se referiram a esses programas como sendo “velharias”, retrógrados. Saudades de Bolsonaro?

A Folha decretou o fim precoce do governo Lula e o Estadão afirma que o governo envelheceu e que Lula está perdido.

As marcas poderiam ser somente essas elencadas acima, mas há outra que esqueceram: o novo arcabouço fiscal festejado principalmente por economistas liberais bem ao gosto dessa imprensa. Sobre isso, não falaram nada.

Não, a imprensa não considera ações na área social importantes. Ela gostaria muito mais que Lula começasse a privatizar estatais. É por isso que dá pontos a Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, que tem uma tara pelas privatizações. Esse vai ser mantido em banho-maria durante 4 anos, alimentando o sonho dos jornais de que ele seja candidato em 2026.

É preciso lembrar que lá, no longínquo início do governo Lula de 2003, nossa grande imprensa já reagia com fúria à criação do Bolsa Família que, segundo ela, iria estimular a vagabundagem.

Não podemos esquecer que, sob Bolsonaro, o Brasil se tornou pária internacional e que agora, sob Lula, investimentos começam a chegar ao país, frutos do reconhecimento da importância da nova administração.

Lula 3 ainda vai sofrer muitos ataques destinados a inviabilizar sua reeleição ou a continuidade dos programas sob outro nome na presidência, mas, assim que os êxitos começarem a surgir, o povo mais pobre, percebendo que tem emprego e mais renda, voltará a aprovar o presidente calando a grande mídia.

Esses 77 dias de governo já foram exitosos no fortalecimento da democracia, dos direitos humanos e na redução das desigualdades.

Um governo que não tem uma marca somente, mas muitas.

Lula tem muito a comemorar.


quarta-feira, 5 de abril de 2023

Lula está perdendo a batalha da comunicação?

Por Fernando Castilho



Perdemos a batalha das comunicações em todos os mandatos presidenciais do PT e, embora sejam ainda apenas 3 meses, parece claro que continuamos a perder.


Domingo, 02 de abril de 2023.

A Folha de São Paulo publica um editorial intitulado “Fio da Navalha”. Lá, após comparar os índices de popularidade de Lula com os de Bolsonaro e Collor nos 3 primeiros meses dos respectivos governos, o jornal se sai com essa: “O começo deixou a desejar. Lula abraçou-se a velharias ideológicas, em especial no terreno crucial da economia, e afastou aliados e eleitores que acreditaram na promessa de uma “frente ampla. Há tempo, claro, de corrigir a rota. Falar e governar tão somente para o segmento mais simpático e ideologizado não trará resultado diferente do que obteve Bolsonaro, acossado pela impopularidade durante todo o mandato.”

O que seriam as tais “velharias ideológicas”? Já teve colunista afirmando que Lula se prende ao passado para governar. O que a Folha quer dizer é que Bolsa Família é algo do passado. Não era coisa do passado quando Bolsonaro mudou o nome do programa para Auxílio Brasil.

O Minha Casa Minha Vida é outra “velharia”. Talvez melhor seria não ter nenhum programa que facilitasse o acesso à moradia por parte dos mais pobres.

O Mais Médicos também pertence ao passado, não é? Para quê, afinal tratar a saúde dos brasileiros que não tem atendimento nos longínquos rincões do país?

E afirmar somente após 3 meses que Lula terá o mesmo destino de Bolsonaro é, no mínimo, decretar o fim de seu governo. Um absurdo!


Domingo, 02 de abril de 2023.

A Veja coloca na capa a manchete: “Até aqui, nem paz nem amor”.

Em seguida lê-se: “Lula se aproxima dos 100 dias de governo longe da meta de pacificar o país. Rancor e espírito revanchista têm impedido o presidente de cumprir a promessa de governar para todos os brasileiros.”

Sim, Lula tem a meta de pacificar o país, mas não seria responsável por parte da revista aguardar até que resultados apareçam? Até porque acabamos de sair de um governo que criou até um gabinete do ódio! A pacificação é um processo e será feita na medida em que os programas sociais começarem a surtir efeitos e a economia apresentar melhores resultados com geração de renda e emprego formal.

Corrigir os malfeitos de seu antecessor não é ser rancoroso nem possuir espírito revanchista. Se o outro destruiu, Lula tem a obrigação de reconstruir.

Todos sabíamos que a grande imprensa, nem passados os 100 dias de governo, iria decretar o fim da trégua, mas atacar dessa maneira uma administração que já fez em pouquíssimo tempo muito mais que o ex-presidente é muito baixo.

Diante de tudo isso, é inevitável a sensação de que há problemas na comunicação do governo.

Não é à toa que, para 29% das pessoas ouvidas pelo Datafolha, Lula faz um mau ou péssimo governo.

É preciso lembrar que Bolsonaro perdeu muitos eleitores depois de 8 de janeiro e após o caso de roubo das joias que era propriedade do Estado brasileiro. A prova é que não havia uma centena de pessoas na sua recepção no aeroporto, quando de sua volta ao Brasil. Boa parte desses 29% e também dos que consideram o governo regular, não estão informados sobre as realizações dos ministérios de Lula.

Perdemos a batalha das comunicações em todos os mandatos presidenciais do PT e, embora sejam ainda apenas 3 meses, parece claro que continuamos a perder.

Estudos recentíssimos mostram que, tanto Bolsonaro quanto senadores e deputados bolsonaristas estão dando de 10 a 0 no governo e nos parlamentares de sua base nas redes sociais.

O que é preciso compreender de uma vez por todas é que hoje as redes sociais TÊM que ser exaustivamente utilizadas em todas as frentes. E com essa afirmação me vem à mente que, enquanto Bolsonaro criou um gabinete do ódio, especializado em utilizar robôs para divulgar fake news, Lula poderia criar o gabinete do amor para, sem robôs – porque esse tem que ser um diferencial de governos progressistas – usar ao máximo a criatividade para bem informar as pessoas.

Mas com um ministro mais preocupado com leilões de cavalos...


quarta-feira, 29 de março de 2023

Não era uma arminha de dedo... Réquiem para a professora Elisabete Tenreiro

Por Fernando Castilho

Foto: ArquivoPessoal/Reprodução/GoogleStreetView

O governo Bolsonaro, que muitos chamam de “governo da morte”, em que até havia um gabinete paralelo intitulado “gabinete do ódio”, responsável por disseminar o ódio e a violência na sociedade, atingiu atingiu crianças e jovens em cheio.


Era uma tarde ensolarada de domingo em Santos, onde vivo. Perto do segundo turno das eleições de 2018.

Caminhando pela avenida da orla, de repente ouvimos, minha esposa e eu, um buzinaço que se tornou ensurdecedor à medida em que uma grande fila de carros e caminhões com faixas Bolsonaro 17 e Bolsodória 45, começou a avançar ostensivamente.

Tudo normal, pensei eu, afinal, faz parte da democracia.

Porém, o inédito nessa carreata eram as crianças nos bancos de trás, numa espécie de frenesi, fazendo arminha com os dedos para os transeuntes, enquanto seus pais buzinavam meio que enlouquecidos. Horripilante!

Para nós, que já participamos de inúmeras campanhas eleitorais, o normal seria o gesto de fazer um coração com as mãos para conquistar mais eleitores, mas os tempos mudaram.

Lembro que comentei com minha esposa: “isso não vai dar boa coisa”. Não deu.

Tecnicamente não é possível atribuir aos 4 anos de governo bolsonarista a tragédia ocorrida na Escola Estadual Thomázia Montoro, afinal, violência contra professores por parte de alunos é um fenômeno que já existia antes de Bolsonaro, mas, cá entre nós, vem aumentando muito nos últimos tempos.

É praticamente inédito que um menino de apenas 13 anos, da 8ª série do fundamental II, que a imprensa insiste em chamar de adolescente, tenha planejado e anunciado em rede social um assassinato com faca e tentado matar outros professores e alunos, além da professora Elisabete Tenreiro de 71 anos, que teve parada cardíaca e faleceu.

O menino participava de conversas com outros de sua idade através de um grupo no twitter, em que exaltavam as façanhas de outros que lograram matar e até se suicidaram logo após. Ele havia anunciado que iria no dia seguinte à escola para matar e se lamentava por não ter conseguido uma arma de fogo para a “missão”.

Não vejo como o twitter, com seus poderosos algoritmos, não consiga detectar conversas como essas e eliminá-las da rede. Consegue, mas não quer.

O professor da rede pública estadual e editor do canal Tiago na Área, Tiago Luz, lembrou muito bem em vídeo que soluções rápidas e fáceis não funcionam para assuntos complexos como este. Além do mais, logo se esquece o fato, até que nova tragédia aconteça e reapareçam as mesmas soluções fáceis. Ele propõe um amplo debate com a sociedade e especialistas, tanto em educação, quanto em segurança e até com psicólogos.

Na escola onde eu lecionava até o fim do ano passado, havia inúmeros casos de depressão, de alunos que tentaram suicídio e de automutilação. Parece que não só os 4 anos de incentivo ao armamento e ao uso de armas são os responsáveis, mas também 2 anos de reclusão domiciliar devido à Covid-19. Houve uma espécie de dessocialização em que as crianças passaram a adquirir uma forma de vida mais individualizada do que em grupo.

Havia uma psicóloga que uma vez por semana dava atendimento online a grupos de alunos. Numa das vezes, num auditório com grande número de adolescentes do ensino médio, ela tentava falar sobre ansiedade, mas absolutamente ninguém a ouvia, preferindo assistir vídeos “engraçados” no Tik Tok.

Penso que atendimentos assim não devem ser generalizados e em grandes grupos, pois é justamente em grupos que os alunos se sentem à vontade para se recusar a participar.

O atendimento psicológico deve ser presencial e para grupos de até 3 crianças, sob pena de fracassar.

O governo Bolsonaro, que muitos chamam de “governo da morte”, em que até havia um gabinete paralelo intitulado “gabinete do ódio”, responsável por disseminar o ódio e a violência na sociedade, atingiu os jovens em cheio, mas, felizmente, apesar da sobrevivência do bolsonarismo ou extrema-direita, acabou.

Agora o pesado nevoeiro cinza escuro está se dissipando e uma nova aurora nasce com o governo Lula.

Além da árdua missão de consertar tudo aquilo que foi destruído em termos de economia, saúde (700 mil mortos pela Covid-19), educação, direitos humanos, meio-ambiente e corrupção, Lula tem ainda por cima que dissolver a atmosfera de ódio que contaminou grande parte dos brasileiros e criar ares claros e límpidos para a sociedade.

Para isso terá também que compartilhar com estados e municípios políticas públicas que propiciem emprego e renda para a população mais pobre, sem o que esta não verá futuro para seus filhos, sob risco de, por falta de perspectivas, a violência aumente.

Antes de encerrar, sinto ser necessário lembrar que já há algumas gerações estamos naturalizando morte violentas influenciados que somos, principalmente por produções do cinema americano que nos bombardearam e ainda bombardeiam com filmes de ação em que, invariavelmente se mata muito. Ao vermos tantos tiros, sangue e morte, ficamos anestesiados a ponto de não mais nos chocarmos com assassinatos violentos.

Felizmente, com o streaming, Hollywood deixou de ser a principal fonte de entretenimento. Hoje há produções de outros países que abordam temas mais cotidianos como dramas familiares ou amorosos. E é disso que precisamos muito.

Por fim, fica a sugestão do professor Tiago Luz de se promover um amplo debate sobre a violência infantil com a sociedade.

Será um longo processo, mas que, ao seu fim, talvez nunca mais vejamos crianças fazendo arminha com os dedos nem utilizando armas reais.


quinta-feira, 16 de março de 2023

A necessidade de punir o malfeitor e controlar nossa ansiedade

Por Fernando Castilho



É possível que, com o clamor popular, os magistrados apressem os trâmites dos processos contra Bolsonaro, mas deveremos esperar longamente por uma condenação.


Tenho acompanhado pelas redes sociais a ansiedade que as pessoas de mentalidade progressista vêm demonstrando pela prisão de Jair Bolsonaro.

Após quatro anos de desgoverno, com a destruição de programas sociais, de descaso para com uma pandemia que matou mais de 700 mil pessoas, com incentivo ao garimpo em terras indígenas que quase extinguiu a etnia Yanomami, com mentiras e agressões verbais toda vez que se manifestava e pela tentativa de melar o processo eleitoral e ainda dar um golpe no país para se perpetuar no poder, é totalmente compreensível que não consigamos controlar nossa ansiedade e revolta toda vez que a mídia, juristas e ministros do STF opinam que não será possível prender o ex-presidente imediatamente.

Explico.

Bolsonaro perdeu o foro especial por prerrogativa de função. Vários processos que estavam nas mãos do PGR, Augusto Aras, estão sendo enviados para a justiça comum para serem julgados em primeira instância. Se condenado, caberão recursos até que se conclua o trânsito em julgado e seu destino seja, enfim, a cadeia.

Cabe aqui esclarecer que poderão se passar longos anos até que seu julgamento seja concluído. Com Paulo Maluf foram décadas de espera até a conclusão final que lhe impôs a prisão domiciliar devido à idade avançada e problemas de saúde. Revoltante, mas real.

É até possível que, com o clamor popular, os magistrados apressem os trâmites dos processos, mas não vamos manter falsas esperanças.

A outra possibilidade é a prisão preventiva, mas para isso é necessário que, caso venha a ser réu, Jair tente fugir, destruir provas ou continuar a ser uma ameaça à sociedade.

Para ser uma ameaça à sociedade, é preciso que Bolsonaro volte para o Brasil o quanto antes para assumir o papel de líder da oposição a Lula, como quer Valdemar da Costa Neto, presidente do PL.

Explico.

Com Bolsonaro no poder de liderança da extrema-direita, será criado um novo cercadinho (talvez virtual) que voltará a ser frequentado pelos seus apoiadores. Embora não seja mais presidente e, portanto, não seja blindado pela grande imprensa como foi durante quatro anos, o homem é falastrão e se empolga toda vez que seus apoiadores o encorajam. Daí, desata a falar absurdos, a ofender, mentir e atacar. Então, para prendê-lo preventivamente, basta ficar atento à sua fala. Oportunidade não vai faltar.

O que podemos esperar realmente é sua praticamente certa inelegibilidade por oito anos. Bolsonaro está completando 68 anos e terá 76 ao fim de sua quarentena. A depender do sucesso do governo Lula, seja de 4 ou 8 anos, e da luta da esquerda para desmontar a extrema-direita, teremos um Jair envelhecido e sem importância.

Lembremos que, para liderar uma oposição a Lula, será necessário que Bolsonaro trabalhe muito, mas todos sabemos que trabalho não é com ele. Quando estava na Câmara e no Palácio do Planalto, trabalhou muito pouco.

Resta o Tribunal Penal Internacional de Haia que já possui processos em andamento por genocídio. Alguns consideram uma condenação difícil, mas não impossível.

De qualquer forma, o que queremos ver é punição exemplar para que nunca mais o povo brasileiro passe por tsunami avassalador como esse.

O Estado Democrático de Direito tem que prevalecer, mesmo para o julgamento desse malfeitor, portanto, não é o caso de se passar por cima das leis.

Mas não haverá punição dura o suficiente para compensar o sofrimento daqueles que perderam seus amigos e parentes pela Covid-19.

Nunca haverá.


quarta-feira, 1 de março de 2023

Precisamos conversar sobre o futuro da Petrobras

Por Fernando Castilho



Em 2021 a Petrobras, ainda sob o governo Bolsonaro, decidiu se retirar totalmente da produção de energia limpa, indo na contramão do mundo que procura fontes renováveis e mão poluentes. Vivíamos sob a égide do negacionismo.


Circula nas redes sociais um texto apócrifo, escrito em português de Portugal, intitulado: “Algumas previsões muito interessantes, mas também assustadoras”.

Para início do tema que abordarei, destaco dois itens:

7.  Grandes fabricantes de automóveis inteligentes já destinaram dinheiro para começar a construir novas fábricas que só constroem carros eléctricos.

8.  As indústrias de carvão irão embora.  As companhias de gasolina/petróleo irão fechar. A perfuração de petróleo irá parar.  Portanto, diga adeus à OPEP! O Oriente Médio estará em apuros.

Quem se interessar pelo inteiro teor, pode acessar este link.

Previsões sobre o futuro costumam falhar, mas neste caso, o futuro está tão próximo que já pode ser considerado presente.

Realmente, montadoras presentes ou não no país, já estão dando mais ênfase a modelos com motores elétricos do que a combustão. Algumas já elegeram a data de 2025 para encerramento da produção de motores movidos a gasolina e a diesel. Já há também ônibus e caminhões rodando com energia elétrica.

O futuro (presente) já é, portanto, dos veículos movidos a eletricidade.

Tendo esse dado como certo, surge a primeira indagação: se em poucos anos haverá mais veículos elétricos do que movidos a gasolina, etanol e óleo diesel, de onde tiraremos a energia elétrica para alimentá-los? Nossas usinas hidrelétricas darão conta dessa demanda? Afinal, quando os reservatórios baixam seus volumes em tempos de estiagem, não há racionamento? E a tarifa não fica mais cara?

Essa é uma discussão que precisa ter início assim que o governo Lula se sentir mais acomodado no Planalto.

O outro item que devemos considerar é o 8, um pouco alarmista, mas nem por isso, despreocupante.

Além da mudança da matriz energética dos veículos, devemos lembrar que a produção de nosso parque eólico vem aumentando ano a ano. Segundo o Anuário 2020 da Empresa de Pesquisa Energética, a participação da geração de eletricidade a partir de pás eólicas, foi de 8,9%, dados de 2019, sendo que, de lá para cá, a produção saltou de 14.706 GW para 22.000 GW. Portanto, há de se supor que terminamos o ano de 2022 com cerca de 12% ou mais de participação de energia eólica em relação à todas as outras matrizes energéticas.

A geração de energia a partir de placas fotovoltaicas também vem crescendo enormemente no país. Saltamos de 7,9 GW, ao final de 2020, para 13 GW ao final de 2021, crescimento de 65%.

Parece claro que nossa matriz energética, aos poucos vem se transformando.

Há décadas o fantasma do esgotamento do petróleo preocupa a humanidade, mas a realidade nos mostra que antes que isso ocorra, ele já vem sendo substituído, e para melhor, afinal, fontes não poluidoras são o que desejamos para baixar a emissão de gases de efeito estufa e reduzir os impactos ambientais das mudanças climáticas.

Mas, para nós, brasileiros, que criamos, graças a Getúlio Vargas, a empresa orgulho do país, a Petrobras, um pensamento sombrio começa a rondar vez ou outra nossas mentes.

Todo brasileiro tem por obrigação preservar a Petrobras como um patrimônio do país, pois a empresa é referência mundial, gera milhões de empregos diretos e indiretos e ainda, neste momento, é responsável por colocar o Brasil em movimento.

Mas a preocupação levantada no item 8 do texto apócrifo é verdadeira e dessa discussão não podemos fugir a médio prazo.

Assim como empresas que produziam aparelhos analógicos tiveram que se reinventar e mudar toda a sua linha, desde projetos até plantas fabris, para passar a atender o mundo digital, a Petrobras, em algum momento próximo, terá que fazer essa reflexão.

Mas vejam que interessante: em 2021 a estatal, ainda sob o governo Bolsonaro, decidiu se retirar totalmente da produção de energia limpa, o que foi questionado pelo pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jäger. Segundo ele, a concentração da estatal em energia pesada vai na contramão do mundo que procura fontes renováveis e mão poluentes. Ou seja, outros gigantes do petróleo começam a se movimentar para a produção de energia limpa, mas o antigo governo negacionista preferiu seguir sua linha.

Mas o governo mudou e, com ele, novos ares voltados ao meio-ambiente têm que voltar a circular.

É perfeitamente possível que o gigante petrolífero passe aos poucos a explorar matrizes energéticas não poluentes como a eólica, a solar e mesmo a das marés.

Essa tem que ser a meta de um governo progressista preocupado com o Brasil e com o meio-ambiente.

É preciso que nos adiantemos ao que o futuro próximo nos reserva, já que todos os sinais nos apontam para ele.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O editorial de O Globo e seus indisfarçáveis objetivos

Por Fernando Castilho





O contrato do Válter chegara ao fim e Seu Durval foi convidado a voltar para salvar a empresa, enquanto o larápio fugia para não ser preso pelas falcatruas que cometeu. O chefe, Irineu, pôs toda a culpa no Válter e recebeu cinicamente Seu Durval com um grande abraço.

Seu Durval ficou assustado com o que encontrou. As finanças todas fora de ordem, planilhas inconsistentes ou faltando, documentos extraviados, fluxo de caixa zerado, enfim, um caos.

 

Seu Durval, um autodidata e gênio da contabilidade, trabalhou por anos numa grande empresa onde teve a oportunidade de levantar suas finanças e fazê-la crescer e prosperar. Era um homem que se fez por seu próprio esforço.

Um dia, sentindo que já tinha cumprido sua missão, decidiu que era hora de se retirar.

Sua sucessora, Matilde, alguns anos depois, acabou sendo demitida devido a uma trama de seu subordinado puxa-saco, que assumiu seu lugar. Ele não ficou muito tempo no cargo e acabou sendo substituído pelo Válter, numa trama urdida por Irineu, o chefe.

Seu Durval ainda tentara voltar, pois sabia que a empresa ia mal das pernas, mas o Irineu, que nunca gostara dele, empenhou-se pelo Válter. Na verdade, ele sempre desejou que um amigo próximo, totalmente sem experiência, assumisse o cargo, porque assim, ele poderia comandá-lo como a um fantoche e mandar no caixa da empresa. Poderiam juntos combinar certos esquemas que não seriam possíveis com Seu Durval.

Sem Seu Durval na parada, chegara a hora do Válter ser admitido no cargo.

Como era inexperiente, incompetente e totalmente inepto, o chefe passou a disfarçar os balanços escondendo os prejuízos, mas sempre levando algum por fora.

A diretoria, aos poucos, começou a perceber o mal que o Válter causava à empresa, mas ele era autoritário e ligado a elementos perigosos e isso intimidava a todos.

Mas o contrato do Válter chegara ao fim e Seu Durval foi convidado a voltar para salvar a empresa, enquanto o larápio fugia para não ser preso pelas falcatruas que cometeu. O chefe, Irineu, pôs toda a culpa no Válter e recebeu cinicamente Seu Durval com um grande abraço.

Seu Durval ficou assustado com o que encontrou. As finanças todas fora de ordem, planilhas inconsistentes ou faltando, documentos extraviados, fluxo de caixa zerado, enfim, um caos.

O trabalho de reparação dos males causados pelo Válter demoraria vários meses e a diretoria foi informada disso.

Porém, Irineu, ainda sonhando com a volta do Válter para retomarem os esquemas de falcatruas, começou a atacar Seu Durval cobrando-lhe resultados.

“Onde estão os lucros? Não era para levantar a empresa que você voltou?”

Seu Válter tentou explicar que o caos que encontrara era maior do que pensara e que mudanças profundas teriam que ser feitas. Além disso, havia um amigo do Válter, o Campos, no departamento financeiro, que sabotava as medidas que precisava tomar.

Irineu, então, bradou: “Em vez de ficar reclamando, você deveria apresentar resultados! Saiba que o cara de quem você reclama atua de maneira independente dentro da empresa!

“Você deveria fazer avançar a agenda de crescimento pro[1]metida quando assinou contrato!”

Seu Válter estava há apenas 40 dias no cargo e sabemos que é concedido aos novos funcionários um prazo de 3 meses para experiência, mas o chefe não quis nem saber disso. Queria seu protegido de volta ao cargo porque assim manteria seus lucros.

A última frase entre aspas proferida por Irineu está no editorial de hoje, 08/02, de O Globo.

 


terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Se for preciso, que se intervenha no estado de Roraima

Por Fernando Castilho


Foto: Ricardo Stuckert


O que transparece, pela fala do governador de Roraima, é que, por ele, o solo da Amazônia pode ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.


Todo presidente tem o poder de mudar a situação do povo que governa, para o bem ou para o mal.

Jair Bolsonaro debochou o tempo todo da pandemia que matou 700 mil pessoas, chegando a sabotar as medidas sanitárias e até a receitar remédios de ineficácia comprovada.

Sua agenda presidencial revelava que trabalhava muito pouco nos dias de semana e saía de “férias” de maneira irregular, enquanto as chuvas tratavam de matar e desabrigar milhares de pessoas pobres.

Reunia-se com garimpeiros, na verdade, donos de mineradoras, aliando-se a eles para pôr em prática seu antigo projeto de extinção dos povos indígenas.

Jair se empenhou em mudar a situação do brasileiro para pior. E conseguiu.

Lula, apenas 20 dias após a posse, arregaçou as mangas e foi conhecer de perto, in loco, a situação dos indígenas Yanomamis, acompanhado de 3 ministros.

"Se alguém me contasse que, aqui em Roraima, tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana que eu vi o povo Yanomami sendo tratado, eu não acreditaria. Não podemos entender um país que tem as condições que têm o Brasil deixar os nossos indígenas abandonados como eles estão aqui", afirmou o presidente.

A visita causou um alvoroço nas redes sociais e repercutiu significativamente na imprensa internacional. A nacional não deu muita bola no início, talvez preocupada em não dar pontos para Lula, mas, devido ao volume na Internet, teve que se render e fazer reportagens.

O presidente, nem bem começa a governar e já muda a situação de todo um povo para melhor.

Hoje, em reunião com ministros, Lula exigiu que os tráfegos aéreo e pluvial dos garimpeiros em Roraima sejam cortados o mais rápido possível.

Se a nova administração federal já consegue reverter em parte um dos maiores crimes do capitão, classificado como genocídio, é preciso também que se olhe com atenção para o estado de Roraima.

O governador, Antônio Denarium, manifestou-se sobre os Yanomamis, não deixando dúvidas de que ele e grande número de prefeitos da região, não só são a favor do garimpo ilegal em terras da federação cedidas aos indígenas, como também incentivam e apoiam.

Enquanto o capitão nega seus crimes, Denarium, bolsonarista convicto, prefere seguir o caminho da hipocrisia ao dizer que não é novidade os Yanomamis passarem fome e que deveriam eles próprios explorar suas terras.

O que transparece, pela fala do governador, é que, por ele, o solo da Amazônia pode ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.

As matérias sobre as terras Yanomamis e o garimpo ilegal não deixam dúvidas de que há um plano de enriquecimento de grupos compostos de mineradoras, militares e políticos em execução, cujo obstáculo são alguns milhares de indígenas. Se, principalmente as crianças forem envenenadas pelo mercúrio ou mortas por doenças e fome, a população originária será reduzida a ponto de se tornar inviável sua multiplicação, o que, na prática, significa sua extinção.

O governo Lula tem que fincar pé na região, implementar ações de salvamento dos indígenas e de corte do tráfego das mineradoras, como foi decidido na reunião ministerial, mas também aumentar e concentrar na região contingentes de fiscalização e segurança para, não só prender, mas também confiscar aviões e helicópteros e destruir barcaças e outros equipamentos, afetando assim significativamente o poder econômico desses grupos. Não será uma tarefa fácil e, muito menos, rápida, mas é preciso que se comece a sufocar os donos dessas atividades mineradoras, aumentando-lhes os prejuízos.

Além disso, é preciso que a tragédia Yanomami não saia tão cedo dos noticiários, já que vem sensibilizando a opinião pública, a ponto de criar uma massa crítica contrária ao bolsonarismo, ao governador e aos prefeitos da região.

O governador, metido até o pescoço com a extração ilegal de ouro, verá aumentada a pressão das mineradoras contra ele e poderá reagir às medidas adotadas por Lula e seus ministros.

Antecipando-se a isso, é bom que o governo federal já tenha um plano elaborado para pôr em prática uma intervenção no estado, caso seja necessário.

Lula termina seu primeiro mês de governo já cumprindo com êxito uma amostra-grátis do que prometeu em campanha: acabar com a fome do povo.

Neste caso, a fome do povo Yanomami.