Por Fernando Castilho
Acabo
de ler o mais novo delírio do PSDB.
Trata-se
de uma nota publicada por um dirigente do PSDB, cujo nome, Josias de
Souza, da Folha, preferiu não declinar.
Como
Aécio Neves é presidente do partido, o texto deve ter seu
conhecimento e aprovação.
A
nota foi publicada, segundo Josias, na segunda-feira, dia 26 de maio.
Sob
o título ''A Mudança de Postura de Eduardo Campos '', o tal
dirigente tucano sustenta que Eduardo Campos mudou seu comportamento
perante Aécio Neves depois que este subiu nas pesquisas.
Divulgado
para a juventude do PSDB (ela existe? Seria algum tipo de militância
não paga?), o texto é medíocre e dá a impressão até de ter sido
escrito por alguém em um momento de pouca lucidez (algum palpite?
Josias
a publicou, mas preferiu, apesar de ser bem pago pelo jornal, ficar
em cima do muro, não comentando nada. Virou porta-voz do partido.
Por
isso, apesar de não ganhar um tostão com meu blog, humildemente,
resolvi eu mesmo fazê-lo.
Subdividada
em seis tópicos, a análise do dirigente tucano ecoa conclusões que
Aécio e seus operadores só costumam emitir entre quatro paredes. No
item quatro, o texto anota: “Sob o argumento de que poderia se
transformar em linha auxiliar do tucano, Eduardo começa a se
transformar em linha auxiliar do PT.”
Campos
na verdade tem criticado duramente o Governo e o PT, só hesitando no
programa Roda-Viva, ao falar de Lula, a quem considera o responsável
por todas os sucessos que o Brasil conquistou em oito anos. No tucano
ele tem batido o menos que o esperado, e na verdade, suas posições,
principalmente no que diz respeito à economia tem sido até meio
convergentes.
O
texto realça que o presidenciável do PSB “passou a usar contra
Aécio o mesmo discurso da Dilma e do PT, de que o mineiro significa
a volta ao passado. Com isso, consegue apenas amplificar o discurso
do PT.”
Não,
o PT sozinho está usando esse discurso, pois realmente não quer que
as conquistas de 12 anos de governo sejam jogadas pela janela, num
retrocesso político de que o país certamente se arrependeria.
O
documento acrescenta que, ao distanciar-se prematuramente de Aécio,
“Eduardo joga por terra a única forma concreta de demonstrar, na
prática, o que seria a nova política: colocar os interesses do país
à frente dos interesses pessoais, o que significaria, nesse caso,
reforçar o campo das oposições contra o governo do PT. E, a partir
daí, explicitar suas diferenças com Aécio.”
Mas o que é isso? O tucano acha que ele é quem representa a nova política? O porta-voz da ética? Ele, que deseja a volta ao passado, com salários mais baixos,
controle rígido da inflação gerando desemprêgo, privatizações
(inclusive da Petrobrás, embora não explicite) e fim de vários
programas sociais, exceto o bolsa família, porque não é tão louco
assim, ou o próprio partido não deixa. Aliás, foi aprovado no Senado um projeto de autoria do senador, que pode implodir o programa.
Ele,
que responde a processo por desvio de bilhões da saúde em Minas
Gerais?
Ele,
que contratou sem licitação 100 mil funcionários públicos, dos
quais 70 mil foram mandados pro olho da rua por decisão judicial?
Ele,
que, inconstitucionalmente, através de PPP (parceria público
privada) empresa para administrar o presídio de Ribeirão das Neves,
pagando por cada preso o dobro que as penitenciárias estaduais
gastam?
Ele, que censura a imprensa em Minas Gerais?
Nova
política? Balela!
Nos
itens dois e três, a nota atribui o movimento de Eduardo Campos à
influência de sua companheira de chapa. “Fica cada vez mais nítido
o protagonismo da Marina [Silva] dentro da chapa, o que reforça a
ideia [...] de que o PSB tem dois candidatos a presidente.”
Nessa
versão, “Marina impõe limites e contornos à candidatura de
Eduardo e, na medida em que ele aceita, revela as suas primeiras
contradições, já que a sua biografia política, não casa com o
discurso que Marina tem forçado Eduardo a assumir.”
Ora,
todos sabemos que Marina luta para regularizar sua Rede
Sustentabilidade, tem divergências antigas com Dilma, tem sustentado
um discurso conservador, em alguns aspectos, fundamentalista, e defendido algumas medidas neoliberais. Se
tivesse alguma convergência com o PT, teria negociado um possível
apoio à Dilma, e não a Campos. Se Marina demonstra ter ainda algum
bom senso ao não deixar Campos apoiar a reeleição de Geraldo
Alckmin ao Governo de São Paulo, é porque ela sabe que não dá
mais para ser conivente com o baixíssimo nível de gestão do tucano
à frente do Estado (racionamento de água, trensalão, insegurança,
etc.).
Mas
Marina não quer o PT na presidência.
Diz
o texto repassado à juventude do PSDB: “Chamou a atenção também
o comportamento de Eduardo diante das denúncias da Folha de
que a prefeitura do PT estava usando máquinas e funcionários
para atacar Aécio de forma clandestina nas redes sociais.”
O
documento recorda que Aécio teve reação diversa quando Eduardo
Campos foi ofendido pelo PT em janeiro. Num texto publicado no
Facebook oficial do partido de Dilma Rousseff, o candidato do PSB foi
chamado de “tolo”, “playboy mimado'' e candidato “sem
projeto, sem conteúdo e sem compostura política.''
E
a nota do PSDB: “Por muito menos, quando Eduardo foi chamado de
playboy pelo PT, Aécio veio a público se solidarizar com o
pernambucano, mesmo se arriscando a ser alvo de mais ataques do PT.
Agora, em um caso de muito maior gravidade, Eduardo ficou em
silêncio, lembrando a máxima de que o inimigo do meu inimigo é meu
amigo.”
Portanto,
o texto cobra a fatura de Eduardo Campos. Esta é a ética na política do PSDB. Quando o senador ''apoiou'' o pernambucano, não o fez movido por um sentimento de companheirismo, não. Na verdade, apenas vislumbrou uma boa oportunidade de
atacar o PT. Nada é de graça. Nesse caso, Campos até que
demonstra na prática o que seria talvez a tal da ''nova política'',
recusando o toma lá dá cá proposto por Aécio.
No
sexto e último item do documento reservado do PSDB, seu autor
revela, em timbre lamurioso, o grau de intoxicação a que chegou a
relação do tucanato com Eduardo Campos: “Pelo visto, nada mais
parecido com a nova política do que a velha política. O Brasil, que
começou a ver no relacionamento amigável e respeitoso de Aécio e
Eduardo uma nova forma de fazer política, sai perdendo. O PT
comemora e torce para que Marina ganhe cada vez mais influência na
chapa.”
Não,
não e não! O Brasil não reconheceu no relacionamento amigável de
Neves e Campos uma nova forma de fazer política. Como podem falar em
nome do Brasil, desta forma?
A
política é a mesma, com alianças que não duram muito tempo,
rompidas por índices de pesquisa, conchavos visando ataques
conjuntos a quem no momento liderava as pesquisas, negociatas
envolvendo alianças partidárias nos estados, etc..
A
mesma boa e velha política.
Tá
interessado numa nova política de fato? Apoie a luta pela Reforma
Política.
Aí
sim, aético, digo, Aécio, você estará num bom caminho.
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