domingo, 29 de setembro de 2024

A injustiça impera porque os poderes não cumprem seu papel

Por Mário Xavier



 

O STF aprovou a Revisão da Vida Toda por 6x5 em dezembro de 2022. O INSS, dois presidentes da República, a AGU, Barroso e certos ministros não respeitaram a decisão e se colocaram contra cerca de 100.000 aposentados lesados brutal e inconstitucionalmente pelo Executivo e pelo Supremo.

Os parlamentares não fizeram praticamente nada para apoiar nossa causa.

A imprensa, em sua quase esmagadora maioria, além de não dar voz aos afetados pela RVT, colaboraram sobremaneira para promover inverdades, difundir números e fatos absurdos, que alimentaram o terrorismo de que a RVT causaria um rombo aos cofres públicos.

Fomos invisibilizados, destratados, desrespeitados em nossos direitos cidadãos, como idosos, hipossuficientes e "contribuintes" que recolheram para a Previdência e foram usurpados, extorquidos e prejudicados no cálculo de nossas aposentadorias.

Fomos vítimas de uma perversa orquestração entre Executivo e Judiciário que nos enganou, oprimiu e fez sangrar por quase dois anos como consequência das traquinagens engendradas com o propósito de não cumprir a decisão a nosso favor, do final de 2022.

Advogados, aposentados e suas famílias, juristas, especialistas da academia dedicaram incontáveis horas em lives, artigos, vídeos, petições, estudos, e-mails aos ministros, memoriais, interlocuções do mais alto nível técnico, ético, correto e constitucional para chegarmos, neste final de setembro de 2024, a praticamente lugar nenhum, devido ao grau de insegurança jurídica resultante de lawfare, manipulação do Direito e da Justiça, insensibilidade humana, crueldade, omissão, falta de ética e de compromisso constitucional e social.

"Que país é este?", já se perguntou em letra de música dos anos 1980.

É tremendamente triste e ultrajante o que os "podres poderes" - como cantou Caetano - fizeram conosco desde 2020!

Pelo contexto atual, parece que apenas um milagre salvará o reconhecimento da RVT a que temos direito. Ou teremos que esperar pela Justiça Divina e a próxima encarnação?

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Para golpistas e governador por 33 dias, tudo. Para aposentados, nada

Por Fernando Castilho



Ontem, 19, fomos surpreendidos logo cedo com duas aprontadas do nosso judiciário:

Uma diz respeito à proposta de anistia que a PGR e o ministro Barroso do STF apresentaram aos golpistas do 8 de janeiro. A ideia é a seguinte: vocês vão pagar uma multa de 5 mil reais (quem não puder, não paga nada), abandonar as redes sociais por 2 anos e fazer um curso sobre democracia.

Ao fazer essa proposta indecorosa, o STF deixa de seguir a Constituição que deveria defender, dá um prêmio aos terroristas e uma banana ao cidadão brasileiro que acredita que o tribunal dá algum valor à democracia.

Por incrível que pareça, a proposta não foi aceita. Eles preferem ficar muitos anos na cadeia do que fazer curso sobre democracia, algo insuportável para eles.

A outra notícia é a concessão de pensão vitalícia a um ex-governador do Mato Grosso do Sul, amigo de Gilmar Mendes. Vamos entender: por quatro votos a um, os ministros da Segunda Turma do STF mandaram restabelecer a pensão vitalícia do ex-governador de Mato Grosso Moisés Feltrin, que ficou no cargo por 33 dias em 1991. Os ministros ainda determinaram o pagamento retroativo de parcelas que Feltrin não recebe desde novembro de 2018, quando o governo de Mato Grosso cortou os repasses acatando decisão da própria Corte. Isso dignifica que Feltrin vai passar a receber 33 mil reais por mês, mais os retroativos desde 2018 que somam 2.574.000,00! O único voto discordante foi de Edson Fachin.

Segundo Gilmar, “não há cruzada moral que justifique, à luz das garantias constitucionais, a abrupta supressão do benefício recebido de boa-fé durante décadas por pessoa idosa, sem condições de reinserção no mercado de trabalho". Além disso, afirmou que a pensão paga ao ex-governador não é um "privilégio odioso", mas um "benefício de caráter alimentar recebido há anos por indivíduo que, tendo confiado na legislação e na administração, já não mais tem condições de suprir, em razão da avançada idade, suas necessidades no mercado de trabalho".

Para Gilmar, o fato de o ex-governador Moisés Feltrin ser idoso, sem possibilidade de reinserção no mercado de trabalho e ter recebido a pensão por longo período justifica a manutenção dos repasses mensais.

No caso da Revisão da Vida Toda, que não beneficia somente um amigo, mas 102 mil aposentados que recebem em média cerca de 1800 reais por mês, Gilmar Mendes não considerou, durante a votação do processo, que eles por serem também idosos e não terem também possibilidade de reinserção no mercado de trabalho, que deveriam ter direito a mais algumas poucas centenas de reais para que pudessem comprar alimentos e remédios. Não considerou também que os segurados contribuíram de boa-fé com o INSS, mas agora estão vendo seu direito adquirido ser suprimido. Pelo contrário, seu voto em dezembro de 2022 foi desdenhoso.

Temos, então, nessas duas notícias, dois casos flagrantes de desrespeito à Constituição e à Democracia, além de compadrio, herança patrimonialista da qual o Brasil não consegue se livrar.

Ao ler as duas notícias, percebemos o quanto Sérgio Buarque de Holanda foi preciso em Raízes do Brasil. No primeiro caso, ao afirmar que o brasileiro é um homem cordial (“cordial” tem raiz em “coração”). Para o autor, o brasileiro pensa mais com o coração do que com a razão, por isso, a tendência é sempre de abrandamento. Inicialmente fala-se em cumprir a lei com rigor e punir os golpistas, mas, à medida que o tempo passa, aparece o “deixa disso”, o “vamos conciliar”, o “vamos pacificar o Brasil”. E assim, preparamos terreno para viver o golpismo novamente algum dia; no segundo caso, Buarque afirma que em nosso país a impessoalidade não funciona. Tudo se resolve na base do compadrio, com o privado prevalecendo sobre a coisa pública, a res pública.

Somos o país que privilegia quem já soma muitos privilégios e subtrai direitos de quem tem muito pouco.

Sim, as instituições estão funcionando. Do jeito como sempre funcionaram, desde que os portugueses por aqui atracaram.

sábado, 14 de setembro de 2024

Pobreza política

Por Palas Atena

Retirantes, de Candido Portinari em livre leitura


A gente viveu a década de 80, com a redemocratização, a era sarney, collor. O PT atuando na defesa do trabalhador, da democracia. O império da glogolpe abortando toda tentativa de a esquerda (PT em específico) ganhar eleições.

Vivemos os anos 90 de domínio do tucanato no país, com fhc sucateando universidades, vendendo o patrimônio e sendo considerado o "príncipe" da Sociologia, mesmo depois de mandar esquecer o que ele tinha escrito. A política neoliberal posta em prática, com d. Ruth Cardoso tentando dar uma humanizada enquanto o pavão marido vivia romance com jornalista global e era incensado na mídia, nos meios acadêmicos, vendido como moderno.

Quem viveu essa época sabe o que foi Lula chegar ao poder. Passamos a viver o melhor dos mundos. Ali, havia um projeto de país menos desigual sendo gestado, com suas falhas, contradições, mas tinha um projeto de país mais inclusivo.

Penso que vocês não têm noção do que foi a miséria legada pela ditadura e mantida pelos governos sarney, collor e fhc. Não têm a ideia.

Me lembro de que, criança e adolescente, vi isso de muito perto. Minha mãe era da Pastoral na cidade onde nasci, interior do Norte de Minas. Era da Legião de Maria, ministra da eucaristia, superatuante na igreja. Além de atuar na igreja, minha mãe trabalhava na prefeitura dando assistência às escolas rurais e, também, na secretaria de uma escola estadual do bairro onde morávamos.

Nossa casa mais longe do centro (bairro dos ricos), era o bairro de classe média baixa, perto da periferia, onde a miséria grassava. Miséria, miséria mesmo. Na rua, a maioria das mulheres eram viúvas, todas amigas. Aquela coisa de bairro do interior.

Nossa casa era referência porque minha mãe era um elo entre o poder público, a igreja e o povo pobre. Todos os problemas possíveis e imagináveis passavam por essas instâncias de poder. E nossa casa era a dos "desvalidos".

Eles iam lá pedir comida, receber cesta básica que a Pastoral coletava (a atuação da igreja católica era intensa na população pobre). Para terem uma ideia, quando Betinho lançou a campanha Fome Zero, ele que é da minha cidade, lá em casa foi um dos pontos de distribuição dos donativos. O povo pobre, quando alguém estava à beira da morte, ia lá em casa atrás de minha mãe para fazer oração e até extrema-unção.

O que a gente vê hoje em relação aos pastores era feito pelas mulheres e homens que atuavam na igreja católica nas pastorais. Só que, naquela época, era acolhimento de verdade, era exercitar o princípio de que, sendo filhos de Deus, as pessoas precisavam ser amparadas.

Tinha uma lavadeira, que trabalhava lá para casa (a roupa mais bem lavada e passada da vida). Ela ia na semana pegar as trouxas de roupa para lavar e passar. Ela era alcoólatra. A nossa rua era o caminho para a casa dela.

Quando ela bebia à noite, estava às vezes tão ruim que, sabendo não conseguir chegar à casa dela, abria o portão de casa, entrava no alpendre onde ficavam as cadeiras para ver a vida passar na rua. Ela se deitava lá e dormia. Não batia na nossa porta porque já estava todo mundo dormindo e havia o respeito de não se mostrar naquele estado para pessoas de família. Quem é do interior sabe como funcionava essa ética das relações. Mas essa lavadeira se sentia confiante e segura o suficiente para dormir no alpendre.

De manhã, minha mãe ou outra pessoa de casa se levantava para sair para o trabalho ou buscar pão e ela estava lá no alpendre. Minha mãe a acordava. Dava o café da manhã, conversava com ela, dando os conselhos. Essa lavadeira me fascinava porque ela usava brincos de argola dourada, batom vermelhíssimo e fazia um pinta no rosto quando saía para os bares. Não tinha os dentes da frente, mas só saía nos "trinques", no que a pobreza lhe permitia.

Tinha outra figura lá, que era bipolar ou esquizofrênica. A mania dela era ir lá para os meios dos matos pegar lenha. Atravessava a cidade de uma ponta a outra para buscar essa lenha e levar para a casa dela. Passava na porta de casa de manhã indo para uma fazenda buscar a lenha e por volta do meio-dia, carregando a lenha.

Quando estava mais desequilibrada, ela falava palavrão, mas tanto palavrão hahaha. O povo a chamava só para vê-la responder com página inteira de xingamentos. Mas ela reconhecia nossa casa, minha mãe. Nunca a xingou.

Tinha vezes que entrava lá em casa para ganhar comida. É, gente, naquela época as pessoas pediam comida, roupa. Não tinha essa coisa de pedir dinheiro porque todo mundo era pobre (a gente era classe média baixa, passava muito aperto).

Quando vocês leem os contos de Guimarães Rosa, Vidas Secas de Graciliano Ramos, mas principalmente Guimarães, podem pensar que vivi e vi todo aquele sertão bruto e riquíssimo, demasiadamente humano. Aqueles personagens todos, com suas complexidades e fascínios, povoaram minha infância e adolescência.

Por que estou nesse relato de memória? Porque vi a vida das pessoas, a minha se transformarem com a chegada do PT à presidência. Porque acompanhei toda a trajetória de Lula, desde o sindicalista que era tratado como comunista, terrorista, povoando o imaginário do povo e aterrorizando a classe dominante por falar em nome do trabalhador.

Em minha cidade, conservadora, que tinha uma família se perpetuando no poder (direita), a miséria só começou a ser vencida quando o PT chegou à presidência, implantou as políticas de distribuição de renda, como o Bolsa Família.

Vocês não têm noção do que é miséria, pobreza, falta total de desenvolvimento, precariedade, falta de água de um Norte de Minas, irmanado com o Nordeste. Não têm noção.

E hoje vejo gerações que nasceram no pós-fhc ou eram crianças nessa época. Pegaram a bonança dos governos lulistas. Vejo essas gerações se dizendo de esquerda e progressistas, exercitando o mais ferrenho antipetismo, antilulismo. Uma geração, em geral urbana, que pegou um país institucionalmente mais organizado pela Constituição de 88, com seus avanços.

Vejo o desprezo e a arrogância como criticam Lula, como se fosse alguém ultrapassado, até de pelego o chamam porque ele faz conciliações. Eu fico por entender o porquê de tanto desprezo, travestido de suposta crítica. Vejo tudo isso e penso: vocês não estão entendendo nada, nada, nada.

Agora mesmo, estão batendo no governo e no PT porque supostamente não estão enfrentando arthur gângster lira para salvar a pele de glauber braga. A culpa é de Lula e do PT. Querem que o presidente assuma esse B.O. psolista. Só olho e penso: não estão entendendo nada, nada, nada.

A soberba é uma forma de húbris. Essas gerações tanto estão fazendo que vão conseguir minar o PT. Tanto desprezam Lula que ficarão no vazio quando não o tiverem mais para desprezar. De minha parte, vejo um grande vácuo quando Lula não mais estiver aqui, segurando todas essas pontas que impedem o país de sucumbir de vez a mais uma barbárie.

Aí essa gente toda, do alto do seu antipetismo, antilulismo, talvez saiba o que é pobreza, miséria, de fato.

 


quinta-feira, 12 de setembro de 2024

PL da anistia - Velhinhas de Bíblia na mão ou terroristas?

Por Fernando Castilho




ANISTIA NÃO!


O deputado Rodrigo Valadares (União – SE) é o autor do projeto de lei que propõe anistiar caminhoneiros, empresários e todos os participantes das manifestações contra o resultado das eleições de 2022, incluindo aqueles que financiaram ou apoiaram os atos nas redes sociais. Durante uma entrevista na Globo News, o deputado defendeu a proposta argumentando que ela protegeria, entre outros, as "velhinhas de Bíblia na mão" presentes nos eventos de 8 de janeiro de 2023.

Contudo, independentemente de quem tenha participado, o artigo 60, §4º da Constituição impede a aprovação de projetos de lei que visem abolir cláusulas fundamentais, como os direitos e garantias individuais e a separação dos Poderes. Isso implica que ataques diretos ao Estado Democrático de Direito e à Constituição, como os que ocorreram em janeiro, não poderiam ser legalmente anistiados, pois comprometeriam a própria ordem constitucional.

Além disso, anistia é um instrumento possível de ser utilizado para anular condenações já feitas e não impedir que pessoas que ainda não foram condenadas, como o próprio ex-presidente sejam presas. Aliás, há um forte cheiro de que o PL foi pensado exatamente para livrar Jair Bolsonaro da prisão.

O projeto está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Inesperadamente, a assessoria jurídica da Câmara, cuja função é filtrar projetos inconstitucionais, não se manifestou contra o caso, permitindo que o PL tenha grandes chances de ser aprovada na comissão.

Se aprovado pela CCJ, o PL será votado no plenário. Embora não se espere sua aprovação, ainda há riscos. Se passar, o processo seguirá nesta sequência: o presidente Lula vetará, a Câmara poderá derrubar o veto, e a lei, se aprovada, será contestada por Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no STF, que deverá declará-la inconstitucional. Portanto, esforço e perda de tempo dos deputados da oposição.

A insistência no PL parece ter um objetivo maior: manter mobilizado o rebanho bolsonarista, que precisa ser mantido unido, já que parte dele está migrando para o curral de Pablo Marçal. E, sobre as "velhinhas de Bíblia na mão", caso haja alguma, seria mais adequado que utilizassem o livro para orar pedindo perdão por seus pecados, visto que, caso o golpe tivesse sido bem-sucedido, o Brasil poderia ter passado por um cenário de confrontos, prisões, torturas e mortes.


terça-feira, 3 de setembro de 2024

Silêncio injusto: a luta dos aposentados pela Revisão da Vida Toda

Por Fernando Castilho




Há alguns meses, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, recebeu em audiência os representantes do Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev). A pauta não poderia ser mais crucial: a Revisão da Vida Toda, uma conquista que os aposentados obtiveram com muita luta, reconhecida em uma decisão histórica do STF. Na reunião, Lupi demonstrou sentir profundamente o peso dessa causa, compreendendo que a vitória dos aposentados estava sendo ameaçada de forma injusta, sob a alegação de um rombo colossal de 480 bilhões de reais. O instrumento utilizado para a derrubada vitória dos aposentados foi o ressuscitamento de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) de 1999.

Com a responsabilidade que lhe cabia, Lupi concordou em receber do Ieprev um estudo científico que revelaria os números reais envolvidos, derrubando de vez esse espantalho de um prejuízo astronômico aos cofres públicos. Em uma demonstração de transparência e compromisso, Lupi afirmou à imprensa que os valores divulgados eram nada mais do que um “chutômetro”, reacendendo a esperança no coração dos aposentados. Eles acreditaram que, finalmente, o ministro levaria essa questão tão delicada ao presidente Lula, um líder que sempre se destacou na defesa dos mais vulneráveis.

Mas o que veio a seguir foi um silêncio que ressoou como um golpe seco e cruel. Apesar das inúmeras oportunidades, inclusive em reuniões ministeriais, o assunto foi deixado de lado, e a esperança dos aposentados começou a se esvair.

O estudo encomendado pelo Ieprev, agora finalizado, trouxe à tona uma verdade avassaladora: o impacto financeiro seria de apenas 3,1 bilhões em 10 anos (310 milhões por ano), um valor insignificante comparado aos 480 bilhões alegados pela AGU – apenas 0,5% do montante! Para os aposentados, esse valor mensal é muito menor do que os milhões que o governo planeja destinar ao resgate de uma empresa privada que administra o aeroporto de Porto Alegre, destruído pelas enchentes.

A missão do ministro da Previdência Social é clara e inquestionável:

  1. Implementar o plano do governo eleito em 2022;
  2. Proteger e melhorar a vida dos segurados do INSS.

Embora Lupi tenha mostrado competência em seguir essa missão, falta-lhe a coragem de enfrentar, com firmeza e determinação, o desrespeito brutal aos direitos de 102 mil aposentados que o STF deveria garantir.

Pode-se alegar que há um crescente rombo na Previdência que o governo precisa combater com seriedade, mas é preciso lembrar que a RVT é um direito conquistado que não pode ser anulado.

Enquanto isso, há duas semanas, os aposentados enfrentavam uma amarga derrota no julgamento virtual dos embargos de declaração das ADIs, com quatro votos desfavoráveis, quando o ministro Alexandre de Moraes pediu destaque, interrompendo a votação e levando o caso ao plenário presencial, onde tudo recomeçará do zero.

Essa pausa oferece uma nova chance. Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Bruno Fischgold, os advogados contratados pelo Ieprev, terão agora a oportunidade de apresentar os verdadeiros números aos ministros, dissipando a principal justificativa para a derrubada da Revisão da Vida Toda. Além disso, tentam convencer os ministros da necessidade, pelo menos, de modular os efeitos da ação, garantindo os direitos a quem entrou com a ação, por exemplo, antes da publicação do acórdão. Porém, os advogados não terão a oportunidade de conversar diretamente com o presidente.

Em um julgamento onde a política econômica parece prevalecer sobre a justiça, é urgente que surja um defensor de peso em favor dos idosos vulneráveis. Exceto Lupi, justamente o chefe da pasta e um grande defensor da RVT, parece não haver mais ninguém com a força política necessária para lutar pelos segurados.

Se o presidente Lula prometeu garantir a segurança alimentar de todos os brasileiros até o fim de seu mandato, é vital que ele saiba que essa promessa está em risco. Porém, se Lupi não apresentar os números verdadeiros ao presidente, a pressão sobre o Supremo para anular a decisão que deu vitória aos aposentados continuará, e a justiça arduamente conquistada poderá se perder no vazio da omissão.


domingo, 1 de setembro de 2024

7 de setembro terá encontro de escorpiões no carro de som.

Por Fernando Castilho



Havia dois escorpiões num galhinho que flutuava num rio.

O tempo passava e nada do galhinho aportar nas margens.

De repente, os dois escorpiões sentiram ferroadas ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo também, perguntaram um ao outro: por que me deste uma ferroada? Os dois, como num jogral, responderam: porque é da minha natureza.

Dia 7 de setembro haverá manifestação convocada por Silas Malafaia pelo impeachment e pela prisão de Alexandre de Moraes. Bolsonaro afirmou que ia; depois cancelou a ida; em seguida, cancelou o cancelamento.

Durante a semana, Malafaia e Pablo Marçal protagonizaram verdadeira batalha nas redes sociais. Um falou verdades para o outro. O outro falou verdades para o um. A sujeira é muito grande dos dois lados.

Ao ser indagado por Marçal se poderia comparecer, Bolsonaro disse que não via problema algum porque o evento seria suprapartidário. Portanto, Marçal vai.

Valdemar Costa Neto, o dono do PL de Bolsonaro, ficou uma fera porque seu candidato e, teoricamente, o do capitão à prefeitura de São Paulo, é Ricardo Nunes. Valdemar também já não vê sentido em pagar 60 mil reais de salário para o bozo, já que este não consegue emprestar prestígio aos candidatos do PL Brasil afora.

No carro de som, portanto, deverão estar Bolsonaro, Nunes, Marçal e Malafaia.

Já sabemos que, muito provavelmente, Bolsonaro ficará calado para não ser preso, afinal, pedir impeachment e prisão para ministro do STF é crime de obstrução de justiça.

A presença de Marçal no carro de som deverá levar milhares de pessoas pela pura curiosidade em saber qual será a polêmica que ele levantará. Ou qual será a mentira. E será a grande chance do coach para derrubar Nunes e fazer com que Bolsonaro traia Valdemar e passe para seu lado.

Aquele espaço no carro de som é o galhinho flutuando pelo rio. Só que nesse galhinho não há somente dois escorpiões.

7 de setembro será um dia de fortes emoções.


quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Pablo Marçal e a Geração Z

Por Fernando Castilho




A Geração Z é uma geração que praticamente só viu desgovernos. Por isso não acredita neles e vota em qualquer desqualificado que lacre nas redes sociais.


Ok, vamos falar um pouco sobre Pablo Marçal. Mas por outro prisma.

Marçal surge do desencanto e do desalento da chamada Geração Z, aquela que nasceu, com algumas variáveis, entre 1997 e 2012.

Quem nasceu em 1997, hoje está com 27 anos e quem nasceu em 2012, hoje está com 12 anos. Na média, portanto, 19 anos.

Ora, quem hoje está com 19 anos, com que idade estava ao fim do exitoso segundo governo Lula? Exatamente! 5 anos!

Com que idade estava ao fim do exitoso primeiro mandato de Dilma? Parabéns! 9 anos, apenas.

Mais tarde veio o segundo governo Dilma e as chamadas jornadas de junho de 2013, quando o pesadelo do golpe começou. Com que idade? Acertou novamente! 12 anos.

O golpe aconteceu em 2016 quando a média da geração Z estava com 15 anos apenas! Depois veio Temer e Bolsonaro, dois exemplos de desgoverno.

Portanto, essa é uma geração que praticamente só viu desgovernos. Por isso não acredita neles.

Mas, o que é a Geração Z?

É aquela que não acredita que estudando e se preparando para o mercado de trabalho, alcançará objetivos. São jovens desencantados e desalentados. Seus exemplos não são seus pais que se formaram e trabalham ganhando alguns milhares de reais por mês, mas sim, os famosos que fizeram muito dinheiro fácil sendo MCs ou influencers das redes sociais, por exemplo.

Captou? Por que Pablo Marçal subiu tanto nas pesquisas, quando nós, de outras gerações, achávamos que ele cairia após suas performances bizarras nos debates? Ora, porque os tais jovens desalentados que não conheceram governos sérios, preocupados em dar solução aos problemas da população em geral, não acham que um prefeito sério vai mudar alguma coisa em suas vidas. Vejam que Marçal não quis responder às perguntas de Tábata Amaral no último debate. Não precisava: seu público não está interessado em propostas de governo. Esses jovens se identificam com Marçal.

Mas calma. Eles são numerosos, mas não são a maioria. É possível que o coach da montanha tenha chegado a seu limite.

E se chegou ao seu limite, cometeu um erro gravíssimo, típico de paraquedistas na política: se queimou com Bolsonaro a quem poderia pedir apoio num possível segundo turno com Boulos. Mas isso somente na hipótese de que esteja realmente querendo se eleger.

A hipótese que formulo é a de que ele não quer se eleger prefeito. Não quer e não pode porque teria que trabalhar, enfrentar aquela chatice de receber e resolver demandas, algo muito diferente do que ser coach e lacrar nas redes sociais.

Talvez esteja disputando a prefeitura para aumentar o número de seus seguidores, pois, afinal, tudo se resume a ganhar dinheiro. Mas não só isso. Se sua votação for espantosa, mesmo não vencendo, pode roubar o capital político de Bolsonaro para 2026. Aí tudo se resumirá a ganhar dinheiro e poder, pois esse é o objetivo de todo megalomaníaco à la Elon Musk.

Lembrem-se: Pablo Marçal não está inelegível como o capitão. E é tão ou mais perigo quanto.


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

BOMBA! Americanos são medalhistas graças a asma

Por Fernando Castilho




Caso o atleta estadunidense não passe pelo antidoping, basta apresentar um atestado médico!


Habituamo-nos nesta época, de 4 em 4 anos a nos irmanarmos no espírito olímpico, aquele que procura nos elevar a um alto grau de civilidade para a superação de nossas diferenças, buscando cada vez mais o ideal do homo sapiens cada vez mais evoluído.

Assistimos aquelas belíssimas cerimônias de abertura, limpas, organizadas, sorridentes, mas elas são apenas máscaras de beleza que escondem rostos muito feios.

Sempre haverá uma oportunidade para que revelemos de fato o que nós somos, seres mesquinhos, egoístas, aproveitadores da ingenuidade alheia e fadados a um destino muito cruel.

Sim, meus amigos, as olimpíadas são uma fraude. E há muito tempo.

Quem colocou a água no meu chope (como costuma dizer um grande amigo meu) foi o youtuber Felipe Durante em seu vídeo “PERIGO AMARELO”. Durante vive na China há muitos anos e produz vídeos escancarando a China aos olhos preconceituosos e hostis do Ocidente.

No vídeo, Durante comenta inicialmente sobre a fala preconceituosa que o técnico australiano de natação, Brett Hawke, fez após seu pupilo, Kyle Chalmers, ter sido derrotado pelo chinês Pan Zhanle. Hawke considerou impossível um chinês conseguir o 1.º lugar. "Estou bravo com a natação. Meus amigos são os nadadores mais rápidos do mundo, eu estudei eles por 30 anos, eu sou um expert. É humanamente impossível conseguir isso com um corpo de distância nesta prova", alegou Hawke.

Em seguida, Durante afirma que a maioria dos atletas de natação dos EUA é, vejam só, portadora de asma e que, por isso, são chamados de Team Asma.

Achando inicialmente ser apenas sensacionalismo, decidi pesquisar. Acabei verificando que a afirmação é verdadeira. Boa parte dos nadadores e das nadadoras dos EUA é portadora de asma.

Michael Phelps, ganhador de 28 medalhas olímpicas, sendo 23 de ouro, também tem asma.

A nadadora chinesa, Zhang Yufei, questionou: "Por que os atletas chineses são questionados sobre seus resultados, enquanto ninguém duvidou do Michael Phelps quando ele ganhou diversas medalhas de ouros?"

Grande parte dos velocistas dos EUA também apresentam o mal.

Mas, o que é asma?

A asma é uma condição crônica que afeta as vias respiratórias dos pulmões, causando dificuldade para respirar. Portanto, atletas portadores de asma têm grande dificuldade em provas como natação e corrida porque suas vias respiratórias ficam inflamadas e estreitadas.

A lógica nos faz questionar se os atletas que têm asma possuem vantagem contra os demais. Mas não é isso que acontece.

E vejam o que uma simples pesquisa no Google revelou: alguns medicamentos usados para tratar a asma podem conter substâncias que são monitoradas em exames antidoping. Por exemplo, certos corticosteroides e broncodilatadores têm o potencial de ser detectados em testes. No entanto, muitos desses medicamentos podem ser usados com segurança por atletas, desde que sejam prescritos por um médico e que o atleta tenha a autorização adequada da Agência Mundial Antidoping (WADA).

Algumas das substâncias mais comuns encontradas nesses medicamentos que são proibidas ou regulamentadas incluem:

  1. Beta-2 agonistas: São usadas em inaladores para tratar os sintomas da asma, ajudando a relaxar os músculos ao redor das vias aéreas. Exemplos incluem:
    • Salbutamol (Albuterol): Permitido em quantidades limitadas. A concentração urinária não pode exceder 1000 ng/mL.
    • Salmeterol: Permitido por inalação dentro de uma dose diária máxima específica.
    • Formoterol: Também permitido por inalação, mas com uma dose diária máxima.
  2. Corticosteroides: Utilizados em inaladores ou sprays nasais para reduzir a inflamação nas vias aéreas. Corticosteroides inalados geralmente não são proibidos, mas corticosteroides sistêmicos (administrados por via oral, intravenosa ou intramuscular) são proibidos sem uma TUE.
  3. Terbutalina: Outro beta-2 agonista que é proibido, a menos que o atleta tenha uma TUE.

Algumas das substâncias usadas para tratar a asma, especialmente os beta-2 agonistas e os corticosteroides, têm potencial para melhorar o desempenho atlético, o que explica por que são regulamentadas em esportes como natação e corridas.

Beta-2 Agonistas:

  • Efeito nos músculos respiratórios: Beta-2 agonistas como salbutamol, salmeterol e formoterol relaxam os músculos ao redor das vias aéreas, facilitando a respiração e aumentando a capacidade pulmonar. Isso pode ser particularmente benéfico em esportes de resistência, como natação e corridas, onde a eficiência respiratória é crucial.
  • Efeito nos músculos esqueléticos: Há estudos que sugerem que beta-2 agonistas também podem ter um efeito anabólico em doses elevadas, aumentando a força muscular e a recuperação, o que poderia beneficiar atletas em provas de velocidade e força, além de resistência.

Corticosteroides:

  • Redução da inflamação: Corticosteroides reduzem a inflamação das vias aéreas, melhorando a eficiência respiratória. Em atletas com asma, isso pode permitir uma melhor performance durante o exercício.
  • Efeito no sistema imunológico: Corticosteroides também podem diminuir o risco de doenças respiratórias, que poderiam prejudicar o desempenho. Em doses sistêmicas, podem ajudar na recuperação muscular e reduzir a fadiga, o que pode beneficiar o desempenho geral.

Embora o principal objetivo desses medicamentos seja o tratamento de condições médicas, seu uso pode conferir uma vantagem competitiva, especialmente em esportes que exigem alta resistência ou capacidade aeróbica.

Os atletas que usam medicamentos para asma têm que verificar se os componentes estão na lista de substâncias proibidas e, se necessário, solicitar uma isenção para uso terapêutico (TUE). Isso garante que eles possam competir sem preocupações relacionadas a doping.

Ou seja, caso o atleta não passe pelo antidoping, basta apresentar um atestado médico!

O interessante é que praticamente só os que disputam provas de velocidade como a natação, corrida ou de força são asmáticos. Aqueles que competem em provas em que se requer habilidade e precisão, como tiro, tênis de mesa ou ginástica, não possuem asma (uma exceção é Simone Biles, asmática).

O nadador chinês não é asmático, mas ao contrário dos norte-americanos que fizeram apenas um teste antidoping por dia, Pan Zhanle teve que fazer sete testes por dia! Chegaram a acordá-lo às 5 horas da madrugada para um teste!

Pan, talvez ingenuamente, reclamou em um vídeo que está viralizando, que o australiano se recusou a cumprimentá-lo após a derrota, comprovando a xenofobia presente em competições olímpicas.

Mas, Kyle Chalmers, dirão, é australiano e não estadunidense. Sim, mas é asmático também.

É importante lembrar também que a Rússia foi proibida de disputar os jogos em 2020 e 2022 sob acusações de doping e agora, novamente em 2024.

Durante décadas assistimos aos jogos olímpicos e ficamos admirados com a velocidade, a habilidade, a capacidade física e também a graça, o espírito olímpico e o fair play (principalmente na reverência que Simone Biles e Jordan Chiles prestaram a Rebeca Andrade). Porém, há algo de muito ruim escondido nesses jogos.

Os EUA, certamente, há décadas levam medalhas para casa de maneira fraudulenta. E todo o mundo do esporte sabe disso, mas não reclama.

Por que o técnico australiano considerou a vitória de Pan Zhanle impossível?

Ora, ele não tem asma. Não toma os medicamentos. Não tem um atestado para livrá-lo do exame antidoping.

Além do técnico australiano, a mídia hegemônica está fazendo grande alarde em cima da vitória do chinês. Os Estados Unidos ameaçam punir a WADA com a retirada de sua contribuição em dinheiro, uma das maiores do mundo.

Assim, não resistindo às pressões, a WADA deverá continuar a fazer vistas grossas sobre esse escândalo, os países competidores, que não por acaso, na sua maioria são aliados dos EUA e membros da OTAN, continuarão a enganar seus atletas com a ilusão de que eles têm chances iguais de ganhar medalhas e os atletas de países não alinhados, como os chineses, continuarão a sofrer discriminação e tratamento desigual nas competições de natação e corrida.


quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Teria o Partido Democrata contratado um pistoleiro?

Por Fernando Castilho

Imagem: (REUTERS/Brendan McDermid

Se o plano de assassinar Trump realmente existiu, a pergunta a ser feita a seguir é: afinal, quem teria interesse em afastar o ex-presidente da corrida?


Donald Trump levou mesmo um tiro na orelha, ou foi tudo uma armação para que ele, a exemplo de Jair Bolsonaro, subisse nas pesquisas devido à comoção do povo estadunidense?

Essa foi a pergunta que mita gente fez, inclusive grande parte da esquerda brasileira que vê em Kamala Harris como um contraponto ao crescente fascismo no mundo.

O expert em geopolítica mundial, Pepe Escobar revelou que as investigações estão concluindo (embora isso ainda não seja oficial e nem sabemos se vai ser) que havia mais de um atirador naquele dia, já que balas diferentes teriam sido encontradas no local.

Então, se essa informação for verdadeira (e Pepe costuma ter fontes no mundo inteiro), podemos afastar a possibilidade de simulação do atentado. E isso é muito mais preocupante.

Se o plano de assassinar Trump realmente existiu, a pergunta a ser feita a seguir é: afinal, quem teria interesse em afastar o ex-presidente da corrida?

A resposta mais imediata é: o Partido Democrata. E não vai aqui nenhuma afirmação, mas sim, uma constatação do que parece mais lógico.

Joe Biden estava indo mal nas pesquisas e, além disso, após o debate com Trump em junho, em que demonstrou problemas de cognição, a tendência era perder ainda mais pontos para seu adversário.

Com Trump fora da disputa, os democratas poderiam ter caminho livre para a reeleição de Biden. Mas o atentado falhou. Por pouco.

Após isso, todo mundo sabe, Biden foi afastado da corrida e Kamala assumiu em seu lugar.

Não se sabe se as investigações prosseguirão e se chegarão a uma conclusão, já que, à esta altura, um escândalo com tal envergadura explodiria a campanha de Kamala, esteja ela envolvida ou não.

Se o FBI parar de investigar, podemos ter a impressão de que a administração Biden deu um basta, o que é difícil de acontecer nos EUA porque o órgão é independente.

Restaria aos republicanos realizarem eles próprios uma investigação. Lembremos que Trump tem ainda bastante influencia em setores das instituições americanas.

De qualquer forma, caso haja a assinatura dos democratas nesse possível atentado, mesmo que o caso seja abafado, transparecerá ao mundo todo a decadência moral que o império sofre. E que tende cada vez mais a crescer.

Trump é pior que Kamala, sabemos disso. Porém, vamos deixar de incensá-la como se ela fosse muito melhor que ele. Nenhum dos dois presta.





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terça-feira, 30 de julho de 2024

Maduro, entregue o petróleo para os EUA e passe a ser chamado de democrata

Por Fernando Castilho


Foto: AFP


Embora haja grande diversidade de sistemas de governo mundo afora, a imensa maioria se considera democrática. Só mudam os padrões


Domingo último (28), Nicolás Maduro venceu as eleições na Venezuela e, como era esperado, a imprensa mundial se apressou a afirmar que houve fraude.

Este artigo não trata de incensar Maduro, mas sim, desanuviar um pouco as névoas que a grande mídia, segundo seus interesses, coloca à frente de nossos olhos.

Em primeiro lugar, vamos compreender o que significa a palavra “democracia”. Segundo o dicionário Aurélio, democracia é:

1 - Governo em que o poder é exercido pelo povo;

2 - Regime baseado na liberdade e na soberania popular, sem desigualdades ou privilégios entre classes;

3 - Sistema governamental e político em que os dirigentes são escolhidos através de eleições populares;

4 - Nação ou país que segue os princípios do sistema democrático.

Isto posto, a pergunta que devemos fazer é: em qual país do mundo esses quesitos são perfeitamente preenchidos?

Vamos pegar primeiramente o exemplo do sistema brasileiro. Por aqui a democracia é a chamada “representativa”, em que o povo, através de eleições, elege seus representantes no congresso. Ou seja, são esses eleitos que lutarão para defender os interesses daqueles que os elegeram.

É fácil perceber que, na prática, isso não acontece. A maioria de nossos parlamentares, pertencentes ao Centrão, usa o congresso para ganhar dinheiro e poder para eles mesmos. Recentemente o deputado Eduardo Bolsonaro liderou uma comitiva nos Estados Unidos para pedir ao congresso estadunidense que imponha sanções econômicas contra seu próprio país, ou seja, contra seu próprio povo. Isso é lutar pelos interesses do povo que o elegeu? E lembro ainda que Eduardo mora no Rio de janeiro, mas é deputado por São Paulo, estado que ele nem conhece.

Se perguntarmos ao povo se o Brasil é uma democracia de verdade, ele, na sua maioria, responderá que sim.

Vamos aos EUA, a terra da democracia, como costumamos falar. Por lá o povo vota, mas seu candidato a presidência nem sempre leva. Explico: cinco candidatos venceram as eleições, mas, devido à contagem de votos através do colégio eleitoral, foram impedidos de governar. Só neste século foram dois: Al Gore, em 2000 e Hillary Clinton, em 2016.

Ainda nesse país, há um grande número de partidos, mas somente dois, o Democrata e o Republicano, disputam de fato. Por quê? Por lá, os candidatos recebem doações privadas e estas são direcionadas a esses dois partidos, somente. Na prática, quem conseguir maior volume de doações fica bem perto de se eleger. Foi por pressão de doadores que Joe Biden teve que desistir da corrida.

Se perguntarmos ao americano médio, se os EUA são uma democracia de verdade, ele responderá que sim.

Ah, mas e a China?, alguém perguntará.

Por lá existem as Assembleias Populares Locais populares em todos os níveis de governo local (provincial, municipal, distrital, e de aldeia).

Os membros das assembleias populares locais são eleitos diretamente pela população, mas os candidatos devem ser aprovados pelo PCC.

Por lá existem as assembleias populares locais em todos os níveis de governo local (provincial, municipal, distrital e de aldeia).

Os membros das assembleias populares locais são eleitos diretamente pela população, mas os candidatos devem ser aprovados pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

Quanto ao poder legislativo, o Congresso Nacional do Povo (CNP) é o órgão legislativo supremo da China e seus membros são eleitos pelos congressos provinciais e das regiões administrativas especiais, do nível inferior até o nível local. Tudo controlado pelo PCC.

Se perguntarmos aos chineses (como já fiz) se a China é uma democracia de verdade, a maioria responderá que sim.

Embora haja grande diversidade de sistemas de governo mundo afora, a imensa maioria se considera democrática. Só mudam os padrões.

O berço e o grande exemplo ao mundo do que significa “democracia” é a Grécia Antiga.

Por lá os cidadãos se reuniam numa grande praça em Atenas, chamada de Ágora para decidir sobre absolutamente qualquer coisa, desde uma pendenga de vizinhos até grandes questões de Estado. Era a chamada democracia direta.

Mas as mulheres não podiam votar; os escravos (eles eram muitos) não podiam votar; os estrangeiros também eram impedidos. No final das contas, calcula-se que somente 10% da população ateniense decidiam o futuro do país.

Era verdadeiramente uma democracia?

Voltando finalmente à Venezuela.

Ela é uma democracia? Deixo a resposta para quem quiser se manifestar.

Em 2019, após vitória de Maduro, o candidato derrotado, Juan Guaidó se autodeclarou presidente. Os EUA e a União Europeia se apressaram em reconhecê-lo contrariando o princípio da autodeterminação dos povos, princípio fundamental do direito internacional que visa assegurar a independência, a liberdade e o direito de organização própria dos povos. Pergunto: essa atitude respeita a democracia?

Atualmente, o Haiti enfrenta uma crise política e humanitária grave. Desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021, o país tem sido tomado por gangues violentas que controlam várias áreas e aumentam a insegurança. A corrupção, a impunidade e a má governança estão exacerbando a situação, resultando em um colapso quase total das instituições estatais. Pergunto: por que a grande mídia e as grandes democracias ocidentais não se preocupam nem acompanham o que está acontecendo no Haiti?

Para alinhavar o texto, essa questão eu mesmo respondo: não importa o que acontece no Haiti. Lá não há petróleo.

As pessoas comuns no Brasil, ao verem o noticiário se concentrar tanto na Venezuela, devem estar se perguntando: mas por que falam tanto dessa Venezuela?

É porque o país possui a maior reserva praticamente não explorada de petróleo do planeta. Esse é o grande interesse.

Por um lado temos um sistema de governo que resiste às investidas dos EUA para tomar-lhe o petróleo e por outro, uma oposição que tem a clara intenção de privatizar a estatal petrolífera entregando o ouro negro às grandes companhias norte-americanas.

O país hoje sofre bloqueio comercial dos EUA que não permitem que outros países comprem seu petróleo e que lhe vendam seus produtos, o que constitui verdadeira tortura ao povo venezuelano.

Alguém, então, perguntará? Mas então, não é melhor ceder para que esse bloqueio seja levantado?

Ora, se Maduro privatizar seu petróleo, quem ganhará muito dinheiro serão investidores norte-americanos. O dinheiro não será repartido com os mais pobres.

Mas uma coisa dá pra garantir: se Maduro entregar o petróleo para os americanos, deixará no dia seguinte de ser chamado de ditador. Será considerado o maior democrata do planeta.

P.S.: Lula acerou ao falar que democracia é um conceito relativo.





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terça-feira, 16 de julho de 2024

A peça de teatro montada por Bolsonaro e Ramagem

Por Fernando Castilho

Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil | Evaristo Sa / AFP


Mas, na verdade, parece que foi montada uma peça de teatro que só faltou ser gravada em vídeo.

A divulgação da existência de uma gravação em áudio de uma conversa entre Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e o ex-presidente Jair Bolsonaro suscitam preocupações sérias sobre a integridade das instituições democráticas no Brasil. Analisar se esse evento constitui um fator de risco à democracia requer examinar vários aspectos relacionados ao conteúdo do áudio, ao contexto político, e às consequências do vazamento.

O conteúdo do áudio trata de analisar estratégias para livrar o filho de Bolsonaro, o senador Flávio, das acusações de rachadinha (prática corrupta que fere a ética e a legalidade no serviço público, configurando-se em crimes como peculato, concussão e corrupção passiva, além de envolver associação criminosa) em seu gabinete.

A gravação, sabe-se, tem a duração de uma hora e oito minutos, portanto é longa e contém grande número de detalhes reveladores do modus operandi da quadrilha que se instalou no Planalto.

Mas, na verdade, parece que foi montada uma peça de teatro que só faltou ser gravada em vídeo.

Vejam os personagens principais:

1 – Alexandre Ramagem, chefe da Abin. Seu papel principal é o de gravar a peça. Porém, em todos os momentos o ator representa o agente republicano que procura rechaçar propostas para a salvação do Flávio que ele considera ilegais.

2 – Advogadas Luciana e Juliana. Seus papéis são o de defensoras da legalidade. Elencam possíveis atos ilegais cometidos por auditores fiscais para justificar que ações devam ser empreendidas pela Abin e pelo GSI contra eles para defender Flávio. São elas as protagonistas.

3 – Augusto Heleno, então ministro chefe do GSI. Seu papel é o de coadjuvante. Porém, ele devia estar um tanto longe do microfone, sendo difícil ouvi-lo e entender o que ele fala. Mau ator.

4 – Jair Bolsonaro, então presidente. A personalidade do capitão impõe a ele que seja o comandante de toda e qualquer reunião, como vimos em duas reuniões ministeriais em que bradava a todo momento amedrontando os demais. Porém, desta vez ele não foi o protagonista e, por isso, se superou como ator. Foi capaz de controlar seus impulsos representando um personagem que mais ouve do que fala. Papel muito difícil para ele. Sua fala mais importante e reveladora foi: “Tá certo. E deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém.”

Nessa frase o capitão entrega o jogo. A reunião parece ter sido uma armação para tentar emplacar a tese, caso o caso chegasse a PF para uma possível investigação, de que nunca houve intenção alguma de defender seu filho das acusações de peculato. Algo que revela a primariedade de seu raciocínio, pois a reunião em si foi ilegal. Usar a máquina pública para vantagens pessoais é crime.

A ideia parece ser a de tentar se vacinar contra possíveis acusações no futuro. Fica patente, ao deixarem as duas advogadas livres para falarem durante quase toda a reunião, que, se houve alguma coisa ilegal, a culpa foi delas que propuseram soluções criativas (falsamente rechaçadas em sua maioria por Ramagem) para salvar Flávio Bolsonaro.

Portanto, Jair, Ramagem e Heleno procuraram sair blindados da reunião.

Assim como no caso das joias roubadas, em que desconhecemos com que frequência esse crime vinha sendo cometido, já que houve 150 viagens à Arábia Saudita (o que pode implicar em inúmeros outros presentes que conseguiram entrar ilegalmente no país), também não sabemos por quantas vezes conversas entre Ramagem e Bolsonaro foram gravadas e de quais crimes elas trataram.

Que as investigações da PF não parem por aí.





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