sábado, 21 de maio de 2022

Ciro saiu do PDS, mas o PDS nunca saiu dele

Por Fernando Castilho

Foto: Reprodução Youtube


Ciro Gomes talvez deseje derrotar Lula porque gostaria muito de ser Lula, mas nunca poderia sê-lo. Está numa cruzada pessoal na qual luta sozinho porque o ex-presidente o ignora


Quando Ciro Gomes convidou Gregório Duvivier para um debate em seu canal, qualquer um que acompanha minimamente o destemperado candidato já poderia prever o que iria acontecer.

Ciro é oriundo do PDS, a antiga Arena, o partido que deu sustentação à ditadura militar, utilizado apenas para dar aos olhos do mundo e de brasileiros incautos, a ilusão de democracia comandada por um regime cruel e sangrento.

Ao ter a ideia do debate Ciro deve ter pensado que Duvivier seria mais um a ser jantado.

A expressão vem sendo usada por admiradores sempre que ele utiliza de seu estilo autoritário para tentar anular ou desqualificar o outro, numa evidente faceta fascistóide que carrega desde sempre.

Mas o coronel não costuma jantar quem o bajula, como é o caso do ator Pedro Cardoso que, no mesmo canal, Ciro Games, só lhe teceu elogios, merecendo o tempo que quisesse para se expressar.

Duvivier o tempo todo se queixava de que Ciro não o deixava falar, ao que espertamente o cearense, que não nasceu no Ceará,prometia que lhe daria voz. E não dava.

O coronel tinha fome de janta, já tinha até colocado seu babador, mas de repente  imaginou que o debate também serviria bem para dar um up em sua campanha estacionada nos 8 ou 9%, afinal, seria visto por muitos milhares de espectadores (ao escrever este texto, o canal já tinha 750 mil visualizações!), entre eles, muitos petistas e muitos “nem nem”, admiradores de Duvivier.

Por isso, passou a desfilar um rosário de ataques a Lula, a maioria eivados de injúrias, calúnias e difamações.

Lula até agora tem se mantido com foco de sua candidatura, com proposições para restaurar o que foi subtraído do país em termos de civilização e economia, mas também não se furtando às críticas contra Bolsonaro, o verdadeiro inimigo da democracia e do povo brasileiro, aquele de fato precisa ser combatido. É improvável que acione o tagarela na justiça.

Talvez Lula ainda alimente uma esperança, ainda que tênue, de poder contar com Ciro no segundo turno, já que parece impossível um apoio no primeiro.

Mas o que é de fato muito estranho é um candidato que está em terceiro lugar nas pesquisas, lutando para se classificar para a segunda volta, atacar o candidato mais bem colocado. Seu foco deveria ser o capitão, até porque seria mais fácil. Ele deseja (exige?) um debate com o ex-presidente, e não com o capitão, a quem seria muito mais fácil vencer, caso este comparecesse.

Incompreensível também, se considerarmos o coronel um candidato de esquerda, não se unir a Lula neste momento para juntos, derrotarem a extrema-direita.

A conclusão é que Ciro Gomes, na realidade, pretende duas coisas:

1 - derrotar Lula porque gostaria muito de ser Lula, mas nunca poderia sê-lo. Está numa cruzada pessoal na qual luta sozinho porque o ex-presidente o ignora;

2 – não está nem aí para o Brasil, sua democracia e seu povo desempregado e faminto.

Para Ciro, derrotar Bolsonaro e seu autoritarismo não está no horizonte porque ele próprio é autoritário e só está num partido tido como de esquerda por conveniência, a mesma conveniência que o fez membro de várias agremiações ao longo de 40 anos de vida pública, a começar pelo velho PDS.

Na verdade, Ciro saiu do PDS, mas o PDS nunca saiu dele.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Os carcarás no final do banquete

 

Por Fernando Castilho




Os militares carcarás de alta patente garantiram seus salários polpudos e suas toneladas de picanha e salmão regadas a muito vinho, uísque e cerveja


Poderia chamá-los de abutres porque é da natureza dessa ave aguardar até que outros animais se fartem de devorar a presa e só mais tarde, quando sobrarem restos já putrefatos, se servirem dela.

Mas a carne ainda não está putrefata e permanece, apesar dos bocados insaciáveis, incrivelmente generosa. Portanto, estamos falando de outra ave, o carcará, aquela que pega, mata e come, como canta Maria Bethânia.

O Brasil se tornou vítima da promessa de Jair Bolsonaro feita a Donald Trump e Steve Bannon, que não se tornaria presidente para construir, mas sim, para destruir. Promessa cumprida. Aliás, a única.

Para qualquer área para a qual nos voltarmos, veremos o processo de destruição em andamento e, em certos casos, quase concluído.

A Saúde só não foi totalmente sucateada e privatizada porque o SUS foi o sustentáculo da resistência durante a pandemia, apesar dos esforços do presidente e seus ministros, colocados no cargo exatamente para cumprirem o papel de verdugos da pasta.

A Educação, infelizmente não resistiu como a saúde, já que não possui um sistema único, mas os esforços para destruí-la foram recompensados com drástica redução de adesão ao Enem, demissão em massa de profissionais qualificados para a elaboração dos exames, ausência de um plano para enfrentamento das dificuldades dos alunos em prosseguirem acompanhando as aulas remotamente – o que causou enorme evasão escolar e atraso de anos no aprendizado, com consequências sérias para suprir o país de profissionais qualificados num futuro próximo – e corrupção, muita corrupção.

No Meio-Ambiente vimos a inauguração de uma nova modalidade de gestão, aquela que vai no sentido contrário da finalidade do ministério. O Ibama foi seriamente enfraquecido, o que permitiu que muita gente lucrasse com o desmatamento, as queimadas, o garimpo ilegal em terras indígenas e a tentativa de venda ilegal de madeira, feita pelo próprio ministro, aos Estados Unidos.

O ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos foi tão descaracterizado que hoje até seu nome foi desfigurado para ministério da Damares. Tudo que foi possível ser feito contra os indígenas e contra o direito das mulheres a administrarem seu próprio corpo, foi cumprido com louvor pela ex-ministra. Ninguém deve esquecer que a pasta enviou capangas para pressionar psicologicamente e até com ameaças físicas uma menina de apenas dez anos a dar à luz em condições de risco extremo uma criança, fruto de estupro. A corrupção no MEC vazou, mas a do ministério da Damares, talvez mais encorpada, se mantém oculta a nossos olhos.

Mas, e o carcará, o que faz neste momento?

Está próximo o tempo em que os carcarás terão que deixar o governo, se o rito das eleições prevalecer. Alguns já devoraram seu bocado e bateram asas para escapar a uma prisão, se protegendo nos cargos que disputarão no parlamento ou em governos estaduais. Outros, ainda não saciados, arrancam freneticamente nacos do país, como os deputados e senadores que compõem o centrão, os ministros generais que permaneceram no governo e o próprio capitão.

Arthur Lira, Ciro Nogueira e seus comandados não se importam nem um pouco se Bolsonaro tentará um golpe ou não. Criaram a figura do estranhíssimo orçamento secreto, algo que todo mundo sabe que existe, mas que ninguém tem conhecimento da destinação. Um naco de carne de primeira muito generoso que não vão querer largar, mesmo que seja dado um golpe.

Os militares carcarás de alta patente garantiram seus salários polpudos e suas toneladas de picanha e salmão regadas a muito vinho, uísque e cerveja.

Tem carcará falando em privatizar a Petrobras, mesmo em fim de governo. Que importa se com a medida o preço da gasolina não baixe um centavo sequer? Será que ele tem esperança de que consiga seu intento nos 7 meses que faltam para ser espantado para outras plagas? Ou aposta no golpe para se refastelar do banquete?

Só há um predador capaz de dar cabo dos carcarás e ele está vindo.

Paradoxalmente esse predador é da paz.

Uma grande pomba que vem com força e não vem sozinho, pois confia na união de todos porque a tarefa é penosa, difícil e perigosa.

Ele há de vencer.


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Os carcarás no final do banquete | Construir Resistência (construirresistencia.com.br)

 

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quarta-feira, 18 de maio de 2022

O símbolo da esperança

 Por Fernando Castilho




Se quisermos mostrar às pessoas ainda renitentes a votar em quem já conseguiu tirar 35 milhões de pessoas da linha da miséria, o L com as mãos é o que devemos replicar não só nas redes sociais, mas também no dia a dia ao cumprimentarmos quem quer que seja


As pesquisas de opinião têm demonstrado que os índices de Lula e Bolsonaro vêm se mantendo estáveis com vantagem do ex-presidente que pode até vencer as eleições no primeiro turno.

Na esperança do surgimento de uma terceira via, a chamada grande imprensa, com exceção de alguns colunistas, vêm sustentando que Lula e Bolsonaro estão em dois extremos, o primeiro à esquerda e o segundo à direita, o que não é verdade.

O capitão sim, está situado na extrema-direita, o que o coloca numa posição muito próxima às ideias fascistas, mas o ex-presidente está longe de extremismos, dentro de um espectro entre o centro e a esquerda.

Nossos grandes jornais, cujos repórteres, articulistas e colunistas, principalmente mulheres, foram duramente atacados durante esses três anos e quatro meses de um governo que odeia quem não o bajula, parece que não percebem o perigo de um novo mandato e tentam demonstrar aos olhos de seus leitores que todos os crimes que o capitão tem cometido não são de sua responsabilidade, haja vista o tratamento dado ao caso do MEC em que o ministro corrupto foi demitido, apesar de ter afirmado em áudio gravado que a ordem para privilegiar os pastores nas emendas veio de seu chefe.

Nossa imprensa não vê problema algum no fato do presidente não trabalhar – o que é facilmente constatado numa simples consulta à agenda presidencial – e só fazer campanha eleitoral com dinheiro público, mas espuma de raiva quando Lula afirma que fará uma revisão na reforma trabalhista.

Felizmente, a imprensa não é e nem representa o povo sofrido do país que foi duramente prejudicado com as reformas.

As diferenças entre Lula e Bolsonaro são gritantes e peca quem sustenta que são a mesma coisa com sinais diferentes, a começar pelo símbolo que os dois fazem com as mãos. O primeiro faz um L e o segundo imita uma arma.

Se quisermos mostrar às pessoas ainda renitentes a votar em quem já conseguiu tirar 35 milhões de pessoas da linha da miséria, o L com as mãos é o que devemos replicar não só nas redes sociais, mas também no dia a dia ao cumprimentarmos quem quer que seja.

É o símbolo que identifica quem não tolera mais 4 anos de um governo genocida, psicopata, mentiroso e corrupto.

É o símbolo que identifica quem quer que o Brasil volte a se tornar uma nação respeitada no mundo todo, deixando de ser um pária internacional.

É o símbolo que identifica quem não deseja uma sociedade homofóbica, racista, misógina e fascista, mas valoriza a diversidade.

É o símbolo de quem tem esperança, mesmo sabendo que os próximos anos de reconstrução de Brasil, que teve suas políticas públicas destroçadas, serão extremamente difíceis.

É o símbolo de quem deseja que a cultura volte a ter importância.

É o símbolo de quem não aguenta mais tanto desmatamento, tanto incentivo ao garimpo ilegal, tanto ataque aos povos indígenas, tantos crimes contra o meio-ambiente.

É o símbolo da saúde baseada na Ciência, com vacinas e remédios gratuitos para a população e com a volta do Mais Médicos para levar atendimento à população mais pobre e mais distante dos grandes centros.

É o símbolo da educação sem corrupção, com fortalecimento do Enem, do Prouni e do Pronatec.

É o símbolo de quem anseia pela volta do Minha Casa Minha Vida porque não aguenta mais os altíssimos índices de reajuste dos aluguéis.

É o símbolo de quem precisa urgentemente de emprego e salário.

É o símbolo de quem quer que o governo deixe de tratar com descaso a inflação, que reduza os preços dos alimentos, do gás e da gasolina, para que todos voltem a ter três refeições por dia.

É o símbolo de quem não quer armas, mas quer livros.

É o símbolo de quem não quer que meliantes entreguem a Petrobras, o pré-sal e nossas riquezas minerais aos países estrangeiros.

É o símbolo de quem não aguenta mais tanto obscurantismo.

É o símbolo de quem quer de volta o progresso civilizatório e não tolera mais tanta regressão.

É o símbolo da distensão contra o autoritarismo.

É o símbolo da verdade contra a mentira.

É o símbolo de quem não tolera mais orçamento secreto e sigilos de cem anos, mas exige transparência.

É o símbolo de quem não quer mais o país aparelhado por milicianos.

É, por fim, o símbolo da esperança, da união e do coletivismo contra o individualismo e o egoísmo.


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Que país os bolsonaristas querem para seus filhos?

 

Por Fernando Castilho

 



Olhou para os lados, incomodado e disse: esta fila está muito demorada. Dá licença que vou embora


Estava numa fila para resolver problemas particulares quando um senhor de cabelos brancos, aparentando uns 70 anos puxou conversa comigo:

O que o senhor acha dessa guerra do Bolsonaro com o STF?

Observei o homem de cima a baixo e algo me disse que ele era adepto das teses do presidente. Decidi responder que o STF tem razão.

Pronto, bastou para o seguidor se revelar:

É a ditadura de toga, exclamou. Bolsonaro precisa fechar o STF e o Congresso para poder governar!

Embora não concorde com tamanha bobagem, sempre acho que é preciso ouvir a outra parte em sinal de respeito às diferentes opiniões. Por isso, adotei, como em outras vezes, o método socrático de fazer perguntas para que a outra parte, caso não tenha argumentos coerentes, caia em contradição.

Perguntei se, uma vez fechados o STF e o Congresso Nacional, Bolsonaro governaria sozinho.

Não, claro que não! Ele tem o partido dele que vai ajudá-lo!

Mas, se o Congresso foi fechado, como ainda haveria um partido?

Primeira contradição. Não soube responder, tentando mudar de assunto.

Mas veja, o ministro Marcos Pontes, o astronauta, já tem a vacina nacional para a Covid-19. O Bolsonaro não queria vacinas estrangeiras, por isso é que foi obrigado a ir adiando a compra de vacinas, disse ele num tom mais de dúvida que de afirmação.

Perguntei se Marcos Pontes ainda era ministro.

Não é mais, respondeu o homem.

E a vacina, em que pé está?

Bem, não sei. Mas agora não importa, já que está quase todo mundo vacinado, né?

Mais contradição.

Voltando às perguntas: o senhor acha que, Bolsonaro reeleito, vai ser bom para o país?

- Ele tem que terminar o que começou, né? Em 4 anos não dá pra fazer tudo, né?

- O que falta ele terminar?

- Ah, falta melhorar a economia, baixar os preços dos alimentos e da gasolina.

- Ele está trabalhando pra isso?

- Agora não dá porque ele está em campanha, viajando pelos estados.

O homem ficou vermelho.

Indaguei: mas por que Bolsonaro é tão bom para o país?

- Ora, porque ele é enviado por Deus, é a favor da família, contra os gays e a Anitta.

- O senhor acha que ele vai fazer alguma coisa contra os gays?

- Ah, aí não dá, né? Só matando. Mas ele vai falando contra, sabe como é, né?

- E a Anitta? Ele vai proibir ela de rebolar?

- Se ele tivesse esse poder, ia proibir sim.

- Mas se ele não pode fazer nada contra os gays nem proibir a Anitta de rebolar, o senhor acha que mesmo assim ele está fazendo um bom governo e merece continuar?

O velho mudou de assunto.

- Ele está combatendo o comunismo!

- É mesmo? Tem comunismo no Brasil?

- Tem, não, graças a Deus! Mas se tiver, ele combate.

Olhou para os lados, incomodado e disse: esta fila está muito demorada. Dá licença que vou embora.

 

Uma só pessoa não representa os 30% que Bolsonaro tem de eleitores, mas fica claro que há muitos que pensam de forma parecida. Gente que vê ameaça comunista em todos os lugares, que odeia a população LGBTQIA+, que acha que um presidente pode mais que a Constituição, que não se importa com as milhares de vidas ceifadas pela pandemia, que vê com naturalidade o armamento daqueles que podem adquirir armas, que não percebe que seu mito não trabalha e não se importa com a escalada do desemprego, a alta dos preços dos alimentos e combustíveis e a corrupção que grassa em seus ministérios. Parece até que têm cupons de desconto por serem bolsonaristas.

Não se trata aqui de fazer apologia a Lula, mas de repelir o autor desse quadro de destruição para que ele não consiga completar sua obra.

Antes de Bolsonaro se eleger, ele avisou a que viria e muita gente não acreditou.

Agora ele avisa que dará um golpe e muita gente ainda não acredita.

É preciso que o povo e a sociedade civil se mobilizem em defesa do STF, mesmo aqueles que criticam a instituição por seus atos e omissões no passado recente.

Se o capitão vencer essa queda de braço com o Supremo, cujo pivô é um deputado louco por ditadura, sairá fortalecido e confiante para um golpe que pode resultar em última instância, até numa guerra civil.

Fiquemos atentos.


 

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Ele tentará o golpe

Por Fernando Castilho


Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo



Bolsonaro é burro, mas não tanto a ponto de insistir em ficar mais 4 anos no poder pelo voto. Vai perder e até o general Heleno, tão burro quanto ele, sabe disso


É difícil tentar não ser mais do mesmo, mas é inevitável que, devido aos movimentos dados nos últimos meses pelo presidente Jair Bolsonaro, os militares mais próximos a ele e parlamentares que lhe dão sustentação, que tenhamos certeza de que o golpe será tentado, embora não signifique que terá êxito. Provavelmente não terá.

O capitão é um homem despreparado e totalmente incapaz de planejar qualquer coisa, sobretudo uma ruptura institucional dessa envergadura.

Não basta querer romper com o processo eleitoral, é preciso estruturar o antes, o durante e o depois.

No último 7 de setembro, Bolsonaro, guiado somente por seu ímpeto, sem nenhum planejamento, tentou o golpe, mas teve que refugar porque o apoio com o qual ele contava não veio. Foi preciso se humilhar diante do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ou seja, não planejou o antes e o durante.

Imaginem planejar o depois. Imaginem ter que segurar as pontas da inflação e do preço da gasolina. Imaginem governar após um golpe sem apoio da população, da imprensa e da elite econômica e financeira que verá os investimentos no Brasil serem cortados. Nem os EUA apoiam o golpe.

Mas os meses passaram e as eleições se aproximam cada vez mais. E com elas, as manifestações insanas do capitão sugerindo a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas e deixando claro que não aceitará nenhum outro resultado que não sua vitória.

Ao mesmo tempo, o atual ministro da defesa põe as manguinhas pra fora ao exigir ser o representante das FFAA na Comissão de Transparência das Eleições, atribuição que constitucionalmente não compete à instituição.

O ministro do TSE, Edson Fachin reagiu rejeitando novas sugestões dos militares ao processo eleitoral, embora seja o grande responsável por essa barafunda ao incluir a caserna entre aqueles que poderiam contribuir para o aperfeiçoamento das urnas. Ora, se há 100% de segurança, se há a possibilidade de auditoria dos votos e se o hackeamento é impossível, por que pedir às FFAA uma verificação do sistema?

Já faz 6 meses que Lula e Bolsonaro mantém praticamente os mesmos índices nas pesquisas e o mesmo distanciamento. O único fato novo significativo e com algum poder de alterar esse estado de coisas é o evento de lançamento da pré-candidatura Lula/Alckmin ocorrido no sábado com sucesso tão grande que pode dar a Lula mais alguns pontinhos.

Bolsonaro é burro, mas não tanto a ponto de insistir em ficar mais 4 anos no poder pelo voto. Vai perder e até o general Heleno, tão burro quanto ele, sabe disso.

O capitão não quer dar um golpe, somente. Ele precisa dar um golpe para continuar no poder e não ser preso. Quase todos os ministros já deixaram o governo para tentar um cargo legislativo porque sabem que podem ser presos em caso de derrota do capitão, mas todo aquele pessoal que ainda está com ele vai embarcar na aventura.

Resta saber se ele terá forças para a tentativa.

O 7 de setembro deve ter servido de lição. Muito possivelmente já haja um bom contingente de milicos a apoiá-lo, mas ainda não deve ser a maioria dos quartéis.

E é isso que pode causar um confronto extremamente perigoso. Será que Bolsonaro planejou o depois?

Vai fechar o STF e o Congresso?

Como lidar com a resistência que deverá vir?

Quais seriam as consequências do ato impensado?

Mais um monte de mortes?

Diante dessa grande ameaça, vamos fazer como muita gente fez antes do golpe contra Dilma Rousseff? Vamos duvidar e confiar nas instituições e no Estado de Direito?

É preciso que os partidos que se uniram à chapa Lula/Alckmin, os sindicatos, os movimentos sociais e a sociedade civil fortaleçam o apoio ao TSE e ao STF, hoje as primeiras trincheiras da resistência contra a ameaça de ditadura que está se desenhando.

É também imprescindível uma conversa e uma costura com setores das FFAA que não fecham com Bolsonaro para tentar neutralizar qualquer movimento mais arrojado da ala golpista.

Interlocutores há para isso, como o ex-ministro da Defesa durante os governos Lula e Dilma, Nelson Jobim, o ex-ministro da Defesa durante o governo Dilma, Aldo Rebelo e o ex-ministro da Defesa durante o governo Temer, Raul Jungmann. Todos eles têm bom trânsito entre os militares.

É preciso que as forças que defendem a democracia não esperem, mas que se antecipem.

Em tempo: nossa grande imprensa, que depende da democracia para manter a liberdade de expressão, imprescindível aos jornais, embora certamente não apoie o golpe, parece não ter compreendido ainda a ameaça que está por vir. Faz ares de quem quer ostentar uma neutralidade político-partidária que só favorece sua futura destruição.

Se a ficha não cair logo, será apontada no futuro como cúmplice de mais um período sombrio e cruel de nossa história.


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https://jornalggn.com.br/opiniao/ele-tentara-o-golpe-por-fernando-castilho/

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https://piauihoje.com/blogs/e-o-que-eu-acho/ele-tentara-o-golpe-401161.html

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https://medium.com/@fernandocastilho/ele-tentar%C3%A1-o-golpe-f770f16a8c11



terça-feira, 26 de abril de 2022

Não nos deixam ser uma nação

Por Fernando Castilho





Hoje temos no poder um tirano que prometeu no início do mandato não só acabar com o sonho de nos tornarmos uma grande nação, mas destruir o país. Esse é o único projeto daquele que, no auge da pandemia, recebeu a alcunha de Capitão Morte


Em maio de 2013 a presidenta Dilma Rousseff ostentava confortáveis 65% de aprovação de seu governo, mas já no mês seguinte despencou para cerca de 30%.

O movimento pelo passe livre havia se insurgido contra o aumento de 20 centavos nas passagens dos ônibus e do metrô de São Paulo, mas com uma velocidade inédita se transformou em protestos pelo Brasil inteiro contra a única pessoa que seria a responsável por todas as mazelas de um país que caminhava para a frente social e economicamente: Dilma, a nova anta da classe média e da grande mídia.

Hoje se sabe - embora os autores da urdidura do golpe que tirou a presidenta honesta do poder, neguem - que as hordas de pessoas vestidas de verde-amarelo que invadiram as ruas foram comandadas pela atuação do Departamento de Estado dos Estados Unidos que estava de olho no petróleo do Pré-sal que Dilma resistia em entregar ao Tio Sam. Esse modelo de atuação tem sido replicado em todo o mundo, segundo os interesses norte-americanos.

A verdade é que os governos do PT haviam alçado o Brasil à sexta posição mundial na economia, superando o Reino Unido. A projeção do gráfico de crescimento fazia supor que o país emergente seguia segura e continuamente seu projeto de se tornar uma grande nação.

O golpe pôs fim a esse projeto com muita gente ganhando dinheiro e poder, e um juiz alçado à posição de celebridade nacional ao articular com o ministério público a prisão daquele que iria recolocar o país de volta aos trilhos do crescimento.

Hoje temos no poder um tirano que prometeu no início do mandato não só acabar com o sonho de nos tornarmos uma grande nação, mas destruir o país. Esse é o único projeto daquele que, no auge da pandemia, recebeu a alcunha de Capitão Morte.

O ousado lance de decretar uma graça ilegal constitucionalmente a um daqueles desqualificados, soldados da guerra contra a democracia, que invariavelmente o capitão abandona para trás, tem o intuito de, não só confrontar forças com o Supremo, mas sobretudo de dar o primeiro xeque contra a democracia brasileira.

Nesse xadrez em que, de repente, o país se vê envolvido, é imprescindível que o STF contra ataque, sob pena de que a porteira para a boiada do golpe já comece a se escancarar.

As pesquisas de opinião apontam há meses, com pequenas variações, um quadro em que Lula vence o inominável em todos os cenários, com possibilidade de vitória em primeiro turno, sem possibilidade de terceira via. Parece não haver nada que altere esse estado de coisas até 3 de outubro.

O capitão PRECISA de mais um mandato para que não seja preso e para que dê continuidade às maracutaias que se tornariam de domínio público assim que Lula assuma a presidência em 2023. E após mais quatro anos, precisará mudar a Constituição para um terceiro mandato ou colocar no poder um dos filhos para assegurar sua impunidade eterna.

Por isso, o capitão não esperará o dia das eleições em primeiro turno para dar um golpe.

Recentemente boa parte do exército reagiu contra a revelação de que em 1975 o STM (Superior Tribunal Militar) tinha conhecimento das torturas e assassinatos que ocorriam no Doi-Codi durante a ditadura. O inominável se aproveita desse fato para tentar aglutinar as forças que ele não conseguiu no último 7 de setembro.

Precisamos que o STF tenha a coragem de anular o decreto, mas, mais que isso, precisamos que as outras instituições, a sociedade civil responsável, os movimentos sociais e os partidos de oposição se organizem para dar suporte à decisão do Supremo.

Se a resposta ao inominável não for mais forte que o lance que acabou de fazer, desistiremos de ser uma nação para nos tornarmos a Cuba de Fulgêncio Batista.


Também publicado no Jornal GGN:

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É preciso, a partir de agora, construir a resistência

Por Fernando Castilho 


Foto: Adriano Machado/Reuters

O que se passou na cabeça de Bolsonaro foi a ideia de testar o STF e, por conseguinte, todas as instituições


Quando Bolsonaro anunciou na última quinta-feira, 21, a graça concedida ao deputado federal Daniel Silveira, a primeira reação foi de estupefação.

Foi preciso ler o decreto com atenção e acompanhar as análises que os juristas fizeram sobre esse lance inesperado do presidente contra o STF.

Praticamente todas as opiniões convergiram para a inconstitucionalidade do ato e, por isso, não perderei tempo com considerações a respeito.

Resta analisar as motivações do capitão suas possíveis consequências e desdobramentos.

É certo que, faltando 5 meses e meio para as eleições presidenciais, o quadro das intenções de voto permanece praticamente inalterado com Lula bem à frente de Bolsonaro e nada indica que isso mudará.

É certo também que o capitão, pelo que já declarou inúmeras vezes, não aceitará qualquer resultado que não o contemple. Seu desejo é deflagrar um golpe alegando fraude nas urnas eletrônicas, mas, como foi demonstrado no último 7 de setembro, ainda não possui a totalidade das Forças Armadas de seu lado.

Nesta mesma semana ocorreu um fato que desagradou a ala mais autoritária dos militares da caserna e dos que acumulam vultosos salários no governo. A jornalista Míriam Leitão divulgou áudios de sessões do STM (Supremo Tribunal Militar) gravados em 1975 que demonstram sem sombra de dúvida que a alegação de que os comandos e os presidentes ditadores não tinham conhecimento das torturas e assassinatos cometidos nos porões do Doi-Codi é falsa.

O atual presidente do Tribunal, bem como os generais comandantes ficaram revoltados e se assanharam a ponto de dar todo o apoio à decisão de Bolsonaro, enquanto o centrão tentava dissuadi-lo, sem sucesso.

Uma das características mais marcantes do capitão é encarar seus amigos e aliados como soldados. Vão morrer alguns, o que fazer? Foi assim com Sarah Winter, Queiroz, Roberto Jefferson e muitos outros. Então, por que intervir de maneira tão forte na causa de Daniel Silveira?

Alguns sustentam que ele tem rabo preso com o deputado, mas Queiroz também não tem?

O que se passou na cabeça de Bolsonaro foi a ideia de testar o STF e, por conseguinte, todas as instituições.

Munido de certo reforço dado pelos militares, joga para ver se há possibilidade de romper a corda.

Se os ministros do STF recuarem agora, Bolsonaro cresce em prestígio com as Forças Armadas. É um movimento que pode ir se ampliando até 3 de outubro e que pode dar suporte a um possível golpe.

Bolsonaro não pode vencer essa queda de braço, mas não podemos deixar o STF sozinho nessa luta.

O jornalista Lauro Jardim cobrou uma reação de Lula, o que considero injusto porque exigir essa postura dele é colocar em seus ombros toda a responsabilidade da defesa das leis e das instituições.

O que realmente é necessário é uma articulação de forças da oposição juntamente com setores de outros partidos que são simpáticos à eleição de Lula para uma reação forte contra o ditador.

Além disso, não vejo como os movimentos sociais, os sindicatos, o MST, o MTST, a militância de esquerda e o povo que mais sofre com esse governo, podem se omitir neste momento e não saírem às ruas contra o tirano.

Sob pena de perdermos essa batalha pela via do golpe.

É preciso, mais do que nunca, construir resistência!


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quarta-feira, 20 de abril de 2022

A crueldade de Bolsonaro com os aposentados

Por Fernando Castilho




É certo que Nunes Marques usou de um trambique previsto no regimento interno do STF para atuar em prol do governo Bolsonaro


Conquistar uma aposentadoria digna para viver com tranquilidade o período que vai da velhice até o dia da morte sempre foi uma espécie de loteria.

Muitos jovens, ao ingressar na vida profissional, imaginam trabalhar durante mais de 30 anos para, ainda com saúde, poder desfrutar de mais umas poucas décadas do dinheiro a que têm direito.

Porém, nem sempre a realidade corresponde à expectativa. Muitas vezes o valor mensal do benefício é insuficiente para parar de trabalhar ou, o que é muito pior, o contribuinte morre antes de se aposentar.

Conheço um caso de uma pessoa que, décadas atrás, foi atropelado justamente ao sair do posto do INSS com seu pedido de aposentadoria concedido.

O Estado e a Justiça também podem ser particularmente cruéis com nossos velhinhos, como veremos a seguir.

A mídia, principalmente a Rede Globo, tentou convencer os brasileiros de que a Reforma da Previdência era necessária para não quebrar a instituição. Além disso, seria benéfica para a grande maioria das pessoas. Uma mentira particularmente cruel, mas que beneficiou grandes empresários, agora desobrigados de contribuir com sua parte.

Recentemente descobriu-se que grande parte de nossos aposentados tem direito a receber bem mais do que vem recebendo há muitos anos. É que a regra de transição estabelecida em 1999 desconsiderava as contribuições anteriores ao Plano Real, o que deixou muita gente no prejuízo.

Foi por isso que escritórios de advocacia que atuam no direito previdenciário ingressaram com ação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para corrigir essa defasagem. A ação foi ganha com os ministros votando a favor por unanimidade.

Porém, o governo Bolsonaro entrou com recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) alegando que a correção dos benefícios e o pagamento dos atrasados levaria o INSS à falência.

O argumento é falso, já que muitos dos que teriam direito já faleceram. Além disso, pra muita gente a chamada Revisão da Vida Toda não compensaria, pois ela só é interessante para quem recebia até 1999 valores maiores do que passou a receber depois.

Mesmo assim, as planilhas que a AGU (Advocacia Geral da União) preparou conseguiram enganar alguns ministros do STF que, preocupados com a alegada provável falência do órgão previdenciário, votaram contrariamente.

A favor votaram o relator, Marco Aurélio Mello, Edson Fachin, Rosa Weber, Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski.

O escritório que é amicus curiae na ação apostava que Luís Roberto Barroso votaria favorável, mas este não correspondeu às expectativas.

A votação por sistema eletrônico estava empatada em 5 a 5 quando Alexandre de Moraes pediu vistas.

Em 25 de fevereiro último, o ministro deu ganho ao processo com seu voto.

Já havia motivos para comemoração quando Kássio Nunes Marques, faltando apenas 29 minutos para o encerramento das votações, pediu destaque!

Com esse pedido, a votação deverá ser anulada e outra, desta vez presencial, iniciada.

É certo que Nunes Marques usou de um trambique previsto no regimento interno do STF para atuar em prol do governo Bolsonaro.

Ocorre que, quando a votação se reiniciar, André Mendonça, o ministro terrivelmente evangélico que entrou no lugar de Marco Aurélio, que se aposentou, certamente também votará alinhado com o governo. Ele é tão alinhado e tão antiético que no último domingo até posou para foto junto ao presidente enquanto este fazia sua costumeira campanha eleitoral com dinheiro público. Na sabatina no Senado afirmou que atuaria com isenção, mas agora povou que mentiu. Vai pro inferno.

Espera-se que o placar se inverta para 5 a 6 com a consequente derrota de nossos aposentados que terão que se conformar com seus minguados benefícios.

Nunes Marques, ao pedir o destaque, desrespeitou a norma jurídica que exige que seu ato seja motivado. Desta forma, está criada uma insegurança jurídica, pois, a cada vez que um ministro tiver seu voto vencido, poderá requerer outra votação. É o mesmo que um time perdedor exigir novo jogo. Por isso, o destaque de Nunes Marques poderá ser derrubado, com consequente desprestígio para ele. Não há outra motivação para o ministro que a de tentar agradar seu chefe, o presidente Bolsonaro.

Além disso, houve falta de ética, merecendo até crítica indireta de Gilmar Mendes.

É certo que todos os ministros da Corte, inclusive os que votaram contra a ação, se sentiram desrespeitados, o que poderá motivar a mudança de um ou outro voto somente para colocar os dois bolsonaristas em seu devido lugar.

Também já há entendimento de que a AGU ousou tentar enganar os ministros quando da primeira votação e que o pleito é plenamente constitucional.

De qualquer forma, o Supremo só se reuniria presencialmente para rejulgar a ação daqui a talvez mais de um ano ou dois.

Enquanto isso, mais velhinhos morrerão sem receber seu benefício de direito.

É a crueldade de Jair Bolsonaro que não tem limites.

Felizmente, esse governo está para acabar e o Brasil iniciará um árduo período de reconstrução.


Também publicado no Jornal GGN: 

https://jornalggn.com.br/opiniao/a-crueldade-do-governo-bolsonaro-com-os-aposentados-por-fernando-castilho/

 

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terça-feira, 12 de abril de 2022

A pobreza invisível aos olhos dos partidos de direita

Por Fernando Castilho


Foto: Folha de São Paulo


As instituições que deveriam fiscalizar essas ações ilegais do capitão, o TSE e a PGR, fazem vista grossa, ou por pusilanimidade, caso da primeira, ou cumplicidade, caso da segunda


As propagandas eleitorais na TV, embora disfarçadas, já começaram.

Excetuando-se a centro-esquerda de Lula, e a extrema-direita de Bolsonaro, todos os outros partidos componentes desse espectro político são da direita. E nenhum, excetuando Lula, demonstra o menor sentimento de empatia com o sofrido povo brasileiro.

O que se vê são platitudes e mentiras.

Um diz que a esquerda vê a pedofilia com simpatia.

Outro se intitula o verdadeiro partido conservador.

Para todos o que importa é a defesa da tradicional família brasileira. Mesmo que ela esteja se despedaçando por causa da fome, do desemprego e da Covid..

O Brasil perdeu em pouco mais de dois anos pelo menos 620 mil pessoas para a Covid-19, numero divulgado pelo Consórcio de Veículos de Imprensa que, com certeza, está subestimado. Multiplique-se isso por 5 e teremos a dor de mais de 3 milhões de familiares, muitos dos quais, perderam seus arrimos.

Mas esses partidos, o presidente e o centrão não viram isso, ou não sentiram isso, ou não ligam para isso, ou não agiram para evitar isso.

Outros milhares de pessoas, entre mortos, feridos e desabrigados foram vítimas das terríveis chuvas dos últimos meses, enquanto o presidente do Brasil se exibia em esquis aquáticos por Santa Catarina, alheio ao sofrimento humano.

Novamente, nenhum deles viu isso, sentiu isso. E nem se lembra mais disso.

Caminho pelas ruas da cidade e observo o enorme contingente de famélicos, sujos e  maltrapilhos a andar como zumbis a esmo ou deitar nas calçadas e marquises. Gente que chegou ao fundo do poço por causa do desemprego que lhe custou o despejo e a desagregação da família. Gente que talvez nunca mais consiga se reerguer.

Passo por um semáforo e observo a menina descalça de 7 ou 8 anos tentando vender balas para os motoristas que permanecem com as janelas de seus carros fechadas por medo de assalto. É inevitável um sentimento de tristeza e raiva.

Esse fenômeno também acontecia até 20 anos atrás, pouco antes da eleição de Lula a seu primeiro mandato.

Essas pessoas abandonadas pelo Estado são invisíveis aos olhos dos políticos dos  partidos de direita e de extrema-direita que fazem propaganda na TV. Nós já os vimos antes através de denúncias de corrupção, de votos favoráveis a medidas contrárias ao povo, como as reformas trabalhista e da previdência e envolvimentos em orçamentos secretos.

São os mesmos que em 2016 votaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff, pela família, pelos filhos, pelo papagaio, mas sobretudo, pelo dinheiro que receberam de Eduardo Cunha. São predadores do Estado brasileiro que se aproveitam do fantoche que está no Planalto.

Sim, o responsável direto por todo esse sofrimento dos desvalidos, a autoridade máxima da nação, gasta seu tempo viajando pelo país, fazendo campanha eleitoral antecipada, paga com dinheiro público.

As instituições que deveriam fiscalizar essas ações ilegais do capitão, o TSE e a PGR, fazem vista grossa, ou por pusilanimidade, caso da primeira, ou cumplicidade, caso da segunda.

O sofrimento e a dor de não conseguir emprego, de não ter o mínimo necessário para comprar alimentos para os filhos famintos, de não poder comprar um botijão de gás, de perder o pouco dos bens que se conseguiu comprar com sacrifício em muitas prestações não é nem reverberado pelos veículos de comunicação que sempre procuram selecionar as pessoas mais conformadas com a própria sorte para as rápidas entrevistas no horário nobre dos telejornais. Chegamos a questionar se não existe mesmo ninguém revoltado no país.

É por isso que, em meio a essa profusão de insensibilidades das propagandas eleitorais dos partidos de direita e extrema-direita, a chama de esperança transmitida pelo velhinho de cabelos brancos que fala ao povo com voz rouca, ilumina aqueles momentos tão hipócritas e obscuros.

Para Lula, o enorme contingente de miseráveis não é invisível. Mas só pra ele.

É pra essa gente, mas também para a classe média que também começa a ser duramente atingida pela crise econômica descontrolada que Lula fala.

É essa gente que Lula quer colocar no orçamento do país.

Para Lula, o pobre não é um problema a ser desconsiderado ou colocado na invisibilidade, mas sim, a solução para a economia.

Ao dizer que é mais fácil vencer as eleições do que consertar todos os estragos cometidos nesses últimos anos, o velhinho barbudo dá a real dimensão da destruição que encontrará em todas as esferas federais ao assumir em janeiro de 2023.

Lula é o único candidato que não está em campanha por pura vaidade, para manter privilégios, para aumentar e dividir o butim ou para evitar ser preso.

Lula é o único candidato que ama seu país de verdade, com sinceridade.

Ele sempre demonstrou isso e a gente vê isso em seus olhos. 


Também publicado no Jornal GGN:

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terça-feira, 5 de abril de 2022

Como propagou-se a Covid pelo mundo?

Por Fernando Castilho





A imprensa ocidental deixou de falar das armas biológicas norte-americanas encontradas pelos russos em laboratórios ucranianos. Por quê?


A mídia ocidental, capitaneada por agências como a Reuters, tem procurado mostrar a versão que mais agrada este lado do planeta acerca dos acontecimentos relativos ao conflito Rússia-Ucrânia.

Todos os dias temos lamentado a destruição e as mortes no país de Volodymyr Zelensky, alimentado nosso ódio pelo invasor, Vladimir Putin, mas esquecendo-nos de verificar quais seriam as razões para a invasão e, muito menos, ouvido e visto o que relata a imprensa do lado de lá.

Ontem mesmo, vimos revoltados os cerca de 300 corpos de pessoas assassinadas pelo exército russo, espalhados pelas ruas destruídas da cidade de Bucha.

Numa situação dessas, temos duas opções: acreditar piamente nas imagens ou desconfiar delas, afinal, há uma guerra de informações. A primeira é a mais cômoda e a segunda é a mais trabalhosa. Opto pela segunda.

Zelensky, como de costume, fez com muita competência um teatro em cima do fato, mas a Rússia nega veementemente que tenha cometido esse crime terrível.

Bem, neste contexto atual em que a Rússia, seus costumes, sua cultura e suas artes estão sendo canceladas pelo restante do mundo, vale perguntar qual seria a razão para jogar ainda mais a opinião pública planetária contra ela? Qual o simbolismo e qual a utilidade para a guerra desses 300 corpos?

Estive pensando o dia todo nisso quando me veios às mãos um vídeo mostrando os mesmos corpos deitados nas ruas acenando para tropas ucranianas que passavam de caminhão. Muito estranho.

Porém, da mesma maneira que desconfiamos dos vídeos de Zelensky, também desconfiamos desse.

A imprensa ocidental deixou de falar das armas biológicas norte-americanas encontradas pelos russos em laboratórios ucranianos. Por quê?

Por que a ONU não enviou uma missão para investigar esses laboratórios? A Rússia vai ficar falando sozinha na ONU? Ninguém tem interesse em verificar a veracidade das gravíssimas afirmações?

Agora me deparo com Ignacio Ramonet,  jornalista e diretor do sério jornal Le Monde Diplomatique em versão espanhola, acaba de fazer uma denúncia gravíssima.

O texto que compartilho aqui começa com a palavra Urgente e afirma que a Rússia não esperava descobrir, como parte da sua campanha militar, “aves numeradas“ criadas por laboratórios biológicos e bacteriológicos na Ucrânia, financiados e supervisionados pelos organismos militares dos EUA.

Outra “surpresa”, foi anunciar as localizações dos laboratórios norte-americanos que fabricam e ensaiam armas biológicas em 36 países do mundo (um aumento de 12 países em relação à sessão anterior).

Mas afinal o que são estes “pássaros numerados”, tratados por Ramonet como “Aves de destruição em massa”?

Depois de estudar a migração das aves e observá-las ao longo das estações, os especialistas ambientais e os zoólogos puderam conhecer o caminho que estas aves tomam a cada ano na sua viagem sazonal,incluídas as que viajam de um país para outro e até de um continente para outros.

(isso já sabíamos)

Aqui entra em ação o papel dos serviços de inteligência das organizações que conduzem um plano de “segurança estratégica” dos EUA. Um grupo destas aves migratórias são “detidas”, digitalizadas e providas de uma cápsula de germes e patógenos que levam um chip para serem controlados através de computadores, como se fossem drones vivos. A seguir são libertadas de novo para unirem-se às aves migratórias nos países onde se planeja efetuar a contaminação.

Sabe-se que estas aves tomam um caminho desde o mar Báltico e o mar Cáspio até o continente africano e o sudeste asiático, assim como outros dois voos a partir do Canadá para a América Latina na Primavera e no Outono. Durante o seu longo voo monitora-se o seu deslocamento passo a passo por intermédio de satélites e determina-se a sua localização exata. Se querem, por exemplo, prejudicar a Síria ou o Brasil, o chip é destruído quando o pássaro está nos seus céus. Mata-se o pássaro que cai levando a epidemia. Assim, as doenças se espalham neste ou naquele país. Dessa forma, o país inimigo é prejudicado sem nenhum custo militar, econômico e político para o imperialismo ianque genocida.

A numeração das aves migratórias é considerada um delito pelo direito internacional, porque são aves que penetram o céu e o ar de outros países, e podem espraiar contaminação. Se o laboratório lhes abastece de vírus e germes, então esta ave converte-se numa arma de destruição maciça. Portanto, no direito internacional, considera-se proibida a utilização de aves para lançar ataques mortais contra um país oponente. Porém, a pandemia não foi uma guerra convencional contra uma determinada nação, mas uma operação econômica para tentar resgatar o regime capitalista de sua crise terminal, gerando lucros trilionários para a Big Pharma, que agora no mercado financeiro só fica atrás da indústria armamentista.

O país que comete um ato tão imoral e criminoso, em tese seria punido pelo regimento da ONU. Acontece que os EUA não tremem diante de nenhuma punição internacional, pois os governos burgueses não se atrevem a castigá-los. Mas agora serão imputados diante do estigma que acompanhará a sua existência como um Estado terrorista, inclusive perante os seus submissos aliados.

O governo Putin têm uma forte “carta na manga”, quando afirma que capturou as “aves numeradas” . Isto quer dizer que os ianques foram agarrados com as mãos na massa, com todos os pormenores contidos que provam uma condenação decisiva por um organismo científico independente.

Isto obriga a pensar na possibilidade real de que todos os vírus que infectaram humanos neste século, especialmente os últimos, como o ébola que afetou a África, o antrax, a gripe porcina e aviar, e atualmente o Covid-19, provenham todos de laboratórios militares financiados e administrados pelos EUA.

E foi isto que fez com que a China apresentasse uma solicitação urgente, séria e estrita para realizar uma investigação internacional sobre o surgimento repentino do coronavírus. É muito provável que o imperialismo ianque tenha utilizado aves migratórias para primeiro matar cidadãos da China e depois no mundo todo, para potencializar seu sistema financeiro.

 

Embora não se possa chancelar essa opinião como verdadeira, não se pode simplesmente descartá-la e, muito menos desqualificar o seu autor, um jornalista sério, com muitos anos de história e com muitas fontes fidedignas.

Infelizmente, talvez o mundo nunca consiga comprovar a veracidade do que afirma o jornalista porque os EUA ainda são um império que manda em seus aliados, mas esse estado de coisas não é eterno, já que está em curso declínio de seu domínio com a crescente ascensão da China e da própria Rússia.

Talvez, daqui há alguns anos, possamos conhecer a verdade.


Abaixo, o texto original de Ramonet, em espanhol, extraído do Diario 16.


«… Urgente*

En una ruidosa reunión en el Consejo de Seguridad de la ONU, realizada a pedido de Rusia, sobre el desarrollo de armas biológicas estadounidenses en sus fronteras dentro de Ucrania, quedó en evidencia lo siguiente:

1- El delegado ruso entregó documentos y pruebas para que quedaran en el acta de la sesión que confirman lo siguiente:

*Financiamiento oficial del Pentágono para un «aparente» programa de armas biológicas en Ucrania

*Nombres de personas y empresas estadounidenses especializadas en las pruebas y documentos involucrados en este programa.

*La ubicación de los laboratorios en Ucrania y los intentos realizados hasta ahora para ocultar las pruebas.

2- Anunciar otra sorpresa del representante de Rusia en las ubicaciones de los laboratorios estadounidenses que fabrican y prueban armas biológicas en 36 países del mundo (un aumento de 12 países con respecto a la sesión anterior).

3- El delegado ruso específicó las enfermedades y epidemias, los medios de su liberación, los países en los que se están probando y cuándo y dónde se llevaron a cabo los experimentos con o sin el conocimiento de los gobiernos de estos países.

4- El delegado ruso confirmó públicamente que entre los experimentos y efectos está el virus responsable de la actual pandemia y la gran cantidad de murciélagos utilizados para transmitir este virus.

5- Estados Unidos lo niega, Francia y Gran Bretaña aliados con ella (y el eco entre los pueblos de estos países es muy violento), y tienden a creerse esta novela bajo la presión psicológica que la pandemia ha dejado sobre todos.

6- La Organización Mundial de la Salud niega su conocimiento de la existencia de experimentos biológicos en Ucrania y dice: Toda nuestra información es que son laboratorios de investigación médica para combatir enfermedades (y Rusia prueba con evidencia la correspondencia regular y visitas de expertos de la Organización Mundial de la Salud) a los laboratorios estadounidenses sospechosos en todo el mundo.

7- China ataca a todos, y le dice al delegado de USA: Mientras niegues y estés seguro de tu inocencia, ¿por qué te niegas desesperadamente. a permitir la realización de una investigación por parte de especialistas para averiguar la verdad, especialmente con documentos y pruebas contundentes?

A los que quieran saber cuáles son los pájaros numerados… y como América mata al mundo sin un sólo tiro… Aquí les dejo la información:

Aves de destrucción masiva..

Rusia no esperaba descubrir, como parte de su campaña militar en Ucrania, aves numeradas producidas por laboratorios biológicos y bacteriológicos en Ucrania financiados y supervisados por los Estados Unidos de América.

¡¿Pero qué son los pájaros numerados?!

Después de estudiar la migración de las aves y observarlas a lo largo de las estaciones, los especialistas ambientales y los zoólogos podrán conocer el camino que toman cada año estas aves en su viaje estacional, incluidas. lasque viajan de un país a otro o incluso de un continente a otros.

Aquí entra el papel de la inteligencia de las partes que llevan un plan malévolo, un grupo de estas aves migratorias son «arrestadas», digitalizadas y provistas de una cápsula de gérmenes que llevan un chip para ser controlados a través de computadoras, luego son liberadas de nuevo para unirse a las aves migratorias a los países donde se planea el daño.

Se sabe que estas aves toman un camino desde el mar Báltico y el mar Caspio hasta el continente africano y el sudeste asiático, y otros dos vuelos desde Canadá a América Latina en primavera y otoño. Durante su largo vuelo, se monitorea su desplazamiento paso a paso a por intermedio de satélites, y se determina su ubivación exacta, si quieren, por ejemplo, dañar a Siria o Egitpo, el chip se destruye cuando el pájaro está en sus cielos. Se mata el pájaro y cae llevando la epidemia, y las enfermedades se esparcen en tal o cual país. Así, el país enemigo ha sido dañado sin ningún costo militar, económico y político.

La numeración de las aves migratorias es considerada un delito por el derecho internacional, porque son aves que penetran el cielo y el aire de otros países, y si se les provee de gérmenes, entonces esta ave se convierte en un arma de destrucción masiva. Por lo tanto, en el derecho internacional, se considera prohibido el uso de aves para lanzar ataques mortales contra un oponente, y quien comete un acto tan inmoral e inhumano es castigado, y esto es lo que hizo que América no temblara ante ningún castigo (nadie se atreve a castigarlos a ellos) sino del estigma que acompañará la vida de todos ellos y de excluirlo por completo como país creíble, incluso de sus aliados.

Los rusos tienen una fuerte carta de presión, cuando dicen que han capturado las aves, quiere decir que los americanos están agarrados con las manos en la masa, con todos los detalles que contiene que prueban la condena decisiva. Esto obliga a pensar en la posibilidad de que todos los virus que han infectado a humanos en este siglo, especialmente los últimos, como el ébola, que afectó a África, ántrax, gripe porcina y aviar, y actualmente el Covid-19, todos provengan de laboratorios financiados y administrados por los Estados Unidos de América, y esto es lo que hizo que China presentara una solicitud urgente, seria y estricta para realizar una investigación internacional sobre la aparición repentina del coronavirus, es muy probable que Estados Unidos haya utilizado aves migratorias para matar ciudadanos de China.

Lo importante es que los escándalos de América del Norte van en aumento, y ahora ha comenzado a rebajar su tono hostil hacia Rusia y trata de reconectarse con ella, con la esperanza de que lleguen a un acuerdo político con los rusos que la proteja del mal de sus acciones y para que no represente ninguna amenaza para Rusia en el futuro.