Imagem: EMI |
50 anos de um álbum que revolucionou o rock definitivamente!
Ontem
comemoramos 50 anos do lançamento nos Estados Unidos do icônico
álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles.
É
interessante constatar que, apesar de toda a imprensa falar sobre
isso e de vários artigos terem sido escritos para lembrar o evento,
para os jovens atuais, o significado passa desapercebido.
Ontem
mesmo, saí com meu sobrinho em seu carro. O rádio estava ligado e
foi inevitável ouvir as músicas que ele mais ou menos curtia.
Mais
ou menos por que?
Porque
até ele mesmo não gosta, ou melhor, não ama as músicas que ouve.
John
Lennon diria: The sound you hear is muzak to my ears.
Essa
é a diferença. Nós, da minha geração e da posterior, amávamos e
ainda amamos as músicas dos Beatles. E queremos sempre ouvi-las.
Não
se trata de saudosismo. As músicas que os jovens de hoje ouvem não
têm nem de longe as letras bem trabalhadas dos Beatles, isso quando
não são grosseiras recorrendo a palavrões de forma gratuita.
As
harmonias praticamente não existem e a melodia é extremamente
simplória, recorrendo a vários lugares-comuns.
Os
Beatles entraram no estúdio para gravar Sgt. Pepper's em novembro de
1966 e só concluíram o disco quase 7 meses depois!
Que
gravadora hoje em dia disporia um estúdio para uma banda gravar um
disco durante 7 meses?
Nesse
período os Beatles, após terem encerrado a fase de turnês,
decidiram aprofundar o experimentalismo iniciado em Rubber Soul e
Revolver.
Lembremos
como:
Entraram
instrumentos inusitados para o rock como cítaras e cravos.
As
harmonias passaram a ser trabalhadas de forma complexa e original.
Os
Beatles aprenderam a tocar piano.
As
letras passaram a ser menos bobinhas e agora passavam a testemunhar o
dia a dia na vida das pessoas retratado pelas notícias de jornal,
além de reminiscências de um passado ainda não longínquo vivido
por eles em sua infância.
George
Martin percebeu que poderia dar uma chance à criatividade da banda
que desabrochava e decidiu que era hora de dar vazão a arranjos de
maior qualidade.
George
Harrison aprimorou sua técnica na guitarra.
Paul
e John nunca tinham cantado tão bem antes.
E
Ringo dá um verdadeiro show em A Day in The Life.
Já
não eram mais os antigos e puros rapazes de Liverpool. Tinham
amadurecido musicalmente.
As
inovações não pararam por aí.
Pela
primeira vez os membros de uma banda não apareciam sozinhos na capa
de um disco. Na foto há, além deles e de seus clones em cera, fotos
das mais variadas personalidades, desde Karl Marx até Edgar Allan
Poe, passando por Bob Dylan e Mick Jagger.
Não
contentes com isso, publicaram na contra capa as letras das músicas.
O
disco veio num encarte onde era possível recortar bigodes e
colocá-los onde se quisesse.
Uma
verdadeira revolução, enfim.
Meu
sobrinho e os jovens que ouvem as músicas de hoje sequer imaginam a
mágica que sentíamos acontecer cada vez que olhávamos aquela capa
e ouvíamos o disco. Eles perdem.
E
não adianta dizer: ei, ouça isto! Você vai gostar!
Beatles
não é para se ouvir uma vez e sair gostando. Afinal, os ouvidos de
hoje estão desabituados ao que é bom. É preciso paciência e ouvir
várias vezes para reeducá-los.
Foi
assim com um ex-aluno meu que aos 15 anos foi fisgado pelos Beatles.
À
primeira vista aquele som não impressionou muito mas como ele tinha
conhecimento da importância histórica da banda, concluiu que, se
todo mundo até hoje ainda fala de Beatles é porque deveria ser bom.
Não
levou muito tempo para que ele, ao contrário de seus amigos, se
tornasse um tardio beatlemaníaco que sabe hoje mais que eu sobre o
conjunto.
Os
Beatles são assim. 46 anos após a extinção do grupo, ainda são
capazes de fisgar as novas gerações.
I read the news today, oh boy: "Sgt. Pepper's forever!"
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