Charge: Aroeira |
O ministro José Eduardo Cardozo foi ingênuo e perdeu seu tempo em tentar explicar aos deputados porque as pedaladas fiscais não são crime. Eles teriam derrubado Dilma mesmo que a acusação fosse passear com o neto pelo Palácio da Alvorada.
367
votos a favor do golpe.
Lula
havia dito que eram 300 picaretas com anel de doutor. Isso foi no
passado. Hoje são mais de 300 bandidos sem anel, trogloditas e
fascistas.
Estarei
sendo anti-democrático?
Como
considerar a votação que aprovou o golpe como democrática, já que
Cunha manobrou como quis para poder conduzir os deputados como
queria?
Comprou
parlamentares, ameaçou outros, conseguiu jatinhos de empresas para
transportar outros mais, votou ele próprio, desrespeitando o
regimento da Câmara, etc..
Bem,
o golpe agora segue para o Senado onde deverá, por inércia, ser
aprovado também.
Muitos
blogueiros escreverão tentando dar explicações para o show de
horrores que vimos.
Direi
algumas coisas.
Primeiramente,
embora eu tivesse certeza de que não seria aprovado, o resultado da
votação era mesmo, por coerência, o esperado.
Digo
agora, porque antes imaginava que o nível dos parlamentares não
fosse tão baixo.
Mas
eles se superaram no quesito mediocridade, hipocrisia e falta de
ética.
Somente
dois deputados justificaram seus votos como sendo por crime de
responsabilidade. O resto bradou em alto e bom som: por Deus, pela
minha família, pela minha mãe...Ou seja, os caras não leram o
processo. Salvo engano, pois não sou advogado, pode haver aí
indícios de desvio de finalidade na votação, uma vez que o objeto
da ação, o crime de responsabilidade quase não foi mencionado.
Então,
acho que a Câmara ao não incriminar Dilma, deu-lhe um atestado de
idoneidade.
O
ministro José Eduardo Cardozo foi ingênuo e perdeu seu tempo em tentar explicar aos
deputados porque as pedaladas fiscais não são crime. Eles teriam
derrubado Dilma mesmo que a acusação fosse passear com o neto pelo
Palácio da Alvorada.
Nós,
que durante muito tempo, nas redes sociais tentamos explicar às
pessoas sobre as pedaladas, também perdemos nossos tempo. Elas não
estão interessadas no combate à corrupção.
Dilma
errou também em manter durante tanto tempo Cardozo no ministério da
Justiça, onde foi elemento inerte. Já na AGU, ele se mostrou um
leão. Estava no cargo errado.
Outro
erro, a meu ver foi não colocar em seu governo nomes como o senador
Roberto Requião e Ciro Gomes, incansáveis e corajosos defensores da
democracia nos últimos meses.
Mas
talvez o erro maior foi não ter nomeado Lula há pelo menos seis
meses atrás. O tempo que Lula teve para articular junto aos
deputados foi muito curto.
Mas
se essa legislatura é a pior em muitas décadas de República, é
somente reflexo do povo que a elegeu.
É
fácil perceber pois as pessoas que saíram às ruas pedindo
impeachment e a volta da ditadura não o fizeram, como já denunciei
várias vezes neste blog, pelo fim da corrupção, mas somente pela
defenestração de Dilma, a prisão de Lula e a extinção do PT.
É
isso que o consórcio golpista quer. Sempre foi isto.
É
para isso que o juíz Moro direcionou a Lava Jato desde o começo. As
delações premiadas que citaram peemedebistas e tucanos, inclusive
Aécio Neves, não se prestaram a prendê-los ou ao menos conduzi-los
coercitivamente a prestar depoimentos. E nunca se prestarão.
Moro
já está há semanas afastado da mídia desde que o STF pediu para
si as investigações sobre Lula. Uma vez fora dos notociários, Moro
tratará de ir libertando aos poucos os empresários presos e a Lava
Jato será extinta, já que, além de não ter conseguido incriminar
Dilma e Lula, se continuar terá forçosamente de atingir aqueles que
não quer.
O
acovardado STF, que tinha que ter invalidado o processo de
impeachment, uma vez que as pedaladas fiscais não são crime,
esperou para ver o resultado da votação. Não agiu antes e nem
agirá agora. A única esperança seria o ministro Marco Aurélio
Mello mandar Cunha incluir Temer no impeachment, uma vez que ele
também assinou pedaladas. Mas esqueçam. Não há coragem.
Talvez
a única coragem do STF agora seja a de prender Cunha, pois este já
cumpriu sua finalidade e a opinião pública aceitaria bem o fato.
Desta forma, mais uma vaidade aflorará: Renan Calheiros, presidente
do Senado, seria o vice de Temer. Assim sendo, deverá lutar para o
golpe contra Dilma também naquela casa.
Portanto,
se nem o STF que deveria ser o guardião da Constituição, agiu em
sua defesa, o que restará de nossa Democracia?
Por
onde passa um boi, passa uma boiada.
Se
a Constituição foi violentada neste domingo, ela já não vale mais
muita coisa. O caminho está aberto para toda sorte de ilegalidades
daqui para a frente.
Temer
será presidente e Cunha, seu vice.
Sim,
traidor e ladrão mandarão nos destinos do país até 2018.
Assim
também metade do país quis.
Resta
agora à outra metade que acordou de seu sono e saiu às ruas no
domingo, não aceitar o resultado dessa votação espúria e manter e
até aumentar a pressão para que essa gente seja presa e o Senado
mantenha o resultado das urnas de 2014.
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