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terça-feira, 25 de julho de 2023

Responda rápido, sem pensar: quem matou Marielle?

Por Fernando Castilho

Imagem: Wikipedia


É certo que esses dois não são os mandantes do crime, mas a Polícia Federal pode estar perto de descobrir o nome ou os nomes. Será que já descobriu? Será que são quem nós pensamos?


Lula nem bem revelou uma proposta de aumento de pena para quem agredir autoridades que passariam, em casos mais graves, para de 20 a 40 anos de reclusão e a grande imprensa já começou as críticas. A julgar pelo Uol, que entrevistou alguns juristas e advogados sobre o assunto, a ideia é punitiva demais.

Trata-se da típica e tradicional reação a cada vez que alguém sugere punição rigorosa a crimes que se confundem com liberdade de expressão. O brasileiro parece padecer de uma síndrome, a do homem cordial, como escreveu Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil ou do “brasileiro é muito bonzinho”, como dizia a atriz norte-americana radicada no Brasil, Kate Lyra em A Praça é Nossa.

Foi essa síndrome que nos impediu de condenar os militares pelos crimes cometidos durante a ditadura. O bolsonarismo e todos os seus males cometidos contra o povo do país por duros quatro anos é fruto dessa omissão.

Sabemos que a grande mídia teme o sucesso absoluto do governo Lula, buscando uma alternativa de direita mais moderada, mas também fica claro que se não aparecer um nome (Tarcísio de Freitas parece preferir disputar a reeleição em São Paulo), ela vai de Bolsonaro mesmo ou quem ele apoiar em 2026 e 2030.

É por isso que seu Jair é tão poupado hoje em dia, mesmo sem poder e inelegível. E é por isso que ele não é citado nos noticiários sobre o assassinato de Marielle Franco.

O ex-PM e miliciano Élcio Queiroz decidiu fazer delação premiada admitindo que foi ele quem dirigiu o carro e que foi Ronnie Lessa quem assassinou a vereadora e seu motorista Anderson Gomes.

É certo, porém que esses dois não são os mandantes do crime, mas a Polícia Federal pode estar perto de descobrir o nome ou os nomes. Será que são quem nós pensamos?

Não pretendo que a grande mídia saia por aí responsabilizando levianamente a familícia Bolsonaro, mas não deveria se furtar a relembrar algumas informações “esquecidas” durante os cinco anos que se passaram.

No dia da morte de Marielle e Anderson, Élcio fez uma visita às casas de Ronnie Lessa e de Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra. Carluxo estava em casa. Também havia inúmeras ligações telefônicas da casa de Ronnie para a de seu Jair.

Além disso, o porteiro do condomínio havia dado várias informações à PF, inclusive registros da câmera e horários da visita. Chegou até, em depoimento, a afirmar que a autorização para Élcio entrar foi dada pelo “seu Jair”. Jair Bolsonaro alegou que estava em Brasília naquele momento. Sergio Moro, então ministro de Bolsonaro, deu um cala boca no porteiro ameaçando-o com a Lei de Segurança Nacional e ele acabou sumindo. Curiosamente, a grande mídia, que havia começado a investigar o caso, se desinteressou e não mais falou no assunto.

Quem seria beneficiado diretamente pela morte de Marielle? A vereadora estava em campanha para o senado e vinha bem nas pesquisas, mas com sua morte, Flávio Bolsonaro foi quem se elegeu.

Ao longo dos quatro anos de governo, Bolsonaro, a cada vez que a investigação começava a avançar, trocava o delegado responsável, obstruindo a justiça, mas a grande mídia nunca se importou com isso.

Nossa imprensa, na verdade, considera a página já virada. Para que falar de Marielle? O ministro Flávio Dino, na manhã da segunda-feira (24), deu entrevista coletiva em que revelou a delação premiada de Élcio Queiroz, uma notícia bombástica, mas o Uol só foi noticiar no começo da tarde. Há uma dificuldade enorme em sequer dizer que há vários indícios de ligação da familícia Bolsonaro com o crime cometido.

Há até, na grande imprensa, quem já esteja aventando a possibilidade de que o crime foi cometido somente para agradar Carluxo. Ridículo!

Flávio Dino afirmou que as investigações agora se colocam em outro patamar, o que pode significar que até já haja informações sobre quem é ou são os mandantes e é lógico que a polícia deve estar trabalhando com a hipótese mais provável, qual seja, a de que a familícia está ao menos envolvida, afinal, onde há fumaça há fogo e neste caso, há um grande incêndio. Porém, é preciso antes juntar provas para não incorrer em erro que dê margem a contestações. Quando isso for divulgado, a grande imprensa terá que noticiar o fato, mesmo que a contragosto.


sexta-feira, 5 de maio de 2023

O gato brinca com o rato antes de matá-lo. Por que seu Jair ainda não foi preso?

Por Fernando Castilho



O gato (PF) está brincando com o rato (seu Jair) antes de comê-lo.


Sinceramente, ontem à noite pensei em escrever um post dizendo que tinha certeza de que hoje cedo a PF meteria o pé na porta de seu Jair para prendê-lo, já que há inúmeros indícios de crimes que justificariam sua prisão preventiva.

Outra prisão que está para acontecer e que poderia até ser hoje, é do Carluxo pelo esquema de peculato na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

Nenhuma dessas operações ocorreu. E agora acho que entendo porquê.

A PF está comendo pelas bordas para que chegue a seu Jair com provas irrefutáveis, necessárias para calar os seguidores raiz e os deputados da extrema-direita.

Há um áudio do major Aílton captado de seu celular, em conversa com o coronel Cid, pregando um golpe e citando Bolsonaro, mas não o responsabilizando. Esse áudio vazou, talvez como parte da estratégia da PF, mas a resposta do coronel Cid não foi divulgada. Permanece em sigilo.

A tática da PF parece ser a do gato que brinca com o rato antes de comê-lo.

Os presos, que não podem se comunicar entre si, já devem estar temendo uma longa estada no xadrez, inclusive o Cid.

Seu Jair, por sua vez, não deve nem estar dormindo. Imagine a tensão de ser surpreendido a qualquer momento pelos policiais em missão para prendê-lo. Ele deve estar sendo cozido.

Cada dia que passa a tensão aumenta e é possível que nas próximas horas ou nos próximos dias um dos detidos abra o bico.

Acho certo que a PF já tenha muito mais informações do que sabemos. O problema é obter uma prova definitiva do envolvimento de se Jair com a tentativa de golpe.

Aposto que seu Jair não será preso tão cedo. A PF vai tentar primeiro chegar a Braga Netto e Augusto Heleno, artífices da tentativa de golpe.

Depois disso, a casa cai, definitivamente.

 


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Por que os militares se submetem a tanta humilhação?

Por Fernando Castilho


Foto: Alan Santos / Agência O Globo


Como se sentem esses militares de alta patente sendo relegados a um segundo plano por Bolsonaro e seu filho? Tendo que ficar em pé porque Carlos se sentou ao lado do pai?


Na época da ditadura as Forças Armadas do Brasil se impunham pela força, aparência agressiva e ações violentas contra os direitos humanos, prendendo, torturando e matando quem lutava contra o regime.

No imaginário popular ficou a imagem, que perdura até hoje em muitas mentes, de um exército firme em suas convicções e incorruptível. Sabemos, pela História que não é bem assim. Há inúmeras evidências de corrupção não investigada nem punida, já que a imprensa era impedida de investigar e noticiar e os órgãos de controle estavam submetidos ao regime.

Mas uma coisa é certa: para a grande maioria da população as Forças Armadas se destacam pela rígida disciplina e hierarquia, além dos valores de defesa da Pátria e da soberania.

Mas então, por que se humilham quase que diariamente perante um capitão pateta que está presidente, mas que pode ser defenestrado pelas urnas nos próximos meses?

Dois casos. Vamos ao primeiro.

Quando Bolsonaro empreendeu a patética visita à Rússia, levou com ele não só os ministros-generais Ramos, Heleno e Braga Netto, mas também seu filho Carlos, uma espécie de vereador federal, caso único no mundo.

Sentados à mesa numa das reuniões com escalões inferiores do governo russo, estavam Bolsonaro e Carlos lado a lado e, mais afastado, Braga Netto. Em pé, o general Ramos e ao fundo, o general Heleno.

Como se sentem esses militares de alta patente sendo relegados a um segundo plano por Bolsonaro e seu filho? Tendo que ficar em pé porque Carlos se sentou ao lado do pai?

Agora vamos ao segundo.

O capitão viajou para São José do Rio Preto para inaugurar uma obra e fazer campanha eleitoral antecipada promovendo uma motociata, algo que lhe enche de prazer e, segundo ele, atesta sua popularidade. Se comporta como um estudante que cabula aula escapando da agenda presidencial, algo muito entediante para ele.

Em seu lugar ficou o vice-presidente, general Mourão.

Perguntado por jornalistas sobre a situação na Ucrânia, o militar condenou a invasão daquele país por parte da Rússia e comparou Vladimir Putin a Adolph Hitler. Não vou entrar no mérito da comparação descabida feita por quem revela não ter o mínimo conhecimento de geopolítica.

Mas, como sempre acontece quando Mourão dá uma declaração à imprensa, Bolsonaro ficou incomodado e, em sua live tradicional das quintas-feiras não se conteve e espinafrou seu vice novamente.

"O artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre este assunto é o presidente. E o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Então, com todo respeito a esta pessoa que falou isso, e eu vi as imagens, falou mesmo, está falando algo que não deve, que não é de competência dela”, disse ele.

O que mais chama a atenção é a covardia do capitão ao não citar o nome de Mourão, dando uma indireta pra lá de direta. Mas além disso, se afirma como um ser terrivelmente autoritário que não permite que seu vice emita sua opinião.

Mas o mais grave nem é isso.

Onde estão as rígidas disciplina e hierarquia? Onde foi parar a altivez de um general perante um capitão, mesmo ele sendo presidente?

Para que serve aquele grande número de medalhas obtidas nas batalhas das quais nunca participou e em que em ocasiões solenes Mourão costuma ostentar no peito?

Para que serve um vice-presidente sempre humilhado pelo titular?

Mourão deveria pegar seu boné e renunciar. Mas, e o salário?

Os militares que participam do governo acumulam vencimentos das Forças Armadas com o que recebem em seus cargos e o salário do general Mourão é de cerca de 65 mil reais na vice-presidência! Pra não fazer quase nada.

Isso significa que, se Bolsonaro ordenar que qualquer um de seus generais passe a lhe servir o cafezinho, eles o farão.

Quando esse governo terminar os maiores prejudicados, além do capitão, que terá que responder a inúmeros processos, serão os militares, os que dele participam e os que não.

Qual será a imagem que ficará dessa aventura a que nossas Forças Armadas decidiram participar?

De gente incompetente, ávida por dinheiro, picanha, atum, uísque e vinho.

E disposta a se humilhar diante de seu dono para garantir sua mamata.

  

 

 

 

 


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Fachin, um cordeiro. Bolsonaro, um lobo.

Por Fernando Castilho




Fachin se comporta como um cordeiro indefeso e dele se aproveita o lobo Bolsonaro


“Cibersegurança é um elemento imprescindível. As ameaças são credíveis. Por isso, estamos atentos desde já. E como desde antes, sempre estaremos atentos e preparados”.

Inacreditável? Não, diria ESTARRECEDOR!

Sim. Após dois anos de Luís Roberto Barroso à frente do TSE, enfrentando quase todos os dias as insinuações, afirmações, bravatas e ameaças do presidente Jair Bolsonaro, tendo que convidar hackers para tentarem invadir o sistema e as urnas eletrônicas para provar sua inviolabilidade, e fazendo até campanha na TV sobre a segurança delas, vai o novo presidente do tribunal, Luiz Edson Fachin e faz uma afirmação dessas?

Quer dizer que há ameaças? E se uma delas vingar?

É claro que sempre vai haver quem se aventure numa tentativa de burlar o sistema, mas como as urnas não são conectadas a Internet, a invasão só poderia ocorrer no servidor, mas este está sob várias camadas de proteção, o que o torna inviolável.

Outra coisa que causa pavor na fala de Fachin é que “a preocupação com o ciberespaço se avolumou imensamente nos últimos meses, e eu posso dizer a vocês que a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, não apenas de atividades de criminosos, mas também de países, tal como a Rússia, que não têm legislação adequada de controle”.

Isso não assusta? Não intranquiliza o eleitor? Não o induz a pensar que talvez Bolsonaro tenha razão?

Será que não se enganou, misturando tudo? O TSE já pode estar sob ataque?

Todos sabem que o aplicativo de mensagens Telegram tem sua sede na Rússia, mas isso é muito diferente de ataques hackers. Será através dele que Bolsonaro, Carluxo e o pessoal do gabinete do ódio espalharão as fake news durante a campanha. É preciso que se bloqueie de alguma forma o sinal aqui no Brasil, já que os executivos do Telegram não respondem à nenhuma mensagem do TSE, e o problema estará resolvido.

Mas Fachin deveria seguir a cartilha de Barroso e não tocar no assunto, até porque o capitão já havia parado de fazer suas acusações sem provas há meses.

Mas, como o cordeiro Fachin piscou, o lobo Bolsonaro aproveitou e deu seu bote mostrando os dentes, manifestando-se desde a Rússia, desta forma:

“O próprio ministro Fachin acaba de comprovar, no meu entender, que ele não tem confiança no sistema eleitoral. […] Eu não sei por que esse desespero gratuito a um país – no qual o chefe de Estado brasileiro está presente –, como se aqui fosse um país que viesse a participar de forma criminosa em eleições no Brasil. Se o sistema eleitoral é inviolável, por que isso é preocupação? Acabaram de comprovar que existe a possibilidade de [a urna] ser violada”.

Pronto, era o que o Capitão Morte queria. Agora vai voltar a acusar as urnas eletrônicas de passíveis de fraude até outubro.

Com a 10 a 15% de desvantagem nas pesquisas em relação ao ex-presidente Lula, Bolsonaro parece tranquilo, não parece? Teria uma carta na manga, caso perca as eleições?

Já escrevi aqui que a tranquilidade aparente pode ser devido a uma escolha já feita de concorrer ao Senado na última hora, o que lhe garantiria segurança de não ser preso, mas pode ser também que o plano seja outro.

Como Fachin lhe deu munição, Bolsonaro talvez esteja pensando em reeditar aqui em terras tupiniquins, a tentativa de golpe que Donald Trump fez no ano passado nos EUA, quando não aceitou sua derrota para Joe Biden.

A tentativa foi frustrada, mas a invasão do capitólio rendeu cinco mortes.

Mas aqui a coisa pode evolui de maneira diferente, afinal, diferentemente dos EUA, temos as Forças Armadas que costumam interferir nas eleições e atuam politicamente. E pode dar certo.

Desde que Fachin assumiu, tenho um pé atrás com seu desempenho. É fraco e destoa dos outros ministros da Corte.

E agora vemos que quando se porta como cordeiro, atrai lobos ferozes.

Como na fábula O Lobo e o Cordeiro, de Jean de La Fontaine





segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Como fica a reputação da caserna após Bolsonaro?

Por Fernando Castilho



O pudor acabou. Tudo é feito a céu aberto. Ou quase, já que os 39 quilos de cocaína foram bem escondidos aqui, mas não passaram desapercebidos na Espanha que os apreendeu num avião da FAB


Durante a campanha presidencial de 2018, ficou definido que um dos pilares do governo Bolsonaro seria o amplo apoio dos militares.

Passados 33 anos da debacle da ditadura militar, desta vez nossos valorosos generais sonhavam com um governo sufragado pelas urnas, o que lhes concederia um verniz democrático.

Logo, figuras como os generais Heleno, Ramos, Mourão, Braga Netto e tantos outros cujos peitos não têm mais espaço para medalhas, começaram a ditar suas ordens no Palácio do Planalto, seu novo quartel.

Como se não bastasse, coronéis, majores e tenentes também se entrincheiraram pelos vários ministérios e autarquias. São 70 órgãos com mais de 6 mil milicos batendo continências alegremente a seu chefe, o capitão Jair Bolsonaro.

Porém, não contavam com a enorme influência que os filhos do presidente exercem sobre ele.

Muito rapidamente, ainda no início de 2019, o guru, Olavo de Carvalho, ídolo dos 4 filhos, começou o processo de esvaziamento do quartel. A primeira vítima de Carlos Bolsonaro foi o general Santos Cruz.

Veio a pandemia e o capitão optou pelo negacionismo. Não queria isolamento social, uso de máscaras ou vacinas. Mais, exigia que as pessoas infectadas se tratassem com cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra o coronavírus.

Como o ministro da Saúde Henrique Mandetta e depois, Nelson Teich, discordassem dele, deram lugar a outro general, o especialista em logística, Eduardo Pazuello.

Pazuello causou muito mal-estar na corporação, primeiro por ridicularizar a logística do exército, já que não conseguia ser eficiente na compra e na distribuição das vacinas e, segundo, ao se humilhar perante o capitão quando, desautorizado por Bolsonaro no episódio da compra das vacinas Coronavac, afirmou que “um manda, outro obedece”.

As Forças Armadas valorizam muito a hierarquia e, por isso, nada mais natural que se subalternem ao presidente, seu comandante supremo, mas um general se humilhar diante de um oficial pouco graduado como o Capitão Morte, não foi bem-visto.

Bolsonaro passou a tomar decisões cada vez mais ao largo dos generais, culminando com a entrega do governo ao centrão que hoje é quem manda mais.

Inevitavelmente, houve uma divisão entre aqueles que ainda estão com o chefe e outros que já se afastaram, como o comandante do exército e, mais recentemente, o da FAB.

Quem continua e por quê?

Ora, são os que continuam ministros e os que preenchem os mais de 6 mil cargos, já que acumulam os proventos da caserna com os do governo. Uma boa boquinha, vamos combinar.

Além disso, nossos generais, que nunca participaram de nenhuma guerra, recentemente foram promovidos a marechais (posto originariamente concedido a heróis em combate) com o consequente upgrade dos salários.

Já durante a reforma da previdência nossos militares haviam sido agraciados com benefícios bem superiores aos demais mortais, mas queriam mais.

Nunca antes do governo Bolsonaro, os quarteis consumiram tanta picanha (700 toneladas!), leite condensado, uísque 12 anos, refrigerantes, atum, bacalhau e vinho. É uma verdadeira festa para aqueles que deveriam estar defendendo a soberania do país, mas que todos os dias entregam uma fatia dele para o capital estrangeiro.

O pudor acabou. Tudo é feito a céu aberto. Ou quase, já que os 39 quilos de cocaína foram bem escondidos aqui, mas não passaram desapercebidos na Espanha que os apreendeu num avião da FAB.

Embora exista o Portal da Transparência, é grande a desconfiança de que muito dinheiro público esteja vazando para os bolsos dos 6 mil que mamam nas tetas do governo.

É só verificar as agendas dos ministros generais para constatar que praticamente não trabalham.

A obrigação de qualquer um que vença as eleições de 2022 é proceder a uma auditoria geral em todos os órgãos do governo e, caso constatadas irregularidades, que instaure processos contra nossos honrados e combativos militares.

 


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Olavo, o astrólogo, não previu a ômicron

Por Fernando Castilho



Passou também a escrever livros e um deles, O Que Você Precisa Aprender Para Não Ser Um Idiota, foi best-seller. Muitos compraram, mas poucos leram, pois como ele mesmo afirmava, seus seguidores eram todos idiotas


O filósofo alemão, Friedrich Nietzsche se autointitulava um homem póstumo. Sabia que seus escritos só seriam valorizados após sua morte.

Olavo de Carvalho se autointitulava filósofo. Mas em pouco tempo será esquecido não totalmente porque sempre haverá quem insista em continuar sendo enganado.

Há muito tempo atrás assisti a um debate entre ele e o filósofo Mário Sérgio Cortella. Lembro-me que foi um debate com bom nível, mas Cortella o dominou. O que, então, de lá pra cá?

Olavo percebeu que era perda de tempo continuar a tentar ser filósofo e não ganhar dinheiro. Era hora de mudar de vida e faturar.

Descobriu que há muita gente disposta a ouvir bobagens sem contestar. Então, criou um curso pela Internet e passou a angariar suas vítimas.

Quem são as pessoas que se inscrevem em seus cursos?

Há empresários endinheirados, gente estudada como o ex-chanceler, Ernesto Araújo e os irmãos, Weintraub e políticos como os filhos do presidente. Mas o grosso mesmo é de jovens que precisam de um rumo a seguir e coisas estranhas em que acreditar, como a terra plana, por exemplo.

O que há em comum a todos eles? Eles não vão ler Kant para conferir se o que Olavo falou é verdade. Desta forma, a grana vinha fácil.

Porém, uma vez um de seus alunos, um estudante de filosofia, percebeu que o que Olavo falava sobre Kant numa de suas aulas não batia com o que seu professor na USP ensinava. Procurou o professor, um especialista no filósofo alemão e lhe relatou sua inquietação. O professor, então, acessou a aula de Olavo e descobriu que o que ele falava era para enganar incautos.

Esse professor, cujo nome já não me lembro, entrou em contato com Olavo e o convidou para um debate sobre Kant.

Qual foi a resposta do “filósofo”?

Sim, mandou-o tomar naquele lugar.

Essa era invariavelmente a resposta dele a qualquer questionamento.

Passou também a escrever livros e um deles, O Que Você Precisa Aprender Para Não Ser Um Idiota, foi best-seller. Muitos compraram, mas poucos leram, pois como ele mesmo afirmava, seus seguidores eram todos idiotas.

Em 2013 um desses exemplares chegou às mãos de Carlos e Eduardo Bolsonaro que ficaram muito impressionados com o escritor.

Durante a campanha presidencial de 2018, os filhos de Bolsonaro tentaram demonstrar ao pai a importância de ter uma base teórica anticomunista e de extrema-direita. E ainda por cima, era Trumpista roxo! O Capitão Morte a princípio não gostou da ideia porque jamais lhe passaria pela cabeça ler um livro daquele tamanho, mas foi convencido por Carlos.

Ao montar sua equipe de governo, lógico, o filho 02 impôs ao pai a necessidade de escalar a elite dos seguidores de Olavo para alguns ministérios. Assim, o governo Bolsonaro teria um pilar olavista e outro militar. Um nortearia as ideias de extrema-direita em que se destacariam nomes como Ernesto Araújo e Abraham Weintraub e outro as ações autoritárias.

O fato é que o capitão acabou, pressionado pela necessidade de se reeleger, abandonando a ala ideológica de Olavo e mantendo os militares porque estes jamais largariam o osso de seus altos salários acumulados com os das Forças Armadas. Foi preciso dar um cavalo de pau e se juntar aos políticos do centrão que evitariam que processos de impeachment fosse levados a cabo.

Olavo acusou o golpe e, numa live em que participaram Ernesto, Weintraub e Ricardo Salles, desabafou dizendo que Bolsonaro nunca leu sequer um livro seu e que seu governo agora pertencia ao centrão.

Após essa live Weintraub, já de olho no governo de São Paulo, entrou em rota de colisão com os filhos do capitão.

As últimas teses de Olavo que Bolsonaro seguiu fielmente foram a de que a pandemia não existia e que as vacinas eram ineficazes contra a Covid-19.

Mas Olavo viu que o capitão, embora corroborasse ardentemente de suas teses, não conseguia impor seu pensamento ao governo e, mesmo com Marcelo Queiroga como ministro da Saúde, não pode impedir a compra de vacinas e a imunização de 70% dos brasileiros porque estes eram majoritariamente favoráveis aos imunizantes. Para Olavo, Bolsonaro era um fraco.

O que Olavo não conseguiu prever, mesmo sendo astrólogo, era que viria uma variante extremamente contagiante, a Ômicron que nem ele conseguiria vencer.

Como, ao contrário do fraco Bolsonaro (este afirma que não se vacinou, mas mantém sua caderneta de vacinação sob sigilo de estado por cem anos), Olavo se manteve fiel às suas teses, não se vacinando nem com uma primeira dose, contraiu o vírus com seus anticorpos totalmente despreparados para isso e faleceu.

Assim, a terra plana dá seu adeus a um enganador, negacionista, mentiroso, assassino de ursos, uma fraude e um dos responsáveis pelas mais de 400 mil mortes que poderiam ser evitadas se Bolsonaro abraçasse desde o início a política de vacinar rapidamente a população do país.

O imperativo categórico que se impõe agora é extirpar do poder essa gente que tanto mal fez ao povo brasileiro.