Após
as chamadas jornadas de junho, de 2013, com protestos acontecendo no
Brasil inteiro, um nome, ou melhor, apelido, logo despontou: Sininho.
A
mente do ser humano é algo realmente complexo e fabuloso. À guiza
de buscar uma referência, buscou, sem que o blogueiro percebesse ou quisesse, lá
do fundo da memória, um padrão comum, e associou a ativista Elisa
Quadros Pinto Sanzi a Olga Benário Prestes. E seu namorado, o Game
Over, a Luís Carlos Prestes. Nada mais primário e equivocado. Mas é só a mente da gente pregando peças...
Olga
Benário, retratada com cores realistas por Fernando Morais em seu
livro ''Olga'', foi uma militante comunista alemã e judia que
primeiro enfrentou, em sua juventude, o fascismo que iria desembocar
no nazismo, e mais tarde, já no Brasil, ao lado do marido Luís
Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, foi uma das lideranças da
Intentona Comunista que pretendeu sem êxito, derrubar o então
presidente Getúlio Vargas, este simpatizante do regime nazista. Como
resultado, Olga foi enviada para Hitler, torturada e morta no
holocausto de um campo de concentração.
Enquanto
Olga Benário tinha uma ideologia, um princípio, um objetivo, um
norte em suas ações, Sininho não tem.
Outra
diferença: Tanto a Alemanha quanto o Brasil, naquela época não
viviam o Estado de Direito, com liberdades democráticas que vivemos
hoje.
Mas talvez haja quem, movido por um certo romantismo, esteja enxergando semelhanças onde não há.
Sininho
integra a Frente Independente Popular e a Organização Anarquista
Terra e Liberdade (grupos de orientação anarquistas,
ultrarradicais, que defendem o emprego de métodos violentos de
luta).
A
ativista diz lutar por um país livre (sic), garante que não é
anarquista, mas prega o apartidarismo.
Como,
cara pálida? Sem partido? Duvido.
Indagada
sobre que revolução quer implantar no Brasil, se Socialismo, ou
Anarquismo, Sininho tem dificuldades em expressar o que defende. Ou
não sabe.
O
Brasil saiu de um regime de 21 anos de uma ditadura que prendia,
torturava, matava e sumia com os corpos de quem se manifestava ou
protestava, para um período claudicante em que buscava recuperar as
décadas perdidas, tanto do ponto de vista econômico, como também
do político e social. Passamos por Sarney e Collor, este, a triste
aventura que a mídia nos impôs.
Passamos
por FHC, indo por três vezes de píres na mão ao FMI, apesar do
plano real.
Pagamos
um alto preço pelos muitos episódios de corrupção engavetados
pelo Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro. Pagamos caro
pelas privatizações da Vale do Rio Doce e outras grandes companhias
vendidas a preço de banana.
Nunca,
mas nunca mesmo, nesse período as camadas mais necessitadas da
população foram atendidas. Nunca a desigualdade social, os baixos
salários e o desemprego tiveram níveis tão altos.
Veio
o governo Lula, e com ele a possibilidade de pensar o Brasil de forma
diferente.
E
já são 12 anos de políticas sociais como Bolsa-família (que tirou 22 milhões de pessoas da extrema pobreza), Prouni, Pronatec, Minha
Casa Minha Vida, Mais Médicos, etc..
A
desigualdade social no Brasil baixou.
Mas
há muita coisa ainda a se fazer.
Além
das transformações ainda serem um tanto lentas, o Brasil padece
ainda da precarização da Educação, Saúde e da Segurança.
Apesar
dos recursos enviados aos Estados e Municípios terem se avolumado
bastante na última década, não se traduziram na solução desses
problemas, pois governadores e prefeitos não tem tido o devido zelo
em sua aplicação.
Como
se não bastasse, a questão da mobilidade urbana, leia-se aqui,
transporte público, tem sido vítima de desleixo por parte de
governantes dos grandes centros urbanos, o que deu origem ao
Movimento Passe Livre, que veio a ser o primeiro mote dos protestos
de junho 2013.
Ou
seja, o aparecimento dos black blocs teria surgido como resposta a
esses problemas ainda não resolvidos pelo governo federal (?).
Passaram
a se manifestar, com máscaras, depredando patrimônio público e
privado.
Dizem
que as manifestações começavam sempre pacíficas, mas devido à
ação violenta da polícia, reagiam da maneira que podiam. Têm
razão quanto à truculência das polícias de São Paulo e Rio de
Janeiro. Mas é certo que eles já íam aos protestos com a intenção
de promover quebradeiras.
E
tanto fazia incendiar um carro importado que o rico iria comprar,
quanto um ônibus que o pobre iria usar.
E
o ponto trágico das manifestações acabou sendo a morte do
cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade, vítima de
um rojão, uma das armas dos black blocs.
Direito
à manifestação deve ser garantido a todo cidadão, porém
dilapidação do patrimônio seja público ou privado, agressões e
mesmo mortes não fazem parte desse direito. Temos uma Constituição.
Próximo
ao final da Copa, 23 ativistas, entre eles, Sininho, acabaram presos
em uma condenável ação da polícia que, mais parecida com o filme
Minority Report, previu que eles iriam promover atos terroristas.
A
polícia, sabedora através de escutas telefônicas do que estava
sendo planejado, deveria ter comparecido ao local onde se daria o
atentado e simplesmente feito o flagrante. Não haveriam dúvidas
agora sobre o que de fato ocorreu.
Embora
tenha havido essa lambança da polícia, é certo que os ativistas
da FIP estavam prestes a cometer um ato terrorista.
Não
podem ser considerados de esquerda como espertamente quer a mídia.
Se fossem, não teriam que protestar contra o descaso de Alckmin com
relação ao Sistema Cantareira?
Não
teriam que protestar contra o propinoduto e o trensalão de São
Paulo? Contra o metrô que não acompanha a evolução das
necessidades dos paulistanos? Contra a falta de segurança pública?
Contra
o Mensalão do DEM e do PSDB que não dão em nada?
Não.
As manifestações violentas são somente contra o governo federal.
Querem claramente impedir a reeleição de Dilma Rousseff.
Na
página da Frente no Facebook, gritam ''Fora Cabral'', mas não
gritam contra os governos do PSDB em Minas, São Paulo e Paraná.
As
escutas telefônicas dão conta de que Sininho disse a seu advogado
que pretendia se exilar (exílio acontece fora do estado de direito)
na Inglaterra, após a Copa do Mundo.
Embora
a notícia tenha sido veiculada pela Rede Globo, que não merece
confiança, esse plano de Sininho parece por demais fora da curva
para ser uma invenção da televisão.
E
há ainda as latas de gasolina.
Parece
certo que os ativistas tinham a intenção de provocar um ato que
poderia se transformar em tragédia, caso ocorresse.
Movimentos
costumam surgir com objetivos, com foco, junto à população que
justamente necessita de gente que a organize na luta por seus
direitos. É o caso do MST, do Movimento por Moradia, e tantos
outros.
A
FIP não se preocupa com a organização de movimentos populares.
Por
tudo isso, não acho que seja a hora de livrá-los de um processo,
alegando direito de manisfestação. Não é o caso.
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