sábado, 19 de fevereiro de 2022

O xadrez de Lula, o grande mestre

Por Fernando Castilho





Diz a lenda que um dos maiores enxadristas de todos os tempos, o grande mestre americano Bob Fischer, conseguia prever até 70 lances futuros. Se o adversário fosse realmente forte, não teria como escapar das jogadas previstas por ele.


O xadrez se caracteriza, entre outras coisas, por ser um dos poucos jogos em que, para vencer, é preciso prever alguns lances adiante.

Diz a lenda que um dos maiores enxadristas de todos os tempos, o grande mestre americano Bob Fischer, conseguia prever até 70 lances futuros. Se o adversário fosse realmente forte, não teria como escapar das jogadas previstas por ele.

Guardem isso porque voltarei depois a esse tema.

Gente, a diferença nas intenções de voto para presidente, entre Lula e Bolsonaro baixou. Dependendo da pesquisa, isso é mais ou menos evidente.

Na verdade, a campanha pra valer ainda não começou, mas, para quem deseja ver esse governo pelas costas e inaugurar um novo ciclo civilizatório, um sinalzinho amarelo começou a piscar.

Alguns fatores podem ter influenciado essa redução da diferença, como o efeito Auxílio Brasil e a visita de Bolsonaro, um pária mundial, a Putin, não importa qual o assunto tratado.

O maior fator que conduz o Brasil a um atraso em seu desenvolvimento, apesar de todas nossas riquezas é, sem dúvida, a terrivelmente perversa má distribuição de renda, o que causa um abismo entre as classes mais favorecidas e os excluídos.

Quer gostem ou não dele, foi com os dois governos Lula que esse abismo foi reconhecidamente reduzido. Lula havia prometido durante sua campanha em 2002 que o pobre iria comer três refeições por dia se ele foi eleito. E ele cumpriu.

Foi com Lula que cerca de 35 milhões de pessoas saíram da linha da miséria e da pobreza, podendo comer mais e melhor e, por isso, movimentando a economia.

Foi também com ele e com Dilma que vários outros programas sociais levaram aos mais vulneráveis um estado de bem-estar social com empregos, renda, alimentação, ensino técnico, saúde e moradia, principalmente.

Hoje temos um país parcialmente destruído onde nada mais funciona. Se Bolsonaro não tivesse parado o Minha Casa Minha Vida, por exemplo, poderíamos ter mitigado as tragédias das inundações na Bahia, Minas Gerais, São Paulo e, agora, Petrópolis no Rio de Janeiro.

Não é preciso aqui fazer uma lista dos maufeitos do Capitão Morte, pois quem acompanhou esses três anos, sabe de cor e salteado.

Para encurtar, é fundamental que esse governo tenha fim este ano e que o próximo presidente inicie um processo de recuperação do país e o coloque de novo nos trilhos do desenvolvimento e do processo civilizatório, levando bem-estar aos menos favorecidos.

No momento, o único capaz de conduzir o país a isso é Lula, até porque já fez isso anteriormente. Não precisa ser testado.

Agora, voltando ao xadrez.

Ainda no final do ano, Lula surpreendeu a todos propondo Geraldo Alckmin na vice-presidência. Uns compreenderam e outros torceram o nariz.

Sabemos o que Alckmin fez no verão passado e não nos esqueceremos. Mas o que se passou pela cabeça de Lula?

Ele sabe que a boa vantagem que ele ainda tem pode ser ilusória porque Bolsonaro, apesar de tudo o que fez de mal ao país, mantém cerca de 30% de um eleitorado fiel e, com a máquina do governo nas mãos, pode ampliar esse índice.

Lula sabe desde o ano passado que não ganha as eleições se compor uma chapa puro-sangue, só com a esquerda. É fundamental que amplie o espectro político. E é aí que entra Alckmin.

Além disso, como grande mestre do xadrez político, Lula, ao mesmo tempo que utiliza Alckmin para ganhar mais votos, o tira da disputa pelo governo de São Paulo, em que é favorito.

Desta forma, Fernando Haddad tem grandes chances de se eleger governador de São Paulo!

Mas, e os lances futuros? Lula previu?

Ele tem plena consciência de que não viverá para sempre. Aliás, ele só está entrando nessa disputa por amor ao país porque, talvez, por sua vontade, iria curtir o descanso acompanhado de sua esposa.

Lula aposta na capacidade de Haddad em fazer um excelente governo em São Paulo para se cacifar em 2026 para sua sucessão na presidência. Aí, talvez, com uma chapa completa de esquerda.

Então, gente, é imprescindível que todos da esquerda esqueçam suas opiniões sobre Alckmin e ajudem Lula em seu árduo trabalho de buscar composições aqui e ali para que vença já no primeiro turno sem dar tempo para que o Capitão Morte obtenha apoiadores de última hora, como Doria, Eduardo Leite ou Moro. Ciro, mais uma vez, dificilmente apoiaria Lula no segundo turno, preferindo ir novamente para Paris.

As peças estão sobre o tabuleiro e o grande mestre Lula raciocina para prever os lances futuros.

Não fiquemos só na torcida ou alimentando sonhos ingênuos.

Vamos ajudá-lo!


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