Diante deste quadro pessimista, mas que se escora na percepção de que já vivemos num Estado de Exceção em que vale tudo e onde a Constituição foi vilipendiada, só vejo alguns caminhos a seguir até que ocorra a votação no Senado, dentro do prazo de no máximo 180 dias.
Quando
um governo é eleito democraticamente, goza de legitimidade e pode,
desde que conste em seu programa, adotar medidas impopulares como
forma de encontrar caminhos que possam contornar crises econômicas.
Não
é o caso de Michel Temer.
O
vice assume agora interinamente o governo e já anunciou
indiretamente que vai atingir fundo os direitos e o bolso dos
trabalhadores e da classe menos favorecida do país.
Fosse
ele político hábil, esconderia o fato, exatamente como o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin cinicamente faz.
Mas
é possível que Temer esteja muito confiante na blindagem que a
grande mídia, encabeçada pela Rede Globo, lhe dará, afinal, jamais
os órgãos de imprensa vão deixar transparecer às pessoas de
verde-amarelo, que elas embarcaram numa canoa furada.
Mais
do que nunca é hora da mídia maquiar todos os índices negativos
que advirão de um governo ilegítimo e golpista. Não tenham
dúvidas, de uma hora para outra a bolsa subirá, a confiança do
consumidor disparará, a inflação e o desemprego cairão e o
Datafolha tratará de exibir bons índices de aprovação de Michel.
A
mídia sempre fez acrobacias para esconder o que não queria que
vissem e mostrar, aumentar ou até mesmo inventar ''notícias'' de
seu interesse.
Tenho
certeza de que já na primeira semana de ''governo'', Temer divulgará
a herança maldita que recebeu de Dilma. Herança da qual ele também
é doador. Mas não virá ao caso.
Protestos
se espalharão pelo país.
A
mídia, através de seus colunistas sabujos, tratará de classificar
os manifestantes de baderneiros que querem a ruína do país ou
instaurar o comunismo no Brasil.
É
quase certo que o ministro da Justiça será o atual secretário de
Segurança Pública de São Paulo, aquele que ganhou notável
know-how ao reprimir violentamente estudantes secundaristas que
protestam contra ocupações de escolas e a máfia da merenda.
Se
a coisa ficar feia, não restará alternativa. Willian Bonner terá
que justificar como medida necessária a convocação por Temer das
Forças Armadas que tem o dever constitucional de garantir a paz e a
ordem à Nação.
Lula
sairá pelo Brasil denunciando o golpe e aglutinando forças para a
resistência. Mas como não estamos mais num Estado de Direito,
poderá ser preso mesmo sem crime cometido. Afinal, o golpe não
estará completo se ele se candidatar a presidente em 2018.
Não
vou falar do STF. Este não sairá da toca a não ser para deliberar
pelo arquivamento de processo contra Aécio Neves, que já está na
mão de Gilmar Mendes.
Diante
deste quadro pessimista, mas que se escora na percepção de que já
vivemos num Estado de Exceção em que vale tudo e onde a
Constituição foi vilipendiada, só vejo alguns caminhos a seguir
até que ocorra a votação no Senado, dentro do prazo de no máximo
180 dias.
1
– Aglutinação das forças de esquerda e dos movimentos sociais.
Continuidade da mobilização e protestos quase que diários sem
redução da pressão.
2
– Tentativa nas redes sociais de conscientização do maior número
de pessoas que ingenuamente foram compelidas a embarcarem no golpe,
mas que já estão começando a ter percepção de seu erro.
3
– Atuação forte de Dilma, senadores e deputados nas bases
eleitorais dos que estão propensos a votar pelo golpe no Senado.
Esses caras só poderão mudar de posição caso sintam que estão
ameaçados de não se reelegerem em 2018 quando se renovarão dois
terços do Senado.
4
– Manutenção da denúncia de golpe à mídia estrangeira,à ONU e
à Corte Internacional de Justiça.
5
– Busca de apoio junto a outros países, principalmente os que
compõem os Brics, até porque estes não devem ter nenhum interesse
por um governo Temer que poderá tirar o Brasil da aliança e
restabelecer a parceria com os americanos devido ao interesse destes
pelo pré-sal.
Por
fim, todo apoio aos estudantes secundaristas. Eles podem significar
muito para o futuro da esquerda.