quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Barroso confessa que prevaricou!

Por Fernando Castilho


Charge: Estadão


Poderíamos ser muito brandos com ele, chamando-o de leniente. Amentando o tom, ele seria tolerante. Subindo um pouco mais, omisso. Mas podemos afirmar, de acordo com sua entrevista, que está prevaricando.


O ministro do STF e que está de saída do TSE, Luís Roberto Barroso é odiado por 11 entre 10 bolsonaristas-raiz e consegue a façanha de não agradar também grande parte da esquerda também.

Lavajatista de carteirinha, ignorou a parcialidade com que o ex-juiz Sergio Moro condenou o presidente Lula sem nenhuma prova de corrupção.

Barroso, neste período em que esteve à frente do TSE, enfrentou poucas e boas, desde as ameaças do presidente de que teria provas de que a urna eletrônica é fraudável, passando pelos seus xingamentos e o quase golpe de 7 de setembro último. A vida não lhe tem sido fácil.

Mas a verdade é que o ministro polemiza. Anda doidinho pra isso. 

Há algumas semanas atrás declarou que o impeachment da ex-presidenta Dilma não se deu por crime de responsabilidade, mas sim de incapacidade política.

Leia artigo completo do blog em https://bloganaliseeopiniao.blogspot.com/2022/02/o-golpe-com-o-supremo-com-barroso-com.html

Ora, se ele tinha na época essa percepção, por que ficou calado e só agora emitiu sua opinião? Omisso.

Bem, hoje Barroso deu entrevista à Folha em que, entre outras perguntas, respondeu a esta, que reproduzo pela atenção que me chamou.

Folha: O presidente deve ser responsabilizado por esses ataques, na sua visão? 

Barroso: Eu optei por não entrar com ação penal, queixa-crime [contra o presidente], por muitas razões, mas a principal é que eu não trato isso como uma questão pessoal. A democracia foi a causa da minha geração e eu me mobilizo para defendê-la, mas eu não paro para bater boca. Acho que algumas pessoas são espiritualmente desencontradas, mas eu não dou a elas o poder de me tirar do meu centro.

Poderíamos ser muito brandos com ele, chamando-o de leniente. Amentando o tom, ele seria tolerante. Subindo um pouco mais, omisso. Mas podemos afirmar, de acordo com sua entrevista, que está prevaricando.

Ele optou por não entrar com ação penal contra o presidente por não tratar isso como questão pessoal! Vejam só!

Não se trata de questão pessoal. Acontece que Bolsonaro está cometendo muitos crimes livremente sem que ninguém o responsabilize de fato.

E não é só Barroso. É todo o STF, inclusive Alexandre de Moraes.

Inúmeras ações já foram protocoladas no Tribunal e enviadas ao PGR, Augusto Aras que, ou pede arquivamento ou segura. E fica por isso mesmo.

O governo federal não fez, ao contrário anos anteriores, nenhuma campanha de vacinação! A vacinação no Brasil tem tradição e é eficiente devido à conscientização da população através das campanhas na televisão e outros veículos de imprensa, mas agora só os infectologistas orientam a população a se imunizar.

Como se não bastasse, o próprio presidente boicotou as vacinas e inclusive defendeu que nenhum pai deveria vacinar seus filhos!

Pergunto, quantas crianças contraíram Covid e morreram diante dessa irresponsabilidade?

Acaso, os ministros, incluindo Barroso, não são corresponsáveis por isso?

Quem paga essa conta?

O que estão esperando? Que chegue o dia das eleições e o Capitão Morte seja derrotado nas urnas e todos se esqueçam dos mau-feitos e voltem a ser felizes para sempre?

E se Bolsonaro vencer nas urnas?

E se ele imitar Trump se recusando a aceitar o resultado da eleição e comande uma invasão no STF e no congresso?

Vão continuar a se omitir criminosamente, esquecendo-se de sua função constitucional de defender as leis, porque não querem bater boca com o capitão?

Além de Bolsonaro, nosso judiciário também terá que no futuro prestar contas à sociedade.

 

 


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

A galhofa mundial a que Bolsonaro nos expõe

Por Fernando Castilho


Túmulo do soldado desconhecido, em Moscou. (Foto: Vladvictoria/Pixabay)


Os assessores do capitão sempre temeram muito que ele cometesse alguma gafe, tipo cachorrinho quando levanta a patinha e faz xixi na perna do anfitrião

O presidente Jair Bolsonaro, aquele que em visita aos Estados Unidos de Donald Trump, bateu continência à bandeira norte-americana, seguindo à risca as orientações do filho Carluxo e do ex-chanceler Ernesto Araújo, originárias das “aulas” do astrólogo Olavo de Carvalho, queria ver o diabo, mas não a Rússia e a China, tidas como nações comunistas.

Mantendo a coerência, jamais pisaria por aquelas terras vermelhas que impregnariam seus sapatos capitalistas.

Mas bastou um convite, um apenas, de Vladimir Putin, e para lá foi célere o capitão.

Lógico que, para quem não gosta de trabalhar, visitar a Rússia acompanhado daquele séquito de sempre que inclui o ministro do turismo (ou ministro que só faz turismo), o filho Dudu e o deputado Hélio Negão e, poder passear, tirar fotos para a campanha irregular e torrar dinheiro do cartão corporativo secreto em compras milionárias, era muito tentador. Quem sabe, encontrar algum frango com farofa pra comer na Praça Vermelha?

Mas Putin mandou (a palavra é essa mesmo) reduzir a comitiva e incluir militares, aqueles mesmos que ainda defendem que a ditadura foi uma revolução popular e nos defendem do perigo comunista que nos espreita.

E para lá foram Bolsonaro, generais Ramos, Heleno e Braga Netto, acompanhados dos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

O Capitão Morte, que se recusa a mostrar o comprovante de vacinação, teve que se sujeitar a usar máscara ao desembarcar e permanecer por 24 horas confinado a um quarto de hotel. Nem Macron, nem Scholz precisaram passar por isso.

No dia seguinte teve que se deslocar pela Praça Vermelha (Praça Vermelha, gente!) e comparecer ao monumento onde jazem alguns heróis comunistas da Segunda Guerra e visitar o túmulo do soldado desconhecido onde há uma pira sempre acesa sobre uma estrela. Ao fundo há um capacete de um soldado com a estrela, símbolo do regime comunista da União Soviética e ao lado, uma foice e um martelo, o ícone histórico máximo do comunismo no mundo inteiro. O protocolo exigia que prestasse uma homenagem ao monumento. E ele o fez. Olha o simbolismo disso!

Alan Santos/PR

O que terá se passado nas cabeças do Capitão Morte e de seus generais nesse momento? Será que não pensaram que estavam no lugar errado? Será que não sentiram que estavam dentro de um inferno no qual nunca imaginaram entrar? Sentiram-se humilhados?

Confesso que eu, anti-Bolsonaro praticante, consegui sentir a humilhação.

Mas, por incrível que pareça, seus seguidores, não. Pelo menos não confessaram.

Expus essa indignação na página do Planalto no Facebook, mas fui chamado de burro porque não consegui entender a genialidade do presidente que teria dado um nó político e estratégico em Putin. Imaginem.

Mais tarde, Bolsonaro e Putin se reuniram por poucos minutos para a foto e o vídeo tradicionais que iriam para a imprensa.

Os assessores do capitão sempre temeram muito que ele cometesse alguma gafe, tipo cachorrinho quando levanta a patinha e faz xixi na perna do anfitrião.

Ele não decepcionou. Afirmou, sem que Putin solicitasse, que o Brasil é solidário a Rússia.

Solidário em quê, cara-pálida?

Por acaso a Rússia está enfrentando a fome, o desemprego, a alta dos combustíveis, a carestia em geral e o desgoverno, como o Brasil?

Ou será que se referiu ao impasse com a Ucrânia, o que seria mais grave?

Colocou o Brasil como apoiador da Rússia? Tomamos lado no conflito?

Na reunião marcada a acontecer com cada um dos presidentes sentando-se às extremidades daquela mesa gigante, outro enorme simbolismo, Bolsonaro só se fará acompanhar de um intérprete. Os assessores ficarão de fora cruzando os dedos para que ele não fale nenhuma bobagem costumeira, como piadinhas de mau gosto. Mas ele, novamente, não se conterá.

Imagino o seguinte diálogo:

Bolsonaro: ô Putin! Por acaso sua filha é chamada de filha do Putin? Hahahaha! Sacou? Filha do Putin!

O intérprete permanece calado e Putin pergunta o que o capitão falou. Ele só o cumprimentou, presidente. Esse é um costume brasileiro, diz ele.

Por mais que se especule, ainda é uma incógnita o motivo do convite de Putin a Bolsonaro.

Mas, se ele tencionava expor um líder fascista ao ridículo e à humilhação, já conseguiu, embora ainda haja mais acontecimentos por vir.

Que Bolsonaro e seus generais se exponham dessa forma à galhofa por parte de um dos maiores líderes mundiais, é problema deles.

Mas, arrastar também todos nós, o povo brasileiro, a nação brasileira, é inaceitável.

Imagem: Evaristo Sá/AFP



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https://piauihoje.com/blogs/e-o-que-eu-acho/a-galhofa-mundial-a-que-bolsonaro-nos-expoe-391765.html

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Brasileiro valoriza mais a religião do que ter carro ou filhos

Por Fernando Castilho



Rezar se tornou atividade mais frequente que ouvir música, assistir filmes ou séries ou trabalhar à distância! Isso significa que as igrejas podem ter crescido mais que streamings como Netflix


O que você mais valoriza na vida?

Esta foi a pergunta da pesquisa Datafolha em parceria com a startup imobiliária, quinto Andar.

A pergunta poderia ser confundida com os sonhos que o brasileiro tem.

Diferentemente das pesquisas comuns, esta atribuiu notas aos resultados obtidos. Desta forma, ter uma casa própria e uma profissão receberam a nota 9,7.

Num país onde faltam moradias, não é de surpreender que o brasileiro queira um lugar próprio para morar. Mas, e a profissão?

Sabemos que grande parte das pessoas, senão a maioria, trabalha com aquilo que originariamente não escolheu, mas as circunstâncias as obrigaram. Os recém-formados nas faculdades sabem muito bem o que é isso. Portanto, deve haver muita frustração, por isso, a nota 9,7.

Em seguida veio: ter estabilidade financeira – 9,6. Quem não gostaria? Vejam quanta gente se submete a concursos públicos hoje em dia;

Ter uma família – 9,4. Interessante que esse item vem em 4º lugar, enquanto ter filhos aparece em 9º e casar, em 10º lugar;

Ter plano de saúde – 9,2. Acho surpreendente que tanta gente dê importância a planos de saúde depois do escândalo da Prevent Senior e do golpe que a Amil está aplicando a seus segurados.

Além disso, planos de saúde submetem seus associados a uma espera de meses para procedimentos. Durante a pandemia muita gente descobriu o SUS e passou a se tratar por ele porque em muitos casos acaba sendo mais ágil;

Ter uma religião – 9,0. Surpreendente! Vem bem antes de ter filhos.

Durante a pandemia a eterna disputa entre ciência e religião foi espetacularmente vencida pela primeira. Foi a ciência que descobriu e mapeou geneticamente o coronavírus e, em tempo muito curto, produziu as vacinas para combatê-lo. Além disso, nos mostrou como podemos evitar o contágio através de distanciamento social e uso de álcool em gel e máscaras.

Pode ser que neste momento de desemprego e fome, os brasileiros sem perspectivas estejam se refugiando na religião que exerce o papel de manter as esperanças;

Depois vem, pela ordem, ter um negócio próprio – 8,8, ter um carro – 8,5, ter filhos – 7,9 e casar – 6,9. Este último, o menos valorizado.

A pesquisa avança para esmiuçar qualitativamente, principalmente a questão da casa própria, mas é interessante destacar  as atividades que o brasileiro passou a fazer com mais frequência em casa, durante a pandemia, em %. Neste casos é melhor reproduzir o gráfico do Datafolha.

Rezar se tornou atividade mais frequente que ouvir música, assistir filmes ou séries ou trabalhar à distância! Isso significa que as igrejas podem ter crescido mais que streamings como Netflix. Quando a pandemia acabar, as igrejas poderão lotar novamente e crescer ainda mais. Isso, mesmo depois que, repito, a ciência foi mais importante para a preservação da vida que a religião.

Não há como saber se essa  pesquisa refletiria mais ou menos o que ocorre no resto do mundo, mas, podemos dizer que o brasileiro é um povo que sempre surpreende e dá dor de cabeça a antropólogos e cientistas sociais que tentam estudá-lo.

Para acesso à pesquisa completa, clique em https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/02/brasileiro-valoriza-mais-casa-propria-do-que-filhos-religiao-e-estabilidade.shtml


 

 

 

 

 


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Por que odiamos a Rússia?

Por Fernando Castilho


Foto: Sputnik/Kremlin via Reuters


"Se a Ucrânia se juntar à OTAN e tentar recuperar a Crimeia por meios militares, os países europeus serão arrastados para uma guerra contra a Rússia, na qual não haverá vencedores.”


A Rússia está a um passo de invadir a Ucrânia! É o que as agências ocidentais de notícias, replicadas pela nossa imprensa, divulgam todos os dias.

O país remanescente da comunista União Soviética estaria sedento por invadir outros países e anexá-los porque... bem, porque Vladimir Putin, seu presidente, é um homem mau.

Vejam o que afirmou a porta-voz do governo Joe Biden: “a Rússia é um país conhecido por invadir outros”. Não, na verdade, são os Estados Unidos que são conhecidos por invadir outros. A lista é enorme.

Mas para tentar entender o que está acontecendo é preciso voltar aos tempos da Guerra Fria.

Para combater o comunismo, os Estados Unidos, junto com outros países da Europa, criaram a OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, enquanto a União Soviética, que compreendia muitos países comunistas, se organizaram no Pacto de Varsóvia.

De lá pra cá muita coisa mudou. O muro de Berlim foi derrubado e as duas Alemanhas se juntaram numa só; A União Soviética se fragmentou em vários países independentes e ela própria deixou de ser comunista, passando a ser uma democracia federal, baseada num sistema de Estado de Direito sob a forma de República.

Com o tempo, alguns outros países fronteiriços, como Polônia, República Tcheca, Hungria, foram aderindo à OTAN, fazendo com que ela se aproximasse cada vez mais da Rússia, acendendo um alerta amarelo.

Seria perfeitamente natural que esses países aderissem e passassem a desfrutar do comércio com a União Europeia, mas o que está acontecendo é uma união de caráter militar.

O risco colocado por Putin é o da aproximação e cerco militar cada vez maior a seu país. Ele ilustra muito bem ao perguntar se os Estados Unidos aceitariam de bom grado que a Rússia colocasse armas na Venezuela ou em Cuba, países muito próximos dos americanos.

No dia 7 de fevereiro Putin recebeu o presidente da França, Emmanuel Macron e durante a coletiva para a imprensa francesa, falou o mais francamente possível.

"Se a Ucrânia se juntar à OTAN e tentar recuperar a Crimeia por meios militares, os países europeus serão arrastados para uma guerra contra a Rússia, na qual não haverá vencedores.”

Embora tenha afirmado que o potencial militar da OTAN não possa ser comparado com o da Rússia, Putin lembrou que seu país é uma das maiores potências nucleares.

"Perguntem a seus leitores se eles querem combater a Rússia.

Não haverá vencedores.

Vocês serão arrastados para esse conflito contra sua vontade.

Vocês nem terão tempo de piscar antes de começarem a cumprir o artigo 5º do Tratado de Roma."

O que diz esse artigo?

Artigo 5º Crimes da Competência do Tribunal 1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes:

a) O crime de genocídio;

b) Crimes contra a humanidade;

c) Crimes de guerra;

d) O crime de agressão.

2. O Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao crime de agressão desde que, nos termos dos artigos 121 e 123, seja aprovada uma disposição em que se defina o crime e se enunciem as condições em que o Tribunal terá competência relativamente a este crime. Tal disposição deve ser compatível com as disposições pertinentes da Carta das Nações Unidas.

Não se trata aqui de defender Putin, um homem homofóbico e autoritário, uma espécie de Bolsonaro inteligente, porém, verdadeiramente patriota. Trata-se de tentar compreender os acontecimentos à luz do outro lado, ou seja, o da Rússia.

Na semana passada um submarino norte-americano foi interceptado pela marinha russa em águas daquele país, uma provocação de Biden.

O presidente norte-americano diz que não quer guerra e que procura negociar, mas, na verdade, usando Macron como escudo, tem interesse no conflito e trabalha nos bastidores para isso, já que uma guerra agora, com o poder de fogo que a OTAN ostenta, teria o poder de dar uma alavancada na supremacia americana no mundo, ameaçada pela China.

Faltou só combinar com os chineses que estão propensos a se aliar com a Rússia.

Se isso acontecer, Biden recuará por medo de ser o responsável histórico pelo maior conflito mundial de todos os tempos.

É sempre muito salutar pesquisar em várias fontes para poder entender o mínimo da geopolítica na região e se definir por um lado num possível conflito.

Além disso, uma dose de empatia sempre ajuda.

 

imagem:Thibault Canus/pool via Reuters

 

 

 

 


Como fica a reputação da caserna após Bolsonaro?

Por Fernando Castilho



O pudor acabou. Tudo é feito a céu aberto. Ou quase, já que os 39 quilos de cocaína foram bem escondidos aqui, mas não passaram desapercebidos na Espanha que os apreendeu num avião da FAB


Durante a campanha presidencial de 2018, ficou definido que um dos pilares do governo Bolsonaro seria o amplo apoio dos militares.

Passados 33 anos da debacle da ditadura militar, desta vez nossos valorosos generais sonhavam com um governo sufragado pelas urnas, o que lhes concederia um verniz democrático.

Logo, figuras como os generais Heleno, Ramos, Mourão, Braga Netto e tantos outros cujos peitos não têm mais espaço para medalhas, começaram a ditar suas ordens no Palácio do Planalto, seu novo quartel.

Como se não bastasse, coronéis, majores e tenentes também se entrincheiraram pelos vários ministérios e autarquias. São 70 órgãos com mais de 6 mil milicos batendo continências alegremente a seu chefe, o capitão Jair Bolsonaro.

Porém, não contavam com a enorme influência que os filhos do presidente exercem sobre ele.

Muito rapidamente, ainda no início de 2019, o guru, Olavo de Carvalho, ídolo dos 4 filhos, começou o processo de esvaziamento do quartel. A primeira vítima de Carlos Bolsonaro foi o general Santos Cruz.

Veio a pandemia e o capitão optou pelo negacionismo. Não queria isolamento social, uso de máscaras ou vacinas. Mais, exigia que as pessoas infectadas se tratassem com cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra o coronavírus.

Como o ministro da Saúde Henrique Mandetta e depois, Nelson Teich, discordassem dele, deram lugar a outro general, o especialista em logística, Eduardo Pazuello.

Pazuello causou muito mal-estar na corporação, primeiro por ridicularizar a logística do exército, já que não conseguia ser eficiente na compra e na distribuição das vacinas e, segundo, ao se humilhar perante o capitão quando, desautorizado por Bolsonaro no episódio da compra das vacinas Coronavac, afirmou que “um manda, outro obedece”.

As Forças Armadas valorizam muito a hierarquia e, por isso, nada mais natural que se subalternem ao presidente, seu comandante supremo, mas um general se humilhar diante de um oficial pouco graduado como o Capitão Morte, não foi bem-visto.

Bolsonaro passou a tomar decisões cada vez mais ao largo dos generais, culminando com a entrega do governo ao centrão que hoje é quem manda mais.

Inevitavelmente, houve uma divisão entre aqueles que ainda estão com o chefe e outros que já se afastaram, como o comandante do exército e, mais recentemente, o da FAB.

Quem continua e por quê?

Ora, são os que continuam ministros e os que preenchem os mais de 6 mil cargos, já que acumulam os proventos da caserna com os do governo. Uma boa boquinha, vamos combinar.

Além disso, nossos generais, que nunca participaram de nenhuma guerra, recentemente foram promovidos a marechais (posto originariamente concedido a heróis em combate) com o consequente upgrade dos salários.

Já durante a reforma da previdência nossos militares haviam sido agraciados com benefícios bem superiores aos demais mortais, mas queriam mais.

Nunca antes do governo Bolsonaro, os quarteis consumiram tanta picanha (700 toneladas!), leite condensado, uísque 12 anos, refrigerantes, atum, bacalhau e vinho. É uma verdadeira festa para aqueles que deveriam estar defendendo a soberania do país, mas que todos os dias entregam uma fatia dele para o capital estrangeiro.

O pudor acabou. Tudo é feito a céu aberto. Ou quase, já que os 39 quilos de cocaína foram bem escondidos aqui, mas não passaram desapercebidos na Espanha que os apreendeu num avião da FAB.

Embora exista o Portal da Transparência, é grande a desconfiança de que muito dinheiro público esteja vazando para os bolsos dos 6 mil que mamam nas tetas do governo.

É só verificar as agendas dos ministros generais para constatar que praticamente não trabalham.

A obrigação de qualquer um que vença as eleições de 2022 é proceder a uma auditoria geral em todos os órgãos do governo e, caso constatadas irregularidades, que instaure processos contra nossos honrados e combativos militares.

 


sábado, 12 de fevereiro de 2022

A vã tentativa de humanizar Bolsonaro

Por Fernando Castilho




Já imaginaram Bolsonaro admitindo que errou ou dando uma de joão sem braço, indo às redes defender a vacinação como se nunca tivesse sido contrário a ela?

A Folha de hoje noticia que aliados do presidente Jair Bolsonaro tentam convencê-lo a abandonar o discurso antivacina.

A pesquisa que o PL, seu partido, encomendou, demonstra, sem sombra de dúvida, que ele estacionou nos 25% e que o Auxílio Brasil causou pouco ou nenhum efeito para que esse índice subisse. A tendência, na verdade, com a propaganda eleitoral e os debates, é a queda.

A tentativa é de “humanizar” o presidente, um homem que já cristalizou na mente dos brasileiros a personalidade desumana e sem empatia. Ou como explicar seu descaso para com a vacinação e a morte de mais de 650 mil pessoas?

Quando um presidente se manifesta dizendo que não vai vacinar sua filha de onze anos porque a vacina é insegura, certamente acaba influenciando muita gente que o segue. É um crime ao qual ele já deveria estar respondendo, mas nossas instituições parece que estão em contagem regressiva por sua saída e nada fazem.

Mas como 70% dos brasileiros já completou o esquema vacinal e cerca de 85% da população defende a vacinação infantil, os aliados acreditam ser possível convencer o Capitão Morte a mudar de posição.

Já imaginaram Bolsonaro admitindo que errou ou dando uma de joão sem braço, indo às redes defender a vacinação como se nunca tivesse sido contrário a ela?

Além disso, há uma tentativa de convencê-lo a se vacinar! Isso vai de encontro a seus seguidores do cercadinho. Será que ele vai arriscar?

O capitão impôs sigilo de 100 anos à sua caderneta de vacinação, o que faz supor que ele já está hipocritamente vacinado.

Mas já que estamos nesses dias a falar de nazismo, vamos lembrar a personalidade de um líder autoritário, um ditador, como Adolph Hitler.

Durante a Segunda Guerra mundial, o exército alemão já não estava tão forte assim, mas os mais próximos do fuhrer lhe traziam boas notícias do front.

Essa é uma característica típica dos líderes autoritários: há os bajuladores e os receosos de uma reprimenda, ou pior, uma punição severa.

Quando Hitler decidiu invadir a Rússia no inverno, seus generais, já antevendo que suas cabeças iriam rolar após a derrota e seriam julgados pelo Tribunal de Nuremberg, tentaram de todas as maneiras convencer o comandante de que a empreitada estava fadada ao fracasso, mas Hitler se manteve impávido, certo da vitória. O resto, já sabemos.

Bolsonaro é o típico líder autoritário que não tolera ser contrariado. Só seus filhos têm alguma aproximação com ele.

Os aliados, já antevendo a derrota nas eleições e, pior, tendo seus nomes agregados ao do presidente, tentaram convencê-lo a mudar, mas ele continua impassível e reage às investidas com irritação.

O capitão criou uma armadilha para si mesmo. Tem que manter sua imagem autoritária e agradar os 25% do cercadinho até o fim.

Se não renunciar para se candidatar ao Senado, caminhará inexoravelmente para a derrota.



Publicado também em Piauí Hoje
https://piauihoje.com/blogs/e-o-que-eu-acho/a-va-tentativa-de-humanizar-bolsonaro-391266.html

Sentado numa pedra, para respirar

Por Valter Moraes



Nessa semana, dois eventos do meu entorno me tiraram as forças. No primeiro, um amigo não entendeu uma ironia (em que eu depreciava a mim mesmo) e foi de uma grosseria doentia; noutro, uma pessoa querida demais me vem com um "nem Lula nem ... (aquilo lá).

Apesar de o primeiro caso ter me deixado bem chateado (é uma pessoa que admiro e respeito), aceitei com o tempo. Estamos todos meio malucos mesmo e é um erro falar com contatos virtuais como se estivéssemos num bar tomando chope. Vida que segue.

O segundo, porém, abriu um ralo sob meus pés e fez o ânimo escoar. Já é muito difícil para mim, aceitar que 1/4 da população ainda apoie esse inferno que vivemos, mas o flagelo aumenta quando vemos que há ainda pessoas - esclarecidas! - que ponham no mesmo nível um homem comum e um ser que representa o fascismo. "É pacabá!"

Eu sou petista, mas não tenho energia para militar do modo tradicional, tentando convencer quem quer que seja de uma obviedade desse tamanho.

Meu Deus, não se trata de gostar desse ou daquele líder, é uma questão de princípios, de História, de ciência. De um lado, a democracia; de outro, o Fascismo; de um lado, uma pessoa que pode não agradar; de outro, um verme que flerta com a morte desde o começo; de um lado, uma pessoa que perdeu várias eleições e respeitou o jogo democrático; de outro, uma escória que só se elegeu por meio de mentiras!

Eu nem gosto de pensar no vice do Lula, me dá náuseas, mas isso é política. Porém, se o Ciro - que eu detesto - fosse a opção contra esse pesadelo, seria ele a saída. Não se trataria de política, mas da manutenção de conquistas por que gerações antes da minha tanto lutaram. Muita gente foi torturada e morreu por isso!

O cara que se me mostrou arrogante e me destratou é mais velho do que eu; a pessoa que sugeriu se abster de escolher entre fascismo e democracia, mais jovem. Acho que isso também diz muito acerca do meu cansaço. Ele se soma ao medo do que pode vir: é só a ponta do iceberg.

O amigo nervoso deve ser ateu. Ao menos no caso dele, há uma possibilidade de tudo ficar bem e voltar ao normal. No outro cenário, o desalento: não sei até que ponto montagens de quinta categoria de Lula fazendo pacto com o demônio estão contaminando a mente dessa minha tão querida.

Mas já nem quero saber: nem de uma coisa, nem de outra. Preciso sentar numa pedra, respirar, tomar fôlego e ir deixando tudo para trás. Seguir adiante, sei que não estou só.

 


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

O que Monark, Bolsonaro e o assassinato de Moïse tem em comum?

Por Fernando Castilho



Todos sabemos do assassinato violento do congolês Moïse Kabagambe.

Há uma polêmica se o crime envolveu racismo e xenofobia, mas talvez a resposta seja a pergunta: se Moïse fosse um suíço loiro de olhos azuis, a história seria outra?

Claro que não.

Portanto, houve racismo e xenofobia sim. E o caso só teve grande reação devido a uma grande comoção nacional. Observem que o crime só foi divulgado dias depois e três homens envolvidos foram presos somente oito dias após o ocorrido. Foi graças a indignação do povo que a imprensa começou a dar maior destaque, senão, talvez passasse batido. Mais um preto morto, apenas.

Apesar da grande comoção, o presidente Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o episódio, mas aproveitou para fazer campanha eleitoral ao se manifestar no cercadinho contra militantes ligados a partidos de esquerda, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Comunista Brasileiro (PCB), que entraram em uma igreja católica de Curitiba, no último final de semana: “É de nosso desejo, inclusive, que outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, a divisão de pessoas em raças ou classes, e que também dizimaram milhões de inocentes ao redor do mundo, como o Comunismo, sejam alcançadas e combatidas por nossas leis.”

Para o Capitão Morte, o assassinato violento de um imigrante negro não tem importância, mas a criminalização do Comunismo, sim.

É preciso agora estabelecer uma conexão com outro fato ocorrido na segunda-feira (07) para alinhavar o raciocínio.

Naquele dia o influencer Monark, em um podcast, entrevistou os deputados Tabata Amaral e Kim Kataguiri. À certa altura o rapaz afirmou que em sua opinião o nazismo deveria ser legalizado no Brasil: “Eu acho que tinha que ter um partido nazista reconhecido pela lei”, disse o apresentador. “Se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser”, acrescentou.

Kataguiri foi mais ou menos na linha dele ao afirmar que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo: “Qual é a melhor maneira de impedir que um discurso mate pessoas e que um grupo étnico racial morra? É criminalizar? Ou é deixar que a sociedade tenha uma rejeição social?”, perguntou o deputado.

Tabata se opôs aos dois evocando o holocausto dos judeus e ao final do podcast posou para uma foto ao lado deles, quando poderia ter-lhes dado voz de prisão.

A reação foi muito negativa, principalmente da comunidade judaica e suas associações, a ponto de Monark ser defenestrado da sociedade mantenedora do podcast e ainda, junto a Kataguiri, ter que prestar esclarecimentos à PGR.

Curioso é que ontem (09), Adrilles Jorge, comentarista da Jovem Pan, foi demitido por fazer uma saudação nazista, ao melhor estilo Hitler. É, o pessoal está saindo das sombras, estimulado por três anos de um governo autoritário, preconceituoso e intolerante com as minorias.

Agora, voltando a Bolsonaro.

Na sua fala ao cercadinho, o capitão aproveitou para nivelar o nazismo ao comunismo, ostentando aos seguidores sua mais completa ignorância (ou má-fé) sobre o assunto.

O Manifesto Comunista de Marx e Engels, publicado em 1848 não prega discriminação, perseguição ou execução de quaisquer minorias (embora Stalin tenha promovido execuções em massa de opositores), ao contrário, considera-as integrantes do proletariado, enquanto o nazismo faz exatamente o oposto, caracterizando-se como um partido de supremacistas brancos que se sentem destinados a dominar todo o resto da humanidade.

Mas, abraçar teses nazistas não é uma das características de Bolsonaro?

Não foi ele que, em campanha à presidência, conclamou, utilizando um tripé de fotógrafo para imitar um fuzil, o povo do Acre a metralhar os petralhas?

Não foi o capitão, ainda em campanha, que afirmou que, ou as minorias se subjugavam às maiorias, ou seriam exterminadas e que a ditadura deveria ter matado trinta mil pessoas?

Então, por que falou contra o nazismo no cercadinho?

Foi por medo da reação da comunidade judaica. Ele que sempre tem flertado com o governo de Israel e que tem entre seus seguidores, evangélicos que ostentam bandeiras daquele país nas manifestações pró volta da ditadura, imagina que seus votos irão pra ele.

Para finalizar a conexão, lembro que, ainda durante a campanha, Bolsonaro esteve num evento no Clube Hebraica no Rio de Janeiro. “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”.

O desprezo não é exatamente pelos quilombolas, mas pelos negros, como Moïse.

E para concluir, é por isso que o capitão não deu nenhuma atenção para o assassinato de Moïse Kabagambe. Não tem a mínima empatia.

Mas tem de sobra oportunismo para utilizar o repúdio a uma defesa do nazismo para fazer campanha eleitoral antecipada.

O consolo é que essa coisa amarga, indigesta, esse astral negativo, essa nuvem escura está com os dias contados, vai passar e teremos a chance de redirecionarmos o Brasil de volta para a civilização.

 


 

 


Sobre a infame legalização do partido nazista: algumas perguntas simples para você...

Por Walter Falceta



Como seria, no horário de propaganda eleitoral gratuita, uma eventual propaganda do tão defendido Partido Nazista Brasileiro?

Qual seria o programa? Instituição do Bolsa Segrega, com guetos para negros, judeus, asiáticos, indígenas, ciganos, comunistas, anarquistas, LGBTs, feministas, religiosos de esquerda e deficientes?

O Programa Nova Empresa, em que as companhias dos grupos acima seriam expropriadas e entregues a representantes da "raça pura"?

Você que adora seu sobrenome italiano, não comemore. Eles, no fundo, também consideram você um representante de sub-raça.

A aliança com o assassino Mussolini foi tolerável por motivos estratégicos. Mas a turma de Karl Wolff saiu da Itália, na II Guerra Mundial, deixando centenas de milhares de cadáveres como agradecimento pela estadia.

Programa "O Trabalho Liberta", com a construção de campos de concentração em Rondônia, Acre, Mato Grosso e Amazonas?

A fundação da Empresa de Fornos Nacionais, em Angra dos Reis, para a cremação industrial de inimigos da Pátria?

O Prêmio Nacional Harro Schacht, em homenagem ao comandante do submarino U-507 que, em 1942, afundou quatro navios brasileiros, provocando mais de seiscentas mortes, inclusive de mulheres e crianças, contribuindo para a "purificação da raça"?

Conversão do Exército em Wehrmacht dos Trópicos? Transformação das milícias do genocida em Sturmabteilung Verde e Amarela? Mudança das PMs para destacamentos da SS Brazuka?

Transformação das AMAs e UBSs em centro de esterilização em massa para ciganos, adictos, negros, deficientes, indígenas e outros grupos considerados um estorvo pelo sistema?

Transformação das Universidades de Medicina em Unidades Mengele, com laboratórios de testes para crianças deficientes ou "inferiores" vivas?

Se você considera que um nefando partido com essas características merece ser legalizado, respeitado e agregado ao rito eleitoral democrático, pega o seu lugar na fila.


Walter Falceta é jornalista


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Vem renúncia por aí?

Por Fernando Castilho



Já cogitei neste blog a possibilidade de Bolsonaro optar por uma candidatura ao Senado, mas na época era pura especulação.

Curiosamente, agora, meses depois, essa hipótese volta a circular como um rumor que vaza de dentro do Palácio do Planalto.

Ciro Nogueira, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, e outras vozes fortes do Centrão, parece que têm tentado aconselhar o Capitão Morte sobre essa saída para que não seja preso pouco tempo depois do final de seu mandato.

À vista das últimas pesquisas de opinião e de uma em particular, encomendada pelo PL, o partido do presidente, a distância de Lula para Bolsonaro é muito grande e muito difícil de ser reduzida. Ainda por cima, o capitão não ajuda, fazendo motociatas pequenas pelo país, falando para poucas dezenas de pessoas que o bajulam no cercadinho e, no mais, contrariando o senso comum das pessoas que querem se vacinar e aos seus filhos, o mais rápido possível.

A verdade é que o capitão fala só para o seu curral de cerca de 20 a 25% de seguidores, enquanto Lula se dirige a cerca de 45% da população.

Parte das raposas do Centrão e também de outros partidos de direita é candidata à reeleição ou disputará o governo de seu estado.

Quando se tem dois planetas com massas muito diferentes, o maior, por ter mais atração gravitacional, puxa para si todos os corpos menores que passam perto dos dois.

Assim é Lula.

O PSD de Kassab já se dispõe a apoiar o ex-presidente no primeiro turno para liquidar logo a fatura. E assim vai acontecer com outros partidos também.

Nenhum parlamentar do Centrão, vai querer, principalmente no Nordeste, ter sua imagem associada a Bolsonaro, aquele que negou a pandemia e depois a vacina, contribuindo para a morte de centenas de milhares de entes queridos, Brasil afora. Eles vão desembarcar da canoa furada do capitão muito em breve.

Outro fator que contribui para que isso aconteça são as verbas advindas do orçamento secreto e das emendas que já foram entregues aos deputados. Centrão, sabe como é, recebeu a grana, tchau.

O Auxílio Brasil, o vale-gás e o reajuste de professores não bastarão para alavancar a popularidade de Bolsonaro.

Sendo assim, assistiremos logo mais o esvaziamento de sua candidatura.

A estratégia para salvar o capitão já está delineada por Ciro Nogueira e seus próximos: o presidente aguardaria até 2 de abril, quando se esgota o prazo para sua desincompatibilização do cargo, renunciaria ao mandato e, numa operação casada, o novo presidente, Hamilton Mourão o nomearia embaixador em algum país, mantendo seu foro privilegiado. Tem que ser embaixador e não ministro.

Dessa forma, Bolsonaro disputaria o Senado por algum estado (dizem que seria por Santa Catarina onde possui muitos eleitores), venceria e ficaria oito anos no cargo com direito à reeleição por mais oito anos. No total, 16 anos para exercer seu esporte predileto que praticou durante 28 anos na Câmara dos Deputados, vagabundear e xingar mulheres, gays e esquerdistas, além de homenagear torturadores e milicianos.

Quer mamata maior que essa?

Mas o ex-milico possui aquele perfil autoritário que não lhe permite seguir conselhos que não sejam de seus filhos. Bolsonaro resiste, talvez por medo de desagradar o cercadinho.

Claro que não estou aqui tentando achar uma saída para o Capitão Morte.

O que mais espero é que num futuro próximo ele pague por seus crimes contra o povo brasileiro e pelas centenas de mortes pelas quais é responsável direto.

Até as proximidades de abril veremos se os rumores se confirmarão.

 


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Get Back - The Rooftop Concert

Por Fernando Castilho



Eles tocam Get Back, Don’t Let Me Down e daí começa um jogo de imagens para dividir a tela e mostrar simultaneamente o show e o que acontece na rua


Há 10 câmeras espalhadas por toda parte! Todas analógicas! Cinco no telhado, uma na cobertura de um prédio em frente, três na rua (uma delas nas mãos de um repórter que entrevista as pessoas) e uma última escondida na recepção do prédio da Apple. Michael Lindsay-Hogg parece que desconfiou que policiais poderiam tentar entrar no edifício e quis filmá-los.

Ringo usa uma capa de chuva vermelha, George um casaco preto grosso sobre uma calça verde, Paul vai de blazer preto e um par de old brown shoes. John veste um casaco de pele emprestado de Yoko que lhe fica curto nos braços.

O show enfim começa e mostra os Beatles com uma desenvoltura surpreendente para um grupo que se mostrava inseguro apenas alguns dias atrás. Mas é revelado que até a hora de subir, eles resistiam a ideia.

Eles tocam Get Back, Don’t Let Me Down e daí começa um jogo de imagens para dividir a tela e mostrar simultaneamente o show e o que acontece na rua.

À certa altura John reclama que seus dedos estão doendo por causa do frio.

As pessoas começam a chegar na hora do almoço. Há muitos funcionários de escritório, mas também senhoras aposentadas.

O repórter pergunta se sabem quem está tocando. Claro que todos sabem.

O que estão achando? A grande maioria está gostando muito, mas um homem, possivelmente um empresário ou chefe de departamento diz que naquele horário o show atrapalha os negócios.

Outro senhor mais idoso diz que gostaria que sua filha namorasse com um dos Beatles porque eles eram ricos.

Dois policiais chegam ao prédio da Apple e dizem na recepção que o barulho está incomodando e que era preciso parar sob pena de começarem a fazer prisões. Não sabem que estão sendo filmados. A recepcionista diz que os Beatles estão gravando um filme. Um funcionário aparece para dizer que vai ver como resolver o caso.

John reclama que seus dedos doem por causa do frio.

Passa-se algum tempo e aparece na recepção Mal Evans, o faz-tudo do grupo. Conversa com os policiais para enrolá-los ao máximo. Sai para ver como pode resolver a situação enquanto os policiais aguardam na recepção. Mais tarde, já com o show no fim, os leva para o telhado.

Um sargento. muito educadamente, pede para entrar.

Com os policiais já no telhado, Mal desliga os amplificadores, mas George os religa.

O show, enfim, termina.

Uma coisa que não sabia é que algumas músicas foram repetidas algumas vezes, como Get Back (3 vezes) e Don’t Let Me Down (2 vezes), o que acaba sendo um tanto cansativo para quem vê o documentário, mas já para quem está na rua, as músicas são novidade. Em Don't Let Me Down, John errou a letra e todos riram, menos Paul. Dali em diante um dos auxiliares se ajoelha segurando as letras das músicas.

Algumas delas receberam também a legenda “esta é a versão que aparece no  álbum Let it Be”, cumprindo assim o propósito de um álbum gravado ao vivo, ou quase. É por isso que as músicas eram repetidas. Precisavam encontrar a melhor performance.

Terminado o concerto, restava ainda gravar no estúdio as faixas que não foram tocadas no telhado. George perguntou se havia uma lei que proibisse shows como aquele e profetizou que dali pra frente todos os grupos de rock de Londres iriam fazer shows em telhados. Certo, U2?

Por fim, depois que Glyn falou que ficou tudo muito bom, Paul convoca todos a tentar mais uma gravação.

Só o Paul mesmo.

A ideia do concerto foi genial e agitou a sisuda e cinzenta Londres na hora do almoço.

O intuito de promover o novo álbum funcionou, mas o projeto de gravá-lo integralmente no terraço foi frustrada, pois os Beatles precisavam de mais tempo para tocar, impedidos que foram pelos policiais.

A imagem em 4K permite uma definição muito boa não parecendo que o show foi gravado há 53 anos!

É preciso falar também do som, excelente, mesmo se tratando sda tecnologia analógica de apenas oito canais da época. Logicamente Peter Jackson trabalhou também para digitalizar as músicas.

Não sei se Michael Lindsay-Hogg teve a intenção ou não de “esconder” Billy Preston durante o concerto, mas o fato é que o espectador desavisado dificilmente o notará. Billy deveria naquele momento aparecer como um quinto beatle pois foi ele quem motivou o grupo a continuar e emprestou seu talento para que as músicas ficassem realmente boas.

Enfim, para encerrar, fica um documento com sabor de quero mais. Surpreende quem é fã desde aquela época e pode empolgar novas gerações que não conheceram os Beatles e sua obra fantástica.

Não há como, para alguém como eu, que vivenciou o auge e o fim do quarteto de Liverpool e que tinha assistido ao filme Let It Be algumas vezes, tentando decifrar como se dava a criação de suas músicas, não se emocionar com os detalhes que Michael Lindsay-Hogg captou tão bem e que Peter Jackson condensou nassas quase oito horas de documentário.

Que venha mais!

Agradeço a todos por acompanhar esta série de análises e comentários. É graças a isso que me sinto motivado a escrever cada vez mais.