sábado, 16 de agosto de 2014

Marina, a esfinge

Este texto foi escrito em 18 de abril de 2014, época em que Marina Silva formalizou sua aliança com Eduardo Campos do PSB. Nele foi feita uma leitura e análise do perfil da ex-senadora. 

Após uma releitura, percebe-se todos os elementos presentes agora em sua ''caminhada'' rumo a candidatura como cabeça de chapa do partido. Por isso, o blogueiro decidiu republicá-lo, sem atualizações.




Por Fernando Castilho

Charge: Pataxó - pataxocartoons.blogspot.jp

Tal qual a famosa esfinge que teima em ficar à frente das três grandes pirâmides do Egito, Queops, Quefren e Miquerinos, Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima é um mistério.

Mas, ao contrário da esfinge, Marina pode ser decifrada, ou quase.



Vejamos: Marina nasceu em família muito pobre no Acre. Teve que ser empregada doméstica para sobreviver. Comeu o pão que o diabo amassou. Na pobreza e na necessidade, foi acolhida pela Igreja Católica, através do então bispo do Acre, Dom Moacyr Grechi, que a acolheu na casa das irmãs Servas de Maria.

Apesar de ter sido acolhida na necessidade pela Igreja Católica, resolve se transferir para o culto evangélico Assembléia de Deus.
Podemos perceber aí que a gratidão e a fidelidade não são seu forte.

Marina depois se engajou no movimento sindical, tendo sido companheira de luta de Chico Mendes e com ele fundou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre, em 1985.
Após o assassinato de Chico Mendes em 1988, o nome de Marina Silva só se fez crescer.
Foi vereadora, deputada e senadora.

Depois disso, Marina foi Ministra do Meio- Ambiente no Governo Lula.
Temos que reconhecer que em alguns embates dentro do governo, Marina tinha razão. Principalmente quando a mesma se desentendeu com Roberto Mangabeira Unger, então Ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, devido ao fato da Coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS) ter sido destinado à Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos.

Embates houveram também com a então Ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef. Conciliar produção de energia com garantia de preservação do meio-ambiente é tarefa complicada, necessita-se de paciência política e conciliação.

A situação começou a ficar insustentável para ela. Saiu. Marina Silva foi para o PV. Pelo PV disputou a eleição a Presidente da República, tendo sido derrotada por Dilma.

Marina resolve sair do PV para ''ir ao encontro de uma nova política''. Resolve, então fundar seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade.

A Rede não conseguiu, por ineficiência da militância, ou por ineficiência dos cartórios (que já deveria ser prevista), ou por fraudes mesmo nas assinaturas, seu registro em tempo hábil. Alega que teve a mão do PT nisso. Teria o Governo dado ordem aos cartórios para não reconhecer as assinaturas em tempo? Difícil crer que os cartórios, que respondem diretamente ao TSE, Tribunal Superior Eleitoral, cujo presidente era Marco Aurélio Mello, tendo entre seus juízes Gilmar Mendes, cumprissem tal ordem.

Marina decide então, sozinha, sem consulta a seus pares, sem nenhuma conversa, ingressar no PSB.

Por que não resolveu se abster dessa próxima disputa, organizando seu partido, consolidando-o, dando-lhe uma cara para que, em 2018 se apresentasse forte para uma disputa presidencial? Traiu seu Partido. Deixou queixos caídos.
Percebemos, pela sua trajetória aqui descrita, que Marina é pragmática. Vai pulando de galho em galho até encontrar o que mais lhe convém. Nada errado nisso, posto que muita gente o faz. Mas deixar as pessoas que a apoiaram a chegar num determinado degrau, falando sozinhas é demonstração de puro oportunismo.

Marina deixou falando sozinho o bispo que a acolheu na Igreja Católica, o Presidente Lula que a investiu no poder de ministra o PV que ofereceu sua legenda para ela e seus seguidores da Rede Sustentabilidade.

Entra no PSB de Eduardo Campos. Falou em pensar sua posição dentro do partido mais para a frente.

Marina apareceu na última pesquisa Datafolha com 27% em um dos cenários. Interessante, pois apenas duas semanas antes, em pesquisa do Ibope, tinha 9%.

Marina agora acabou de assumir seu lugar de vice-presidente na chapa de Eduardo Campos do PSB. Por enquanto esse arranjo não tem valor legal, uma vez que a convenção do partido ainda não ocorreu.

Campos tem demonstrado grande afinidade com seu concorrente Aécio Neves do PSDB, inclusive com propostas (propostas?) muito semelhantes. Torna-se uma espécie de genérico ou cover de Aécio. Na hipótese de um 2° turno irão se fundir. Esse seria o verdadeiro casamento e não Eduardo-Marina.

Pelo que Aécio vem falando, suas propostas para o Brasil serão impopulares. Um governo neoliberal, com cara de FHC. Se vencer, teremos corte no reajuste do salário mínimo, privatização da Petrobrás, entre outras medidas.

Ao que parece, a candidatura de Campos não vinga mesmo, passando a ser daqui pra frente uma espécie de balão de ensaio para 2018.

Marina, ao confundir suas ideias com as de Campos e Aécio, abandona de vez sua reputação socialista e engrossa as fileiras dos neoconservadores.

No final, após o 1º turno, romperá com Campos e voltará aos seus companheiros de Rede, sendo recebida de braços abertos.

E o que restará será o segredo da esfinge decifrado.



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