sexta-feira, 4 de março de 2022

Ainda não há uma guerra de fato, mas pode haver

Por Fernando Castilho




Estranhou o título?

Será possível que Putin esteja planejando reeditar a União Soviética, como dizem?

Duas questões.

Vamos raciocinar um pouco.

Antes do conflito, Joe Biden vinha afirmando todos os dias que a Rússia iria invadir a Ucrânia, ao passo em que Wladimir Putin negava.

Não deu outra, Moscou avançou com tanques sobre Kiev.

Começava a guerra.

Mas será que o termo “guerra” está mesmo correto?

O embaixador da Rússia na ONU, Gennady Gatilov, sustenta que não. Segundo ele, “trata-se de uma operação militar especial”.

Ele pode ter razão.

Até agora, pelo menos, Putin enviou somente tanques e soldados, poupando a Ucrânia de ataques de caças e helicópteros que poderiam lançar bombas e mísseis com poder destruidor muitas vezes maior do que o que está sendo utilizado. Até agora contabiliza-se poucas centenas de mortos, quando era de esperar, após mais de uma semana de conflito, milhares.

Além disso, as intervenções russas parecem ser cirúrgicas. Foram destruídos uma antena de televisão (o que impede a transmissão de informação ou desinformação), uma usina nuclear, um edifício do governo, uma fábrica de tanques e alguns poucos prédios de apartamentos. Lembrando que a Usina Nuclear de Chernobyl também foi tomada.

Quem se lembra da invasão dos Estados Unidos no Iraque, certamente recordará que em poucos dias, a capital, Bagdá foi quase que totalmente destruída pelos mísseis americanos, resultando em 600 mil civis mortos. Tornou-se um amontoado disforme de escombros. Portanto, pode ser que realmente ainda não haja uma guerra de fato.

Mas Biden acertou quando previu que a Rússia invadiria a Ucrânia, não vamos questionar.

Agora o Ocidente novamente prevê que Putin planeja anexar outros países para reeditar a URSS.

Isso é de uma estupidez monumental.

Putin é um capitalista. Jamais pensaria em ressuscitar o comunismo por aquela parte da Europa.

Mas talvez queira somente anexar e aumentar o domínio da Rússia?

Pode até ser. Utilizando alguns países como escudo, poderia instalar bases nesses territórios e fazer um contraponto à OTAN. Mas notaram o tamanho do território russo? É enorme. Cabem quase que exatamente dois Brasis na Rússia! Bastaria instalar bases por todo o país.

A tarefa de anexar territórios seria extremamente árdua e arriscada, pois jamais a OTAN permitiria que sua hegemonia fosse ameaçada. A operação poderia resultar numa terrível guerra com consequências devastadoras para a humanidade.

Voltando ao embaixador, ele garante que “a Rússia não quer ocupar a Ucrânia. Isso está fora de questão", disse. "O que queremos é desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia".

Na verdade, o intento de Putin é impedir que Zelensky torne seu país membro da aliança, o que fragilizaria a Rússia.

Se Zelensky quiser colocar Putin à prova e desmascará-lo, bastaria aceitar seus termos. Caso o presidente russo, mesmo assim, não se retirasse, ficaria provado junto à comunidade mundial que a invasão é um pretexto para intenções maiores.

Então, na verdade, está fácil acabar com o conflito. O problema é que o Ocidente e Zelensky não querem porque o plano é realmente o ingresso da Ucrânia na OTAN e o cerco a Rússia como Putin denuncia.

Biden se reuniu com o grupo dos quad, EUA, Japão, Índia e Austrália para discutir a possível invasão da China a Taiwan, coisa em que o presidente americano aposta.

Caso tenha razão, o que poderão fazer? Cercar a China? Bombardeá-la?

Não poderão fazer nada, nem militarmente, nem economicamente através de sanções. Temos que lembrar que a China é fortíssima militarmente e credora poderosíssima dos EUA.

O que Biden pretende, na verdade, é melhorar sua aprovação, que está em baixa, pelos americanos, ao mesmo tempo em que pode dar uma implementada na economia de seu país através da produção e comercialização de armas pesadas.

Nessa ambição, o risco a que expõe o mundo que assiste à essa briga de cachorro grande, é o de iniciar guerras de verdade, guerras que podem levar a humanidade à sua extinção.

Esse é o grande risco.


(sugiro a leitura de "Será que já dá pra entender melhor a guerra da Ucrânia?)

https://bloganaliseeopiniao.blogspot.com/2022/03/sera-que-ja-da-pra-entender-melhor.html


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