Por Fernando Castilho
"A
cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria
norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse
problema em seu país"
Deputado
Federal Jair Bolsonaro em discurso em 15 de abril de 1998
Nos
anos que antecederam o início da Segunda Guerra Mundial, Adolph Hitler se
empenhou em “mostrar” ao povo alemão sua superioridade em relação aos demais
povos não arianos.
Mesmo
sem redes sociais, o Führer instigou na população o ódio, não só aos judeus,
mas também aos ciganos, comunistas, pessoas com deficiência física ou mental,
pessoas de pele mais escura e todos aqueles que não reuniam fisicamente as
características, na visão dele, de um povo superior.
No
Brasil, muito antes das eleições de 2018, Jair Bolsonaro já demonstrava em
discursos como deputado e, mesmo durante a campanha, seu enorme desprezo pelas
minorias, que, conforme pregava, deveriam se curvar à maioria ou serem
extintas.
Embora
a população negra não seja exatamente minoria no país, esta também entrou na
alça de mira do capitão quando ele, num discurso, disse que os quilombolas não
serviam para nada, nem para procriar. Mesmo assim, não faltam bolsonaristas
negros.
A
população LGBT também sempre foi duramente atacada pelo ex-presidente, mas isso
também não impediu que haja bolsonaristas gays.
Bolsonaro
nunca se furtou a atacar a esquerda ao dizer numa entrevista que a ditadura
deveria ter matado 50 mil pessoas, claro, de esquerda. Quanto ao PT, em comício
no Acre, convocou seus apoiadores a metralhar os petralhas.
Mas
agora, com a tragédia revelada do morticínio pela fome e por doenças do povo
Yanomami, lembramos do que o capitão dizia também em comício: “NO MEU GOVERNO,
NEM UM CENTÍMETRO DE TERRA SERÁ DEMARCADA PARA OS ÍNDIOS!”
Em 15 de abril de 1998, o então deputado Jair Bolsonaro, em discurso na Câmara Federal, disparou: ""A CAVALARIA BRASILEIRA FOI MUITO INCOMPETENTE. COMPETENTE, SIM, FOI A CAVALARIA NORTE-AMERICANA, QUE DIZIMOU SEUS ÍNDIOS NO PASSADO E HOJE EM DIA NÃO TEM ESSE PROBLEMA EM SEU PAÍS!"
Os
primeiros contatos com os Yanomamis se deu entre 1910 e 1940, de forma ainda
bastante rarefeita. Foi só a partir da década de 1970 que os contatos se
tornaram mais intensos, o que contribuiu significativamente para que
adquirissem as doenças que os homens brancos lhes levaram.
Nossa
grande imprensa demorou dois dias para escrever sobre a tragédia dessa etnia
indígena, após a corajosa visita do presidente Lula à principal aldeia ameaçada
constantemente por ferozes garimpeiros instigados por Jair Bolsonaro a explorar
aquela área.
A
política do capitão com relação aos povos originários é a de genocídio por
asfixia. Os garimpeiros vão aos poucos ampliando sua área de atuação,
destruindo terras agricultáveis e impossibilitando as atividades de caça, pesca
(devido ao mercúrio descartado principalmente no Rio Parima) e de coleta. As
doenças, como pneumonia, Covid-19 e SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave)
são agravadas com a extrema desnutrição, causando enormes morticínios,
principalmente de crianças e de idosos.
Não
há como não fazer um paralelo com a política de extermínio de pessoas não
arianas implementada por Hitler. A diferença é que os Yanomamis estão presos em
um campo de concentração a céu aberto e dele não podem fugir.
Assim
como grande parte do povo alemão acreditou em Hitler e suas mentiras,
bolsonaristas-raiz divulgam em suas redes sociais que são contrários ao envio
de alimentos e rempedios para os indígenas. As semelhanças são muitas.
Enquanto
Hitler se acercou de asseclas que rapidamente encamparam seu discurso de ódio
colocando em prática sua necropolítica, por aqui não é muito diferente, já que
tivemos uma Damares Alves que brada contra o aborto de uma única criança,
vítima de estupro, mas não se importa com a morte de centenas por doenças e
desnutrição pelo simples fato de serem indígenas. Outro assecla do nosso Hitler
tupiniquim é Ricardo Sales que incentivou o garimpo ilegal em áreas de reserva
indígena e o desmatamento na Amazônia.
Esses
dois foram eleitos parlamentares e, por isso, a justiça terá dificuldades em
atingi-los, mas seu chefe, o “Fuhrer” brasileiro, chamado por aqui de mito,
pagará por seus crimes.
O
difícil será encontrar uma pena que possa fazer justiça a todo mal que ele cometeu.
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