quinta-feira, 3 de abril de 2014

Alckmin, o homem invisível II

Por Fernando Castilho

Notaram? Sempre que sai na mídia alguma notícia, denúncia ou comentário envolvendo o Governo de São Paulo, quase nunca o nome de Geraldo Alckmin é citado?
O fato é que a imprensa tem procurado esconder e afastar o governador de qualquer escândalo ou fato grave que ocorra no Estado. Como se não fosse com ele.
Alckmin tem sido o governador invisível durante muitos anos.
Senão, vejamos:


A imprensa tem noticiado com alguma regularidade os caso das propinas pagas pelos grupos Alstom e Siemens. O nome do governador não aparece quase nunca. A não ser para repetir seu velho bordão: ''Vamos apurar com todo o rigor e, se houver culpados, vamos puní-los puní-los, haja o que houver.''

Quando das manifestações dos black blocs, quando a polícia militar cometeu alguns excessos batendo inclusive em jornalistas, a imprensa noticiou o fato como se a responsabilidade fosse somente do comandante da ação naquele momento. Mas o comando da Polícia Militar pertence ao Governador. Isso nunca foi noticiado.

Agora há pouco deu na Folha:
''Entre 2004 e 2013, o consumo de água nos 33 municípios da região metropolitana abastecidos pela companhia (Sabesp) aumentou 26% enquanto a produção cresceu apenas 9%.
No mesmo período cerca de 200 mil novos habitantes chegaram anualmente à região com padrões de consumo cada vez mais elevados.''

Só por esses dois parágrafos já dá para ter uma ideia de como a Folha de São Paulo isenta totalmente o Governador Geraldo Alckmin da responsabilidade da falta de água no Estado.
Embora cite que a produção de água pela Sabesp não acompanhou o crescimento da população, fica claro no texto que a culpa é dos novos contingentes populacionais que chegaram a São Paulo nos últimos dez anos.

Quando a Folha diz que essas pessoas chegaram a São Paulo com padrões de consumo cada vez mais elevados, fica também de certa forma caracterizada uma pontinha de culpa do Governo Federal por ter nos últimos 10 anos (governo do PT) proporcionado um aumento no padrão de vida das pessoas.

Ou seja, a culpa da falta d'água é de São Pedro que não manda as chuvas, da população que insiste em crescer, e de seus hábitos de consumo que passaram a se aproximar dos da classe média.

Ora, então Alckmin não tinha como prever nada do que aconteceu? Essas coisas aconteceram só agora, de repente? Não foi ao longo de 10 anos? Desde quando Alckmin está no poder em São Paulo?

Em 2004 Geraldo Alckmin era Governador do Estado. Entre 2007 e 2010 era Serra (também do PSDB) quem comandava São Paulo. Alckmin voltou em 2011 e vai concorrer à reeleição este ano.
Portanto ninguém pode dizer que ele não tem responsabilidade sobre o não fornecimento de água para a população.

Portanto, a Folha de São Paulo omite e poupa o nome do Governador em seu artigo.
Por que?
Porque a grande imprensa está em campanha.
Deixar de falar no racionamento ela não poderia, pois este está aí pra população mais pobre sentir e sofrer.
Mas omitir o nome do responsável faz parte da estratégia sempre adotada de tornar Alckmin invisível aos olhos do povo, uma vez que os incautos, ao desconhecer as competências de União, Estados e Municípios, passarão a culpar (como quase sempre fazem) o governo Federal.

E o mais preocupante é que a falta d'água, segundo os os especialistas no setor é irreversível e atingirá seu momento mais difícil entre os meses de junho e julho, quando não chove.
Será a época da Copa do Mundo.
Além do sofrimento da população, é de se esperar protestos e manifestações.
Havendo o caos, certamente a mídia explorará eleitoralmente o fato. Dilma será atingida e Alckmin...cadê ele? Estará invisível novamente.

Cartoon: Pataxó





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