Por Fernando Castilho
A manada, sem um bom cão pastor, se descontrolou e saiu em estouro, quebrando e depredando tudo, o que colocou a opinião pública, a imprensa nacional e internacional, além de chefes de estado de países importantes contra os terroristas.
Passados
alguns dias da estupefação pela ousadia dos que queriam dar um golpe e
implantar uma ditadura no país, podemos tirar algumas possíveis conclusões.
O
plano era implementar uma ação a nível nacional após a tomada dos edifícios dos
3 poderes que sensibilizaria as Forças Armadas a se engajarem e darem o
xeque-mate em nossa democracia.
O
documento para tentar institucionalizar, isto é, dar uma aparência de
legalidade – já que citava alguns artigos da Constituição e invocava o estado
de defesa - estava pronto para consolidar a ruptura.
Imaginavam
que o gado, a massa de manobra-bucha-de-canhão de Bolsonaro, fosse tomar na boa
os edifícios dos 3 poderes instigando as Forças Armadas a decretarem a Garantia
da Lei e da Ordem (GLO).
Porém,
a manada, sem um bom cão pastor, se descontrolou e saiu em estouro, quebrando
e depredando tudo, o que colocou a opinião pública, a imprensa nacional e
internacional, além de chefes de estado de países importantes contra os terroristas. O Datafolha apurou que 93% da população brasileira condenou os
atentados terroristas.
Se
uma parte significativa dos militares estava envolvida na intentona, outra
parte preferiu se incluir fora disso, pois daria muito trabalho consolidar o
golpe, ter que lidar com os opositores que seriam a maioria, ter que voltar a
prender, torturar, matar, etc.
O
ministro da Justiça, Flávio Dino e o presidente Lula agiram muito rapidamente
nomeando um interventor no DF, enquanto o ministro do STF, Alexandre de Moraes,
afastava o governador Ibaneis Rocha por 90 dias.
O
ex-ministro da segurança de Bolsonaro e então secretário de segurança de
Ibaneis, Anderson Torres, havia demitido boa parte do pessoal incumbido de
proteger a Praça dos Três Poderes de invasão e, numa atitude de moleque, se
mandou para Orlando para acompanhar os desdobramentos junto ao seu capitão. Teve
sua prisão decretada por Moraes com direito à busca e apreensão em sua casa. Voltou
e já se encontra preso no Brasil.
Um dos
resultados da busca foi uma minuta de decreto de estado de defesa, leia-se,
golpe, encontrada na casa de Torres que não havia sido destruída porque deveria
ser usada no momento oportuno, caso o plano tivesse dado certo. Não deu certo,
mas Torres não teve como programar, como nos filmes da franquia Missão
Impossível, sua autodestruição. Simplesmente a deixou num armário.
Há
uma grande lista de crimes cometidos por Torres e Bolsonaro e, se as
instituições não forem complacentes, como parece que alguns ministros do STF
desejam, em tempo muito mais curto do que imaginávamos, Bolsonaro será preso.
O plano
de golpe deu chabu. Mas foi por pouco.
A
situação do capitão se agrava porque chega a hora da quadrilha tentar se livrar
de prisões e, provavelmente, não faltarão delações premiadas.
Observem
que todos seus asseclas, que vão desde ex-ministros que perderam foro
privilegiado, como Fábio Faria, Marcelo Queiroga, Paulo Guedes e Oniz
Lorenzoni, até outros que se elegeram a algum cargo político, como o astronauta
Marcos Pontes e Damares Alves, estão se fingindo de mortos. A exceção é o general
Mourão. Braga Netto e Augusto Heleno, artífices do golpe, antes eloquentes ao pedir
a apoiadores que aguentassem mais um pouco porque algo estaria por acontecer,
agora, apavorados, silenciam.
O
fato é que agora Bolsonaro não é mais nada e está isolado. Até o PGR, Augusto
Aras, começa a se colocar como independente ao pedir ao STF a inclusão de seu
antigo chefe nas investigações sobre os atos terroristas.
Se
esperávamos que o capitão começasse a sofrer os rigores da lei em médio prazo,
começamos a nos surpreender com a agilidade das instituições.
Os
ministros do STF, TSE e TCU, após quatro anos sofrendo todo tipo de ameaças e
ofensas, estão com a faca nos dentes e devem pra cima do capitão.
Esperamos
que seja pra valer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário