sábado, 12 de fevereiro de 2022

Sentado numa pedra, para respirar

Por Valter Moraes



Nessa semana, dois eventos do meu entorno me tiraram as forças. No primeiro, um amigo não entendeu uma ironia (em que eu depreciava a mim mesmo) e foi de uma grosseria doentia; noutro, uma pessoa querida demais me vem com um "nem Lula nem ... (aquilo lá).

Apesar de o primeiro caso ter me deixado bem chateado (é uma pessoa que admiro e respeito), aceitei com o tempo. Estamos todos meio malucos mesmo e é um erro falar com contatos virtuais como se estivéssemos num bar tomando chope. Vida que segue.

O segundo, porém, abriu um ralo sob meus pés e fez o ânimo escoar. Já é muito difícil para mim, aceitar que 1/4 da população ainda apoie esse inferno que vivemos, mas o flagelo aumenta quando vemos que há ainda pessoas - esclarecidas! - que ponham no mesmo nível um homem comum e um ser que representa o fascismo. "É pacabá!"

Eu sou petista, mas não tenho energia para militar do modo tradicional, tentando convencer quem quer que seja de uma obviedade desse tamanho.

Meu Deus, não se trata de gostar desse ou daquele líder, é uma questão de princípios, de História, de ciência. De um lado, a democracia; de outro, o Fascismo; de um lado, uma pessoa que pode não agradar; de outro, um verme que flerta com a morte desde o começo; de um lado, uma pessoa que perdeu várias eleições e respeitou o jogo democrático; de outro, uma escória que só se elegeu por meio de mentiras!

Eu nem gosto de pensar no vice do Lula, me dá náuseas, mas isso é política. Porém, se o Ciro - que eu detesto - fosse a opção contra esse pesadelo, seria ele a saída. Não se trataria de política, mas da manutenção de conquistas por que gerações antes da minha tanto lutaram. Muita gente foi torturada e morreu por isso!

O cara que se me mostrou arrogante e me destratou é mais velho do que eu; a pessoa que sugeriu se abster de escolher entre fascismo e democracia, mais jovem. Acho que isso também diz muito acerca do meu cansaço. Ele se soma ao medo do que pode vir: é só a ponta do iceberg.

O amigo nervoso deve ser ateu. Ao menos no caso dele, há uma possibilidade de tudo ficar bem e voltar ao normal. No outro cenário, o desalento: não sei até que ponto montagens de quinta categoria de Lula fazendo pacto com o demônio estão contaminando a mente dessa minha tão querida.

Mas já nem quero saber: nem de uma coisa, nem de outra. Preciso sentar numa pedra, respirar, tomar fôlego e ir deixando tudo para trás. Seguir adiante, sei que não estou só.

 


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