sábado, 22 de janeiro de 2022

O bolsonarismo sem Bolsonaro



Por Fernando Castilho





O Capitão Morte, por sua estratégia de falar e fazer somente aquilo que os 30% do cercadinho querem dele, nos permite projetar que chegará às eleições com esse mesmo número ou até menos e será derrotado.


A mais nova pesquisa Poderdata mostrou que Lula está à frente com 42% e Bolsonaro com 28% das intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022.

Já assimilamos tanto esses 28 a 30% com naturalidade que nem nos apercebemos mais o que esse número significa.

Por mais que o Capitão Morte tenha sabotado a compra de vacinas sendo responsável indireto pela morte estimada de pelo menos 400 mil pessoas, tentado dar um golpe no 7 de setembro, agido para protelar a vacinação de crianças, usado dinheiro público para se esbaldar por duas semanas enquanto a Bahia e Minas Gerais enfrentavam o caos com as enchentes que desabrigaram mais de 600 mil pessoas, a verdade é que ainda há cerca de 30% de pessoas que aprovam seus mal feitos e votariam de novo nele em 2022. Isso representa cerca de 44 milhões de eleitores!

Recentemente a Folha publicou um artigo de Antônio Risério que falava de um tal racismo reverso que, segundo ele, existe no Brasil. Algo como um branco ser abordado e espancado por um grupo de PMs negros ou um branco ser vigiado desde sua entrada num supermercado ou um shopping até sua saída. Pode ser que Risério não seja bolsonarista, mas a maneira como ele entende o racismo é. Portanto, existe bolsonarismo sem Bolsonaro.

Há no Brasil (e também no resto do mundo) um certo contingente de pessoas contrárias à vacina e, mais ainda, à vacinação de crianças. O que isso tem a ver com conservadorismo e ideologia de extrema-direita? Aparentemente nada, mas 100% dessas pessoas votam em Bolsonaro e o chamam de mito.

O Capitão Morte, por sua estratégia de falar e fazer somente aquilo que os 30% do cercadinho querem dele, nos permite projetar que chegará às eleições com esse mesmo número ou até menos e será derrotado.

Certamente festejaremos a saída do pior presidente que o Brasil já teve, mas temos que admitir que o bolsonarismo veio pra ficar e poderá aflorar novamente caso apareça algum outro líder para preencher o espaço deixado vazio. Foi assim com o fascismo e o nazismo, mesmo após sete décadas sem Mussolini e Hitler.

Definitivamente aquelas pessoas com as quais convivíamos em alegres churrascos aos domingos, que faziam piadas homofóbicas e racistas e que hoje são bolsonaristas, não voltarão mais a nos ser próximas.

Bolsonaro pelo menos teve o mérito de explicitar a nossos olhos que estávamos dormindo com o inimigo.

           

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário