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Michel Temer, ao nomear o juiz Torquato Junior, homem crítico à Lava Jato, para o ministério da Justiça deixa apreensivos o Ministério Público e a Polícia Federal que temem pela redução de verbas para os órgãos e pelo desmantelamento da operação, o que seria muito útil para o presidente.
Algumas coisas que
acontecem, aparentemente são desconexas mas se pararmos para
refletir, veremos que, se alinhavadas de alguma forma, podem fazer
sentido.
Refiro-me ao juiz
Sérgio Moro.
Todos conhecemos e
acompanhamos a saga de Moro que, já durante 3 anos tenta incriminar
Lula nos casos do tríplex no Guarujá, do sítio em Atibaia e da
guarda dos presentes que ganhou durante o tempo em que permaneceu na
presidência.
Moro iria ser submetido
a julgamento neste dia 30 de maio pelo CNJ por ter vazado ilegalmente
áudio entre Lula e Dilma sem a autorização do STF.
Além disso, outro
áudio envolvendo uma conversa entre Marisa Letícia, esposa falecida
de Lula e seu filho, sem que o diálogo dos dois tivesse qualquer
ligação com as investigações da Lava Jato, também vazou para a
imprensa.
O julgamento foi
adiado.
Moro recentemente ouviu
Lula em depoimento.
As opiniões se
dividiram.
Boa parte das pessoas
assistiram trechos editados pela Rede Globo no Jornal Nacional e
ficaram com a impressão de que Moro (que não devia atuar como
acusador, mas manter-se equidistante das partes) venceu a “contenda”.
Mas quem assistiu às 4
horas e meia do depoimento, deve ter percebido o apuro que o juiz
sofreu após ouvir a defesa e as reclamações do ex-presidente
quanto à operação.
Em seguida, a Polícia
Federal pediu arquivamento da acusação de que Lula teria recebido
como propina a guarda dos objetos recebidos como presente.
Quando Eduardo Cunha
fez, em seu depoimento, 41 perguntas a Michel Temer, Moro só aceitou
respostas para 21.
Logo depois viria a
revelação da gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de sua
conversa com Temer. Joesley deu a entender que dava mesada para Cunha
já há algum tempo, ao que Temer respondeu: tem que manter isso,
viu?
A Globo investiu pesado
contra Temer e Aécio Neves e a primeira lembrança que veio à nossa
mente foram aquelas fotos de momentos felizes vividos por Moro, Aécio
e Temer.
Será que Moro não
teria como saber dessas mesadas?
Em seguida viria a
surpresa maior. Moro inocentou Cláudia Cruz, esposa de Cunha,
afirmando que não havia provas contra ela, mesmo que extratos
tivessem sido enviados de banco na Suíça. Além disso, Moro
determinou que Cláudia devolvesse 500 mil da propina, prova de que
houve crime. A opinião pública começou a balançar. Desconfia-se
que Moro tenha rabo preso com Cunha.
Como se não bastasse,
surgiu a revelação de que a esposa de Moro teria envolvimento com
uma máfia que desviava recursos das APAE's do Paraná. Moro parece
cada vez mais desacreditado.
Ontem, 29, a auditoria
da KPMG inocentou Lula de participação no esquema de corrupção da
Petrobras, um choque para Moro, com certeza.
Michel Temer, ao nomear
o juiz Torquato Junior, homem crítico à Lava Jato, para o
ministério da Justiça deixa apreensivos o Ministério Público e a
Polícia Federal que temem pela redução de verbas para os órgãos
e pelo desmantelamento da operação, o que seria muito útil para
o presidente.
Então, agora
alinhavando.
Provavelmente se Moro
tivesse sido julgado hoje pelo CNJ, seria absolvido ou no máximo,
advertido pois o relator é um admirador seu.
O fato seria noticiado
mas não teria grande repercussão.
Porém, ao ser adiado o
julgamento, transparece uma possibilidade de que o próprio Temer
esteja por trás disso. Lembremo-nos de que Cármem Lúcia é
presidente do CNJ e recentemente se reuniu com Temer.
Temer pode estar
tentando ganhar tempo para que surja mais alguma coisa contra Moro e
este venha, quando for julgado, condenado a uma pena, mesmo que
pequena, o que o tiraria do comando da Lava Jato, entrando alguém
mais palatável ao presidente.
Não é de hoje que
temos a impressão de que Sérgio Moro, assim como Michel Temer,
foram peças muito úteis ao golpe, mas que agora podem ser
descartadas.
A ver.
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