Foto: IstoÉ |
O que se passa na cabeça do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que após 16 anos cultivando a alcunha de ''picolé de chuchu'' pelo seu imobilismo, resolve mudar, adotando o estilo truculento?
Dos 20 anos de tucanato, Geraldo
Alckmin ostenta, entre vice de Mário Covas e governador de São
Paulo, incríveis 17 anos à frente do Executivo Estadual.
Nos tempos de Covas, Alckmin pouco se
sobressaiu devido à personalidade forte do governador.
Após o falecimento de Covas, Alckmin
assumiu o governo recebendo em pouco tempo a alcunha de ''picolé de
chuchu'', uma vez que era figura apagada.
Essas figuras apagadas são
interessantes. Se você não quer sofrer nenhuma crítica, não
deseja se envolver em polêmicas, você simplesmente...não faz!
Geraldo Alckmin seguiu à risca essa
cartilha até 2014. Os problemas do Estado de São Paulo pela inação
do governo se avolumaram.
O Metrô estava estagnado há anos, o
que acarretava estações e trens superlotados.
O escândalo do tremsalão, embora
blindado pela mídia, era alvo de investigações inclusive na Suíça.
A crise hídrica por omissão do
governador que não criou novos reservatórios, apesar de ter se
comprometido à isso durante a assinatura da outorga, estourou. Ao
racionamento de água Alckmin deu outro nome eufemístico: restrição
hídrica.
A Polícia Militar matava cada vez
mais, demonstrando que não havia um plano de segurança pública.
A USP estava em greve devido ao
sucateamento imposto pelo governo.
Os pedágios eram os mais caros do
país contribuindo em muito para o encarecimento dos produtos e para
a inflação nacional.
Nesse ano de 2014, quando se esperava
que o povo paulista desejasse que a outrora locomotiva do Brasil que
estava estacionada há tanto tento tempo, começasse a queimar carvão
e a se movimentar, veio a decepção. Alckmin se reelegeu em primeiro
turno, o que demonstrou claramente que a população queria mais do
mesmo.
Começou o ano de 2015 e percebemos
que Geraldo começou a se mover, enfim.
Mas seu movimento nunca foi no sentido
de começar a arrumar a casa que ele bagunçou por tanto tempo.
O Metrô continua do mesmo jeito.
Pior, contratos foram cancelados, talvez por medo das investigações
do tremsalão que envolvem também seu nome.
A crise hídrica não arrefeceu, mas
num non sense total, o governador ganhou prêmio de Gestão Hídrica
oferecido pela Assembleia Legislativa dominada pelos cupinchas
tucanos.
A PM agora, não só matava como
também chacinava pessoas, como em Osasco. Além disso, começou a
bater em professores da rede estadual que estavam em greve.
Então o governador resolveu inovar,
coisa que nunca foi de seu estilo.
Determinou sigilo de contratos do
Metrô e de dados da Polícia Militar.
Mentiu em relatório sobre o número
de mortos pela PM.
Inventou uma tal de reorganização
das escolas estaduais (outro eufemismo para fechamento). Com isso, 94
colégios estão sendo fechados, vários deles com ótimo
aproveitamento.
Fica evidente que há um plano em
mente.
Possivelmente a terceirização do
ensino público. Não se descarta também que colégios particulares
estejam interessados em abocanhar fatias, uma vez que para muitos
estudantes a mudança será muito prejudicial.
Então, estudantes secundaristas
resolveram resistir e protestar.
A Escola Estadual Fernão Dias Paes
Leme de Pinheiros, São Paulo, a Escola Estadual Salvador Allende
Gossens na zona leste da capital e a Valdomiro Silveira de Santo André, foram ocupadas pelos estudantes
secundaristas.
Alckmin imediatamente enviou a PM para
a Fernão Dias Paes ao invés de dialogar e iniciar negociações.
Manifestantes contra a reorganização
protestavam nas imediações da escola quando foram reprimidos pela
PM com gás de pimenta!
Como os alunos do Fernão Dias Paes
decidiram em assembleia passar a noite na escola, Alckmin mandou
cortar a água! Além de pedir reintegração na posse, que poderá gerar confronto com a PM.
Bem, muito já foi dito sobre a nova
postura que o governador tomou neste ano.
Autoritário, truculento, sem
disposição ao diálogo, Geraldo Alckmin é pré candidato à
presidência da República em 2018, talvez pelo PSB já que Aécio
Neves não deve lhe oferecer a legenda que quer para ele próprio.
Mas, se todo político que almeja
cargo tão alto procura se apresentar como simpático e popular,
Alckmin vai no sentido contrário.
Mas a julgar pela pesquisa Datafolha
que mostrou que metade dos paulistas apoia a reorganização e
fechamento de escolas, o governador pode estar na direção certa
para concretizar o seu sonho.
Numa tentativa de explicar o que se
passa na cabeça do governador é preciso lembrar que o Estado de São
Paulo, e mais notadamente sua capital, tem demonstrado durante todo
este ano uma aproximação com o fascismo.
Demonstrações de intolerância,
violência e preconceito de classe estão tomando conta de corações
e mentes de muita gente.
Alckmin parece estar indo na
contra-mão do prefeito Fernando Haddad que ostenta alta rejeição
justamente entre essas pessoas de classe média.
Pode ser por isso que Alckmin esteja
mirando nessa direção.
Como faltam 3 anos ainda para 2018,
Geraldo pode estar lançando um balão de ensaio até que uma
pesquisa eleitoral saia às ruas com muito tempo ainda para mudança
de rumos, caso esteja errado.
Se a popularidade estiver em alta,
podemos esperar mais autoritarismo e truculência pela frente. Ele vai
surfar nessa onda.
Caso contrário, esperemos uma nova
Madre Tereza, cínica.