quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

FRAUDE!

Por Jarbas Capusso Filho




Vocês estão ouvindo? Não? Estranho. Eu também não.

Mas, vamos tentar de novo. Desliguem todos os aparelhos sonoros e os pensamentos (há pensamentos muito ruidosos).

Desligaram? Eu também. Agora conseguem ouvir? Não? Putz, nem eu.

Será que desta vez é aquele ruído, aquela frequência que só os animais ouvem? Gatos? Cães? Pode ser.

Por que não estamos ouvindo a grita do mercado, depois da quebradeira fraudulenta das Lojas Americanas? Poxa, afinal de contas, teve um errinho na planilha, um detalhe de 20 de bilhões. (Já falam em 40 bilhões), vejam bem.

As Americanas não faliu. Ela fraudou documentos e maquiou números. E cadê a indignação do nosso cândido mercado? Não teve, não tem e nem vai ter.

Sabem por que? Dissolução de grandes empresas, por essas bandas, sempre beneficia seus donos. Mappin? G Aronso? Brasilinvest? Vasp? Varig? Transbrasil? E nomes como Daniel Dantas? Ricardo Mansur? Mário Garnero? São prova viva (ainda atuam no mercado) de que a fraude compensa e o mercado aceita.

Quem adivinhar quem se dana todo com isso, de verdade, ao cabo e ao fundo, ganha um chicabon.

Os pequenos credores, funcionários e, no caso das Lojas Americanas, um milhão e trezentos mil correntistas do Nubank. Este banco investia dinheiro dos seus correntistas nas Americanas. São milhões de pequenos investidores que mantinham, no banco, suas pequenas economias e, agora, perderam tudo!

Quem vai pagar quem? Nin-guém! O mercado se autorregula, se blinda. Os proprietários já enviaram enormes remessas de dinheiro para fora e, talvez, o Banco Central dê até uma forcinha, em nome da estabilização do mercado.

Esse é o mesmo mercado que fica agitado toda vez que o presidente Lula fala em furar o teto de gastos para incluir os mais pobres no orçamento.

Milhões de famélicos e famílias em situação de rua. É o mesmo mercado que lucra horrores com o teto de gastos. O mesmo mercado que investe no sucateamento de serviços públicos para, depois, privatizá-los.

Agora está em silêncio. Diria, até, em sono profundo, sobre seus macios colchões forrados de dólares.

O pior cego é aquele que não quer ouvir.

 


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