Por Fernando Castilho
O
ministro Dias Toffoli, esse incansável servidor da pátria, há muito tempo
ostenta o título nada invejável de ministro mais entediado da Suprema Corte.
Justiça? Apenas um detalhe burocrático. Em julgamento sobre questões
ambientais, ainda no primeiro semestre, revelou sua verdadeira vocação: o tédio
em estado puro. Para espanto dos colegas, confessou que preferia resolver o
caso com cara ou coroa porque não via relevância no caso. Afinal, quem precisa
de Constituição quando se tem uma moeda no bolso?
Mas
não sejamos injustos: há algo que realmente o arranca da monotonia
institucional. O futebol, claro. O Palmeiras, seu grande amor, é o único capaz
de fazê-lo vibrar. Tanto que viajou até Lima para assistir à final da
Libertadores. Só que, curiosamente, o que pareceu excitá-lo ainda mais foi a
companhia do advogado que, por coincidência, representa Luiz Antonio Bull,
investigado em negócios nada triviais entre o Banco Master de Daniel Vorcaro e
o BRB. Quatro dias depois, com o Palmeiras derrotado, Toffoli decidiu que o
caso merecia um “sigilo sigilíssimo”. Coincidência, claro.
E
assim o ministro segue sua via-crúcis na Corte: sessões sonolentas, votos
redigidos por assessores e decisões que condenam aposentados a sobreviver com
um salário mínimo. Talvez, se no caso da Revisão da Vida Toda tivesse recorrido
ao seu método infalível da moeda, os segurados do INSS hoje estariam em
situação mais digna. Um verdadeiro mártir da burocracia.
Em
2024, fiel ao seu costume de encontrar válvulas de escape para sua rotina de
sacrifícios, faltou a uma sessão para assistir à final da Champions League em
Londres, no camarote de um empresário com negócios relatados por ele próprio na
Corte. Porque, convenhamos, quem resiste a um bom jogo e a uma taça de
champanhe? Aliás, seria digno de estudo o fato de ministros do Supremo serem
tão fanáticos por futebol.
No
fim das contas, já sabemos: justiça pode esperar. O que realmente desperta
Toffoli são duas paixões inabaláveis: o futebol e a boa companhia de
empresários investigados. Afinal, cada um encontra sua motivação onde pode.
Nenhum comentário:
Postar um comentário