sábado, 21 de fevereiro de 2015

Síndrome de Capitu

Por Fernando Castilho sobre o texto de João Paulo Cunha

Minha amiga, Maria Elisa Fsc me enviou este maravilhoso texto, pelo qual agradeço muito. é para ler, reler e refletir.

Carolina Proietti Imura escreveu este ótimo preâmbulo:

Pensar é preciso! Insiro aqui o que eu considero uma pérola..talvez a última do jornalismo mineiro. Após a publicação deste texto, João Paulo Cunha (editor do Caderno de Cultura e Pensar, do Estado de Minas) foi impedido de escrever sobre política e, por isso, pediu demissão. Vejam o porquê:

Vamos ao texto.

Síndrome de Capitu
Existem duas verdades aparentemente óbvias que, no entanto, não têm ficado suficientemente claras para muita gente: o país mudou e a eleição já acabou. A insistência em dar continuidade ao processo que elegeu Dilma Rousseff poderia ser apenas um luto mal vivido, mas tende a se tornar perversa no campo político. Por outro lado, a recusa em enxergar a nova configuração da sociedade, resultado de seguidas políticas de distribuição de renda e inclusão social, pode gerar um impulso no mínimo grotesco em suas alusões reativas e chamamentos à ditadura.

Para que serve a Lava Jato?

Por Fernando Castilho

Foto: Athit Perawongmetha/Reuters
A Folha publicou uma matéria diferente sobre a operação Lava Jato. No caderno ''mercado''. Leia aqui

Desta vez, por um daqueles milagres da vida, ou por um descuido de Otávio Frias Filho, o jornal nos contou que, devido à prisão de diretores de empreiteiras que têm contratos com a Petrobras em três estados brasileiros, o prejuízo das obras paralisadas já soma 5 bilhões de reais, e as demissões de empregados nos vários setores já contabiliza 7000 pessoas.

Ponto para a Folha.
Meio ponto na verdade, pois não observamos aquele mesmo tom de revolta que sempre acompanha um vazamento dos depoentes beneficiados pelo instituto da delação premiada, invariavelmente contra a presidenta Dilma, o PT e a própria Petrobras.

Se se estima que o montante desviado durante décadas da Petrobras seja de 10 bi, em três meses, metade disso já se torna prejuízo para a companhia e para o país.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sabrina Sato pula a cerca e dá ajeitada no bumbum!

Por Fernando Castilho


Foto UOL/Folha
Dirão: ''É carnaval, é assim mesmo, o Brasil para e ninguém quer saber de coisa séria, de política, todo mundo quer é cair na folia. Você é que não gosta de carnaval!

É verdade que não gosto. Não sei sambar, portanto posso ser doente do pé, e talvez até um tanto ruim da cabeça, graças a Deus. Mas mesmo assim, ainda acho que sou uma boa pessoa.

No país do carnaval não se pode considerar normal que praticamente nada do que acontece na política seja noticiado. Embora muita coisa esteja parada mesmo.

As ''notícias'' sobre o carnaval e o BBB tomaram os jornalões, desconsiderando fatos importantes que aconteceram na semana passada e que, passada a farra, cairão no esquecimento.

Vejamos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Prendam os suspeitos de sempre!

Por Fernando Castilho

Casablanca, de Michael Curtiz
No filme Casablanca, um dos maiores clássicos do cinema, o personagem principal Rick (Humphrey Bogart) ajuda sua amada Ilsa (Ingrid Bergman) a escapar às pressas de Casablanca num avião, com seu marido Victor Lazlo, um dos líderes da resistênciaTcheca, de modo que ele possa continuar sua luta contra os nazistas. Rick abdica assim, de seu amor.

Enquanto o avião decola, chega o Major Strasser, comandante nazista disposto a prender Lazlo, mas Rick atira nele quando ele tenta intervir. Quando a polícia chega, o capitão Reanult salva a vida de Rick ordenando "prender os suspeitos de sempre''.

Zé Dirceu é um dos ''suspeitos de sempre''.
Nesse caso, embora o ex-ministro seja o inimigo público número um, já parece forçação de barra. Dá a impressão de que Dirceu era um polvo com tentáculos a roubar compulsivamente em todas as frentes possíveis ao mesmo tempo.
Delação de Alberto Youssef.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O partido com maior poder no Brasil é clandestino

Por Fernando Castilho


Mídia, ''Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão...'' (trecho de Apesar de Você, de Chico Buarque)

Não pensem que o partido que comanda a direita no Brasil é o PSDB. Também não é o PMDB, embora possua maior número de cadeiras no Congresso.

O partido com mais poder no Brasil não é nenhum desses. Ele não tem sigla, não tem presidente nem número.

Nele não se vota, antidemocrático que é. E por não ser democrático, ajudou há mais de 50 anos atrás a derrubar a democracia do Brasil. E ainda hoje estimula golpes de estado , haja vista a pregação de colunistas a favor do impeachment da presidenta Dilma.

Dispõe de tempo ilimitado na TV, fora do horário político. Às vezes nem percebemos que está fazendo propaganda, pois utiliza-se largamente de mensagens subliminares.

Não tem plataforma política, projeto ou programa para o Brasil. Tem para si próprio, mas não os revela. Nem poderia, pois são contrários aos interesses da grande maioria da população.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Há esperança para Dilma e o PT sem os movimentos sociais?

Por Fernando Castilho


Lula em Vila Euclides
Este texto foi escrito na véspera da comemoração dos 35 anos do PT. Espero que Dilma , Lula e o partido falem aquilo que queremos ouvir.

Ao dar uma aula de sociologia esta semana, acabei entrando num tema interessante e espinhoso. A legitimização do Estado ao cometer violências contra a população.

Sim, quando o indivíduo comete ato violento contra um seu igual, está sujeito às penas da Lei e deve pagar por isso.

Mas e quando é o próprio Estado que comete o ato violento? Como quando a Polícia Militar, uma instituição do Estado, reprime com violência uma manifestação de um movimento social? Ela deve ou não ser punida?

No final da aula, um rapaz veio a mim e perguntou: O que é movimento social?
Empalideci.

O que veio à minha mente foram imagens do passado. De 35 anos atrás, quando o PT foi fundado.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tirem essas garras imundas da Petrobrás!

Por Fernando Castilho


Recebi hoje uma petição intitulada DEFENDER A PETROBRÁS É DEFENDER O BRASIL

Parecia mais uma daqueles pedidos com argumentos ralos, porém bem intencionados, que quase que diariamente alguém compartilha na rede.

Qual minha surpresa ao ler o texto que arrazoa o requerimento. Longo, porém muito bem escrito, recheado de dados facilmente checáveis no site da Petrobrás, estimulante e necessário.

Além de obviamente deitar minha subscrição e divulgá-la porquanto importantíssima nestes dias em que as aves de rapina, saqueadoras da nação estão entretidas em seu ofício favorito, sentí a premência de reproduzir o texto neste blog.

Não que tenha a ilusão de ver as raposas dizendo: ''Oh, vamos desistir de assaltar o galinheiro pois tem um grupo de pessoas nos observando.'' Não. não há esse poder. Porém, será possível medir o quanto pode haver de gente consciente e realmente informada sobre o assalto.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O homem do celular venceu, ou O riso sem graça das hienas

Por Fernando Castilho


Não adiantou Lula, ainda uma voz lúcida dentro do PT, pedir que o partido fizesse um acordo com o PMDB, já que a derrota parecia provável.

A insistência na chapa de Arlindo Chinaglia na base do ''vamos ver no que dá para ver como é que fica'' demonstrou uma cegueira e uma imaturidade muito grandes por parte dos deputados petistas.

O fato de Eduardo Cunha ter vencido Chinaglia por 267 a 136 votos, uma diferença significativa de 131 votos (!) causa-nos surpresa pela nossa condição de espectadores externos à Câmara, mas aos parlamentares governistas, internos à Casa, esses números já deveriam ser familiares há uma semana pelo menos.

Podem dizer que o PSDB traiu Júlio Delgado do PSB, com o qual estava fechado (e traiu mesmo pois faz parte de sua natureza), votando em Cunha, mas mesmo assim, Chinaglia já entrou derrotado na disputa. Os homens são ''profiças''.

Apesar dos avisos de Lula...

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Alckmin e a arte de nos fazer sentir idiotas

Por Fernando Castilho

O Sistema Cantareira está com 5,1% de seu volume de água, um triste record . A situação é extremamente preocupante para a população do mais importante estado da Federação.

Com a falta de água e com as perspectivas nada animadoras para o futuro, as indústrias começam a cogitar a transferência de suas plantas para outros estados, o comércio e os serviços já acumulam prejuízos sem retorno, e o povo já se prepara para enfrentar 5 dias por semana sem tomar banho.

É certo que a economia do país será duramente afetada. Pela sua importância, por ainda ser a locomotiva do país, São Paulo puxará o PIB nacional para baixo, ao mesmo tempo em que eleverá a inflação. E o governo federal mais uma vez será apontado pela mídia como sendo o único responsável.

Mas e o Governador Geraldo Alckmin? Este não se abala. Não precisa. A grande mídia lhe dá cobertura. Tranquilo.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Marta, a nova Marina da direita?

Por Fernando Castilho


Marta Suplicy detonou Dilma Rousseff em seu artigo publicado na Folha de São Paulo.

Entre muitos escritos que lí sobre o assunto, um chamou minha atenção: o comentário de ninguém menos que o pitbull da Veja, Reinaldo Azevedo.

O homem escreveu: ''Aguardem. Nesta terça, o PT procurará fazer picadinho de Marta nas redes sociais. Vai tachá-la de dondoca deslumbrada, de riquinha enjoada, de perua descompensada. As características que antes eram vendidas como virtudes serão vistas como vícios. Mais do que se juntar a antigos adversários, o PT sabe mesmo é enlamear a reputação dos dissidentes.''

Tá certo. É mais ou menos o que também farei aqui.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Je ne suis pas manipulable

Por Fernando Castilho


Já ouví e lí de tudo um pouco sobre o massacre dos cartunistas do Charlie Hebdo.

Muitos compararam o jornal com o antigo O Pasquim.
Algumas semelhanças, tantas diferenças...

O O Pasquim, como o Charlie, era um jornalzinho (sem desmerecimento) satírico, com muitas charges, de esquerda e que ousava muito.

As semelhanças param por aí.
Ao contrário do Charlie, o O Pasquim era uma resistência à ditadura. Criado pelo cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral, mais tarde teve a participação de nomes como Ziraldo, Millôr, Prósperi, Claudius e Fortuna. Colaboradores não lhe faltavam, como Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam, Sérgio Augusto, Ruy Castro, Fausto Wolff, Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e diversos outros intelectuais cariocas. Deu pra sacar a qualidade?

O Brasil vivia o regime militar, e em novembro de 1970 a redação inteira do O Pasquim foi presa depois que o jornal publicou uma sátira do célebre quadro de Dom Pedro às margens do Ipiranga, (de autoria de Pedro Américo).