segunda-feira, 12 de maio de 2014

''Desculpem, mas não quero participar do meu linchamento.''

Por Fernando Castilho

''Desculpem, mas não quero participar do meu linchamento.''

Foi com essa frase que o ator Alexandre Nero se despediu do Facebook, após explicar em um texto publicado no UOL, suas razões.




Segundo afirmou, está cansado do discurso de ódio de algumas pessoas na rede social.
E tem razão.

O ódio vem sendo disseminado tanto na internet quanto na televisão.

domingo, 11 de maio de 2014

Justiça do Vislumbre

Estava iniciando o projeto de escrever sobre o mais novo desmando de Joaquim Barbosa, quando fui surpreendido por este inigualável texto de Paulo Moreira Leite. Irrepreensível. Desisti.

Por Paulo Moreira Leite

Após meses de subterfúgios, silêncios, protelações e outras iniciativas que lhe permitiram  ganhar tempo, inclusive um surrealista pedido de monitoramento de ligações telefônicas do Planalto, o presidente do STF Joaquim Barbosa fez aquilo que – alguém duvida? -- sempre quis fazer.

Negou a José Dirceu o direito de deixar o presídio para trabalhar.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Eduardo Campos jogará a toalha?

Por Fernando Castilho

Acaba de sair uma nova pesquisa de opinião sobre os candidatos à Presidência da República.

Segundo a Pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta terça-feira, 29, a presidenta Dilma Rousseff perdeu seis pontos porcentuais nas intenções de voto para presidente entre fevereiro e abril. Clique aqui para ter acesso à pesquisa.

''Curtindo'' um castigo

Embora publicado em 10/02/2014, quando do acorrentamento do adolescente ao poste, este texto, ainda muito atual, em minha opinião é o mais lúcido e completo sobre a onda de justiçamento que tem ocorrido no Brasil.

No Brasil, a violência não é uma qualidade das “pessoas más”, mas o fator estruturante da sociedade. É tão presente que se torna invisível aos olhos da maioria e se manifesta cada vez mais em discursos nas redes sociais


Por Rodrigo Elias (Revista de História.com.br -http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/curtindo-uma-violencia )

terça-feira, 6 de maio de 2014

Outras leituras sobre a pesquisa IstoÉ/Sensus

Por Fernando Castilho

 

A Pesquisa IstoÉ/Sensus que foi realizada em campo entre 22 a 25 de abril e publicada em 3 de maio de 2014, mostrou algumas coisas bem interessantes.

Embora pareça artificial em seus resultados, uma vez que não utilizou os cartões circulares, mas apresentou aos entrevistados cartões com os nomes dos candidatos em ordem alfabética, do que certamente se beneficiou Aécio Neves, cabem algumas outras considerações. Clique aqui  para ler a pesquisa.


Primeiro: A publicação se deu aproximadamente 10 dias depois de ter sido feita a pesquisa de campo. Em que pese que há um tempo para a tabulação, me parece que 10 dias é um período de tempo muito longo.

Cabe uma especulação: será que o instituto esperava algum desdobramento mais sério do caso Pasadena, ou do laboratório Labogen, para no mesmo momento publicar a pesquisa, como que a representar dessa forma o resultado da indignação da população?

Como a mídia praticamente parou de falar sobre o assunto (por que será), teve que publicar assim mesmo. Ou deixaram para divulgar após o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff pelo dia do Trabalho, como se a pesquisa já tivesse captado este momento.

Segundo: Cadê o cenário com Marina, ao invés de Campos? Não interessa ao Sensus elevar Marina, mas sim Aécio? Claro que não, pois Ricardo Guedes Ferreira Pinto, diretor do instituto é ligado ao PSDB. Ele está em campanha.

Terceiro: Na pergunta por voto espontâneo, Marina, que até então mostrava superioridade sobre Campos, aparece com 2,4% enquanto Campos tem 3,1%.

Quarto: Na identificação partidária espontânea, que mede a preferência do eleitorado por determinado partido, o PT aparece em 1º lugar com 9,6%, quase o dobro do PSDB que tem 5,1%. Reparem que o PMDB da base aliada aparece em 3º lugar com 2,3%. Se somarmos os votos no PT com os do PMDB temos 11,9%. O que sugere que Dilma e o PT façam uma campanha de modo a relacionar a Presidenta mais intimamente ligada com o partido e também com Lula, sua expressão maior.

Embora o PMDB nos estados sempre faça campanhas independentes a eleger seus governadores, por força da expressão de votos de Dilma, ele há que ligar também o nome do partido às realizações do Governo no âmbito social.

Observem também também o que mais aflige o eleitor: Saúde com 44,6% aparece em 1º lugar! É urgente que Dilma faça link entre os problemas da saúde e sua resposta acontecendo agora mesmo com o Programa Mais Médicos. Ou seja, falta divulgação das medidas que o Governo está tomando.

Quinta: A considerar a pesquisa como séria e crível, Eduardo Campos já pode jogar a toalha. Tendo as mesmas propostas (?) de Aécio, não há como reagir. Porém sua utilidade para o PSDB é imensa, pois só com ele ainda em campanha Aécio consegue ir para o 2º turno. Numa eventual desistência de Campos (o que duvido), seus votos seriam divididos, e nem todos migrariam para o tucano.

Há ainda que se considerar que, em caso de desistência de Campos, Marina não vai poder ter a Rede Sustentabilidade como seu partido a prosseguir. Teria ela que assumir a cabeça de chapa do PSB. Mas como o Sensus não colocou seu nome em nenhum cenário, fica difícil avaliar o que poderá acontecer.

Todas essas dúvidas poderão ser sanadas após o resultado da pesquisa Datafolha que está por vir. Já sabemos que poderá ser nos mesmos moldes da Sensus, sem cartão circular, mas certamente dará um indicativo melhor da situação eleitoral.

 

IstoÉ



Seu perfil ideológico é...

Por Fernando Castilho

A Folha de São Paulo em 5 de maio publicou uma pesquisa online para tentar identificar o perfil ideológico de seus leitores. Clique aqui para participar.

Não é preciso ser assinante para participar. E o fato de ter participado não chancela a pessoa como sendo leitor da Folha, uma vez que algumas pessoas publicaram a enquete nas redes sociais.

domingo, 4 de maio de 2014

Esse moços, pobres moços...

Por Fernando Castilho

Esses moços, pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei...

Peço licença ao grande compositor Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974), para usar um trecho de sua música para ilustrar este texto.

Pobres moços esses que, por não ter vivido os anos FHC e também os anteriores, não conseguem termo de comparação ao governo atual.

sábado, 3 de maio de 2014

Aécio, o senador abduzido

Por Fernando Castilho

Não nos enganemos. Dilma está despencando nas pesquisas, e Aécio, o Senador que desapareceu do Senado (será que foi abduzido?), sem esforço nenhum próprio, sem plano de governo, e até com muito sono, vem subindo.

É o que revela a última pesquisa Sensus publicada pela revista IstoÉ.

Alguém dirá que a pesquisa foi manipulada. E foi mesmo. O fato de ter usado cartões em ordem alfabética invés de cartão circular, induz o entrevistado a optar pelo primeiro nome que vir. Mas o quadro, embora não tendo essas cores tão fortes, é preocupante para o país. Por que para o país? Leia até o fim.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Paulo Pelego tem seu dia de glória

Por Fernando Castilho

Ói pra mim, ói!

Quem é Paulinho da Força?
Formado pelo Senai em Inspeção de Qualidade, começou sua vida política como sindicalista na época da ditadura militar, atuando como militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B).

Em 1991, após a redemocratização, tornou-se secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Depois, se tornou presidente da instituição e, mais adiante, presidente da Força Sindical, organização que lhe rendeu o apelido pelo qual é conhecido: Paulinho da Força.
Que beleza.

Mas a Força Sindical sempre se caracterizou com uma espécie de genérico da CUT, porém sem seu princípio ativo, que era jamais se deixar cooptar por forças conservadoras. É uma espécie de central sindical coxinha. Não mexe com o patrão.

Vimos a Força se aliar com Maluf, Pitta, Covas, Alckmin, Serra, enfim, tudo aquilo que jamais seria bom para o trabalhador.

Vimos a Força não apoiar greves, deixando para a CUT o sacrifício, e depois usufruindo das conquistas. Uma central pelega.

Paulinho sempre foi oportunista, não medindo até onde poderia ir seu caráter, para estar sempre onde o poder está.

Foi assim que se elegeu deputado.

E uma vez dentro do Congresso Nacional, flertou sistematicamente com o capital, em detrimento dos trabalhadores.

Abandonou o histórico PDT de Leonel Brizola, fundando seu próprio partido político, o SDD, Solidariedade, nome que nos remete ao Solidarność, de Lech Walesa, que lutava contra o governo comunista da Polônia.

Pois é, esse mesmo cidadão, que diz lutar pelos avanços da classe trabalhadora, comparece num palanque no 1º de maio, dia dos trabalhadores, juntamente com Aécio Neves, conhecido por suas recentes declarações em que defende a redução do salário mínimo e outras medidas impopulares, fazendo política eleitoreira da pior espécie, com grosserias e verborragia de quinta categoria.

''Todos os anos, nós convidamos todos os candidatos a presidente para o palco. Neste ano, só teve coragem o Aécio, que não mandou representante. Veio ele mesmo. Quer dizer, a Dilma também veio, mais feia que o diabo" (em alusão a um ator caracterizado com a Presidenta). E anunciou. "Vocês viram a banana que jogaram no Daniel Alves? Quem merece uma banana é ela. Quem aí sabe fazer o gesto da banana? Vamos dar uma banana para a Dilma.''
"O governo que deveria dar o exemplo está atolado na corrupção. Se fizer o que a presidente Dilma falou ontem, quem vai parar na Papuda é ela."

Mas quem deveria ir para a Papuda é ele.

A Justiça Federal, em 9 de março de 2011, condenou o deputado federal Paulinho da Força, ainda no PDT, por improbidade administrativa e irregularidades no uso de dinheiro público do Programa Banco da Terra, conforme noticiou "O Estado de S.Paulo". A sentença contra Paulinho o obriga a pagar multa de cerca de R$ 1 milhão. O deputado ainda pode recorrer da decisão.

Na audiência de Graça Foster na Câmara, Fernando Francischini de seu partido, o SDD-PR disse que Paulinho da Força tinha R$ 298 mil em ações da Petrobras em 2008 e que, hoje, elas valem menos de R$ 60 mil. Porém, em sua declaração de rendimentos não consta esse dado, o que, se a Receita Federal e a Procuradoria Geral da União tiverem culhões, haverão de investigar.

Quem é Paulinho da Força para falar assim contra Dilma? Enquanto a presidenta estava no cárcere sendo torturada, onde estava Paulinho? Um militante (?) do PCdoB mais incógnito impossível.

Sobre Aécio, sinceramente, fosse ele seu avô, ou tivesse 1% de seu DNA, teria condenado essa atitude de Paulinho. Perdeu a oportunidade de sair de lá com uma imagem de estadista. Até por que, tenho certeza que com essa atitude sairia bem na foto das manchetes dos jornalões, seus cupinchas.

Mas Aécio está longe disso. É incapaz disso. Não tem a mesma fineza política de Tancredo. Faz a política mais rampeira possível. Não lhe haveria escala negativa suficiente em um hipotético caratômetro.

Eduardo Campos chegou mais tarde. Mas deve ter sido informado da baixaria. Preferiu não tocar no assunto, fingindo-se de morto. Perdeu uma grande oportunidade de mostrar a tal nova política, tão a gosto da Rede Sustentabilidade.

Mas e as pessoas presentes?

A maior parte certamente estava lá pelas apresentações musicais. Sempre foi assim no 1º de maio da Força Sindical. Essa central sindical nunca politizou ninguém.

Alguns devem ter prestado alguma atenção aos discursos, e devem ter saído pensando: ''Ué, esses caras estão contra a mulher que botou comida na mesa dos meus parentes lá no Nordeste?''

''Tô fora!''






terça-feira, 29 de abril de 2014

Collor, um julgamento 100% político

Por Fernando Castilho


Lula afirmou em entrevista a RTP, que o julgamento do mensalão foi 80% político.

Foi generoso com o STF, em minha opinião.

Mas a reação de Joaquim Barbosa foi imediata, segundo a Folha. O que está entre parênteses é por conta dela:

(é algo que merece) ''o mais veemente repúdio'' (e mostra que o petista não entende o papel reservado ao Judiciário numa democracia.)

''A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça.''


Marco Aurélio Mello também criticou Lula, em tom de deboche:

''Não sei como ele tarifou, como fez essa medição. Qual aparelho permite isso? É um troço de doido.''

Já Gilmar mendes classificou a opinião de Lula como ''engraçada''.

Recentemente vimos como o STF agiu com relação a Eduardo Azeredo, réu no processo do mensalão do PSDB. Foram dois pesos e duas medidas. Embora tenha renunciado ao mandato de deputado para escapar do julgamento em foro privilegiado, haveria a possibilidade de ser enquadrado pelo STF, caso os ministros se pautassem pela postura que JB defende mais acima com relação a Lula. O deputado vai ser julgado em Minas Gerais, em primeira instância. Há contra Azeredo um número significativo de provas, mas a lentidão da justiça, e a possibilidade de recurso em caso de condenação, abrem-lhe a porta da impunidade, pela via da prescrição, daqui a somente 4 anos, quando completará 70.

A fala de Lula neste momento veio bem a calhar, pois o mesmo STF que posa de paladino da justiça e defensor dos cidadãos indignados, acaba de inocentar Fernando Collor de Mello, presidente que sofreu processo de impeachment há 20 anos atrás, por corrupção. Lembremos um pouco:

Seu governo foi marcado pela implementação do Plano Collor. Um dos pontos importantes do plano previa o confisco dos depósitos bancários superiores a Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros) por um prazo de dezoito meses visando reduzir a quantidade de moeda em circulação, além de alterações no cálculo da correção monetária e no funcionamento das aplicações financeiras.

Mesmo sendo o confisco bancário um flagrante desrespeito ao direito constitucional de propriedade, o plano econômico conduzido pela Ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello foi aprovado pelo Congresso Nacional em questão de poucos dias. e a abertura do mercado nacional às importações e pelo início de um programa nacional de desestatização.

Seu Plano, que no início teve uma boa aceitação, acabou por aprofundar a recessão econômica, corroborada pela extinção, em 1990, de mais de 920 mil postos de trabalho e uma inflação na casa dos 1200% ao ano.

Em meados de 1991, denúncias de irregularidades começaram a surgir na imprensa, envolvendo pessoas do círculo próximo de Fernando Collor, como ministros, amigos do presidente e mesmo a primeira-dama Rosane Collor.

Em entrevista à Revista Veja em maio de 1992, Pedro Collor de Mello, irmão do presidente, revelou o esquema de corrupção que envolvia o ex-tesoureiro da campanha Paulo César Farias, entre outros fatos comprometedores para o presidente.

Em meio à forte comoção popular, é instalada em 27 de maio uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a responsabilidade do presidente sobre os fatos divulgados.

Em 1° de junho, a CPI começa seus trabalhos com forte cobertura dos meios de comunicação. A Revista IstoÉ publica em 24 de junho uma matéria na qual Eriberto França, motorista da secretária de Collor, revela que ele próprio pagava as despesas pessoais do presidente com dinheiro de uma conta fantasma mantida por PC, reforçando a tese do irmão do presidente.

Em 2 de outubro é aberto o processo de impeachment na, impulsionado pela maciça presença do povo nas ruas, como o movimento dos cara-pintadas.

O processo, antes de aprovado, fez com que o presidente renunciasse ao cargo em 29 de dezembro de 1992, deixando-o para seu vice Itamar Franco. Collor ficou inelegível durante 8 anos.

Pois bem, há provas muito mais concretas contra Collor do que as dos réus da AP470. Sem contar que a tese do Domínio do Fato desta vez não foi aplicada.

Além disso, há que se pensar em por que a conclusão de seu julgamento e consequente absolvição levou 20 anos para acontecer? Nesse período, excetuando-se os 8 anos em que ficou inelegível, Collor desfrutou das benesses do poder, como nenhum outro. Que raios de justiça é essa de que JB e os outros ministros falam?

E agora o STF absolve Collor. Conclui-se então que o povo foi injusto com Collor. Nós que lutamos pelo impeachment é que cometemos injustiça? O STF está transferindo isso para nós?

Collor já anda discursando como vitorioso no processo. Claro, para isso obteve a chancela do STF que o qualifica agora de inocente e, mais que isso, injustiçado por todos aqueles que o acusaram na época.

Cabe reparações à sua honra?

Pode ele solicitar o cargo que lhe tiraram ''injustamente''?

Afinal, seu julgamento foi, ao contrário dos réus do mensalão, 100% político.

 



charge: Pataxó




segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mídia, um partido clandestino

Por Fernando Castilho



Os panfletos do partido clandestino

Esqueçam PT, PSDB, PMDB, PSB e outros.

Esqueçam.

 O partido com mais poder no Brasil não é nenhum desses. Ele não tem sigla, não tem presidente nem número.

 Nele não se vota, antidemocrático que é. E por não ser democrático, ajudou há 50 anos atrás a derrubar a democracia do Brasil. E ainda hoje estimula golpes de estado.

Dispõe de tempo ilimitado na TV, dentro ou fora do horário político. Às vezes nem percebemos que está a fazer propaganda, pois utiliza-se de mensagens subliminares.

 Não tem plataforma política, projeto ou programa para o Brasil. Tem para si próprio mas não os revela. Nem poderia, pois são contrários aos interesses da grande maioria da população. Limita-se a criticar qualquer medida que seus adversários tomam, mesmo que sejam boas para a Nação. 


 Não aparece nas pesquisas, uma vez que não permite que seu nome seja incluído, pois se considera acima dos partidos comuns.

 É pródigo e pragmático em fazer alianças com partidos legalizados que fazem o jogo da direita, sua orientação política por excelência. Como em qualquer aliança desse tipo, em caso de vitória de sua ''coligação'', cobrará mais tarde sua contra-partida.

 Mas nunca fará parte oficialmente do Governo, uma vez que prefere ficar nos bastidores dando a devida cobertura, encobrindo deslizes e fraudes e enaltecendo medidas profícuas ou de caráter duvidoso como sendo as mais importantes para o país.

 Por ser clandestino, esse partido é dissimulado. Não costuma revelar suas reais intenções. Não costuma assumir publicamente sua orientação. Pelo contrário, diz-se neutro, de centro.

 Não hesita em distorcer fatos, mentir, destruir reputações, criar escândalos, enfim, tudo que estiver ao seu alcance para atingir seus objetivos. Para isso utiliza-se de um número fabuloso de panfletos, alguns vendidos diariamente, outros semanalmente. Alguns vendidos também na TV e na internet.

 Nesses panfletos, militantes pagos, figuras bem conhecidas do público, de fala empostada e eloquente, invariavelmente aparecem como figuras indignadas com o ''descaso'' ou a corrupção'' dos adversários. Somente dos adversários.

 Pois é, a grande mídia brasileira é um partido clandestino. Também chamado de PIG, Partido da Imprensa Golpista.

 Já dizia Joseph Pulitzer, ''Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma''

 Segundo Altamiro Borges do Blog do Miro, “A mídia é um duplo poder: econômico e político, o único que tem liberdade é o dono. Ainda tem os interesses ideológicos e a consequente manipulação da informação. O que não interessa é omitido e o que interessa é realçado. Atualmente, 30 impérios comandam a comunicação no mundo. No Brasil, está na mão de apenas sete famílias: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Band), Macedo (Record), Frias (Folha), Mesquita (Estadão) e Civita (grupo Abril).”

 Está claro que o Brasil precisa de uma Lei de Democratização dos Meios de Comunicação.

Trata-se de uma lei que existe nos Estados Unidos desde 1934. Ela exclui a possibilidade de um detentor de Concessão Pública de TV, como a Globo, por exemplo, possuir jornais e revistas. Lá ela não poderia.

 Essa lei também existe em quase todos os países avançados democraticamente. Recentemente foi aprovada na Argentina e na Inglaterra.

 Nelson Breve presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), diz: “Há uma grande contradição entre o que é serviço público e o que é atividade econômica. O problema é que o poder público transfere um serviço público para ser atividade econômica e muitas empresas privadas não cumprem esse dever público de princípios e deveres. É o poder público que tem o poder de regulamentação, o poder privado é apenas uma atividade complementar. Isso está no artigo 220 da Constituição.''

 O jornalista Laurindo Leal Filho, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) lembrou que ''na década de 50 existia no Rio de Janeiro, por exemplo, dezoito jornais diários. O mesmo ocorria em São Paulo e em várias capitais. Hoje, existem três ou quatro veículos replicados por todo Brasil (Globo, Folha e Estadão, com algumas presenças regionais em nível de maior representação).''

 A Democratização de Meios daria possibilidade de surgimento de um número maior de jornais, que poderiam equilibrar forças com os jornalões.

 As Concessões de Rádio e Televisão têm que ser revistas, principalmente no sentido de se exigir que em sua grade haja maior número de produções educativas e nacionais. Além disso, há a necessidade da divulgação do contra-ponto a quaisquer comentários de cunho econômico, social ou político.

 Mas qual é o perfil de quem lê os principais jornais escritos todos os dias?

Uma parte, talvez a maior, acredita em tudo aquilo que está publicado.

Outra parte, nessa me incluo, lê para ter um indicativo, uma fonte a mais, mas nunca a definitiva. São pessoas que buscam informações sobre os assuntos publicados, em outras fontes. Só após isso, definem uma opinião.

E quem assiste aos telejornais?

Há quem acompanhe atentamente tudo que o narrador fala, acreditando nele.

Há pessoas que deixam a TV ligada no telejornal, enquanto fazem outras atividades ou conversam, aguardando pela novela.

Venício A. de Lima, professor, aposentado como titular de Ciência Política e Comunicação da UnB defende que durante o processo de discussão ampla para elaboração de um Projeto de Lei de Democratização de Meios de Comunicação, seja consultado um grande leque de representantes da sociedade civil, inclusive os próprios meios de comunicação, para que sejam atendidos, democraticamente os anseios da população nessa área.

Mas, no tempo em que a Lei de Democratização de Meios for aprovada e entrar em vigor, talvez a tiragem dos jornais e a audiência dos telejornais tenham caído tanto, que ela já nem valha mais a pena. Explico: a internet com suas redes sociais publicando e compartilhando os mais variados assuntos em tempo quase real, mesmo que tenham fontes duvidosas e não confiáveis (exatamente como na grande mídia), conquistam dia a dia público cada vez maior. Além disso, os blogs, principalmente os de política, com seus autores antenados e perspicazes, são outra grande ameaça à imprensa. Recentemente tivemos um exemplo de como a grande mídia ficou revoltada por Lula preferir conceder entrevista a blogueiros e não a ela. Desprestígio.

Acredito que não está muito longe o dia em que a mídia deixará de funcionar como partido clandestino no Brasil, cumprindo seu papel de informar com isenção.

E se ela não começar já, seu fim poderá ser abreviado.