Por Fernando Castilho
O ator Zé de Abreu me lembra muito um colega de FAU que quase toda semana vinha com a “notícia” de que a ditadura havia caído. Isso só foi se concretizar dez anos depois.
Por Fernando Castilho
O ator Zé de Abreu me lembra muito um colega de FAU que quase toda semana vinha com a “notícia” de que a ditadura havia caído. Isso só foi se concretizar dez anos depois.
Por George Matsas
A segunda lei da termodinâmica, uma das mais bem testadas da física, afirma que a desordem de todo sistema fechado tende a aumentar. É por isso que você acordará com os cabelos despenteados por mais que os penteie à noite, e não o contrário.
Desafortunadamente, a segunda lei não é um problema apenas para os cabeludos. Ela também nos diz que, para arrumar qualquer bagunça, teremos que gastar alguma quantidade de energia. Porém, fomos condicionados pela evolução a economizar energia, não a gastá-la. O resultado é um mundo cada vez mais caótico.
A segunda lei é uma regra universal e não poupa nada nem ninguém. Nem mesmo a Academia, que deveria ser a última trincheira da racionalidade. Hoje, ela abriga alguns negacionistas do aquecimento global, da eficiência das vacinas, da evolução das espécies e sabe-se lá mais do quê.
Acontece que as universidades públicas são sustentadas pela sociedade, incluindo os seus segmentos mais pobres, para serem santuários da racionalidade. E a liberdade acadêmica não é um passaporte para negar a própria missão da Universidade. A conivência da comunidade acadêmica diante da presença de negacionistas em suas fileiras desmoraliza as universidades e trai o contribuinte que a sustenta. A pergunta óbvia, então, é: o que fazer diante desse quadro?
A maneira mais simples de se lidar com o problema é usando o “protocolo não-tenho-nada-a-ver-com-isso”, que inclui: (i) se isentar de toda a responsabilidade; (ii) arranjar algum bode expiatório (por exemplo, a segunda lei da termodinâmica); (iii) adicionar uma pitada de autopiedade; e (iv) se convencer de que há outros problemas mais urgentes a serem resolvidos — sempre há. Mas adotar essa opção não seria algo decente da minha parte.
Sendo assim, vamos aos fatos. A varíola foi erradicada, a AIDS foi controlada e nunca tantas vacinas foram produzidas em tão pouco tempo como ocorreu agora, com o fim de combater a covid-19. A ciência tem ajudado a salvar incontáveis vidas, e ainda outras mais poderiam ser salvas, se as pessoas ouvissem um pouco mais a ciência e usassem a máscara para cobrir nariz e boca, e não queixo e pescoço.
Seja como for, o saldo líquido é que, segundo dados do IBGE, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 30 anos em seis décadas! Esse deveria ser argumento mais do que suficiente para convencer qualquer um do sucesso da ciência. Como é possível, então, que mesmo agora a ciência ainda dispute lugar com o “achismo” e que o negacionismo grasse por todos os cantos, e até em algumas vielas escuras da Academia?
A ciência não tem respostas finais
Antes de responder a esse questionamento, que fique claro que não estou advogando que a ciência possua respostas finais. A ciência não tem respostas finais, mas ela se diferencia do achismo por, pelo menos, quantificar suas incertezas. Não é uma opção negar a eficiência das vacinas em relação ao placebo só porque não se consegue ver com os olhos todo o processo de defesa que elas proporcionam ao organismo, assim como não se pode negar a esfericidade da Terra só porque não se pode abraçá-la com as mãos. Ainda não encontrei ninguém que negasse a existência dos smartphones. Provavelmente, porque é mais difícil negar algo que se pode tocar, mas com certeza ainda aparecerá alguém para argumentar que eles não passam de ilusão.
O negacionismo vai além da idiotice. A palavra “idiota” vem do grego “ίδιος”, que significa “mesmo” ou “igual”. O negacionismo está longe de ser “lugar comum”; trata-se de pura má-fé, completa falta de inteligência ou, mais provavelmente, uma combinação das duas!
A Academia não tem o direito de fechar os olhos à presença dos negacionistas em seus quadros. É urgente que os comitês de ética sejam acionados para que tais casos sejam analisados, e sanções, aplicadas. Se eu acho que isso vai acontecer? Minha resposta, tristemente, é não!
Recentemente conversei com colegas da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências — lugares que, surpreendentemente, sequer possuem comitês de ética — para expor o problema, e algumas reações de reputados cientistas explicam meu pessimismo.
Houve quem tenha me dito, por exemplo, que poderíamos ser acusados de ‘caça às bruxas’”. Ora, o capítulo funesto da Inquisição foi causado, justamente, por preconceitos e crendices, não pelo pensamento racional. Outra resposta, na mesma linha, foi a de que poderíamos ser acusadosde estar voltando à época da “censura do AI-5”. O AI-5 foi um ato baixado por um regime ditatorial. Nada tem a ver com comitês de ética eleitos, democraticamente por pares, e que dariam pleno direito de defesa ao denunciado. Finalmente, outros quiseram me consolar, dizendo que aAcademia de Ciências da França tem problemas semelhantes, como se pudéssemos ser absolvidos de nossos pecados pela existência de outros pecadores.
Tudo isso me leva à minha última pergunta: O que pode explicar a inação da Academia diante da verdadeira infecção que sofre por parte de corpos estranhos a ela?
A resposta mais direta possível é que o salário dos negacionistas não é pago pelos demais acadêmicos. Ah, sim, porque a primeira coisa que um cirurgião faria, se descobrisse que o homem que pensou ter contratado como instrumentista é, na verdade, um lutador de MMA, seria demiti-lo por justa causa.
A luta entre razão e instinto
Já uma resposta mais diplomática, e talvez mais sofisticada, passaria por perceber que o ser humano e o chimpanzé comungam de 96% dos seus genes. Aquilo que chamamos de razão está nos outros 4%. Já o instinto de corporativismo deve pertencer aos 96% de genes comuns, pois suponho que tenha suas origens nas savanas africanas, quando nossos antepassados dependiam fortemente do grupo para sobreviver.
Além de 96% ser um valor superior a 4%, as forças instintivas sempre tendem a falar mais alto — do contrário, alguém me explique como o fanatismo das torcidas esportivas poderia ser fruto da razão.
A consequência é que a academia é rápida para criticar cortes de verbas usando um discurso muito coerente, de que tal conduta terminará por prejudicar a sociedade em médio e longo prazo. Mas é lenta quando se trata de cortar na própria carne, por mais que isso se mostre igualmente necessário a fim de defender o interesse da população, que alega ser sua prioridade.
Em resumo: os instintos gritam, a razão sussurra e o embate começa na escuridão de nosso íntimo. Os argumentos são pinçados a posteriori para defender o vencedor, que quase sempre já foi aclamado muito antes, pelos genes que integram o grupo dos 96%.
Claro que o leitor pode contra-argumentar dizendo que este mesmo artigo seria um contraexemplo à minha tese, pois, longe de me tornar mais popular no grupo, estaria ferindo meu próprio instinto de sobrevivência.
Para resolver esse paradoxo, voltemos ao ponto de onde começamos. A desagregação das instituições, a relativização da ética e a omissão das responsabilidades não favorecem em nada o sucesso da espécie. Quando alguém realmente se dá conta deste fato, os instintos voltam a se agitar, e, então, alguns são levados a gritar o óbvio: “O REI ESTÁ NU”.
A permissividade da Academia diante da existência de negacionistas confessos em suas fileiras é inaceitável do ponto de vista ético, irracional do ponto de vista lógico e um estelionato do povo que a sustenta – mas isso todos nós já sabemos, certo?
George Matsas é professor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp e membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP).
Por Virgílio Almansur
Irá para o ralo da história aqueles que desde 16 aceitaram o discurso do terror. Sabemos muito bem qual era o mote à época: “... Tiremos a Dilma! Depois, se não der certo, a gente tira o próximo; tira de novo...”.
E como tira, hein!? Tiram nada! E ainda botaram um tira vagabundo na presidência... Na seara médica, o que vimos foi o exercício negacionista. Médicos, como esse coronel vagabundo no MS, que primam em cuspir no juramento hipocrático — num momento em que nos damos conta de 500.000 mortes evitáveis! —, devem ser identificados como irmanados à tortura.
Não pode haver perdão! E quando digo irmanados à tortura é porque são conhecedores de todo o processo que marcou as forças armadas em seu périplo assassino. Poucos — ou quase ninguém! — podem ignorar o que se dava nos porões da ditadura civil-militar-empresarial que barbarizou nos anos ditos de chumbo. Ninguém!!!
Basta atentarmos às 5as.fs. hediondas quando das lives no Planalto; ali, o chefe da nação não só é tartamúdico ou anacolútico, mas é muito mais um porta-voz do milicianato incrustrado no poder com ameaças veladas, numa latência a autorizar o guarda da esquina resoluto como um ustra brilhante.
Durante as manifestações ocorridas nos recentes anos de 15/16, corria solta a idéia da volta dos militares (e voltaram!!!) ao poder. Queriam a ditadura: exatamente para acabar com a “corrupção crônica” da esquerda, do PT, do Lula e companhia... A corrupção, historicamente, acompanha os regimes capitalistas, sendo inerente aos sistemas de dominação e exploração de difícil solução. Não há instituição isenta!
A corrupção penetra em tudo, de tal sorte que o modus operandi já se alinha integralmente ao modus pensanti, e, na hierarquia mediocrática a servir a tropa ignara, sobrevem naturalmente um componente gravíssimo: a dominação e subjugação de uma parte pela outra — não necessariamente uma maioria sobre minorias, mas o cumprimento ordenado que se faz mister pela continência gradual.
O mito de que as ffaa são infalíveis e honestas é produto de desinformação. Nas barbas do oficialato sempre se primou pelo contrabando, pela propina desavergonhada e não raro esses maganos engalanados arrotam incorruptibilidade sonegando, terceirizando ao roubar afrontando e submetendo.
Quantos de nosso congresso não foram pegos com a mão na botija no day after da autorização do impedimento da presidenta. “Contra a corrupção e pela minha vovozinha e cachorrinha, digo sim ao impeachment e não à corrupção!” Dois dias depois apareciam o contrabando, o roubo, o desvio e as sonegações... Assim como o presidente antisistema, deputado, carregava seus contrabandos desde a AMAN.
Um Brasil sadio se faz com educação, educação cultural e nacionalismo revolucionário. Estamos longe... O produto que se nos apareceu é o lixo de sempre. É essa gentalha, espelhada no banditismo crônico de viés golpista. A marca é a covardia! São todos covardes!
Nosso presidente é fruto desse esgoto em que nossa justiça também se meteu. Pouco Direito e muito direito juristocrático, que intenta uma submissão de nossos pretos, pardos e pobres — esgarçados nesse backyard periférico e dependente que nos tornamos —, é o legado deixado por uma mediocracia atrasada que não olha para esse outro brazil que tem donos.
Não temos muita saída! A que existe, não posso publicar... Não há limpeza para a farda! A imprensa brasileira, em parte, já endossou nos 60 e aceitou assassinatos. Agora... Bem, agora é olhar e observar as mesmas viúvas de sempre tentando suas recuperações.
Por Fernando Castilho
Nem bem entendemos ainda a ômicron e já há especialistas falando em novas variantes.
Cientistas vêm dizendo que a humanidade terá que aprender a conviver com o coronavírus.
Porém, a que custo? Se a cada nova variante enfrentamos novos lockdowns e novas proibições de viagens, de reuniões, de convívio social, enfim, de tudo que caracteriza o ser humano, como vamos ter que aprender a conviver com isso?
E as economias dos países que veem seus estabelecimentos comerciais fechando a cada novo lockdown?
Não, não será possível uma adaptação a menos que a humanidade experimente uma degradação sem precedentes do processo civilizatório que permitiu uma situação de bem-estar nas áreas urbanas, pelo menos para aqueles que não se enquadram na situação de extrema pobreza. Para estes será o fim.
O que constatamos hoje é que a imensa maioria dos cientistas que pesquisam sobre vírus trabalham com foco total no desenvolvimento de vacinas, até porque trabalham para grandes laboratórios.
A Pfizer, por exemplo lucrou e está lucrando quanto no desenvolvimento e comercialização de vacinas?
Não, não sou negacionista de vacinas. Elas são as responsáveis por uma barreira criada para evitar mortes e, por isso, no momento são extremamente importantes.
Sou leigo no assunto vírus, mas como conheço Física e como tenho pesquisado muito, posso definir minha opinião sobre eles no que diz respeito à sua natureza. Os cientistas se dividem sobre se os vírus são seres vivos ou não e isso parece que impede que ações de combate mais eficazes sejam desenvolvidas. Fico com a opinião de Átila Iamarino que defende que os vírus são seres vivos.
A partir dessa definição podemos avançar um pouco. Os vírus têm RNA e DNA e, por isso, podem sofrer mutações e também podem morrer.
Sabemos há muito tempo que radiações podem, de acordo com a intensidade e a natureza, causar mutações ou destruir o DNA de seres vivos.
Por este raciocínio, radiações bem dosadas poderiam teoricamente destruir o DNA dos vírus.
Para isso, antenas poderiam emitir radiações, da mesma maneira como emitem radiações eletromagnéticas para nossos celulares ou TVs. E essas radiações, não as mesmas dos celulares, teoricamente poderiam matar esses vírus globalmente sem causar danos relevantes aos seres humanos.
Há alguém trabalhando nisso? Desconheço, afinal, como escrevi acima, a imensa maioria dos cientistas trabalha focada no desenvolvimento de vacinas e os laboratórios lucram muito com isso. Caso se desenvolva uma nova forma de combate aos vírus, de maneira geral e global, como ficaria a comercialização de vacinas?
Mas como quem manda na humanidade atualmente é o deus mercado, poderá estar próximo o dia em que se descubra uma nova forma de erradicação, já que, como já disse, os países não vão conseguir assistir passivamente suas economias serem destruídas por sucessivos lockdowns decorrentes de novas variantes que surgirão quase todos os meses ou dias.
Por Fernando Castilho
O contra-almirante Barra Torres participou da campanha que elegeu Jair
Bolsonaro, obtendo por isso a indicação para ser o presidente da Anvisa. Como o
capitão nunca escondeu de ninguém seu caráter canalha, é certo que naquela
época o militar da marinha comungava das mesmas ideias.
Em março de 2020 Barra Torres participou, de livre e espontânea vontade, junto com o Capitão Morte, de uma manifestação em Brasília que pedia a volta do AI-5 e o fechamento do Congresso e do STF. Ele estava lá num momento em que a Covid-19 se alastrava fortemente pelo país. Mais tarde, em depoimento à CPI da Covid, declarou que se tivesse refletido por cinco minutos não teria participado da manifestação.
Naquele mesmo ano a Rússia desenvolveu a vacina Sputinik V e uma farmacêutica brasileira requereu junto a Anvisa sua aprovação para uso emergencial, o que foi negado pelos técnicos uma vez que faltavam documentos importantes. Imediatamente muita gente questionou a decisão alegando que a agência discriminava a vacina por ser ela de origem russa. Uma bobagem que eu mesmo refutei em um texto. Os técnicos estavam certos em não aprovar o imunizante, como se constatou mais tarde.
Pois bem, de lá pra cá a Anvisa tem agido de forma muito profissional e independente. Seu presidente, Barra Torres chegou a depor na CPI da Covid defendendo seus técnicos e criticando duramente o presidente e o ministro da saúde à época, general Pazuello, que colocavam todo tipo de obstáculos para vacinar as pessoas.
Como a Anvisa, de maneira muito responsável, aprovou a vacina da Pfizer para uso em crianças de 5 a 11 anos, o atual ministro Queiroga e o Capitão Morte passaram a criticar a agência.
Bolsonaro chegou a exigir que os nomes dos técnicos fossem divulgados para que as redes de apoio bolsonaristas pudessem iniciar seus ataques e promover ameaças, inclusive de morte, fato gravíssimo que as instituições somente observaram de longe.
Em sua live semanal recheada de mentiras e fake news que não sabemos porquê ainda está no ar, o capitão novamente atacou a Anvisa e a questionou sobre o interesse em aprovar a vacina infantil, insinuando que os técnicos e seu presidente estariam ganhando dinheiro com isso.
Barra Torres, abandonando de vez o bolsonarismo e abraçando seus técnicos como uma mãe defende seus filhos, redigiu uma nota cuja característica é ímpar.
Escrita de forma elegante, altiva e objetiva, a nota traça uma brevíssima biografia do almirante realçando sua dignidade na carreira da marinha para fazer contraste com a vida pregressa do capitão expulso do exército. Uma bofetada.
A nota ainda busca amarrar as mãos e amordaçar a boca do presidente ao solicitar que se ele tiver informações contra ele, que determine abertura de investigações, pois, se não o fizer, poderá incorrer em crime de prevaricação. Vai ser difícil o Capitão Morte responder a isso.
Não sabemos se Barra Torres é mais um dos arrependidos, mas está claro que Bolsonaro perde dentro das Forças Armadas um apoio de peso que poderá influenciar outros militares, a exemplo talvez do comandante do exército, general Paulo Sérgio, que determinou que toda a tropa se vacinasse, contrariando o capitão.
Bolsonaro, perdendo, apoio de Olavo de Carvalho e seus seguidores, das Forças Armadas (menos os que estão mamando nas tetas do governo) e dos deputados do centrão que já iniciam suas campanhas eleitorais em seus estados tentando desvincular seus nomes do presidente que fazia estrepolias enquanto a Bahia mergulhava em sua maior catástrofe climática, caminha para a impossibilidade de sua reeleição.
Foto: Ricardo Stuckert |
Imagem: Internet |
Imagem: Internet |
Imagem: internet |
Imagem: foto Folha |
Imagem: internet |