Por Fernando Castilho
A aventura das Forças Armadas que deu o golpe militar em 1964 com o pretexto de combater o comunismo que nunca havia ameaçado a nação, durou 21 anos.
Embora durante aquele período o bolo tenha crescido,
nunca foi dividido como fora prometido. Mas a parte deles eles souberam como
levar.
Após a crise do petróleo de 1973 os militares se
viram diante de um problema insolúvel. A situação econômica iria se agravar, a
insatisfação popular crescia cada vez mais e previa-se mais à frente um
confronto de proporções muito perigosas.
Foi por isso que Geisel propôs a abertura lenta e
gradual para tentar distender essas tensões.
Como a situação econômica piorava cada vez mais e a
inflação saiu do controle o poder foi entregue a um civil, Tancredo Neves, que
morreu um mês depois, vindo a assumir a presidência um deputado alinhado de
primeira hora do regime militar, José Sarney.
Passados 33 anos os militares ao perceberem que o
país estava em boa situação econômica, que havia grandes reservas e que o
fantasma da dívida para com o FMI ficou para trás, decidiram que estava na hora
de um novo butim.
E a oportunidade que se descortinava era das
melhores, afinal, um capitão do exército assumiria a presidência e poderia ser
facilmente tutelado pelos generais que o viam com desprezo.
A segurança que os militares tinham para comer o
bolo antes de crescer mais ainda vinha de Paulo Guedes, o posto Ipiranga que
conduziria as reformas para extrair do povo brasileiro o dinheiro que fazia
cócegas em suas mãos. Guedes falava em economizar um trilhão de reais em 10
anos, algo muito tentador.
Mas veio o coronavírus e assoprou para longe esse
sonho.
O dinheiro com o qual Guedes sonhava está sendo utilizado
para o socorro às pessoas e às empresas.
O general Braga Neto, percebendo no que a coisa iria
dar resolveu anunciar uma espécie de PAC na contramão do neoliberalismo. A
tendência é mais estatizante.
Nos próximos dias Paulo Guedes, o posto Ipiranga com
seus tanques esvaziados, pedirá demissão em mais uma crise do governo
Bolsonaro. Está insustentável para ele.
Se havia dois pilares a sustentar esse governo, Moro
e Guedes, Bolsonaro fica sem apoio.
Nas análises de conjuntura feitas pelos comandos
militares, principalmente da Aeronáutica, após a saída tumultuada de Moro e do
fracasso da política econômica de Guedes, é hora de pegar o capacete e sair de
mansinho. A nova crise do petróleo é o coronavírus, algo não imaginável quando
os milicos se assanharam a sair da caserna.
O problema é que há cerca de 2500 militares ocupando
cargos no governo e estes ainda se apegam com todas as forças à mamata.
Mas não se descarta de maneira nenhuma o chamado à
razão e a ordem de Caserna volver!
Nenhum comentário:
Postar um comentário