quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Como Aécio sem querer inviabilizou o golpe

Por Fernando Castilho




Repararam? Claro que sim.

A mídia parou de falar em impeachment de Dilma.

Forçados por ela, mas também pelos empresários, leia-se aí a Fiesp e a Fierj, os tucanos de Aécio Neves desistiram de impedir a presidente. Pior, foram forçados a parar de inviabilizar o país e passar a colaborar para que a crise econômica seja superada

Além disso, devem ter em mãos algum tipo de avaliação da população sobre seu comportamento patético até agora.

Pesquisa recente do Ibope, espalhafatosamente divulgada em manchetes pela mídia indicou que, para as eleições de 2018, Lula é o recordista em rejeição com 55%. Claro, com os ataques diários que passou a sofrer depois que os jornais desistiram de Dilma, não é nenhuma surpresa.

Mas para Aécio, a rejeição de 47%, depois de tudo o que ele fez pela queda da presidente, deve ter caído como uma bomba.

Pior, quando o leitor se aprofunda um pouco mais, indo além das manchetes, descobre o que os jornais tentaram esconder, ou seja, que Lula tem 23% da preferência do eleitorado enquanto que o tucano ostenta somente 15%, depois-de-tudo-o-que-ele-fez-pela-queda-da-presidente.

Os tucanos desistiram de derrubar Dilma?

Não, mas o sonho está cada vez mais distante e depende de um golpe que o TSE possa dar ao cassar sua candidatura, o que também é um tanto improvável.

Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior acabaram por manchar suas biografias ao elaborarem pareceres jurídicos frágeis e apaixonados a favor do impeachment, que não se sustentam, na opinião de outros próceres como Dalmo Dallari e Celso Antônio Bandeira de Mello.

Paralelamente a isso, a revelação bombástica sobre as contas secretas na Suíça do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, explicitou à uma gente que babava pelo impeachment, que o protesto pela sujeira estava com o foco errado. Fora que o homem vai se aguentando no cargo já há mais de um mês sem que mexam com ele. Impunidade é outro ponto nevrálgico se quisermos passar o Brasil a limpo.

Então, o que foi feito daquela gente branca-verde-amarela que saiu às ruas em março? 200 mil pessoas, segundo o Datafolha?

Perderam a esperança nos tucanos e em seu líder no golpismo, Aécio Neves.
Depois de tantas decepções, que se atreveria ainda a defender esse golpe?

Em 15 de novembro os grupos de revoltados online, MBL do Kim e outros, organizaram o que seria a manifestação de arromba na esplanada dos ministérios em Brasília. Dilma cairia naquele dia mesmo.

Mas quem compareceu? Cerca de 2000 pessoas.

Onde estavam os pró impeachment? Não foram. Já estão em outra.

Os doidos que se deslocaram pra lá estavam exigindo a volta da ditadura militar. Só sobraram eles, praticamente.

Queriam a volta de um regime que não permitia manifestações contra o governo. Pior, um regime que na época mandava o exército prender, torturar e matar quem se opunha ao regime como eles estavam fazendo.

A Polícia Militar do Distrito Federal já havia sido colocada em prontidão depois que foi descoberto um arsenal de armas brancas e uma arma de fogo no carro de um membro do MBL acampado no terreno do Congresso.

Foi também por esse motivo que a PM, responsável pela manutenção da segurança no local, teve que intervir depois que os manifestantes ameaçaram invadir o Congresso.
Foram usados sprays de pimenta, mas a repressão foi bem light se comparada aos tempos difíceis.

Foi engraçado ver aqueles patetas fugindo dos militares, como naquele tempo.

Como se não bastasse, acusaram a PM de truculência e violência, típicos do regime-comunista-de-Dilma que não permitiu que eles protestassem democraticamente exigindo a ditadura.

Mais loucura coletiva que isso não deve haver.

Bem, mas se dependemos de um bando de loucos para que uma presidente eleita seja derrubada, estejamos seguros que ela ainda terá mais três anos de governo pela frente.

Precisa agora começar a governar de fato, sem que sabotadores estejam em seus calcanhares.

E a Aécio resta agora tentar superar sua imagem desgastada por tantas pataquadas. A citar, a auditoria no TSE acerca do processo eleitoral que o avalizou, a viagem a Venezuela para tentar entrevistar um preso político, que não deu em nada, o parecer jurídico frágil pelo impeachment, a forçada apeada do impeachment, a retirada a contragosto do apoio à Eduardo Cunha e o amargo segundo lugar na preferência para 2018.

Pode-se, portanto, imputar a ele o fracasso do golpe.

Deve ser por isso que ele está fazendo uma espécie de retiro nas últimas semanas.

Deve rever seus conceitos, se quiser chegar com alguma reputação a 2018.




2 comentários: