terça-feira, 15 de novembro de 2022

O alto preço que Lula paga por ser Lula

Por Fernando Castilho




A marcação cerrada a Lula, faltando ainda um mês e meio para assumir a presidência, vem, pasmem, muito mais dos deputados do PL que se lambuzaram com as verbas do orçamento secreto utilizadas sem fiscalização ou prestação de contas.


Lula ainda não assumiu, mas aqueles que se julgam fiscais da coisa pública já começaram a atacá-lo.

O ex-presidente foi convidado a participar da COP27 e, para poder viajar ao Egito, fez uso de um jato pertencente ao empresário José Seripieri Filho, conhecido como Júnior, fundador da Qualicorp e dono da QSaúde.

O ato de Lula pode ser classificado como perfeitamente ético? Não, mas não há crime nisso, como querem sugerir.

Havia outras alternativas, como viajar em avião de carreira, mas a equipe de policiais federais que fazem sua segurança, a descartou, temendo riscos.

Outra possibilidade seria o PT custear um voo fretado, mas, além do alto preço, o recurso viria do Fundo Partidário, dinheiro público. Isso sim, seria crime.

Por fim, restaria a Lula declinar do convite.

Neste ponto, pergunto: o que seria mais danoso ao país?

Lula, mesmo antes de assumir a presidência em janeiro do próximo ano, já está azeitando as relações com outros países, enferrujadas após 4 anos de desgoverno Bolsonaro em relação ao meio ambiente. Uma das consequências disso é o retorno da contribuição ao Fundo Amazônia por parte da Noruega e da Alemanha, que perfaz a quantia nada desprezível de 3,1 bilhões de reais.

Portanto, Lula teve que ir para o bem do país, coisa que o atual presidente descartou logo de cara.

Seripieri pode reivindicar futuramente a contrapartida pelo seu gesto?

Pode, mas aí entramos no terreno das conjecturas. Também não podemos afirmar que o novo governo ceda aos interesses do empresário. Espero que não.

Mas, na verdade, o ponto a que quero chegar é a marcação cerrada a Lula, faltando ainda um mês e meio para assumir a presidência, o que já indica o que virá em 2023.

E ela, pasmem, vem muito mais do PL, o partido de Bolsonaro.

São aqueles deputados que se lambuzaram com as verbas do orçamento secreto utilizadas sem fiscalização ou prestação de contas.

São os mesmos deputados que não viram problema algum na utilização escandalosa de dinheiro público na campanha de Bolsonaro.

Portam-se como falsas vestais em casa de tolerância.

A imprensa, que temia que se instalasse por aqui uma teocracia que duraria indefinidamente e que teria, por conta disso, que viver anos de mordaça devido à censura, respirou aliviada depois da derrota do capitão, mas agora, assesta seus canhões para seu alvo preferido que sempre foi e será Lula. O ex-presidente foi útil até 30 de outubro.

Há uma lupa em Lula para acompanhar cada palavra dita, cada frase proferida, cada gesto feito.

Ele não errou, como diz a imprensa e até alguns petistas.

Lula não pensou em si, mas no país.

Por isso, paga um preço alto.

Como sempre, aliás.


sábado, 12 de novembro de 2022

Em 2026 o nome da extrema-direita não será Bolsonaro

Por Fernando Castilho

Foto: Caio Guatelli/AFP


Bolsonaro falhou em ser o líder da extrema-direita no Brasil. Não foi competente em comandar as Forças Armadas para deflagrar um golpe. Nem em 7 de setembro de 2021, nem agora.


Ao longo de quase quatro anos de governo, Bolsonaro, além de trabalhar muito pouco ou quase nada (vide agenda presidencial), fez e falou muita bobagem.

Terceirizou a economia para Paulo Guedes, seu posto Ipiranga e demonstrou que nunca esteve preparado para governar.

Na terrível crise da pandemia da Covid-19 expôs seu lado mais sombrio e psicopata ao negar a existência do vírus, receitar medicamentos inócuos, sabotar a compra de vacinas e debochar de quem morria ou perdia seus entes queridos. Ele é o responsável por pelo menos 400 mil mortes.

Durante as enchentes que mataram e deixaram muita gente desabrigada e, Pernambuco, Paraná, São Paulo, Bahia e Rio de janeiro, preferiu se esbaldar de jet-ski.

Por quase quatro anos viveu de fake news enquanto fazia campanha com dinheiro público.

Imaginou, doentiamente, que seu cercadinho era seu palco e que as motociatas representavam mais que os dados dos institutos de pesquisa. Nunca procurou ampliar sua base, preferindo sempre proferir asneiras e mentir.

Revelou-se capaz de praticar canibalismo e, num ato falho, acabou admitindo ter inclinações pedófilas.

Bolsonaro só perdeu a eleição por culpa dele mesmo, pois é tosco, burro, ignorante e despreparado.

Agora, ao perder as eleições para Lula, não vem a público reconhecer sua derrota, mantendo alguns inconformados às portas dos quartéis pedindo intervenção militar.

Sobre isso, devemos atentar que os aloprados não pedem anulação das eleições ou que o resultado contemple seu ídolo, Bolsonaro.

Esse é o sinal de que o presidente falhou em ser o líder da extrema-direita no Brasil. Não foi competente em comandar as Forças Armadas para deflagrar um golpe. Nem em 7 de setembro de 2021, nem agora.

Valdemar da Costa Neto, o dono do PL, vai tentar manter a chama acesa, conferindo a Bolsonaro um cargo no partido para que ele lidere a oposição a Lula e se cacife para 2026.

Mas Bolsonaro não está à altura disso. Seu negócio é incendiar o país. O Costa Neto, pragmático que é, acabará por abandoná-lo.

O capitão incompetente já deveria ter reconhecido a derrota e começado a preparar sua oposição.

Observem que ele só obteve esse grande número de votos graças ao antipetismo, pois seus seguidores-raiz não passam de 30% da população, seu cercadinho ampliado.

O atual presidente enfrentará inúmeros processos por seus crimes cometidos e certamente será inelegível para 2026.

Mas a extrema-direita não desaparecerá do país. O capitão não será mais seu mito. Aparecerá outro a ocupar seu espaço.

O nome com que devemos nos preocupar é Tarcísio de Freitas, o governador eleito para o estado mais importante da federação.

Tarcísio é um Bolsonaro bem mais refinado. Apesar de ter mentido muito nos debates, não fala muita bobagem, é astuto e articulado, portanto, mais palatável àquela parcela antipetista da população.

Possivelmente, será ele que substituirá o capitão.

É preciso que nos preparemos a isso.


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A importância de termos um civil como ministro da defesa

Por Fernando Castilho



Foto: O Globo



Nos governos Lula a opção para o ministério da defesa sempre foi um civil, de Aldo Rebelo a Nelson Jobim. E deu certo.

Bolsonaro nomeou um militar, o general Paulo Sérgio, mais pela sua inclinação a capacho do que à sua isenção necessária como ministro de estado e não de um governo.

O militar cumpriu à risca o que lhe foi determinado por um presidente às voltas com suas contradições, devaneios e intenções golpistas. Uma marionete nas mãos de um tirano insano.

A missão era se infiltrar no sistema eleitoral e buscar pelo em ovo, ou seja, encontrar algum indício, por menor que fosse, de fraude no voto eletrônico, consagrado há décadas.

Enquanto isso, Bolsonaro incitava seus seguidores contra o processo eleitoral, já se precavendo de uma possível derrota nas urnas. Não faltaram ataques virulentos ao TSE e, principalmente, a seu presidente, Alexandre de Moraes.

As eleições do segundo turno começaram e logo surgiram as notícias de que a PRF estaria barrando eleitores, principalmente do Nordeste, onde Lula tinha amplo favoritismo, de chegar aos locais de votação.

A vantagem de Lula poderia ser maior, caso não houvesse a interferência da PRF, à mando do presidente.

Lula venceu e Bolsonaro se manteve calado e recluso, não reconhecendo o vencedor. Aguardava o relatório do ministro Paulo Sérgio para se rebelar contra o resultado das urnas, ao mesmo tempo em que insuflaria seus seguidores para um golpe.

O relatório, como esperado, não conseguiu contestar a eleição de Lula porque não houve fraude por parte dele, mas sim do próprio presidente.

Mas o capacho, general Paulo Sérgio, pressionado por Bolsonaro, agora um reles capitão que já não vale mais nada porquanto derrotado, não deixou de colocar uma pulguinha na orelha daqueles que acreditam em teorias da conspiração ao concluir que há lacunas e que muita coisa precisa ser aperfeiçoada no processo eleitoral. Só não disse o quê.

Paulo Sérgio conseguiu rebaixar as Forças Armadas à categoria de um exército humilhado, incapaz de compreender a democracia e o estado de direito. Mas nem todos os militares são assim.

Os aloprados ficaram decepcionados, pois esperavam um relatório que atestasse as fraudes e agora devem voltar pra casa.

Bolsonaro também deve ter ficado descontente e deverá se resignar à sua insignificância ou talvez fugir do país, já que tem cidadania italiana, para tentar se livrar dos processos que virão.

Lula, vem trabalhando muito com sua equipe de transição e, mesmo que escolha um militar como ministro da justiça, este não será golpista e tratará de harmonizar as Forças Armadas.

Lula começou muito bem e já trabalha muito mais que o capitão.

As nuvens negras estão se dissipando.


O nome é extrema direita e não bolsonarismo

 Por Fernando Castilho


Foto: Fernando Bizerra, EFE


Os termos “bolsonarismo” e “bolsonarista’ têm sido muito utilizados pela grande imprensa, talvez à falta de um nome melhor ou pela preguiça em se aprofundar mais em algo que é encarado como mera questão de semântica.

Na Argentina, mesmo com a já distante morte do presidente Juan Domingo Perón em 1974, o temo “peronismo” persiste até hoje como uma tendência inaugurada por ele, denominação dada genericamente ao "Movimento Nacional Justicialista".

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem. Pior, não inaugurou nenhuma tendência ou corrente de pensamento político.

Não é possível um paralelo com “fascismo”, “integralismo”, “socialismo”, “comunismo” ou “nazismo”, que persistem até hoje. As falas e ações de Bolsonaro não carregam nenhuma teoria e não possuem nenhuma tese que as embase e que permitam ser ele o mito que conduzirá milhões de pessoas daqui pra frente atravessando décadas.

Essas pessoas, na verdade, são extremistas de direita e sempre existiram, porém, com o adjetivo mais suave de “direita”.

São elas que no passado ficaram inconformadas com o fim da ditadura militar e passaram a votar em figuras da direita como Paulo Maluf em São Paulo e Antônio Carlos Magalhães na Bahia, por exemplo.

Foram elas também que elegeram Fernando Collor contra Lula em 1989. Porém, àquela época, não eram ainda extremistas, apenas reacionárias.

Com a eleição de Lula em 2002 e seus dois exitosos mandatos, melhoraram de vida e se retiraram para o armário por não terem muito do que reclamar.

No final do primeiro governo Dilma, começaram a sair aos poucos do limbo para apoiar Aécio Neves, o candidato mais à direita que encontraram.

Com o surgimento do extremista radical de direita, Jair Bolsonaro, saíram de vez e conquistaram mais adeptos até chegarmos ao impressionante número de cerca de 58 milhões de pessoas aferido na última eleição.

Claro que muitos vão rever suas posições já a partir de 2023 e poderão se inclinar à direita ou até ao centro, na medida em que Lula comece a apresentar melhora na economia do país.

Bolsonaro prometeu liderar a oposição a Lula, mas não acredito que tenha força para isso, pois não é habituado ao trabalho. Além disso, grande parte de seus aliados já o abandonou e Tarcísio de Freitas surge como o nome preferido da extrema-direita para 2026.

Bolsonaro preferirá tratar de sua defesa nos processos que lhe cairão sobre a cabeça e continuar a praticar jet-ski. Isso, se não tentar fugir do país.

Desta forma, o tal do “bolsonarismo” será apenas algo que nunca foi e será paulatinamente esquecido.

Mas a extrema-direita, este sim, o termo correto para essa reunião de reacionários de todo tipo, persistirá no Brasil.


sábado, 5 de novembro de 2022

Por que extrema-direita e não bolsonarismo?

Por Fernando Castilho


Foto: Fernando Bizerra (EFE)


 

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem.


Os termos “bolsonarismo” e “bolsonarista’ têm sido muito utilizados pela grande imprensa, talvez à falta de um nome melhor ou pela preguiça em se aprofundar mais em algo que é encarado como mera questão de semântica.

Na Argentina, mesmo com a já distante morte do presidente Juan Domingo Perón em 1974, o temo “peronismo” persiste até hoje como uma tendência inaugurada por ele, denominação dada genericamente ao "Movimento Nacional Justicialista".

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem. Pior, não inaugurou nenhuma tendência ou corrente de pensamento político.

Não é possível um paralelo com “fascismo”, “integralismo”, “socialismo”, “comunismo” ou “nazismo”, que persistem até hoje. As falas e ações de Bolsonaro não carregam nenhuma teoria e não possuem nenhuma tese que as embase e que permitam ser ele o mito que conduzirá milhões de pessoas daqui pra frente atravessando décadas. 

Essas pessoas, na verdade, são extremistas de direita e sempre existiram, porém, com o adjetivo mais suave de “direita”.

São elas que no passado ficaram inconformadas com o fim da ditadura militar e passaram a votar em figuras da direita como Paulo Maluf em São Paulo e Antônio Carlos Magalhães na Bahia, por exemplo.

Foram elas também que elegeram Fernando Collor contra Lula em 1989. Porém, àquela época, não eram ainda extremistas, apenas reacionárias.

Com a eleição de Lula em 2002 e seus dois exitosos mandatos, melhoraram de vida e se retiraram para o armário por não terem muito do que reclamar.

No final do primeiro governo Dilma, começaram a sair aos poucos do limbo para apoiar Aécio Neves, o candidato mais à direita que encontraram.

Com o surgimento do extremista radical de direita, Jair Bolsonaro, saíram de vez e conquistaram mais adeptos até chegarmos ao impressionante número de cerca de 58 milhões de pessoas aferido na última eleição.

Claro que muitos vão rever suas posições já a partir de 2023 e poderão se inclinar à direita ou até ao centro, na medida em que Lula comece a apresentar melhora na economia do país.

Bolsonaro prometeu liderar a oposição a Lula, mas não acredito que tenha força para isso, pois não é habituado ao trabalho. Além disso, grande parte de seus aliados já o abandonou e Tarcísio de Freitas surge como o nome preferido da extrema-direita para 2026.

Bolsonaro preferirá tratar de sua defesa nos processos que lhe cairão sobre a cabeça e continuar a praticar jet-ski. Isso, se não tentar fugir do país.

Desta forma, o tal do “bolsonarismo” será apenas algo que nunca foi e será paulatinamente esquecido.

Mas a extrema-direita, este sim, o termo correto para essa reunião de reacionários de todo tipo, persistirá no Brasil.


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A difícil vida do bolsonarista-raiz

Por Fernando Castilho




Houve inúmeras ocasiões, em que o presidente, após atacar ferozmente alguém e prometer que “ACABOU!”, invariavelmente voltava atrás.


Todos assistimos no domingo, 23, o grotesco episódio em que o ex-deputado Roberto Jefferson recebeu a tiros de fuzil os policiais federais que foram cumprir mandado de prisão expedido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por desacato à sentença que o ministro Alexandre de Moraes lhe havia dado.

Durante as horas de resistência à prisão que se seguiram, vários populares seguidores do presidente da República compareceram às proximidades do local para dar apoio ao bandido, certos de que atendiam a um chamamento de seu mito. Não faltou uma covarde agressão ao cinegrafista da Inter TV, afiliada da Rede Globo, que foi levado imediatamente para a UTI de um hospital. O agressor, um assessor na câmara de Três Rios, foi exonerado da função e será investigado por lesão corporal.

O deputado federal Otoni de Paula chegou a gravar um vídeo em que afirmava que tinha informações de que o mito estaria acionando as Forças Armadas para intervir no caso.

O capitão, que costuma agir por impulso, algo próprio de pessoas autoritárias, acionou o ministro da justiça, Anderson Torres para comparecer ao local, mas a coordenação de sua campanha, percebendo que seria muito perigosa uma associação com o meliante, conseguiu demover o inominável de seu instinto.

O resultado é que, horas depois, ele declararia que quem atira em policial é bandido e que não defenderia Jefferson.

Imediatamente, as redes bolsonaristas que estavam defendendo o ex-deputado e atacando o Alexandre de Moraes, passaram a divulgar que Roberto Jefferson não tinha nada a ver com seu mito e que, na verdade, é homem ligado a Lula.

Um meme surgiu nas redes. Nele, um boi pergunta: “agora é pra defender ou pra atacar bandido?”

Mas esse não foi o único caso em que seguidores tiveram que dar cavalo de pau em suas opiniões. Houve inúmeras outras ocasiões em que o presidente, após atacar ferozmente alguém e prometer que “ACABOU!”, invariavelmente voltava atrás.

Um outro caso emblemático foi quando ele discursou nas comemorações do 7 de setembro de 2021. Na ocasião xingou Alexandre de Moraes de canalha e praticamente convocou seus seguidores para o golpe... que não veio porque não foram reunidas as condições ideais, como o apoio das Forças Armadas.

Mas os caminhoneiros e a população presente na Esplanada dos Ministérios e também em São Paulo, imaginaram que o golpe, enfim, aconteceria, que o exército implantaria a tão sonhada ditadura comandada por seu líder, que o STF seria fechado e que viveriam felizes para sempre.

À noitinha, apavorado com a possível prisão de seu filho Carluxo, que parecia prestes a acontecer, recorreu a Michel Temer para que este escrevesse uma cartinha a Moraes pedindo desculpas.

A reação a esse cavalo de pau covarde foi de incredulidade num primeiro momento, mas depois os seguidores conseguiram reunir todo tipo de desculpas para tentar justificar o recuo. Seria um recuo tático, disseram eles. Mas na próxima... a próxima, em 2022, não veio.

Lembram-se da ameaça que o presidente fez à Rede Globo?  Concessão não seria renovada! Embora estivessem acompanhando a novela Pantanal, bolsonaristas ficaram exultantes com o prometido fim da Globolixo, como eles chamam. Deu no quê? Mais uma vez o capitão recuou. Na verdade, a ameaça pareceu ser muito infantil, algo de menino da 5ª série que não mede consequências. Foi um blefe, mas os bolsonaristas acreditaram.

Imagino que, daqui a alguns anos, alguns poucos bolsonaristas colocarão a mão na consciência e conseguirão avaliar o erro que cometeram e lembrarão quantas e quantas vezes depositaram sua confiança em quem a traía invariavelmente logo no momento seguinte. Quanto tempo perderam com quem nada valia.

Outra parte dirá que não quer mais saber de política e fingirá que nunca apoiou seu mito. E todos nós sabemos quem são.

Mas, certamente o ovo da serpente foi chocado e o bolsonarismo, como uma espécie de corrente de extrema-direita, prosseguirá, mesmo sem o seu chefe.

Infelizmente, veio pra ficar.

 

 

 


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

O capitão não subiu, como quer o Datafolha. Ele caiu!

Por Fernando Castilho


 



O Capitão Morte talvez até teria ultrapassado Lula nas pesquisas, caso os escândalos não tivessem aparecido. Foram eles que o puxaram para baixo dando a ilusão de que temos um povo insensível.


O título parece pueril, mas explicarei por que não é.

Esperamos ansiosamente o Datafolha de quarta-feira (19) porque, nós, democratas que desejamos que o país volte a avançar, tínhamos a expectativa de que Lula, o candidato que representa essa esperança, aumentasse sua diferença em relação ao capitão que flerta com a morte, o canibalismo e a pedofilia, como foi amplamente demonstrado nos vídeos por ele divulgados sem cortes.

Infelizmente, a diferença diminuiu e agora temos um empate técnico.

Parece haver uma anomalia, uma discrepância nos dados, mas talvez não.

Vou na contramão das análises que afirmam que os eleitores do ser que ainda ocupa o cargo mais importante da nação, de repente se mostram insensíveis às últimas e horripilantes revelações. Minhas últimas análises, inclusive, consideravam isso.

Na realidade, é possível (e até provável) que as pessoas mais pobres que vêm se sentindo um pouco mais aliviadas com o Auxílio Brasil estejam gratas ao capitão e, muito mais, esperam que ele cumpra a promessa de manter o benefício em 2023. Nosso povo é assim.

Além disso, o orçamento secreto tem sido usado eleitoralmente Brasil afora pelos aliados do inominável, como sabemos.

Não falta também o uso desmesurado da máquina pública sem nenhum pudor, como nunca vimos antes.

Alie-se a isso a incrível máquina de fake news tocada pelo filho 02 e seu gabinete do ódio, verdadeira locomotiva queimando carvão dia e noite.

Por tudo isso, minha tese atual é de que o Capitão Morte talvez até teria ultrapassado Lula nas pesquisas, caso os escândalos não tivessem aparecido.

Foram esses novos fatos, canibalismo e pedofilia, além do desrespeito à padroeira do Brasil ocorrido em Aparecida, que frearam o crescimento e puxaram o maior mentiroso do país para baixo, colocando-o em empate técnico com Lula. Os vídeos são impressionantemente asquerosos e, com certeza, causaram repugnância em nosso povo.

É preciso lembrar que o Datafolha ainda não mediu a repercussão do esplendoroso sucesso da entrevista de Lula ao Flowpodcast que conta, no momento em que escrevo, com incríveis 8,4 milhões de visualizações, praticamente, 4% da população brasileira.

E para não desanimar aos que anseiam por um bom futuro para o país, Lula está se preparando para o debate da Globo, o último e mais importante antes das eleições.

Se conseguir bater o Capitão Morte, venceremos no dia 30.

Enquanto o debate não chega, o TSE acaba de decidir por uma grande ofensiva nas redes, impedindo a propagação das mentiras.

Para isso, precisamos de esperança, garra e mobilização, seja nas redes, seja nas ruas.


domingo, 16 de outubro de 2022

O risco do fascismo no Brasil

Por Fernando Castilho




A última pesquisa Datafolha de 14/10 deu 53% para Lula e 47% para Bolsonaro nos votos válidos. E é surpreendente.

Apostaria com qualquer um que:

Após a reportagem da Folha dando conta que a família Bolsonaro adquiriu ao longo dos anos 107 imóveis, 51 dos quais, com dinheiro vivo;

Após o escândalo do orçamento secreto que pode ser, como afirmou Simone Tebet, o maior esquema de corrupção da história do país, envolvendo um inédito montante de dinheiro que deveria ser aplicado na melhoria das condições do povo, mas que, devido a seu caráter sigiloso, com certeza está sendo desviado para outros fins, como a última operação de PF demonstrou;

Após a divulgação do vídeo em que o presidente afirma, sem nenhuma manipulação ou corte, que comeria carne humana, o que, em tempos normais, por si só acabaria com seu sonho de se reeleger;

Depois que foram mostrados nas redes sociais os atos de vandalismo e desrespeito na Basílica de Aparecida;

Após o corte dos remédios da Farmácia Popular, dos quais dependem parcela significativa da população;

Depois do capitão dar entrevistas mentindo em escala nunca vista, afirmando, por exemplo, que nenhuma criança morreu por Covid-19, enquanto todos os dados, inclusive de seu governo, apontam um grande número de mortes,

as pesquisas de opinião mostrariam uma queda, ainda que pequena, dele.

Mas não foi o que vimos.

Bolsonaro continua firme e forte mantendo a temeridade de encostar em Lula ou até virar no dia da eleição. Difícil, mas não descartável, afinal, ninguém esperava que subisse tanto no dia do primeiro turno e chegasse hoje com esse montante de votos.

Para quem assistiu ao documentário O Dilema da Redes (Netflix), fica mais fácil compreender esse fenômeno.

As redes sociais estão sendo muito bem aproveitadas pela campanha bolsonarista. Os algoritmos estão sendo muito bem utilizados para, em vez de aumentar nas pessoas a rejeição ao presidente, reduzi-la, como bem demonstra o Datafolha ao mostrar a oscilação de um ponto para cima na rejeição de Lula (de 47% para 48%) enquanto a de Bolsonaro permanece estável (51%).

Deduz-se que qualquer denúncia grave que se faça contra o capitão não lhe causará a perda de um voto sequer, enquanto a pecha de ladrão imputada a Lula, mesmo que ele tenha recuperado seu status de inocente de acordo com a Constituição, é grandemente amplificada a ponto de não lhe render a segurança de vitória.

Por que isso acontece?

Porque Bolsonaro está blindado pela população que o apoia. Ele e seus aliados já emitem sinais de que, uma vez reeleito, aproveitará os próximos quatro anos para impor uma autocracia (leia-se ditadura) ao país.

O capitão deteria ampla maioria na Câmara, o que lhe garantiria segurança para aprovar qualquer projeto.

Um deles seria o de aumentar o número de ministros do STF. Ele indicaria os nomes certos para sempre lhe dar maioria. Assim, a corte deixaria de ser um problema e não contestaria nenhuma de suas ações.

O deputado Ricardo Barros já tem projeto para criminalizar os institutos de pesquisa em caso de erro de prognósticos. Com a Câmara na mão, o capitão não só puniria os institutos, mas também criaria leis para cercear a liberdade de imprensa para que ela não publicasse notícias desfavoráveis a ele.

A Lei da Transparência seria extinguida ou, pelo menos, alterada para legalizar o sigilo de 100 anos para todos os atos do presidente e de seus filhos.

A Polícia Federal e o Ministério Público seriam totalmente direcionados para cumprirem todos os desejos do capitão, poupando-o de qualquer investigação e perseguindo a quem lhe fizer oposição.

É claro que, se ninguém deixa o presidente governar, seria preciso que lhe dessem a devida autonomia para agir como quisesse. E apenas quatro anos seria pouco para ele transformar o Brasil como deseja. Seria preciso mais, mas como a Constituição não permite uma segunda reeleição, seria preciso mudá-la.

Esse é o risco que corremos, que tem o aval de boa parte da população e que representa seu desejo de implantar o fascismo no país. É isso que o Datafolha, o Ipec e o Ipespe mostram nas entrelinhas.

Observem que uma das características do fascismo é justamente fazer com que a opinião prevaleça sobre a Ciência, os dados científicos e de informação.

Por isso Bolsonaro mente. Sua opinião, para seus apoiadores fascistas, é mais relevante que qualquer dado ou estatística. Foi assim quando receitou a cloroquina contra a Covid-19 e muita gente o seguiu, inclusive muitos médicos e o Conselho Federal de Medicina que não se opôs.

Quando, por mais que mostremos a enorme corrupção desse governo e os atos totalmente incivilizados do capitão, as pessoas, em vez de defendê-lo, passam a chamar Lula de ladrão, é porque têm o fascismo como projeto para o Brasil.

Esse é o risco que o país corre.

Mais do que nunca, é preciso somar forças para impedir esse projeto de poder.


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Peixinhos dourados num aquário lindamente decorado

Por Fernando Castilho




Sim, o risco de uma ruptura institucional, caso Bolsonaro seja reeleito, é muito grande e muitas pessoas, principalmente os gratiluz, não estão percebendo, confortáveis em seu mundo particular criado exatamente como uma redoma que lhes traz segurança.


Inicio reproduzindo um trecho de uma postagem que o amigo Jarbas Capusso compartilhou no Facebook. Depois explico.

“Esse ser é constituído de: 10% tofú, 10% de beringela orgânica e 80 de Ky. Ou seja, o gratiluz é um vaselina existencial. Não quer saber de conflito, muito menos embate, então vive de fazer vínculo do jacaré com a lontra. Esta foi minha versão lúdica. Ok. Vou meter o Datena: o gratiluz quer azeitar o convívio da barbárie com o civilizatório. Da bala com o discurso. Estivesse na Alemanha nazista, transitaria, fácil, fácil, entre Auschwitz e o quartel da SS.”

Vamos à explicação.

Capusso vai direto ao ponto, sem meias palavras, para falar de pessoas, às vezes chamadas de nem nem. Para elas, a quem ele chama de seres gratiluz, não há no país nenhuma disputa entre a civilização e a barbárie. Não há nenhum embate entre a verdade e a mentira ou a tolerância e o preconceito para com o outro. Parecem transitar ao largo dos graves acontecimentos que afligem o país.

Serei menos incisivo e usarei mais eufemismo para falar da mesma coisa.

Algumas, de acordo com sua religião (e não há aqui nenhuma intenção de criticar a crença de ninguém), acreditam que é normal passarmos por tempos atribulados para mais tarde experimentarmos a bonança. É sério.

Conversei há algum tempo com uma dessas pessoas. Perguntei sobre os horrores da Segunda Guerra e ela me respondeu que foi necessária, pois em seguida, com o fim dos conflitos, a humanidade pode desfrutar de um longo período de bem-estar.

Esse tipo de visão nos remete ao pensamento aristotélico.

Aristóteles imaginava o Universo, a que ele chamava de Cosmos, como algo perfeito e ordenado.

Cada coisa e cada um de nós temos um lugar determinado dentro dele. Somos peças que o compõem.

Desta forma, tudo o que acontece já está determinado, sejam as grandes catástrofes, sejam os períodos de felicidade.

Não há como o ser humano intervir criar sua própria história ou mudar o estado das coisas.

Consequentemente, não existe também o livre arbítrio. Tudo está escrito nas estrelas.

Mas isso foi escrito há mais de 1400 anos!

A Ciência, já há cerca de 500 anos, sabe que o Universo não é ordenado, pelo contrário, é caótico, não só pelas observações, mas também pela Segunda Lei da Termodinâmica que traz em seu bojo o conceito de entropia. Graças a Boyle, Hooke e Carnot!

À título de ilustração, neste exato momento em que escrevo, bem acomodado em uma cadeira, um asteroide pode se dirigir à Terra ou um terremoto de grandes proporções pode dar fim a esse conforto. É a imprevisibilidade. É a tendência ao caos.

Em minha vida passei por pelo menos três grandes momentos históricos de definição do futuro de nosso país: o movimento das Diretas Já em 1983, a eleição de Lula em 2002 e agora, o segundo turno do mais importante pleito nacional que definirá se voltaremos a retomar o processo civilizatório e a democracia ou iniciaremos um longo período de ditadura.

Sim, o risco de uma ruptura institucional, caso Bolsonaro seja reeleito, é muito grande e muitas pessoas, principalmente os gratiluz, não estão percebendo, confortáveis em seu mundo particular criado exatamente como uma redoma que lhes traz segurança. Pelo menos é o que eles imaginam.

O peixinho dourado dentro do aquário nada pra lá e pra cá observando a paisagem de plantas e pedras dentro do aquário, alimentando-se de vez em quando, tomando um pouquinho do Sol que entra pela janela da sala, alheio ao mundo conturbado lá fora.

Nada o tira do sossego de seu mundo particular.

 

 

 

 

 

 

 


sábado, 8 de outubro de 2022

É democracia ou ditadura: O que você quer para os seus filhos e netos?

Por Renato Rovai





É hora de olhar para o seu filho e seu neto e dizer, eu não vou deixar você viver numa ditadura. E depois do dia 30 poder se orgulhar de contar essa história para ele, que você fez de tudo naquela eleição que tirou o Brasil das mãos de um déspota. E venceu.


A grande batalha da nossa geração é aqui e agora. Isso acontece a cada 50 anos, às vezes 100 num país.

Há pessoas que vivem sem ter contato com um momento histórico tão delicado, grave e angustiante. E que às vezes no fim se torna exultante.

No Brasil, quem viveu o golpe de 64 sabe do que estou falando. Quem era vivo na 2ª guerra mundial, ainda restam alguns, também.

É aquele período onde parece que estamos decidindo um século.

Imaginem por exemplo o que seria do mundo se a Alemanha tivesse vencido aquela guerra. Seríamos um mundo dominado pelo nazismo por quanto tempo? Estaríamos nós filhos e netos daquela geração ainda sob os domínios do Reich?

Pode parecer exagerado o que vou dizer, mas o Brasil está do ponto de vista da sua história vivendo um momento semelhante, que não parece ter potencial para afetar a vida de muitos outros países, mas afetará com certeza umas décadas da nossa história enquanto país. Mudará o destino de ao menos uma geração.

Se Lula vencer a eleição, muito provavelmente ele só fará um mandato de quatro anos, cumprirá a Constituição, terá um governo de centro na economia e mais à esquerda nas questões sociais. Seu destino é sair da política em 2026 e ir para casa curtir a vida com a sua atual companheira Janja.

Nas eleições de 2026 teremos algumas candidaturas que apoiaram seu governo e provavelmente um Bolsonaro ou um bolsonarista disputando pela extrema-direita com menos força porque não contará com o aparelho do Estado para usá-lo eleitoralmente.

E se Bolsonaro ganhar, o que teremos? Um governo despótico que mudará a Constituição tirando todas as suas conquistas em áreas ambientais, da infância, dos direitos humanos, das liberdades individuais, entre outros pontos. Uma mudança na conformação do STF que passará a ter 15 ministros e que será uma extensão do executivo. Muito provavelmente também teremos a cassação de ministros como Alexandre de Moraes e a mudança da legislação eleitoral voltando à urna com cédulas que permitem mais fraudes e a reeleição por tempo indeterminado. Sim, Bolsonaro, se reeleito, não se contentará em ficar apenas até 2026. Seu projeto é de se tornar um ditador que vai conquistando pelo voto, com fraudes, mandatos indefinidos. Temos exemplos disso no mundo, tanto de governos mais à esquerda, mas principalmente à direita. Viktor Orbán é sua referência. Pesquisem sobre o que acontece na Hungria para terem uma visão mais concreta do risco que estamos correndo.

Mas o que fazer quando se está diante de um cenário desses? Resmungar no Instagram, Facebook ou grupos de WhatsApp? Ficar xingando aquele familiar que fica repetindo que o Lula é ladrão? Se encolher e dizer que você já achava que Bolsonaro podia vencer as eleições?

Não, amigas e amigos. Não podemos cair nessa armadilha. É hora de arregaçar as mangas e enfrentar o desafio colocado para a nossa geração com todas as forças. É hora de cada sindicato, ONG, Centro Acadêmico, movimento social, organização de bairro se transformar numa daquelas igrejas evangélicas onde o pastor faz jejum com seus fiéis e fica orando na noite da eleição. É hora de tirar férias do trabalho, de tirar da agenda outros compromissos sociais, de deixar aquela viagem pra depois do dia 30 e ir pra rua e para as redes trabalhar de forma incansável.

É hora de organizar nossa tropa e parar de chororô porque o Datafolha deu 6% de frente para o Lula. Sim, para o Lula. Imaginem se fosse ao contrário. Além de a Quaest ter dado 8% e o Ipec 10%.

O favoritismo ainda está do lado da democracia e faltam 22 dias para este pesadelo acabar. Vamos ganhar bem no Nordeste e podemos empatar ou virar em São Paulo e Rio de Janeiro. O Datafolha de ontem, por exemplo, deu 46% a 44% para Bolsonaro em São Paulo. É um resultado espetacular. Haddad está perdendo de 50% a 40%, mas tem capacidade para demolir Tarcísio nos debates. Será que isso não pode melhorar seus índices? Será que não dá tempo de criar uma onda?

Evidente que é razoável estar preocupado com o cenário de demolição que a vitória de Bolsonaro enseja. Mas a preocupação não pode virar nem medo nem pessimismo. Ela precisa nos tirar da zona de conforto. Dos nossos papos de bares com os mesmos amigos de sempre. Precisa nos fazer entrar em coletivos de campanha e ir disputar votos em todos os cantos das redes e das ruas que tiver ao nosso alcance.

Vamos combinar uma coisa também, não reclame da campanha até dia 30. Faça campanha. Depois teremos novembros, dezembros, janeiros e muito tempo pra fazer avaliações. Tem coisa errada, claro que tem. Mas Lula teve 48,5% dos votos no dia 2 de outubro e ainda está na frente. Deixem o desespero para o lado de lá. É hora de lutar por nós e pelos que precisam de nós. É hora de olhar para o seu filho e seu neto e dizer, eu não vou deixar você viver numa ditadura. E depois do dia 30 poder se orgulhar de contar essa história para ele, que você fez de tudo naquela eleição que tirou o Brasil das mãos de um déspota. E venceu.

 


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Afinal, o que significa o bordão "Deus, Pátria, Família e Liberdade"?

Por Fernando Castilho


 



Nunca, em momento algum, prestariam homenagem a um torturador, até porque Cristo foi barbaramente torturado antes de morrer na cruz. 


O atual ocupante da cadeira presidencial que nunca se senta nela tem por hábito finalizar seus discursos com a frase título deste texto.

Mas, para ele, qual seria o significado dessas palavras?

Vamos tentar compreender.

 

1 – DEUS

Pessoas que verdadeiramente adoram a Deus e Cristo jamais pregariam o armamento da população porque isso contraria o ensinamento cristão de oferecer a outra face.

Jamais fariam troça com a dor alheia, imitando pessoas sendo sufocadas e mortas por falta de oxigênio, como aconteceu em Manaus.

Jamais diriam que uma mulher não merece ser estuprada porque é feia.

Nunca, em momento algum, prestariam homenagem a um torturador, até porque Cristo foi barbaramente torturado antes de morrer na cruz.

Impensável também afirmar que comeria carne humana sem problema algum.

Não dá pra imaginar um cristão mentir descaradamente o tempo todo como ele faz.

Deus também está presente em seitas secretas como a maçonaria com seus símbolos pagãos?

 

2 – PÁTRIA

Primeiramente, amor à Pátria significa amor ao povo e à cultura de um país. Inconcebível, pois, um patriota chamar o povo nordestino de analfabeto.

Um verdadeiro patriota jamais bateria continência à bandeira norte-americana como ele já fez em duas oportunidades.

Um patriota de verdade, assim que fosse declarada uma pandemia, não trocaria um ministro médico da saúde por um general que nada sabe de medicina e trataria de adquirir em tempo recorde as vacinas já disponíveis, jamais permitindo que subordinados seus tentassem cobrar propina das empresas produtoras.

O verdadeiro patriota não contribuiria para o desmatamento da Amazônia e o assassinato de indígenas, pois esses são o povo originário do país.

 

3 – FAMÍLIA

Como explicar que alguém que defende a família tradicional brasileira tenha se casado por três vezes?

Como explicar que engravidou a terceira esposa enquanto ainda estava casado com a segunda?

Seria aceitável alguém que se diz contra o aborto tentar convencer a esposa de que seria melhor interromper a gravidez, naquele momento, indesejada?

Foi mesmo de bom tom, durante as comemorações do 7 de setembro, discursar dizendo que é imbrochável, na frente de crianças?

Defender a família significa defender todas as famílias do Brasil, ou somente a sua, enredada por denúncias de corrupção por rachadinhas e emprego de funcionários fantasmas?

É admissível um defensor da família tradicional admitir que já fez sexo com animais? Isso é perdoável?

 

4 – LIBERDADE

Será que existe coerência entre ameaçar dar um golpe que extingue as liberdades democráticas enquanto defende a liberdade?

É possível combinar liberdade com sigilos de 100 anos sobre possíveis denúncias de corrupção?

A liberdade, afinal, vale pra todos, ou somente para aqueles que o apoiam?

Esses devem mesmo ter liberdade para ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal de morte?

A imprensa deve ter liberdade para noticiar casos de corrupção de qualquer político, mas não para denunciar a compra de 107 imóveis, 51 dos quais com dinheiro vivo, por parte dele e de seus filhos?

 

Por tudo isso, e muito mais (o texto ficaria muito longo), se deduz obviamente, que tudo aquilo que ele fala é somente para ganhar votos de gente ingênua que se deixa enganar por frases pomposas que nada mais são do que reprodução dos lemas fascistas, nazistas e integralistas, responsáveis por gigantescos crimes contra a humanidade que tentamos esquecer.

Afinal, o que significa para um mentiroso contumaz a frase “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”?