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Que tal se fosse feita aos brasileiros a seguinte pergunta: Você é a favor da reforma trabalhista?
Ou esta: Você é a favor da reforma da previdência?
No
dia 3 de julho último o Instituto Datafolha publicou uma pesquisa de
opinião acerca de uma série de temas comportamentais e econômicos
visando aferir a atual tendência dos brasileiros dentro do espectro
político, notadamente se se situam mais à direita ou mais à
esquerda.
Segundo
a enquete, as pessoas que se definem como sendo de direita ou
centro-direita totalizam 40% e as que se dizem de esquerda ou
centro-esquerda somam 41%. Os restantes 19% são de centro.
Segundo
o próprio instituto, para chegar a essa classificação os
brasileiros foram consultados sobre uma série de questões
envolvendo valores sociais, políticos, culturais e econômicos, mais
ou menos como aqueles teste que de vez em quando o Facebook nos
propõem para pura diversão.
De
acordo com o Datafolha, posições contrárias ou a favor de
homofobia, porte de armas, aborto, criminalização do uso de drogas,
neoliberalismo ou crença em Deus, definem a orientação ideológica
das pessoas.
Os
dados de semelhante pesquisa feita em 08 de setembro de 2014, pouco
antes da vitória apertada de Dilma Rousseff nas eleições
presidenciais daquele ano e um ano depois das manifestações de
junho de 2013, revelou dados diferentes.
Segundo
o Datafolha, em 2014 as pessoas que se definiram como sendo de
direita e centro-direita totalizavam 55% e as que se diziam de
esquerda ou centro-esquerda representavam somente 25% dos
brasileiros.
Percebe-se
que naquela época, embora Dilma tenha vencido as eleições, o
ponteiro do espectro ideológico se situava bem mais à direita,
fruto do descontentamento com o governo do PT.
Mas
o que mudou na opinião do brasileiro de lá para cá que seja capaz
de explicar essa divisão meio a meio atual?
Primeiramente
deve ser a percepção de que uma presidenta foi impedida de
continuar governando devido a acusações tênues e sem comprovação
de corrupção.
Segundo,
que justamente os políticos que a defenestração são os mesmos que
agora ocupam o poder e que estão envolvidos em graves denúncias.
O
relator da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos
Deputados acabou de defender que a denúncia de ilícitos cometidos
pelo presidente Michel Temer seja encaminhada ao Supremo Tribunal
Federal para que lá seja julgado, justamente o vice que assumiu o
lugar de Dilma.
Mas,
ainda assim, como explicar o empate técnico entre direita e esquerda
atualmente, se as denúncias contra o governo são tão graves?
O
Datafolha não divulgou o questionário apresentado na pesquisa por
isso não podemos ter certeza sobre todos os itens perguntados às
pessoas.
Mas,
que tal se fosse feita a seguinte pergunta: Você é a favor da
reforma trabalhista?
Ou
esta: Você é a favor da reforma da previdência?
Poderia
ser feita mais uma: Você é a favor do congelamento dos
investimentos em saúde e educação por 20 anos?
Ora,
o brasileiro, sabe-se, é por demais influenciado pela mídia, porém,
nestes casos elencados acima, a grande maioria vai se posicionar
contrariamente. E é cristalino que desta forma essa maioria seria
classificada como sendo de esquerda porque essas propostas,
aplaudidas pelos empresários, não são boas para o povo mais pobre.
Já
ouvi muito brasileiro pobre se dizer a favor do estado mínimo e das
privatizações, influenciado diretamente pela mídia, mas pergunte a
qualquer pessoa se ela quer saúde e educação privadas.
Se
as pessoas preferem saúde e educação públicas, ou seja,
garantidas pelo Estado, certamente elas se enquadram mais à
esquerda.
Portanto,
há que se desconfiar e muito desses dados do Datafolha.
Provavelmente
o número de esquerdistas hoje supera em muito o de direitistas.
Embora
não compreenda o que significa luta de classes (até porque são
proibidos de ter conhecimento sobre o tema), o povo tem percepção
de quem quer lhe ajudar ou prejudicar.
E
é lógico que a Folha de São Paulo, representante da elite, não
vai demonstrar isso em números.
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