sábado, 8 de novembro de 2014

Quando a mídia quer mostrar algo e acaba mostrando outra coisa

Por Fernando Castilho


Gráfico Folha de São Paulo
Esta semana fomos surpreendidos por matérias publicadas na Folha, no Estadão e no O Globo, dando conta do aumento no número de miseráveis no Brasil.

Com um cinismo e dissimulação atrozes, as manchetes procuravam chamar a atenção dos leitores, de que a menina dos olhos dos governos Lula e Dilma, o combate à miséria e à desigualdade, estava também, assim como a economia, sofrendo de conjuntivite aguda.

Não que a mídia esteja preocupada com as 371158 almas (apenas 0,18% da população do país, e 1% das pessoas que deixaram a linha de míséria!) que teriam deixado suas vidas de pobres para mergulhar de novo na miséria, apesar de estarem recebendo o bolsa-família.

Longe disso, pois se preocupação de fato com pobreza e miséria houvesse, a mídia teria que, a partir de 2005, quando Lula logrou êxito ao iniciar o processo de redução da desigualdade, de cara, tirando quase 4 milhões de pessoas da miséria absoluta, divulgar ano a ano o sucesso dos programas sociais. Aliás, a mídia deveria ter reconhecido que Lula estava cumprindo o prometido em sua campanha de 2002, quando afirmou que não descansaria até que todos no país tivessem no mínimo 3 refeições por dia.
Longe disso, pois se preocupação houvesse, os jornais teriam publicado em primeira página o relatório da ONU que tirou o Brasil de seu mapa da fome.

Como bem demonstra em seu gráfico, o amigo Roberto Romaro, a hipocrisia é tanta, que a mídia não usou desta vez o seu famoso ''mas''. Tivesse usado, ela publicaria ''miséria aumenta ligeiramente, mas pobreza diminui consideravelmente no mesmo período''.

Roberto Romaro
O que a imprensa quer, na verdade, é aproveitar a maré de pessimismo que tomou conta do país, e mostrar que a economia, de tão ruim que está, já contribui para o aumento da miséria. Ou seja, o povo estaria empobrecendo à olhos vistos, sem que o governo tome qualquer providência.

É sabido que, apesar dos programas sociais, ainda há no país cerca de 13 milhões de miseráveis que necessitam ser atendidos. Embora boa parte desse número possa corresponder ao lumpezinato, que talvez precise de uma atenção específica, ainda há um contingente que justifica o prosseguimento e talvez até a ampliação dos programas sociais, bandeira de Dilma durante a campanha à reeleição.

Mas o que se observa pelo gráfico da Folha, que abrange desde o ano de 1992 (anos Collor), é que esse aumento de miseráveis tão alardeado, representa na verdade um número muito pequeno de pessoas.

O que chama mais a atenção, e talvez nisso o O Globo tenha cometido ato falho ao divulgar, é que essas pessoas que passaram a ser miseráveis, vivem na região Sudeste do Brasil, e mais da metade delas, em São Paulo, justamente onde se espera que as pessoas vivam em condições melhores. Será que governos estaduais não estão fazendo a sua parte?

Ato falho do O Globo

Apesar de ser detentor de uma classe média e rica pujante, o Estado de São Paulo só faz aumentar a desigualdade social. Explica-se talvez pelas recentes demonstrações de preconceito, intolerância e desprezo demonstrados contra os pobres...

Mas o maior tiro no pé que a mídia deu, principalmente a Folha, pelo gráfico mais abrangente, ao publicar essa matéria, tenha sido realmente mostrar, a evolução da queda da desigualdade social ao longo de 21 anos. Isso é inédito, uma vez que o êxito dos programas sociais sempre fora escondido dos leitores, acostumados a críticas preconceituosas ao Bolsa-família.

Então é verdade? A redução da desigualdade é um fato?

Parabéns por finalmente mostrarem isso aos leitores!


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