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sexta-feira, 28 de abril de 2023

O agro é pop, o agro é podre

Por Fernando Castilho



Jair já deveria estar sendo indiciado, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.


Após a exitosa e proveitosa viagem de Lula a Portugal em que não faltou desonestidade por parte da grande imprensa ao “noticiar” que o presidente foi vaiado no parlamento português (apenas 12 deputados do partido Chega!), o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu ir para Lisboa se encontrar com os líderes do partido fascista, aliando-se desta forma a um grupelho sem grande expressão que pretende ressuscitar o que havia de pior no salazarismo.

Bolsonaro insiste em se firmar como pária internacional.

O bolsonarismo, após a tentativa de golpe de 8 de janeiro e a revelação de que seu líder, antes de sair do Brasil em 30 de dezembro do ano passado, só pensava em se apropriar das joias que deveriam ser patrimônio do estado, enquanto seus seguidores permaneciam em frente aos quartéis tomando chuva e defecando em banheiros químicos, recrudesceu. Não se vê mais ninguém nas ruas vestindo camisetas amarelas.

Mas essa situação pode mudar, uma vez iniciada a CPMI que tentará culpar Lula por uma tentativa de golpe nele mesmo. A ver.

Mas enquanto se torna cada vez menor, eis que a feira agrícola de Ribeirão Preto o convida para participar de seu agroshow" durante o feriado de 1º de Maio.

É interessante saber que seus organizadores preferiram receber o ex-presidente e desconvidar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Ora, está nas mãos do ministro propor políticas que poderão beneficiar ou prejudicar o agronegócio, portanto, é notavelmente desproporcional preferir a presença de um político que está sob investigação que poderá torná-lo réu por peculato pela apropriação indébita de joias supervaliosas. Além disso, Bolsonaro certamente se tornará inelegível por 8 anos, tornando-se figura irrelevante nos destinos dos produtores agrícolas.

A ideologia falou mais alto que a possibilidade de aumento de lucros.

Jair já deveria estar sendo indiciado, como lembrou o jornalista Josias de Souza do Uol, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.

O que é preciso lembrar, e este escriba comentou isso em artigo de janeiro, é que o extremismo de direita veio para ficar e seguirá seu caminho mesmo sem Bolsonaro. Este, que não tem apreço pelo trabalho e que durante toda sua vida no parlamento e na presidência procurou todas as formas mais vulgares de ganhar dinheiro, como rachadinhas, funcionários fantasmas, apropriação de presentes que podem significar propinas por entrega da refinaria Landulpho Alves à Arábia Saudita, certamente não será o grande líder dessa extrema-direita e acabará sendo preso, primeiro por peculato, depois por tentativa de golpe de estado.

Enquanto isso, o circo montado pela extrema-direita terá seu primeiro espetáculo na próxima semana.

 


quarta-feira, 5 de abril de 2023

Lula está perdendo a batalha da comunicação?

Por Fernando Castilho



Perdemos a batalha das comunicações em todos os mandatos presidenciais do PT e, embora sejam ainda apenas 3 meses, parece claro que continuamos a perder.


Domingo, 02 de abril de 2023.

A Folha de São Paulo publica um editorial intitulado “Fio da Navalha”. Lá, após comparar os índices de popularidade de Lula com os de Bolsonaro e Collor nos 3 primeiros meses dos respectivos governos, o jornal se sai com essa: “O começo deixou a desejar. Lula abraçou-se a velharias ideológicas, em especial no terreno crucial da economia, e afastou aliados e eleitores que acreditaram na promessa de uma “frente ampla. Há tempo, claro, de corrigir a rota. Falar e governar tão somente para o segmento mais simpático e ideologizado não trará resultado diferente do que obteve Bolsonaro, acossado pela impopularidade durante todo o mandato.”

O que seriam as tais “velharias ideológicas”? Já teve colunista afirmando que Lula se prende ao passado para governar. O que a Folha quer dizer é que Bolsa Família é algo do passado. Não era coisa do passado quando Bolsonaro mudou o nome do programa para Auxílio Brasil.

O Minha Casa Minha Vida é outra “velharia”. Talvez melhor seria não ter nenhum programa que facilitasse o acesso à moradia por parte dos mais pobres.

O Mais Médicos também pertence ao passado, não é? Para quê, afinal tratar a saúde dos brasileiros que não tem atendimento nos longínquos rincões do país?

E afirmar somente após 3 meses que Lula terá o mesmo destino de Bolsonaro é, no mínimo, decretar o fim de seu governo. Um absurdo!


Domingo, 02 de abril de 2023.

A Veja coloca na capa a manchete: “Até aqui, nem paz nem amor”.

Em seguida lê-se: “Lula se aproxima dos 100 dias de governo longe da meta de pacificar o país. Rancor e espírito revanchista têm impedido o presidente de cumprir a promessa de governar para todos os brasileiros.”

Sim, Lula tem a meta de pacificar o país, mas não seria responsável por parte da revista aguardar até que resultados apareçam? Até porque acabamos de sair de um governo que criou até um gabinete do ódio! A pacificação é um processo e será feita na medida em que os programas sociais começarem a surtir efeitos e a economia apresentar melhores resultados com geração de renda e emprego formal.

Corrigir os malfeitos de seu antecessor não é ser rancoroso nem possuir espírito revanchista. Se o outro destruiu, Lula tem a obrigação de reconstruir.

Todos sabíamos que a grande imprensa, nem passados os 100 dias de governo, iria decretar o fim da trégua, mas atacar dessa maneira uma administração que já fez em pouquíssimo tempo muito mais que o ex-presidente é muito baixo.

Diante de tudo isso, é inevitável a sensação de que há problemas na comunicação do governo.

Não é à toa que, para 29% das pessoas ouvidas pelo Datafolha, Lula faz um mau ou péssimo governo.

É preciso lembrar que Bolsonaro perdeu muitos eleitores depois de 8 de janeiro e após o caso de roubo das joias que era propriedade do Estado brasileiro. A prova é que não havia uma centena de pessoas na sua recepção no aeroporto, quando de sua volta ao Brasil. Boa parte desses 29% e também dos que consideram o governo regular, não estão informados sobre as realizações dos ministérios de Lula.

Perdemos a batalha das comunicações em todos os mandatos presidenciais do PT e, embora sejam ainda apenas 3 meses, parece claro que continuamos a perder.

Estudos recentíssimos mostram que, tanto Bolsonaro quanto senadores e deputados bolsonaristas estão dando de 10 a 0 no governo e nos parlamentares de sua base nas redes sociais.

O que é preciso compreender de uma vez por todas é que hoje as redes sociais TÊM que ser exaustivamente utilizadas em todas as frentes. E com essa afirmação me vem à mente que, enquanto Bolsonaro criou um gabinete do ódio, especializado em utilizar robôs para divulgar fake news, Lula poderia criar o gabinete do amor para, sem robôs – porque esse tem que ser um diferencial de governos progressistas – usar ao máximo a criatividade para bem informar as pessoas.

Mas com um ministro mais preocupado com leilões de cavalos...


quarta-feira, 22 de março de 2023

Os Bolsonaros em todo lugar ao mesmo tempo

Por Fernando Castilho



Com o cerco se fechando em torno do pai, Jair Messias, o senador percebeu que seria o momento adequado para apresentar uma versão bem universo paralelo sobre as joias trazidas para o Brasil ilegalmente.


Os diretores de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, Dan Kwan e Daniel Scheinert teriam se inspirado no bolsonarismo para fazer o filme que transita por multiversos? Poderiam ter utilizado o ex-presidente Jair Bolsonaro como ator principal, em vez de Michelle Yeoh? Ganhariam o Oscar de melhor história e roteiro com a temática bolsonarista? O senador Flávio Bolsonaro e seus irmãos venceriam como melhores coadjuvantes? E se vencessem, trariam a estatueta para o acervo privado de Jair?

Vejam como o bolsonarismo se encontra num outro universo e numa outra dimensão.

Flávio, o 01, concedeu rara entrevista à Folha de São Paulo nesta segunda (20).

Com o cerco se fechando em torno do pai, Jair Messias, o senador percebeu que seria o momento adequado para apresentar uma versão bem universo paralelo sobre as joias trazidas para o Brasil ilegalmente.

A Folha inicia a entrevista perguntando por que os presentes não foram declarados, ao que Flávio candidamente responde que não tem muito o que falar porque os mimos vieram lacrados e que não houve má-fé em entrar com eles no país sem declará-los. Se houvesse, não iriam passar pelo raio-x da Receita.

Ora, senador, ficou claríssimo pelas imagens das câmeras de segurança que havia dois pacotes, cada um em uma mala. Um passou sem ser incomodado e o outro, o de 16,5 milhões, foi pego na malha fina. Aliás, é justamente porque o ex-ministro Bento Albuquerque não era nenhum mané nessa prática, que dividiu os presentes nas duas malas. Se um é pego, o outro passa.

À maioria das perguntas dos repórteres Júlia Chaib e Thiago Rezende, Flávio respondia com um “não sei” ou “pergunta pra ele”. Parece mesmo que vive numa realidade paralela que desconhece os fatos noticiados pelos jornais.

Sobre as joias masculinas que ficaram em poder de seu pai e que deverão ser devolvidas por determinação do TCU, o senador afirmou que Jair foi ao Comitê de Ética da Presidência que o teria autorizado a manter o presente consigo. Só se aconteceu num universo paralelo, pois o TCU já tinha uma decisão desde 2016 que afirma que os presentes recebidos por presidentes passariam a integrar o acervo da União e não o particular de Jair.

Flávio, trazendo talvez de uma outra dimensão uma experiência de vida e de como as coisas acontecem num arcabouço legal diferente do nosso, afirmou que ninguém sabia o que estava dentro dos pacotes. Poderia ser simplesmente... água!

Lá no outro universo, talvez. Aliás, lá poderia ser água, Baygon, urânio enriquecido, míssil ou balas 7 Belo. Aqui na Terra, no Brasil, logicamente o presenteador diria o que estaria dentro dos pacotes e certamente eles seriam abertos antes do desembarque para que nosso ilustre ministro, segundo posto mais alto do executivo, tivesse a responsabilidade de declarar o conteúdo à Alfandega.

Não posso esquecer de criticar os repórteres por não terem apertado Flávio Bolsonaro em nenhum momento. É próprio da profissão contestar respostas do entrevistado que não correspondem à realidade dos fatos, apresentando a realidade daquilo que já se sabe. Teria sido por medo?

Perceberam a oportunidade que Dan Kwan e Daniel Scheinert perderam de superar o filme vencedor do Oscar?

E se muita gente não gostou de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, aqui no Brasil, pelo menos, o filme Os Bolsonaros em Todo Lugar ao Mesmo Tempo teria um público fiel garantido de 44% da população, a mesma percentagem de pessoas que acreditam haver no país uma ameaça comunista.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Bolsonaro será mesmo preso?

Por Fernando Castilho




Ministros do STF, não identificados, já estariam conformados e trabalhando com a hipótese de que Jair Bolsonaro nunca será preso?


Na semana passada o portal Uol publicou uma matéria em que a articulista dizia, genericamente, que “ministros do STF consideram difícil a prisão de Bolsonaro, mas têm como quase certa sua inelegibilidade”.

Sempre que surge uma matéria como essa, a pergunta a se fazer é: quais foram os ministros que se posicionaram dessa forma e como essa informação foi obtida?

Se foram Nunes Marques e André Mendonça, não há nenhuma novidade, já que eles sempre votam a favor do ex-presidente. Mas, confesso que é inevitável desconfiar da veracidade da informação que, se verdadeira, transfere a Alexandre de Moraes a árdua tarefa de se ver isolado na defesa da democracia e do estado de direito.

Segundo a colunista, Bolsonaro, agora entregue à justiça comum, poderá ter seus vários processos se arrastando por muitos anos até o trânsito em julgado de uma possível sentença condenatória devido à falta de materialidade, de provas e aos recursos que impetrará. O capitão, de 67 anos, estaria muito idoso quando, enfim suas sentenças definitivas de seus 28 processos forem confirmadas.

Sobre isso, o jurista Walter Maierovitch afirmou que, se procedente a afirmação dos ministros, seria a falência da justiça. E seria mesmo.

Caso os ministros tenham se esquecido, Bolsonaro foi, durante 4 anos, mestre em produzir provas contra si próprio.

Só no caso da pandemia da Covid-19 foram várias, ou alguém não se lembra de quando o ex-ministro da saúde, general Pazuello, anunciou a compra da vacina Coronavac? No dia seguinte, ao ser indagado por repórteres sobre a compra, Bolsonaro reagiu rispidamente dizendo que quem mandava era ele e que a vacina só seria comprada se passassem por cima de seu cadáver. Em seguida, apareceu ao lado do sorridente general que disse que um manda e o outro obedece, confirmando que, a mando do presidente, acabava de cancelar a aquisição. Quantas mortes aqueles sorrisos maldosos causaram devido ao atraso na compra de imunizantes que só acabou ocorrendo depois de muita pressão popular, da mídia e de parlamentares?

Existe um sem-número de provas de crimes, mas, se apenas esse único episódio não servir como prova de que deliberadamente o capitão boicotou a vacina, não sei o que mais serviria. Aliás, a CPI da Covid-19 encontrou vários indícios de crimes que acabaram nas mãos do PGR, Augusto Aras que os ignorou e varreu para baixo de seu tapete.

Neste país das contradições, é particularmente notável que o senador eleito, Sergio Moro, esteja justamente neste momento, buscando aprovar seu projeto de trânsito em julgado de sentenças condenatórias após a segunda instância, o que poderia fazer, caso não fosse inconstitucional, com que seu ex-inimigo, agora reconciliado, Jair Bolsonaro, fosse enviado ao xilindró mais rapidamente.

Mas, além das contradições, este é um país em que se procura o tempo todo perdoar a quem nos tem ofendido. Antigamente se chamava de “jeitinho brasileiro”.

Sérgio Buarque de Hollanda, em Raízes do Brasil, afirmou que o brasileiro é um homem cordial, ou seja, pensa mais com o coração (“cordial” vem de “coração”) do que com a razão. No passado já distante, a atriz comediante norte-americana, radicada no Brasil, Kate Lyra tinha um famoso bordão na TV: “brasileiro muito bonzinho”.

A justiça frequentemente esquece a gravidade de crimes cometidos e dá uma segunda chance ao meliante, mas só se este for poderoso, caso da recente liberação de Sérgio Cabral que, acumulando 436 anos de pena, cumpriu 6 e voltou para casa com uma tornozeleira.

Caso diferente, mas com a semelhança da impunidade, foi o de Paulo Maluf. O ex-prefeito de São Paulo, ao longo de décadas foi conseguindo protelar o trânsito em julgado de sua sentença, usando e abusando de recursos. Quando, enfim, esgotaram-se todos, foi enviado para casa com tornozeleira devido à idade avançada e à saúde fraca.

Portanto, caso os processos contra Bolsonaro se arrastem por muitos anos, como sugerem os ministros, teremos mais um caso em que o crime terá compensado.

E o pior de tudo é que Bolsonaro, mesmo inelegível, ao final, rirá da cara de Alexandre de Moraes e de todos nós. Com a certeza da impunidade, continuará a atuar politicamente para causar ainda mais males ao povo brasileiro.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Até quando teremos medo de Bolsonaro?

Por Fernando Castilho





Seria preciso que, caso fosse decretada prisão preventiva do capitão, houvesse uma ação conjunta dos governos brasileiro e americano para que sua condução ao Brasil fosse feita totalmente em sigilo.


A Folha publicou por esses dias que os ministros do STF estão divididos sobre a prisão de Jair Bolsonaro assim que desembarcar no país.

O ex-presidente já insinuou que pode permanecer por mais tempo nos Estados Unidos, mas sabemos que a pressão para que Biden não renove o visto que deve expirar nos próximos dias é muito grande.

O medo, não só de ministros, mas também de parte da imprensa, inclusive de blogues e sites progressistas é que a prisão do capitão faça com que novos atos terroristas pipoquem pelo país, não se descartando a possibilidade de um resgate cinematográfico.

Então, como ficamos? Bolsonaro vai ditar a pauta da Justiça? O medo impedirá que ele pague por seus crimes? É tão simples assim, ou a velha impunidade e o deixa disso continuam a existir no país? Será tão trabalhoso prender um bandido a ponto de ser melhor que lhe tirem os direitos políticos e o deixem solto? Ficaremos reféns desse crápula?

Se de fato a Justiça quer alcançar Bolsonaro, há meios para que isso seja feito sem cause atentados por todo o país. Afinal, temos ou não forças de segurança capazes de, com inteligência, se antecipar aos fatos? Será que não temos condições de posicionar efetivos em locais estratégicos, frustrando os terroristas?

Em primeiro lugar, seria preciso que, caso fosse decretada prisão preventiva do capitão, houvesse uma ação conjunta dos governos brasileiro e americano para que sua condução ao Brasil fosse feita totalmente em sigilo. É difícil, porém, não impossível.

Ao mesmo tempo, a inteligência da Polícia Federal deveria trabalhar fortemente para detectar possíveis focos de atentados. É preciso lembrar que a tarefa poderá ser facilitada, uma vez que uma parte dos empresários que financiaram a tentativa de golpe de 8 de janeiro já se encontra presa e o restante responderá por seus crimes nas próximas semanas.

Grande parte dos terroristas que ousaram depredar os prédios da Praça dos Três Poderes já está presa e os demais já se encontram amedrontados pela pronta ação da polícia.

Vale lembrar que, segundo o Datafolha, 93% da população condenou os atos terroristas. Além disso, não se vê mais quase ninguém vestindo camisa da seleção. O momento é propício à prisão. Se deixarmos o tempo passar, as coisas podem acabar se complicando devido à reaglutinação das forças golpistas que se esfacelaram.

De qualquer forma, o que não podemos admitir é que, por medo, Bolsonaro fique impune.

Somente com a responsabilização do capitão por seus crimes, é que o bolsonarismo refluirá.


terça-feira, 10 de janeiro de 2023

SEM ANISTIA!

Por Fernando Castilho





É inegável que os tristes acontecimentos de domingo (8) foram a coroação do trabalho realizado pelo capitão nos 4 anos em que se instalou no Palácio do Alvorada.


26 de maio de 2019.

Foi nessa data, ainda no início do governo, que manifestações em defesa de Jair Bolsonaro pipocaram por quase todo o país. Pregavam o fechamento do Congresso, com a consequente prisão do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia e fechamento do STF, com a prisão de todos os ministros. Não faltaram também faixas pedindo intervenção militar com o capitão no comando.

Após isso, aconteceram muitas outras manifestações com pautas semelhantes, já com a participação do presidente.

A política de facilitação da compra e do registro de armas pesadas, com a desculpa de que povo armado jamais será escravizado, foi a estratégia para que a população se armasse para, num futuro próximo, caso Jair perdesse as eleições, defendesse sua permanência no poder.

As conversas diárias no cercadinho e as lives semanais, em que, invariavelmente tentava convencer seus apoiadores de possíveis fraudes nas urnas e que estaria jogando dentro das 4 linhas da Constituição enquanto o ministro Alexandre de Moraes o perseguia, fizeram parte da estratégia de lavagem cerebral que impôs às mentes mais fracas.

Ao longo de todo seu mandato, o capitão nunca deixou de insuflar um golpe e, mesmo depois que perdeu as eleições, fez declarações dúbias justamente para despertar o gatilho que colocaria milhares de pessoas acampadas em frente a quartéis Brasil afora, pedindo intervenção militar.

Portanto, é inegável que os tristes acontecimentos de domingo (8) foram a coroação do trabalho realizado pelo capitão nos 4 anos em que se instalou no Palácio do Alvorada.

Mesmo agora, em Orlando, Jair “condena” os atos terroristas sem condenar de fato. Suas declarações continuam tendo sentido abstrato, o que, para seus seguidores mais radicais, significam senhas.

Bolsonaro precisa ser extraditado e preso, pois é cristalino que as condições para uma prisão preventiva já foram satisfeitas, afinal, solto, ele continua a colocar as instituições democráticas em risco e pode fugir do país. Aliás, já o fez.

O governo norte-americano estuda uma saída para enviá-lo de volta ao Brasil. Biden e os democratas não desejam que a imagem de seu país seja ligada a um fascista genocida que repetiu no Brasil os atos de Donald Trump com mais gravidade que nos EUA. Para eles, Jair agora é só Jair. Não vale mais nada. Porém, há o aspecto legal do visto especial de presidente que ele ainda mantém e que precisa ser transposto.

O ministro da Justiça Flávio Dino respondeu à pergunta de uma jornalista sobre uma possível prisão de Bolsonaro. Ele se esquivou dizendo que legalmente não há nada contra ele. Há sim, e muito.

O capitão é, juntamente com seus asseclas mais próximos, Braga Netto e Augusto Heleno, o mentor e responsável pelos atos terroristas e precisa ser punido com disposição e rigor, ainda que na forma da lei.

Se Flávio Dino está com receio de pedir a Alexandre de Moraes uma prisão preventiva, é preciso lembrá-lo que, após o domingo, Bolsonaro já não tem o apoio de grande parte de seus antigos eleitores que condenaram os atos de vandalismo e não querem ter seus nomes confundidos com aqueles que defecaram no STF, quebraram todas as vidraças e destruíram patrimônio histórico e obras de arte. O momento é justamente agora.

SEM ANISTIA!


sábado, 31 de dezembro de 2022

ACABOU, PORRA!

Por Fernando Castilho




Restou ao capitão fazer uma derradeira live para cometer mais um crime enquanto mandatário da nação. Declarou que as manifestações em frente aos quartéis são legítimas. Não são, pois constituem crime e ele é cúmplice e prevaricador.


Desde o dia 30 de outubro bolsonaristas inconformados com a derrota de seu mito genocida, preconceituoso, misógino e vagabundo, acampam em frente a quartéis aguardando sinais para concretizar um golpe de estado.

Como os sinais não vieram, passaram a tentar interpretar o silêncio de Bolsonaro como uma senha para que não desistissem e prosseguissem, de forma que, a cada 72 horas de ultimato ao STF, seguiriam mais 72 horas e assim por diante.

Enquanto isso, o capitão tentava desesperadamente convencer os comandantes das Forças Armadas a romper com a democracia, mas estes julgaram a ação muito difícil, trabalhosa e perigosa, afinal, estariam se contrapondo à vontade da maioria da população que depositou seu voto em Lula. Jair se viu sozinho e sem forças.

Quando os caminhões de mudanças começaram a retirar as tralhas do Palácio da Alvorada, essa deveria ter sido a senha para que os bolsonaristas tomassem juízo e voltassem para suas casas, mas os mais radicais não se atentaram a isso, se impacientaram e incendiaram carros e prepararam bombas para explodirem e matarem muita gente.

A segunda senha foi o anúncio da viagem aos Estados Unidos. Se houvesse mesmo a possibilidade de golpe, o ainda presidente ficaria no Brasil para comandar a aventura. Mas nem isso souberam interpretar direito.

Restou ao capitão fazer uma derradeira live para cometer mais um crime enquanto mandatário da nação. Declarou que as manifestações em frente aos quartéis são legítimas. Não são, pois constituem crime e ele é cúmplice e prevaricador.

Condenou atos terroristas, talvez porque o bolsonarista preso por colocar uma bomba junto a um caminhão de combustível declarou que agiu por influência dele, o que pode implicá-lo como mentor.

Por fim, como não poderia deixar de fazer, mentiu sobre o que Lula pretende fazer com o PIX, aproveitando ainda para criticar a escolha dos novos ministros. Segundo ele, o critério adotado por Lula foi o de empossar ministros com perfil político, enquanto os seus eram técnicos, o que é outra mentira.

É preciso lembrar que, ao embarcar para os Estados Unidos num avião da FAB, sem agenda internacional, o capitão pode estar prevaricando por desvio de finalidade. A ver.

Bolsonaro tentou deixar o governo de maneira a deixar acesa a chama do não conformismo com o resultado das eleições, mantendo seu cercadinho unido em torno dele, mas o que conseguiu na realidade foi sair fechando uma porta que o impedirá de voltar de cabeça erguida um dia.

Foi incapaz de reconhecer a derrota, exibiu uma fraqueza que sempre escondeu sob o disfarce de inbroxável, revelou-se mau perdedor e assumiu uma pequenez ainda maior do que a que sempre o caracterizou, ao não passar a faixa a Lula.

Para muitos acampados que perderam empregos e cônjuges por causa dele Bolsonaro não passará de um traidor.

Para outros ainda será preciso cair a ficha, mas a fuga para os Estados Unidos revela um ser totalmente incapaz de liderar uma extrema-direita que acabou de emergir.

Enquanto isso, Tarcísio de Freitas, o futuro governador do mais importante estado da federação, começará a ocupar o vácuo deixado pelo seu criador podendo cultivar a ambição de se cacifar para a presidência nas próximas eleições.

Lula precisa fazer o melhor governo possível, sob pena de passarmos mais uma vez por uma disputa extremamente difícil em 2026.

Um feliz 2023 para todos que acreditaram na vitória da democracia e que acreditam que o melhor que pode ser feito no próximo ano será feito.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Não são empresários bolsonaristas. São terroristas!

Por Fernando Castilho


PCDF - Reprodução


É público e notório que se trata sim de terrorismo contra o Estado. E a imprensa tem a obrigação de dar os nomes certos aos bois.


Nossa grande imprensa, entre o dia da eleição do primeiro e do segundo turno, fez clara campanha a favor de Lula e contra Bolsonaro.

Após quase quatro anos de muito tato no tratamento do capitão, temerosa de seus ataques e chiliques, próprios de sua personalidade autoritária, percebeu na reta final que, se reeleito tinha planos de instalar uma autocracia duradoura no país. Para quem trabalha com jornalismo, as ameaças sempre são intranquilizadoras e, como sabemos, os bolsonaristas têm se esmerado nisso. E para quem é dono de jornal, a ameaça da censura é por demais perigosa.

Com a vitória de Lula e, praticamente assegurada a volta da democracia (praticamente, porque ainda há manifestações golpistas), as lupas e os canhões voltam a ser apontados para aquele que, apesar de ter apanhado muito em seus dois primeiros mandatos, sempre respeitou a liberdade de expressão da imprensa e que, por isso mesmo, não representa risco algum para nenhum colunista.

Aos poucos Lula foi montando seu gabinete de transição e as críticas começaram a pulular (sem trocadilhos) simplesmente porque elas tinham que pulular.

Nosso futuro presidente está acabando de montar um corpo ministerial de grande diversidade e qualidade, procurando alocar as pessoas certas nos lugares certos e representando os vários setores da sociedade.

Quase concluído esse processo, começam a aparecer tentativas de atentados visando a criar o caos para impedir a posse de Lula e procurar justificar a entrada em cena dos militares para restabelecer a ordem.

Como sempre, a grande imprensa utiliza nomenclaturas que lhe convém no momento.

O terrorista que armou uma bomba junto a um caminhão-tanque repleto de querosene perto do aeroporto de Brasília, com poder destrutivo de matar muitas pessoas, está sendo tratado como empresário bolsonarista suspeito de provocar um suposto atentado.

Embora a literatura jurídica brasileira ainda anacronicamente insista em não classificar esse tipo de ação como ato terrorista porque faltam alguns elementos técnicos que não o definem, é público e notório que se trata sim de terrorismo contra o Estado. E a imprensa tem a obrigação de dar os nomes certos aos bois.

A leniência com que os órgãos policiais vêm tratando os criminosos que pregam o golpe já durante quase dois meses em frente aos quartéis sem que os militares não reprimam, mas também não adiram é que acaba por encorajar gente disposta a perder tudo para prorrogar a estada do capitão no Alvorada.

E se as autoridades não tomam nenhuma atitude, é obrigação da imprensa, enquanto representante da sociedade, se insurgir contra esse estado de coisas e chamar empresários bolsonaristas de terroristas, que é o que eles são, na verdade.

Lula está exposto.

Não é possível que ele desista da cerimônia da posse por questões de segurança, afinal, é o anseio da maioria da população vê-lo desfilar e subir a rampa do Palácio do Planalto mais uma vez.

Mas também não é possível que isso aconteça sem segurança completa.

Uma força-tarefa executando vigilância constante e pente fino em todo o entorno do evento de posse deveria estar sendo posta em prática já. O grande problema é que o quase ministro da Justiça, Flávio Dino, ainda não tomou posse, portanto, não tem a prerrogativa de comandar as polícias federal, civil e militar. Isso está a cargo do atual ministro de Bolsonaro, Anderson Torres, para quem, tanto faz como fez e do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha.

Aquele espírito democrático que moveu a imprensa por quase dois meses, deveria retornar para cobrar das autoridades a garantia de uma posse tranquila e sem problemas, mas, infelizmente, nossos colunistas estão mais empenhados em denunciar que faltam mulheres nos ministérios de Lula, ou que o mercado fez careta porque Aloízio Mercadante será o presidente do BNDES.

Os próximos dias que antecedem a grande festa serão de muita tensão.

Quem diria que iria ser assim?


sábado, 12 de novembro de 2022

Em 2026 o nome da extrema-direita não será Bolsonaro

Por Fernando Castilho

Foto: Caio Guatelli/AFP


Bolsonaro falhou em ser o líder da extrema-direita no Brasil. Não foi competente em comandar as Forças Armadas para deflagrar um golpe. Nem em 7 de setembro de 2021, nem agora.


Ao longo de quase quatro anos de governo, Bolsonaro, além de trabalhar muito pouco ou quase nada (vide agenda presidencial), fez e falou muita bobagem.

Terceirizou a economia para Paulo Guedes, seu posto Ipiranga e demonstrou que nunca esteve preparado para governar.

Na terrível crise da pandemia da Covid-19 expôs seu lado mais sombrio e psicopata ao negar a existência do vírus, receitar medicamentos inócuos, sabotar a compra de vacinas e debochar de quem morria ou perdia seus entes queridos. Ele é o responsável por pelo menos 400 mil mortes.

Durante as enchentes que mataram e deixaram muita gente desabrigada e, Pernambuco, Paraná, São Paulo, Bahia e Rio de janeiro, preferiu se esbaldar de jet-ski.

Por quase quatro anos viveu de fake news enquanto fazia campanha com dinheiro público.

Imaginou, doentiamente, que seu cercadinho era seu palco e que as motociatas representavam mais que os dados dos institutos de pesquisa. Nunca procurou ampliar sua base, preferindo sempre proferir asneiras e mentir.

Revelou-se capaz de praticar canibalismo e, num ato falho, acabou admitindo ter inclinações pedófilas.

Bolsonaro só perdeu a eleição por culpa dele mesmo, pois é tosco, burro, ignorante e despreparado.

Agora, ao perder as eleições para Lula, não vem a público reconhecer sua derrota, mantendo alguns inconformados às portas dos quartéis pedindo intervenção militar.

Sobre isso, devemos atentar que os aloprados não pedem anulação das eleições ou que o resultado contemple seu ídolo, Bolsonaro.

Esse é o sinal de que o presidente falhou em ser o líder da extrema-direita no Brasil. Não foi competente em comandar as Forças Armadas para deflagrar um golpe. Nem em 7 de setembro de 2021, nem agora.

Valdemar da Costa Neto, o dono do PL, vai tentar manter a chama acesa, conferindo a Bolsonaro um cargo no partido para que ele lidere a oposição a Lula e se cacife para 2026.

Mas Bolsonaro não está à altura disso. Seu negócio é incendiar o país. O Costa Neto, pragmático que é, acabará por abandoná-lo.

O capitão incompetente já deveria ter reconhecido a derrota e começado a preparar sua oposição.

Observem que ele só obteve esse grande número de votos graças ao antipetismo, pois seus seguidores-raiz não passam de 30% da população, seu cercadinho ampliado.

O atual presidente enfrentará inúmeros processos por seus crimes cometidos e certamente será inelegível para 2026.

Mas a extrema-direita não desaparecerá do país. O capitão não será mais seu mito. Aparecerá outro a ocupar seu espaço.

O nome com que devemos nos preocupar é Tarcísio de Freitas, o governador eleito para o estado mais importante da federação.

Tarcísio é um Bolsonaro bem mais refinado. Apesar de ter mentido muito nos debates, não fala muita bobagem, é astuto e articulado, portanto, mais palatável àquela parcela antipetista da população.

Possivelmente, será ele que substituirá o capitão.

É preciso que nos preparemos a isso.


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

O nome é extrema direita e não bolsonarismo

 Por Fernando Castilho


Foto: Fernando Bizerra, EFE


Os termos “bolsonarismo” e “bolsonarista’ têm sido muito utilizados pela grande imprensa, talvez à falta de um nome melhor ou pela preguiça em se aprofundar mais em algo que é encarado como mera questão de semântica.

Na Argentina, mesmo com a já distante morte do presidente Juan Domingo Perón em 1974, o temo “peronismo” persiste até hoje como uma tendência inaugurada por ele, denominação dada genericamente ao "Movimento Nacional Justicialista".

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem. Pior, não inaugurou nenhuma tendência ou corrente de pensamento político.

Não é possível um paralelo com “fascismo”, “integralismo”, “socialismo”, “comunismo” ou “nazismo”, que persistem até hoje. As falas e ações de Bolsonaro não carregam nenhuma teoria e não possuem nenhuma tese que as embase e que permitam ser ele o mito que conduzirá milhões de pessoas daqui pra frente atravessando décadas.

Essas pessoas, na verdade, são extremistas de direita e sempre existiram, porém, com o adjetivo mais suave de “direita”.

São elas que no passado ficaram inconformadas com o fim da ditadura militar e passaram a votar em figuras da direita como Paulo Maluf em São Paulo e Antônio Carlos Magalhães na Bahia, por exemplo.

Foram elas também que elegeram Fernando Collor contra Lula em 1989. Porém, àquela época, não eram ainda extremistas, apenas reacionárias.

Com a eleição de Lula em 2002 e seus dois exitosos mandatos, melhoraram de vida e se retiraram para o armário por não terem muito do que reclamar.

No final do primeiro governo Dilma, começaram a sair aos poucos do limbo para apoiar Aécio Neves, o candidato mais à direita que encontraram.

Com o surgimento do extremista radical de direita, Jair Bolsonaro, saíram de vez e conquistaram mais adeptos até chegarmos ao impressionante número de cerca de 58 milhões de pessoas aferido na última eleição.

Claro que muitos vão rever suas posições já a partir de 2023 e poderão se inclinar à direita ou até ao centro, na medida em que Lula comece a apresentar melhora na economia do país.

Bolsonaro prometeu liderar a oposição a Lula, mas não acredito que tenha força para isso, pois não é habituado ao trabalho. Além disso, grande parte de seus aliados já o abandonou e Tarcísio de Freitas surge como o nome preferido da extrema-direita para 2026.

Bolsonaro preferirá tratar de sua defesa nos processos que lhe cairão sobre a cabeça e continuar a praticar jet-ski. Isso, se não tentar fugir do país.

Desta forma, o tal do “bolsonarismo” será apenas algo que nunca foi e será paulatinamente esquecido.

Mas a extrema-direita, este sim, o termo correto para essa reunião de reacionários de todo tipo, persistirá no Brasil.


sábado, 5 de novembro de 2022

Por que extrema-direita e não bolsonarismo?

Por Fernando Castilho


Foto: Fernando Bizerra (EFE)


 

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem.


Os termos “bolsonarismo” e “bolsonarista’ têm sido muito utilizados pela grande imprensa, talvez à falta de um nome melhor ou pela preguiça em se aprofundar mais em algo que é encarado como mera questão de semântica.

Na Argentina, mesmo com a já distante morte do presidente Juan Domingo Perón em 1974, o temo “peronismo” persiste até hoje como uma tendência inaugurada por ele, denominação dada genericamente ao "Movimento Nacional Justicialista".

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem. Pior, não inaugurou nenhuma tendência ou corrente de pensamento político.

Não é possível um paralelo com “fascismo”, “integralismo”, “socialismo”, “comunismo” ou “nazismo”, que persistem até hoje. As falas e ações de Bolsonaro não carregam nenhuma teoria e não possuem nenhuma tese que as embase e que permitam ser ele o mito que conduzirá milhões de pessoas daqui pra frente atravessando décadas. 

Essas pessoas, na verdade, são extremistas de direita e sempre existiram, porém, com o adjetivo mais suave de “direita”.

São elas que no passado ficaram inconformadas com o fim da ditadura militar e passaram a votar em figuras da direita como Paulo Maluf em São Paulo e Antônio Carlos Magalhães na Bahia, por exemplo.

Foram elas também que elegeram Fernando Collor contra Lula em 1989. Porém, àquela época, não eram ainda extremistas, apenas reacionárias.

Com a eleição de Lula em 2002 e seus dois exitosos mandatos, melhoraram de vida e se retiraram para o armário por não terem muito do que reclamar.

No final do primeiro governo Dilma, começaram a sair aos poucos do limbo para apoiar Aécio Neves, o candidato mais à direita que encontraram.

Com o surgimento do extremista radical de direita, Jair Bolsonaro, saíram de vez e conquistaram mais adeptos até chegarmos ao impressionante número de cerca de 58 milhões de pessoas aferido na última eleição.

Claro que muitos vão rever suas posições já a partir de 2023 e poderão se inclinar à direita ou até ao centro, na medida em que Lula comece a apresentar melhora na economia do país.

Bolsonaro prometeu liderar a oposição a Lula, mas não acredito que tenha força para isso, pois não é habituado ao trabalho. Além disso, grande parte de seus aliados já o abandonou e Tarcísio de Freitas surge como o nome preferido da extrema-direita para 2026.

Bolsonaro preferirá tratar de sua defesa nos processos que lhe cairão sobre a cabeça e continuar a praticar jet-ski. Isso, se não tentar fugir do país.

Desta forma, o tal do “bolsonarismo” será apenas algo que nunca foi e será paulatinamente esquecido.

Mas a extrema-direita, este sim, o termo correto para essa reunião de reacionários de todo tipo, persistirá no Brasil.


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A difícil vida do bolsonarista-raiz

Por Fernando Castilho




Houve inúmeras ocasiões, em que o presidente, após atacar ferozmente alguém e prometer que “ACABOU!”, invariavelmente voltava atrás.


Todos assistimos no domingo, 23, o grotesco episódio em que o ex-deputado Roberto Jefferson recebeu a tiros de fuzil os policiais federais que foram cumprir mandado de prisão expedido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por desacato à sentença que o ministro Alexandre de Moraes lhe havia dado.

Durante as horas de resistência à prisão que se seguiram, vários populares seguidores do presidente da República compareceram às proximidades do local para dar apoio ao bandido, certos de que atendiam a um chamamento de seu mito. Não faltou uma covarde agressão ao cinegrafista da Inter TV, afiliada da Rede Globo, que foi levado imediatamente para a UTI de um hospital. O agressor, um assessor na câmara de Três Rios, foi exonerado da função e será investigado por lesão corporal.

O deputado federal Otoni de Paula chegou a gravar um vídeo em que afirmava que tinha informações de que o mito estaria acionando as Forças Armadas para intervir no caso.

O capitão, que costuma agir por impulso, algo próprio de pessoas autoritárias, acionou o ministro da justiça, Anderson Torres para comparecer ao local, mas a coordenação de sua campanha, percebendo que seria muito perigosa uma associação com o meliante, conseguiu demover o inominável de seu instinto.

O resultado é que, horas depois, ele declararia que quem atira em policial é bandido e que não defenderia Jefferson.

Imediatamente, as redes bolsonaristas que estavam defendendo o ex-deputado e atacando o Alexandre de Moraes, passaram a divulgar que Roberto Jefferson não tinha nada a ver com seu mito e que, na verdade, é homem ligado a Lula.

Um meme surgiu nas redes. Nele, um boi pergunta: “agora é pra defender ou pra atacar bandido?”

Mas esse não foi o único caso em que seguidores tiveram que dar cavalo de pau em suas opiniões. Houve inúmeras outras ocasiões em que o presidente, após atacar ferozmente alguém e prometer que “ACABOU!”, invariavelmente voltava atrás.

Um outro caso emblemático foi quando ele discursou nas comemorações do 7 de setembro de 2021. Na ocasião xingou Alexandre de Moraes de canalha e praticamente convocou seus seguidores para o golpe... que não veio porque não foram reunidas as condições ideais, como o apoio das Forças Armadas.

Mas os caminhoneiros e a população presente na Esplanada dos Ministérios e também em São Paulo, imaginaram que o golpe, enfim, aconteceria, que o exército implantaria a tão sonhada ditadura comandada por seu líder, que o STF seria fechado e que viveriam felizes para sempre.

À noitinha, apavorado com a possível prisão de seu filho Carluxo, que parecia prestes a acontecer, recorreu a Michel Temer para que este escrevesse uma cartinha a Moraes pedindo desculpas.

A reação a esse cavalo de pau covarde foi de incredulidade num primeiro momento, mas depois os seguidores conseguiram reunir todo tipo de desculpas para tentar justificar o recuo. Seria um recuo tático, disseram eles. Mas na próxima... a próxima, em 2022, não veio.

Lembram-se da ameaça que o presidente fez à Rede Globo?  Concessão não seria renovada! Embora estivessem acompanhando a novela Pantanal, bolsonaristas ficaram exultantes com o prometido fim da Globolixo, como eles chamam. Deu no quê? Mais uma vez o capitão recuou. Na verdade, a ameaça pareceu ser muito infantil, algo de menino da 5ª série que não mede consequências. Foi um blefe, mas os bolsonaristas acreditaram.

Imagino que, daqui a alguns anos, alguns poucos bolsonaristas colocarão a mão na consciência e conseguirão avaliar o erro que cometeram e lembrarão quantas e quantas vezes depositaram sua confiança em quem a traía invariavelmente logo no momento seguinte. Quanto tempo perderam com quem nada valia.

Outra parte dirá que não quer mais saber de política e fingirá que nunca apoiou seu mito. E todos nós sabemos quem são.

Mas, certamente o ovo da serpente foi chocado e o bolsonarismo, como uma espécie de corrente de extrema-direita, prosseguirá, mesmo sem o seu chefe.

Infelizmente, veio pra ficar.

 

 

 


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Lula x Bolsonaro - Um país fraturado

Por Michelle Meneses


Foto: Fernando Rabelo.  A bandeira em farrapos. Pernambuco, Brasil, 2017.


O discurso Fascista e radical encontrou solo fértil em uma sociedade Escravocrata, Cruel, Preconceituosa, Elitista e Conservadora.


A Onda Reacionária que inundou o Brasil mostrou toda sua força nas Eleições 2022.

O PL partido de Bolsonaro fez a maior bancada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal; em muitos estados também fez a maioria das bancadas no Legislativo.

Como explicar a Força do Bolsonarismo?

Com fortes pautas ideológicas de costumes, com muita desinformação e fake news, o Bolsonarismo construiu uma realidade paralela, levando muito MEDO ao povo brasileiro com informações distorcidas e muitas mentiras.

Essa combinação perigosa de medo, desinformação, eleitores sem compromisso com o voto e também com um forte apelo antipetista e religioso, mostrou toda a força do Bolsonarismo, num país claramente dividido entre Reacionários e Progressistas.

Como entender e explicar que 686.000 brasileiros perderam suas VIDAS para a Covid19 no Governo Bolsonaro, com a pior gestão na mais grave Crise Sanitária do país e o ex Ministro da Saúde General Pazuello foi o 2° Deputado Federal mais VOTADO do Rio de Janeiro!

Isso é incrivelmente absurdo !!

Será que o Eleitor não entendeu o que aconteceu no Brasil?

Será que o Eleitor vota sem responsabilidade e compromisso?

Será que o Eleitor perdeu o senso de solidariedade?

Em São Paulo, o ex Ministro Ricardo Salles, Inimigo do Meio Ambiente teve MAIS que o DOBRO da Votação de Marina Silva, defensora incansável das causas Ambientais, sendo reconhecida internacionalmente por sua luta em defesa da Amazônia e dos demais biomas brasileiros!

Ambos foram eleitos Deputados Federais.

Como isso pode acontecer num país que se diz ” Defensor do Meio Ambiente “?

São muitas contradições nessas Eleições.

A Falta de Consciência política do Eleitorado é muito visível e preocupante.

A extrema-direita se firmou no Brasil, isso é um fato inexorável!

“Deus, Pátria, Família e Liberdade”

O discurso Fascista e radical encontrou solo fértil em uma sociedade Escravocrata, Cruel, Preconceituosa, Elitista e Conservadora.

“Um fascista é alguém com profunda identificação com um determinado grupo ou nação em cujo nome se predispõe a falar, que não dá a mínima para os Direitos de outros e está disposto a usar os meios que forem necessários- inclusive a violência- para atingir suas metas.”
( Trecho do Livro ” Fascismo – Um Alerta”)

A economia pífia, a precarização do trabalho, a violência, a fome, a miséria, a educação e saúde destruídas foram temas que pouco tiveram peso na Escolha do Eleitor em seus Representantes políticos.

Precisamos fazer uma profunda e séria reflexão sobre ” Qual Brasil, Qual Povo” emerge da Tsunami Reacionária que varreu o país.

Um país Fraturado, Dividido e Perdido é o local perfeito para a instalação de uma Ditadura.

Tempos Difíceis e Sombrios!



Michelle Meneses é advogada, cientista política e colunista da Tribuna da Imprensa Livre

 


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Por que a arma travou?

 Por Fernando Castilho




Desta vez o instrumento do capitão Messias foi o lobo solitário, Fernando André Sabag Montiel, um bolsonarista convicto que tentou eliminar o mal, segundo seu mito.


Ainda nos surpreendemos com o que já não deveríamos. E isso é bom.

Depois do bolsonarista que invadiu a festa de aniversário de um petista e o matou com uma arma de fogo, não seria surpresa que outro apoiador de Jair Bolsonaro ousasse eliminar mais alguém da esquerda, tão odiada pelo seu mito.

A escolhida da vez foi a vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner que, além de ser parte importante de um governo de esquerda, é mulher. E todos sabemos que o capitão odeia as mulheres, principalmente aquelas que se sobressaem aos homens.

Mas a pergunta que não quer calar é: POR QUE A ARMA TRAVOU?

Bolsonaro, desde antes do início de seu governo, vem insuflando o ódio entre uma população que parece desejar o retorno aos tempos pré-estado, quando havia uma guerra de todos contra todos. Para isso, extraoficialmente, criou até um gabinete do ódio.

A penetração da ideologia das armas nas igrejas evangélicas, instrumentalizada por pastores milionários que não acreditam em Cristo, mas no dinheiro, fez com que um grande número de fiéis esquecesse da máxima que prega oferecer a outra face a quem nos agride. Desta forma, o ódio contra aqueles que são diferentes, contra a esquerda e, mais especificamente, contra Lula e o PT, cria uma legião de lobos solitários que só estão no aguardo de uma ordem ou de uma insinuação de ordem para fazerem o serviço sujo de seu messias.

Mas, POR QUE A ARMA NÃO DISPAROU?

Bolsonaro adotou o discurso de guerra que diz que há uma luta do bem contra o mal e que ele representa o bem. Portanto, todos os que a ele se opõem, são o mal. Cristina Kirchner, por ser de esquerda e mulher, é a face bem-acabada do mal. Só faltou ser negra e homossexual.

Desta vez o instrumento do capitão Messias foi o lobo solitário, Fernando André Sabag Montiel, um bolsonarista convicto que tentou eliminar o mal, segundo seu mito.

Então a arma deveria ter disparado, mas POR QUE TRAVOU?

Os evangélicos que veem em Bolsonaro um messias, até pelo sobrenome, e que, por isso, acreditam que ele é um enviado de Deus, deveriam fazer essa pergunta.

Se Fernando Sabag agiu como instrumento do messias e este age como instrumento de Deus, mais uma vez, POR QUE A ARMA NÃO DISPAROU?

POR QUE A ARMA TRAVOU?