Por Fernando Castilho
A marcação cerrada a Lula, faltando ainda um mês e meio para assumir a presidência, vem, pasmem, muito mais dos deputados do PL que se lambuzaram com as verbas do orçamento secreto utilizadas sem fiscalização ou prestação de contas.
Lula
ainda não assumiu, mas aqueles que se julgam fiscais da coisa pública já
começaram a atacá-lo.
O
ex-presidente foi convidado a participar da COP27 e, para poder viajar ao
Egito, fez uso de um jato pertencente ao empresário José Seripieri Filho,
conhecido como Júnior, fundador da Qualicorp e dono da QSaúde.
O
ato de Lula pode ser classificado como perfeitamente ético? Não, mas não há
crime nisso, como querem sugerir.
Havia
outras alternativas, como viajar em avião de carreira, mas a equipe de
policiais federais que fazem sua segurança, a descartou, temendo riscos.
Outra
possibilidade seria o PT custear um voo fretado, mas, além do alto preço, o recurso
viria do Fundo Partidário, dinheiro público. Isso sim, seria crime.
Por
fim, restaria a Lula declinar do convite.
Neste
ponto, pergunto: o que seria mais danoso ao país?
Lula,
mesmo antes de assumir a presidência em janeiro do próximo ano, já está
azeitando as relações com outros países, enferrujadas após 4 anos de desgoverno
Bolsonaro em relação ao meio ambiente. Uma das consequências disso é o retorno da
contribuição ao Fundo Amazônia por parte da Noruega e da Alemanha, que perfaz a
quantia nada desprezível de 3,1 bilhões de reais.
Portanto,
Lula teve que ir para o bem do país, coisa que o atual presidente descartou
logo de cara.
Seripieri
pode reivindicar futuramente a contrapartida pelo seu gesto?
Pode,
mas aí entramos no terreno das conjecturas. Também não podemos afirmar que o
novo governo ceda aos interesses do empresário. Espero que não.
Mas,
na verdade, o ponto a que quero chegar é a marcação cerrada a Lula, faltando
ainda um mês e meio para assumir a presidência, o que já indica o que virá em
2023.
E
ela, pasmem, vem muito mais do PL, o partido de Bolsonaro.
São
aqueles deputados que se lambuzaram com as verbas do orçamento secreto utilizadas
sem fiscalização ou prestação de contas.
São os
mesmos deputados que não viram problema algum na utilização escandalosa de
dinheiro público na campanha de Bolsonaro.
Portam-se
como falsas vestais em casa de tolerância.
A imprensa, que temia que se instalasse por aqui uma teocracia que duraria indefinidamente e que teria, por conta disso, que viver anos de mordaça devido à censura, respirou aliviada depois da derrota do capitão, mas agora, assesta seus canhões para seu alvo preferido que sempre foi e será Lula. O ex-presidente foi útil até 30 de outubro.
Há uma lupa em Lula para acompanhar cada palavra dita, cada frase proferida, cada gesto feito.
Ele não errou, como diz a imprensa e até alguns petistas.
Lula
não pensou em si, mas no país.
Por isso,
paga um preço alto.
Como
sempre, aliás.