terça-feira, 7 de março de 2017

Tomei um choque de gestão

Por Fernando Castilho


Foto: autoria desconhecida


Tudo deteriorado, lixo pelas rampas. Os salões vazios e SEM as pranchetas. Infiltrações de água. Parece que houve uma guerra ali.

Ontem precisei ir à USP. Fazia décadas que não ia lá.

Fui de metrô desde a estação Campo Limpo e depois tomei o trem da CPTM até a estação Cidade Universitária.

Constatei o óbvio. E o óbvio ao vivo e em cores é particularmente cruel.

Saí às 9:30, justamente para não pegar o horário de entrada das pessoas no trabalho.

Mas não adiantou. Os trens saiam lotados. Imaginem às 7:00.

Nas estações o fluxo de pessoas a qualquer tempo era intenso. Um verdadeiro formigueiro humano.

Ao chegar à estação Cidade Universitária, cadê ela?

Ao pedir informações, me explicaram que teria que atravessar uma ponte e andar ainda um bocado para entrar no campus. A estação que deveria atender milhares de estudantes NÃO ENTRA no campus. Um absurdo de falta de planejamento.

Após finalmente chegar, outra surpresa: acabaram-se os ônibus circulares gratuitos que eu tanto utilizei no passado. Agora eles são de empresas comuns e são pagos.

Ao chegar à FAU, quase chorei de tanta tristeza com o cenário.

Tudo deteriorado, lixo pelas rampas. Os salões vazios e SEM as pranchetas. Infiltrações de água. Parece que houve uma guerra ali.

O barulho ensurdecedor de escola de samba ecoava nos corredores. Eram estudantes fantasiados e pintados como se fosse carnaval.

Estranhei, mas fui informado de que era preparação para os atos de protesto de hoje contra a PEC do fim da USP, que eu desconhecia. Palavras de ordem ecoavam.

A reitoria, no afã de cortar custos, vai demitir inúmeros funcionários e professores, além de reduzir drasticamente os recursos da universidade.

Trata-se do projeto de sucateamento levado adiante pelo eterno governo do PSDB, visando a privatização do campus.

Saí de lá sem ter cumprido o objetivo de minha visita e profundamente abalado.

Concluí, com enorme tristeza e revolta, que a população do Estado de São Paulo escolheu manter um governador que, se não odeia, sente enorme desprezo pelo povo paulista, uma vez que o submete a crueldade diária de ter que utilizar um meio de transporte projetado precisa e cirurgicamente para ele sofra e se mantenha colocado no seu devido lugar, que é o de pertencer eternamente à senzala e nunca sonhe sequer com sua ascensão social.

Concluí também, que esse governador odeia a Educação gratuita e não medirá esforços, não só para fechar escolas estaduais de ensino médio, mas também acabar com a universidade pública, projeto neoliberal por excelência.

Enfim, tendo voltado recentemente ao Brasil, sofro logo de cara na pele o choque de gestão dos tucanos, do qual havia me esquecido ao viver no exterior.

Pobre povo paulista e brasileiro.


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