quinta-feira, 9 de junho de 2022

Bolsonaro e a solidão que se aproxima

Por Fernando Castilho



Há gente que, mesmo estando desempregada e passando fome, ainda crê no que o capitão fala, embora essas crenças venham diminuindo a cada dia


Os ratos procuram se enfiar em locais em que humanos não consigam encontrá-los.

Pode ser num esgoto longe das luzes das cidades, pode ser dentro de nossas casas, numa parede de um sótão ou porão esquecidos há anos.

Eles podem entrar e sair com toda desenvoltura nas horas em que estamos dormindo, mas se um filhote teimosamente entrar num minúsculo buraco, pode ser que nunca mais saia dele, ainda mais se tiver um tempinho pra crescer ali dentro.

O presidente Jair Bolsonaro se meteu em um desses buracos.

Seu discurso, recheado de mentiras, preconceitos, ódio e saudoso da ditadura, inflamou um relativamente grande número de ratos que estavam escondidos no esgoto. Há quem, apesar das mais de 670 mil mortes pelas quais foi responsável, direta e indiretamente, ainda o admire.

Há gente que, mesmo estando desempregada e passando fome, ainda crê no que o capitão fala, embora essas crenças venham diminuindo a cada dia.

Há também quem não se importe em ver um presidente não trabalhar, participando de motociatas e passeios de jet-ski enquanto famílias perdem todos seus bens em grandes enchentes. São os fechados com Bolsonaro.

Mas as eleições se aproximam e o distanciamento nas pesquisas de opinião entre Lula e o embusteiro que governa o país vem se mantendo, o que indica que ele perderá a disputa, quiçá no primeiro turno.

Para tentar reverter a situação, Bolsonaro teria que ampliar seu eleitorado, mas caiu na armadilha que o tornou prisioneiro de seu discurso imutável.

Só lhe resta uma tentativa de golpe, mas mesmo isso, vem se mostrando extremamente difícil.

O pior para ele é que, como escrevi já há vários meses, os candidatos a governadores e deputados federais de sua base aliada estão dando sinais inequívocos de descolamento de seu chefe, principalmente nos colégios eleitorais onde Lula nada de braçada.

Se o sujeito pretende mesmo se eleger, não há como manter sua imagem ligada a do capitão. Já há quem esteja até se bandeando para o lado de Lula. Quase nenhum de seus ex-ministros endossa mais o discurso do presidente.

Em São Paulo, o candidato alienígena ao governo, Tarcísio de Freitas já fala em governar respeitando o ex-presidente, caso este se eleja.

Rodrigo Garcia, também candidato ao governo de São Paulo, embora do PSDB, também já demonstra certa simpatia com a chapa do PT.

Na Bahia, ACM Neto também já flerta com Lula, embora esteja em primeiro lugar na preferência do eleitorado.

Esse fenômeno de debandada dos aliados de Bolsonaro, daqui pra frente só aumentará, na medida em que se aproxima o primeiro turno.

O ímã maior sempre atrai mais limalha de ferro que o menor.

Lula cada vez mais agregará políticos em torno dele e o isolamento político de Bolsonaro se tornará cada vez mais evidente.

Veremos se isso se refletirá em próximas pesquisas.


Também publicado em Jornal GGN

Bolsonaro e a solidão que se aproxima, por Fernando Castilho - G (jornalggn.com.br)


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