Por Fernando Castilho
Enfim o entulho está saindo do palácio e logo mais uma boa faxina deverá ser feita, não faltando sequer os incensos para afugentar de vez toda a maldade que se instalou por lá há 4 anos.
Nos
últimos dias os jornais têm noticiado as várias idas e vindas de caminhões de
mudanças no Palácio da Alvorada.
Enfim,
parece que Jair Bolsonaro aceitou, embora com revolta, rancor e melancolia, sua
derrota nas eleições presidenciais.
Mas
o que impressiona não é a quantidade de presentes que ele recebeu ao longo de 4
anos de mandato, muito pequena se compararmos aos mimos oferecidos ao
presidente Lula quando governava. É a qualidade que chama a atenção.
Enquanto
Lula possui sob sua guarda uma infinidade de lembranças de importantes
mandatários de outros países, dada sua importância no cenário mundial, os
presentes que o capitão recebeu se restringem praticamente a obras doadas por
admiradores brasileiros que visam reforçar a figura do mito, tão cultivada por
ele.
Enquanto
o presidente eleito coleciona várias obras de arte de todos os tipos, os mimos
de Bolsonaro nada têm a ver com arte. São de um mal gosto extremo.
Não
há como não se lembrar de pinguins sobre a geladeira.
Há
quadros horrorosos mostrando a família, uma pintura ridícula do artista
radicado em Miami, Rogério Brito, uma moto de madeira com rodas tortas e até
uma estátua, também de madeira que retrata, pasmem, o presidente.
Não
há nada mais vaidoso e feio que esse acervo.
É
muito simbólico que esses presentes possuam esse caráter de mal gosto que
satisfaz a Bolsonaro e sua família.
Para
entender, é preciso analisar o perfil dos doadores.
Os
bolsonaristas que consideram o capitão um mito são pessoas que negam obras de
arte, livros e toda análise e informação mais séria e aprofundada sobre ele.
São
aqueles que perceberam com a eleição do capitão em 2018 a oportunidade da
revanche contra a intelectualidade, vista por eles como gente que nada produz
de útil em suas salas refrigeradas e ganham muito dinheiro enquanto eles ralam
pela sobrevivência.
Os
artistas são aqueles que se beneficiam da mamata da Lei Rouanet, escrevem,
pintam e compõem coisas incompreensíveis.
Essa
visão vai ao encontro do propósito inicial de Bolsonaro, conforme ele próprio
revelou, de destruir. A ideia sempre foi a de acabar com tudo que pudesse
significar civilização para que, num segundo mandato, ele pudesse edificar
sobre os escombros sua maneira autocrática, preconceituosa e cruel de ver o
mundo. Por isso, seus ministros se empenharam tanto em fazer exatamente o
contrário das políticas públicas próprias de cada ministério.
Enfim
o entulho está saindo do palácio e logo mais uma boa faxina deverá ser feita,
não faltando sequer os incensos para afugentar de vez toda a maldade que se
instalou por lá há 4 anos.