Por Fernando Castilho
O que transparece, pela fala do governador de Roraima, é que, por ele, o solo da Amazônia pode ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.
Todo
presidente tem o poder de mudar a situação do povo que governa, para o bem ou
para o mal.
Jair
Bolsonaro debochou o tempo todo da pandemia que matou 700 mil pessoas, chegando
a sabotar as medidas sanitárias e até a receitar remédios de ineficácia
comprovada.
Sua
agenda presidencial revelava que trabalhava muito pouco nos dias de semana e saía
de “férias” de maneira irregular, enquanto as chuvas tratavam de matar e
desabrigar milhares de pessoas pobres.
Reunia-se
com garimpeiros, na verdade, donos de mineradoras, aliando-se a eles para pôr
em prática seu antigo projeto de extinção dos povos indígenas.
Jair
se empenhou em mudar a situação do brasileiro para pior. E conseguiu.
Lula,
apenas 20 dias após a posse, arregaçou as mangas e foi conhecer de perto, in
loco, a situação dos indígenas Yanomamis, acompanhado de 3 ministros.
"Se
alguém me contasse que, aqui em Roraima, tinham pessoas sendo tratadas da forma
desumana que eu vi o povo Yanomami sendo tratado, eu não acreditaria. Não
podemos entender um país que tem as condições que têm o Brasil deixar os nossos
indígenas abandonados como eles estão aqui", afirmou o presidente.
A
visita causou um alvoroço nas redes sociais e repercutiu significativamente na
imprensa internacional. A nacional não deu muita bola no início, talvez
preocupada em não dar pontos para Lula, mas, devido ao volume na Internet, teve
que se render e fazer reportagens.
O
presidente, nem bem começa a governar e já muda a situação de todo um povo para
melhor.
Hoje,
em reunião com ministros, Lula exigiu que os tráfegos aéreo e pluvial dos
garimpeiros em Roraima sejam cortados o mais rápido possível.
Se a
nova administração federal já consegue reverter em parte um dos maiores crimes
do capitão, classificado como genocídio, é preciso também que se olhe com
atenção para o estado de Roraima.
O
governador, Antônio Denarium, manifestou-se sobre os Yanomamis, não deixando
dúvidas de que ele e grande número de prefeitos da região, não só são a favor
do garimpo ilegal em terras da federação cedidas aos indígenas, como também
incentivam e apoiam.
Enquanto
o capitão nega seus crimes, Denarium, bolsonarista convicto, prefere seguir o
caminho da hipocrisia ao dizer que não é novidade os Yanomamis passarem fome e
que deveriam eles próprios explorar suas terras.
O
que transparece, pela fala do governador, é que, por ele, o solo da Amazônia pode
ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de
riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.
As
matérias sobre as terras Yanomamis e o garimpo ilegal não deixam dúvidas de que
há um plano de enriquecimento de grupos compostos de mineradoras, militares e
políticos em execução, cujo obstáculo são alguns milhares de indígenas. Se, principalmente
as crianças forem envenenadas pelo mercúrio ou mortas por doenças e fome, a
população originária será reduzida a ponto de se tornar inviável sua
multiplicação, o que, na prática, significa sua extinção.
O
governo Lula tem que fincar pé na região, implementar ações de salvamento dos
indígenas e de corte do tráfego das mineradoras, como foi decidido na reunião
ministerial, mas também aumentar e concentrar na região contingentes de
fiscalização e segurança para, não só prender, mas também confiscar aviões e
helicópteros e destruir barcaças e outros equipamentos, afetando assim
significativamente o poder econômico desses grupos. Não será uma tarefa fácil
e, muito menos, rápida, mas é preciso que se comece a sufocar os donos dessas
atividades mineradoras, aumentando-lhes os prejuízos.
Além
disso, é preciso que a tragédia Yanomami não saia tão cedo dos noticiários, já
que vem sensibilizando a opinião pública, a ponto de criar uma massa crítica
contrária ao bolsonarismo, ao governador e aos prefeitos da região.
O
governador, metido até o pescoço com a extração ilegal de ouro, verá aumentada
a pressão das mineradoras contra ele e poderá reagir às medidas adotadas por
Lula e seus ministros.
Antecipando-se
a isso, é bom que o governo federal já tenha um plano elaborado para pôr em
prática uma intervenção no estado, caso seja necessário.
Lula
termina seu primeiro mês de governo já cumprindo com êxito uma amostra-grátis
do que prometeu em campanha: acabar com a fome do povo.
Neste
caso, a fome do povo Yanomami.
Isso mesmo Fernando, muito assertiva sua matéria. Concordo plenamente, Lula se quiser lograr sucesso com seus atos junto ao povo Yanomami, tem que intervir no governo de Roraima. Ali está o fio condutor desse novelo.
ResponderExcluirEssas medidas mais duras têm que ser tomadas no começo do governo.
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