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Gilmar aposta todas as suas fichas que o governo Temer está inviabilizado por ter somente 3% de aprovação, pela possível debandada do PSDB e, principalmente porque a Globo quer a renúncia do golpista.
O
assunto é bastante complicado. Parece um jogo de xadrez ou um
quebra-cabeça. Mas vamos lá pela ordem cronológica dos
acontecimentos.
Logo
após as eleições de 2014 o TSE presidido por Gilmar Mendes, após
analisar as contas da chapa Dilma-Temer, diplomou presidenta e vice
com ressalvas que não chegaram a comprometer a lisura do pleito.
Mas
o PSDB, presidido pelo candidato derrotado, Aécio Neves, entrou com
ação no TSE alegando abuso de poder econômico da chapa vencedora.
Aécio, pego recentemente em uma gravação, afirmou que tomou essa
decisão somente para encher o saco (sic). Ou seja, não tinha
nenhuma esperança de que a chapa fosse cassada e também não
imaginava que num futuro próximo se aliaria ao vice Michel Temer
quando este assumisse o lugar de Dilma no golpe que ocorreria dois
anos mais tarde.
Dilma
sofreu impeachment com o aval do ministro do STF, Ricardo
Lewandowski, sem que ela tivesse cometido crime de responsabilidade,
vale ressaltar.
Porém,
Lewandowski, vergonhosamente, por vias indiretas, reconheceu a
inocência de Dilma ao manter seus direitos políticos.
Teoricamente,
pelas leis brasileiras, a aprovação das contas da chapa seriam
processo transitado em julgado e não deveria mais ser objeto de
discussão e reanálise. Deveria, mas não foi.
Com
o pretexto de que fatos novos vieram à tona devido principalmente às
delações da Odebrecht de que houve contribuições à campanha não
contabilizadas, o chamado caixa 2, Gilmar Mendes levou a ação do
PSDB adiante.
Os
tucanos, agora apoiando Temer, tentaram desistir da ação ou separar
a ação em duas. Queriam absolver Temer e condenar Dilma (que já
não estava mais no governo). Não deu.
Após
as gravações de Joesley Batista da JBS que incriminam Temer terem
vindo à tona,a Globo passou a exigir a renúncia do presidente
golpista mas este se nega a deixar o governo, confiante de que dará
a volta por cima e levará adiante as reformas trabalhista e da
previdência. Isso sem considerar sua pífia aprovação de 3% de seu
governo.
A
esquerda foi às ruas e passou a exigir, caso Temer renunciasse,
eleições diretas já. A Constituição prevê em caso de vacância
do cargo, eleições indiretas. Por isso seria necessária uma emenda
à Constituição.
Portanto,
com o julgamento marcado para decidir pela cassação ou não da
chapa, colocamo-nos numa situação muito interessante.
A
esquerda desejava a cassação da chapa porque desta forma Temer
sairia do governo e o caminho poderia se abrir para as diretas já.
Isso não afetaria Dilma já que ela não está mais no poder.
Então,
caso a chapa fosse cassada, o reconhecimento público de que na
campanha da chapa Dilma-Temer houve mesmo abuso de poder econômico
colocaria Dilma em situação constrangedora.
Logicamente
não há como chamar Dilma de desonesta, uma vez que os candidatos,
sejam eles a própria Dilma, Temer ou até mesmo Aécio NÃO SE
OCUPAM DA TAREFA DE MEXER COM DINHEIRO DE CONTRIBUIÇÕES, cabendo
aos tesoureiros de campanha esta função. Mas também não há como
negar que a responsabilidade atinge sim os candidatos.
Além
disso, como lembrou o Ministro do STE, Napoleão Nunes, em seu voto,
caso a decisão fosse pela cassação, em respeito à Democracia,
certamente o beneficiário seria Aécio Neves, o segundo colocado no
pleito. Seria ele então conduzido, mesmo que tenha hoje 0% nas
pesquisas para 2018, à presidência!
A
votação no STE terminou em 4 a 3 para a manutenção da chapa. O
voto de minerva foi dado por Gilmar Mendes.
Ora,
por que Gilmar Mendes votou pela absolvição da chapa? Justamente
por causa da lembrança do ministro Napoleão.
Embora
Gilmar seja muito amigo de Aécio, neste momento ele não deseja
vê-lo na cadeira da presidência porque ele próprio, Gilmar está
de olho nela.
Gilmar
aposta todas as suas fichas que o governo Temer está inviabilizado
por ter somente 3% de aprovação, pela possível debandada do PSDB
e, principalmente porque a Globo quer a renúncia do golpista.
Gilmar
acredita que nas eleições diretas seja ele o eleito à presidência.
A
busca incessante dos holofotes, inclusive nos últimos 4 dias em que
travou uma batalha com o ministro Herman Benjamim, deixa claro que
Gilmar está em campanha.
E
poderá realmente vencer no Congresso.
Porém,
há ainda uma pequena coisa a considerar.
Como
a chapa saiu inocentada, há ainda a possibilidade, remota que seja,
do cancelamento do impeachment, o que conduziria Dilma de volta ao
seu lugar.
Tecnicamente,
mas não politicamente, isso é possível.
Fica
uma chata lição aos brasileiros que assistiram ao espetáculo de 4
dias do TSE.
O
prédio é pomposo, os ministros com suas togas são seres que se
julgam deuses muito vaidosos e os julgamentos são cartas marcadas.
Mas
não nos deixemos enganar. Trata-se de um circo cuja estrela maior é
um palhaço muito perigoso.