sábado, 30 de abril de 2016

Um divã no Senado, por favor.

Por Fernando Castilho





Fica claríssimo que Janaína é uma militante apaixonada e que nada vai impedi-la de derrubar Dilma. Ainda que a única acusação contra a presidenta fosse passear com seu neto pelo Alvorada, ela toparia a empreitada, com certeza. Afinal, 45 mil reais é uma boa grana.

Depois de assistir à fala da advogada e professora Janaína Paschoal no Senado, fiquei por longo tempo meditando e tentando analisar a personalidade complexa dessa mulher.

Não sou psicólogo nem psiquiatra, motivo pelo qual não há aqui nenhuma tentativa de diagnóstico, deixo claro.

Janaína já tinha dado mostras de descontrole emocional quando de sua fala em frente à Faculdade de Direito da USP em 5 de abril. Como o fato ocorreu logo após a matéria da IstoÉ que vendia a imagem de uma Dilma tresloucada, causando indignação geral, muita gente aliviou com Janaína preferindo caracterizá-la ''apenas'' como fascista, mas nunca como louca. Afinal, há uma ideia injusta e machista de que as mulheres às vezes têm ataques de nervos e perdem o controle.

Janaína no Senado, começa falando dos motivos pelos quais ela tomou a decisão de lutar contra Dilma, Lula e o PT. Isso mesmo, ela está envolvida em uma batalha pessoal.

Tudo teria começado ainda no início do primeiro mandato de Dilma. A presidenta havia revelado em entrevista que seu maior sonho quando criança era ser bailarina mas sentia uma frustração por não ter conseguido realizá-lo.

Janaína então afirma que chorou durante essa entrevista com pena de Dilma. Chegou a escrever-lhe uma carta, que nunca chegou à presidenta por falta de portador.

Com o decorrer do tempo e com um governo que não lhe agradava, Janaína começou a discordar das medidas implantadas por Dilma.

Era então chegada a hora de pesquisar se havia alguma corrupção no governo.

E ela teria ''descoberto'' que Dilma enviava secretamente dinheiro à Cuba e à Venezuela.

Janaína não chega a apresentar nenhuma prova do que afirmou, mas percebe-se claramente que ela sofre (não é diagnóstico, gente) da mesma neurose das pessoas vestidas de verde-amarelo dos protestos.

Janaína disse que na Câmara tomou um chá de cadeira de Cunha, juntamente com o pessoal do MBL, Vem pra Rua e Revoltados online. Percebe-se então por quem ela vem sendo manipulada.

À certa altura ela muda de tom e revela todo o seu ódio para com Dilma. Ela assusta.

Sente-se traída pela presidenta e vai lutar com todas as suas forças para derrubá-la. Afinal, como Dilma ousou trair sua confiança, justamente quem chorou por ela. É evidente que seu ego é muito forte.

Fica então claríssimo que Janaína é uma militante apaixonada e que nada vai impedi-la de derrubar Dilma. Ainda que a única acusação contra a presidenta fosse passear com seu neto pelo Alvorada, ela toparia a empreitada, com certeza.

A advogada revelou que recebeu 45 mil reais (45 é o número do PSDB) para elaborar seu parecer. Neste momento cabe uma reflexão sobre ética profissional.

Os coxinhas dizem não ver nada anormal no fato, pois ela trabalhou e mereceu receber.

Mas não é tão simples assim. Pelo contrário, é muito grave.

Janaína, como todo advogado que se preze, pode ser contratada para dar seu parecer sobre se as pedaladas fiscais podem ou não se configurar em crime de responsabilidade.
Caso chegasse ao crime, poderia seguir em frente e elaborar o parecer.

Não foi o caso. Janaína foi contratada apenas para elaborar um parecer que afirmasse que as pedaladas são crime.

Creio ser falta de ética profissional.

Fora o fato de que o PSDB tem o relator, Anastasia no Senado. Tudo em família.

Ao final de sua explanação, a fala mais patética. Como uma deputada ao declarar seu voto pelo ''sim'', naquele fatídico domingo, ela invocou as criancinhas do Brasil e chorou.

Janaína ainda viria a sofrer um ''golpe'' do senador Randolfe Rodrigues.

Randolfe lhe fez algumas perguntas sobre se determinadas ações configurariam crime de responsabilidade. Ela, após ouvir, respondeu que não havia dúvidas. Seriam mesmo crime de responsabilidade. Randolfe então, placidamente, lhe revelou que estava falando do vice Michel Temer que também assinou decretos na ausência de Dilma.

Mais tarde Janaína viria a afirmar que Temer teria agido à mando de Dilma e que ele não teria culpa. Muito tosco este argumento, não?

Mas vamos falar brevemente sobre Miguel Reale Jr.

Este falou por meia hora e ficou estranho ver que a todo momento assessores do PSDB lhe ajudavam com o texto. Ficou claríssimo que ele não sabia do que se tratava!

Ao final, ouviu sem esboçar reação, do senador Lindbergh, que cometera vários erros no parecer. A expressão do jurista era de uma pessoa distante.

Senadores teriam comentado que ele está senil. Será?

O tucano filiado Reale Jr, segundo Janaína, não cobrou do PSDB pelo parecer.

Por fim, Hélio Bicudo não compareceu. Motivo de saúde?

Sabe-se que Bicudo move-se por rancor contra Lula, conforme afirmou um de seus filhos.

Mas não se descarta também senilidade.

Então, será que o golpe se escora em três figuras que necessitam de ajuda?

Ou será que, como alguns defendem, Janaína se faz passar por louca? Mas qual seria a utilidade disso? Escapa-me a estratégia.

De qualquer forma, a meu ver, pela exposição de Janaína no Senado, caberia uma intervenção do STF por desvio de motivos, uma vez que ao invés de comprovar que as pedaladas fiscais realmente são crime de responsabilidade, ela demonstrou que o que a move é só ódio e vingança.

Vingança por ter sido ''traída'' por Dilma.

Que coisa!





Nenhum comentário:

Postar um comentário