quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Caserna volver!

Por Fernando Castilho


A aventura das Forças Armadas que deu o golpe militar em 1964 com o pretexto de combater o comunismo que nunca havia ameaçado a nação, durou 21 anos.

Embora durante aquele período o bolo tenha crescido, nunca foi dividido como fora prometido. Mas a parte deles eles souberam como levar.

Após a crise do petróleo de 1973 os militares se viram diante de um problema insolúvel. A situação econômica iria se agravar, a insatisfação popular crescia cada vez mais e previa-se mais à frente um confronto de proporções muito perigosas.

Foi por isso que Geisel propôs a abertura lenta e gradual para tentar distender essas tensões.

Como a situação econômica piorava cada vez mais e a inflação saiu do controle o poder foi entregue a um civil, Tancredo Neves, que morreu um mês depois, vindo a assumir a presidência um deputado alinhado de primeira hora do regime militar, José Sarney.

Passados 33 anos os militares ao perceberem que o país estava em boa situação econômica, que havia grandes reservas e que o fantasma da dívida para com o FMI ficou para trás, decidiram que estava na hora de um novo butim.

E a oportunidade que se descortinava era das melhores, afinal, um capitão do exército assumiria a presidência e poderia ser facilmente tutelado pelos generais que o viam com desprezo.

A segurança que os militares tinham para comer o bolo antes de crescer mais ainda vinha de Paulo Guedes, o posto Ipiranga que conduziria as reformas para extrair do povo brasileiro o dinheiro que fazia cócegas em suas mãos. Guedes falava em economizar um trilhão de reais em 10 anos, algo muito tentador.

Mas veio o coronavírus e assoprou para longe esse sonho.

O dinheiro com o qual Guedes sonhava está sendo utilizado para o socorro às pessoas e às empresas.

O general Braga Neto, percebendo no que a coisa iria dar resolveu anunciar uma espécie de PAC na contramão do neoliberalismo. A tendência é mais estatizante.

Nos próximos dias Paulo Guedes, o posto Ipiranga com seus tanques esvaziados, pedirá demissão em mais uma crise do governo Bolsonaro. Está insustentável para ele.

Se havia dois pilares a sustentar esse governo, Moro e Guedes, Bolsonaro fica sem apoio. 

Nas análises de conjuntura feitas pelos comandos militares, principalmente da Aeronáutica, após a saída tumultuada de Moro e do fracasso da política econômica de Guedes, é hora de pegar o capacete e sair de mansinho. A nova crise do petróleo é o coronavírus, algo não imaginável quando os milicos se assanharam a sair da caserna.

O problema é que há cerca de 2500 militares ocupando cargos no governo e estes ainda se apegam com todas as forças à mamata.

Mas não se descarta de maneira nenhuma o chamado à razão e a ordem de Caserna volver!




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