terça-feira, 7 de outubro de 2014

FHC e a luta de classes no Brasil

Por Fernando Castilho


Vitor T. e a terceira via que nunca existiu
Durante oito anos seguidos a grande mídia conservadora do Brasil bateu em Lula.

Durante quatros anos, diariamente, seja num jornal ou em outro, seja nas revistas, seja nos telejornais, Dilma Rousseff foi, pior que Lula, massacrada.

Ninguém, dos 202 milhões de habitantes do país, foi informado da grandeza das obras de transposição do Rio São Francisco, da usina de Belo Monte ou da ferrovia Norte-Sul.

Durante todas as obras de construção dos estádios para a Copa do Mundo, a mídia enganou os brasileiros dizendo todos os dias que as obras não ficariam prontas, e que o Brasil daria vexame. Quando a presidenta afirmou que aquela seria a Copa das Copas, ridicularizaram-na. E deu no que deu: Dilma calou a boca da imprensa, pelo menos por alguns dias.

A mídia se arvorou em detetive, polícia e juíz para condenar a presidenta por crimes que ela não cometeu. Enquanto Paulo Roberto Costa da Petrobrás estava sendo investigado pela Polícia Federal, a imprensa já tinha matado a charada: a chefe da quadrilha era Dilma, mesmo tendo ela provado que o homem fora demitido há dois anos atrás. (continue lendo...)


Mas a presidenta durante os quatro anos manteve a altivez e a dignidade, não respondendo ou choramingando, mesmo quando foi xingada na abertura da Copa, aquela que ela viabilizou com êxito. Coração Valente foi a alcunha com que foi agraciada pela militância.

Após quatro anos de ataques, ''mostrando'' a avalanche de corrupção que o PT cometia no governo, era natural que o ódio se implantasse nos corações e mentes instalados em suas zonas de conforto, menos afeitos e propensos à pesquisas sobre tudo aquilo que se divulgava.

Acreditando em tudo o que viam e ouviam, foram formando uma massa crítica que acabou sendo manipulada durante as manifestações de junho de 2013.

Percebam que em março de 2013, segundo a pesquisa CNI/Ibope, o governo Dilma atingia 65% de aprovação, derrubada para 34% em julho! Não houve, além das manifestações insufladas pela mídia, nenhum fato concreto, nenhum escândalo, nenhum desajuste econômico, nada que pudesse provocar tamanha queda.


Marina Silva apareceu como uma terceira via, que na realidade nunca existiu.
O fato de Marina Silva e Aécio juntos representarem um montante de votos maior que os de Dilma durante a campanha, significa tão somente o desejo de grande parte da população de tirar o PT do poder, embora sem que haja, na realidade, uma razão concreta com argumentos sólidos para isso. Corrupção por corrupção, o PSDB é campeão. Só não aparece, haja visto o mensalão tucano que está há 16 anos sem julgamento, o tremsalão e o propinoduto. Além é claro do episódio da compra de votos para a reeleição de FHC e da privataria tucana.

Agora, como que renascido das cinzas, vem o ex-presidente FHC afirmar que O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apóiam o PT, é porque são menos informados.” O PT está “apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados [...]. Geralmente é uma coincidência entre os mais pobres e os menos qualificados.”

O homem foi além: Essa caminhada do PT dos centros urbanos para os grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do PT porque é um sinal de perda de seiva ele estar apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados”, continuou FHC, que concluiu: “Geralmente é uma coincidência entre os mais pobres e os menos qualificados”.

Muda Mais
FHC, que é a prova inconteste de que nem sempre a idade trás sabedoria, gostaria que os eleitores do PT também fossem lobotomizados pela grande mídia, daí seria uma beleza!

Mas não, dessa massa de 43 milhões de pessoas que ele diz mal informados, grande parte não lê mesmo jornais ou revistas de ''informação'', mas vê as obras acontecendo, usufrui (ou tem algum parente, amigo, conhecido, colega ou vizinho que usufrui) do Programa Mais Médicos, conseguiu sua casa no Programa Minha Casa Minha Vida, tem filho na faculdade pelo Prouni, ou cursando ensino técnico pelo Pronatec.

Outra parte desses 43 milhões, bebe em outras fontes, da internet mesmo, pois lá estão o Portal da Transparência e outros sites e blogs mais comprometidos com a realidade dos fatos.

A fala de FHC poderia até passar desapercebida, uma vez que ele durante toda a campanha de Aécio Neves, tem se mantido à sombra devido à sua baixa popularidade, mas o fato é que, devido à sua inconsequência, começaram a se alastrar nas redes sociais, manifestações de preconceito e racismo contra os nortistas e nordestinos que compõem a maior fonte votos de Dilma.

Ou seja, FHC quer dividir o país pelo ódio.

Cada vez mais a eleição fica polarizada entre direita e esquerda, ricos e pobres.

Os ricos sempre tiveram sua consciência de classe, e o que se poderia esperar deles era mesmo a votação maciça em Aécio, que defende um governo de direita com todos seus elementos típicos: medidas impopulares, restrição ao crédito, juros altos, estado enxuto, redução de salários, corte dos programas sociais, etc.. Quando uma socialite diz que vota em Aécio para que os pobres não mandem no Brasil, ela só está sendo coerente com sua classe.

A classe média não surpreende. Sempre foi assim. Tem dois carrões na garagem, importados, viaja para Miami e Cancun, e já acha que é rica, embora esteja a milhões de reais de distância disso.

Mesmo a nova classe média, que vive principalmente no sudeste, alçada que foi de uma situação de pobreza, que já conseguiu comprar seu primeiro carro zero, aproveitando-se do maior prazo de pagamento e da isenção de IPI, que já consegue viajar de avião, acha agora que não é mais pobre...Não sabem inocentes que o que vêm conquistando pode ter fim, caso Aécio se eleja.

E, apesar da mesma ladainha que ouvimos todos os dias, que essa história de esquerda e direita está superada, novamente é isso que está acontecendo no Brasil, a velha e eterna luta de classes.

Não que o PT seja hoje um partido genuinamente de esquerda, visto que teve que, em nome da governabilidade e da concretização dos programas sociais, quer queiram, quer não, ceder muito em suas convicções.

Mas o PSDB, unindo-se ao DEM, e agora como se viu nos debates, à extrema direita representada por gente como Levy Fidelix e Pastor Everaldo, certamente deslocou-se de sua posição de centro-direita.

Não tenham dúvidas, a campanha daqui até 26 de outubro vai ser maniqueísta sim.

Não será como quer a mídia, a campanha da continuidade contra a mudança.

Será a campanha da esquerda contra a direita.

Marcelo Freixo já percebeu isso. Esperemos que Luciana Genro e o PSB também o faça.
Agora, mais do nunca, é imprescindível uma frente de esquerda.


Um comentário:

  1. http://shasca.blogspot.com.br/2014/10/o-eleitorado-paulista.html
    Imagine o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente?!>

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