Por Fernando Castilho
Está quase na hora de Jair já ir embora, mas não sem antes ter tentado, há alguns dias, uma cartada final para virar o jogo.
Com
a vitória de Lula nas eleições, o relatório da equipe de transição divulgado, a
PEC da transição aprovada e os ministérios quase que preenchidos, passaremos a
falar muito do novo ocupante do Alvorada e menos do antigo.
Mas
não há mais o que falar sobre Jair Bolsonaro?
O
ainda presidente fez uma espécie de renúncia branca após sua derrota em 30 de
outubro e, por isso, quem já começa a governar de fato é Lula, haja vista a
aprovação da PEC da transição levada a efeito por ele.
Está
quase na hora de Jair já ir embora, mas não sem antes ter tentado, há alguns
dias, uma cartada final para virar o jogo.
O
capitão se reuniu com os generais golpistas Villas Boas e Braga Netto, numa
última tentativa de convencer as Forças Armadas a impedir a posse de Lula,
baseada no entendimento torto das linhas retas do Art. 142 da Constituição
Federal.
Ouviu
dos comandantes um não. Primeiro, porque perdeu o timing, já que o novo governo
se consolida a cada dia. Segundo, porque a maioria dos generais da ativa sempre
foi contra a ruptura.
A
verdade é que, excetuando-se os aloprados patriotários que vinham acampando em
frente aos quartéis e que agora receberam a ordem de deixar esses locais,
ninguém quer golpe. Aliás, o Datafolha apontou que 75% dos brasileiros são
contrários aos atos antidemocráticos. Aconteceu o mesmo de 7 de setembro de
2021 quando Jair tinha a certeza de que o exército o acompanharia em seu
discurso golpista. Ficou isolado e teve que mandar uma cartinha de desculpas ao
ministro Alexandre de Moraes.
Porém, ainda há gente que sacrifica sua própria liberdade para tentar criar um clima em que seja necessário que o exército intervenha para controlar o caos e impedir que Lula tome posse.
É o caso de George Washington de Oliveira Souza, o bolsonarista que, numa ação frustrada, colocou uma bomba próxima ao aeroporto de Brasília, com a intenção de explodir um caminhão-tanque de querosene. Agora está preso e será indiciado como criminoso. É, contudo, óbvio que não agiu sozinho. Deve haver financiadores por trás dele.
Mas agora
não há o que fazer. Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno e muitos outros vão
ter que aguardar a Polícia Federal visitá-los em breve.
A
depressão e consequente choro do capitão decorrem do fato de que ele, alimentado
por puxa-sacos, como costuma acontecer com chefes autoritários, acreditou
piamente que seria reeleito. Não poupou esforços para isso, desde a farta farra
do orçamento secreto, até a generosa liberação de verbas para Auxílio Brasil,
Auxílio Gás, Auxílio Caminhoneiro e Auxílio Taxista. E nada feito. Perdeu.
Meses
antes, das eleições, houve quem lhe sugerisse que se candidatasse a senador ou
que até mesmo voltasse para a Câmara dos Deputados. Venceria facilmente e voltaria
ao ócio do qual desfrutou no Congresso por 28 anos, continuando a ter foro
privilegiado e garantindo sua liberdade.
Mas
a vaidade e a certeza de impunidade falaram mais alto.
Bolsonaro
não passará a faixa presidencial a Lula porque não quer se humilhar diante do
grande vitorioso.
Mas
a maior humilhação já aconteceu quando Lula, mesmo sem ser ainda presidente,
conseguiu a aprovação da PEC dentro do governo Bolsonaro.
O
choro é livre.