Por Fernando Castilho
Foto: Reprodução
Nos últimos meses, a grande imprensa, sempre obediente ao
mercado financeiro, vem tentando naturalizar a corações e mentes de que Jair
Bolsonaro merece a suavidade de uma prisão domiciliar. Até setores ditos
“progressistas” já se renderam a essa cantilena em seus canais de YouTube.
Ora, a mera possibilidade (não o fato) de que o capitão
esteja com problemas de saúde não o torna automaticamente inapto a cumprir pena
em regime fechado na Papuda. Afinal, a penitenciária tem hospital próprio,
justamente porque o Estado é responsável pela saúde dos detentos. E não faltam
exemplos de presos com doenças graves que continuam atrás das grades, sem
direito a suíte VIP.
A menos que seu Jair esteja em estado terminal e precise ser
operado novamente no DF Star, hospital cinco estrelas para milionários, não há
justificativa para que não seja tratado na Papuda. Lá, ele terá atendimento
médico adequado. O resto é chororô.
E não, não vale alegar que o estresse exige que ele cumpra
pena na mansão de Angra, embalado pela brisa marítima e pela vista relaxante.
Se fosse assim, metade da população carcerária deveria estar em resorts.
Convém lembrar: Bolsonaro não foi condenado por uma
travessura qualquer, mas por um dos crimes mais graves previstos na
Constituição. Resultado? 27 anos de cadeia, uma pena à altura da gravidade do
ato. E cadeia é cadeia: deve ser tratado como qualquer outro preso, ainda que
os demais estejam lá por delitos bem menos monstruosos.
A lei garante segurança a ex-presidentes. Isso significa
cela especial, separada dos demais. Ponto. Mas não significa mordomias como TV,
ar-condicionado ou menu gourmet. A distinção é de segurança, não de conforto.
O problema é que nosso Judiciário tem histórico de aliviar
para os poderosos, como fez com Collor, e de aplicar mão de ferro contra os
pobres, pretos e vulneráveis, como acabou de fazer com os aposentados da
Revisão da Vida Toda. Assim, não seria surpresa se Bolsonaro recebesse
tratamento diferenciado. Um criminoso que, se tivesse tido sucesso em sua
tentativa de golpe, teria não apenas eliminado Alexandre de Moraes, mas fechado
o Supremo Tribunal e encarcerado seus ministros.
Em resumo: Papuda não é castigo extra. É apenas o lugar
certo para quem tentou rasgar a democracia e impor a volta dos anos de chumbo.
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